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Cinema, crianças e ditadura: a personagem infantil como estratégia narrativa nos filmes Kamchatka, Machuca e O ano em que meus pais saíram de férias

Rosas, Inara de Amorim January 2014 (has links)
Submitted by Pós-Com Pós-Com (pos-com@ufba.br) on 2015-04-17T14:16:09Z No. of bitstreams: 1 Inara de Amorim Rosas - Dissertação.pdf: 5929921 bytes, checksum: 1312d8fde8255f745fe216f29e4edede (MD5) / Approved for entry into archive by Vania Magalhaes (magal@ufba.br) on 2017-09-29T16:20:56Z (GMT) No. of bitstreams: 1 Inara de Amorim Rosas - Dissertação.pdf: 5929921 bytes, checksum: 1312d8fde8255f745fe216f29e4edede (MD5) / Made available in DSpace on 2017-09-29T16:20:56Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Inara de Amorim Rosas - Dissertação.pdf: 5929921 bytes, checksum: 1312d8fde8255f745fe216f29e4edede (MD5) / CNPQ / Essa dissertação teve como objetivo empreender uma análise e interpretação dos filmes Kamchatka (Argentina, 2002), Machuca (Chile, 2004) e O ano em que meus pais saíram de férias (Brasil, 2006), tendo como ponto de partida sua classificação enquanto gênero de filme de ambientação histórica ou filme histórico. Compreendendo que a noção de gênero cinematográfico é permeável às tensões históricas e sociais, acreditamos que os filmes estudados ressignificam o gênero em questão ao utilizar uma criança como agente motor da narrativa. Esses filmes acabam por tratar os fatos históricos de forma mais amena, arejada, muitas vezes evitando estereótipos e maniqueísmos. Nossa análise e interpretação foi desempenhada a partir da análise narrativa dos filmes. A narratologia é um campo fecundo da linguagem audiovisual, já que desde sua origem o cinema foi designado a ser uma arte capaz de contar histórias. No entanto, essa tendência acaba adquirindo diferentes configurações que vão desde o contexto de produção às diversas formas de articulação da linguagem cinematográfica. Nos filmes que estudamos, a criança-protagonista é enxergada como uma estratégia do gênero para trazer um tratamento narrativo e estético muitas vezes mais sutil e mais propenso a uma maior adesão do espectador. A partir das categorias da análise narrativa propostas por Gérard Genette (1995), vimos nos filmes a questão da perspectiva narrativa, do foco narrativo e do papel das personagens. Aliamos às questões narrativas aos elementos próprios da linguagem audiovisual através de autores como Gérard Betton (1987), João Batista de Brito (1995), Robert Stam (2003), René Gardies (2008) e Jacques Aumont (2011; 2012). Em se tratando de filmes de ambientação histórica procuramos também observar como os fatos históricos são tratados nos filmes que estudamos. Observamos que em Kamchatka, mesmo a ditadura não sendo mostrada em cenas explícitas de violência, ela está presente no cotidiano de uma família escondida, através de sua angústia e solidão, demonstrado através dos silêncios dos planos cinematográficos, dos rostos de seus atores e dos jogos e metáforas em torno do protagonista Harry. Em Machuca, vemos representada a cidade de Santiago no ano de 1970 especialmente pelos olhos de Gonzalo, numa experiência que o toca e o machuca, numa relação entre a personagem e seu desenvolvimento no espaço narrativo. Em O ano em que meus pais saíram de férias se passa em um dos piores anos do regime militar brasileiro e o vemos pelos olhos de Mauro, que se encontrava numa espécie de exílio particular esperando ansioso chegada dos seus pais e da Copa do Mundo. A solidão e os aprendizados de Mauro acabam por nos contar uma história bonita e que quebra estereótipos dentro de alguns dos filmes de ditadura da nossa cinematografia no Brasil.
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[pt] DAS FRONTEIRAS DO INTERNACIONAL ÀS CIDADES (IN)VISÍVEIS: CRIANÇAS E O ESPAÇO-TEMPO URBANO EM MACHUCA E PIXOTE / [en] FROM THE LIMITS OF THE INTERNATIONAL TO THE (IN)VISIBLE CITIES: CHILDREN AND THE URBAN SPACE-TIME IN MACHUCA AND PIXOTE

08 May 2017 (has links)
[pt] A partir de uma desestabilização de entendimentos comuns sobre o que chamamos de internacional, esta dissertação se propõe a interrogar as distinções entre os espaços da política internacional e os espaços vividos pelas pessoas, tendo como foco específico as vidas das crianças nos espaços urbanos. Para tanto, optou-se por uma estratégia de pensar com o cinema, procurando efetuar deslocamentos simultâneos e delineando caminhos que nos aproximam e nos afastam da possibilidade de entrever na criança este Outro, que nas narrativas da modernidade está sempre inevitavelmente destinado a ser domesticado, trazido para dentro, ou então, eliminado. Ao seguir as trajetórias de personagens-crianças enquanto sujeitos estéticos, nos filmes Machuca (Andrés Wood, 2004) e Pixote: a lei do mais fraco (Hector Babenco, 1980), é possível desafiar representações do espaço que naturalizam ordenamentos hierarquizantes, e ao mesmo tempo, revelar múltiplas espacialidades, temporalidades e subjetividades em disputa. As análises propostas enfatizam aspectos de contingência, e se desdobram à luz de uma discussão sobre concepções de espaço internacional e urbano mediante uma breve intervenção da obra As cidades invisíveis, de Ítalo Calvino, que nos provoca a pensar sobre as relações entre visibilidade e invisibilidade na produção do espaço urbano, de suas materialidades e representações. Neste sentido, a questão urbana é abordada em termos de suas dinâmicas de visibilidade e invisibilidade, que não se referem apenas à fragmentação socioespacial expressa nos ambientes construídos, mas também às próprias disputas pela produção de sentidos que interferem nas materialidades urbanas. / [en] Starting from a destabilization of common understandings about what we call international, this dissertation proposes to interrogate distinctions between the spaces of international politics and people s lived spaces, with a specific focus on the lives of children in urban spaces. With this purpose, we opted for a strategy of thinking with cinema, attempting to effect simultaneous displacements and delineating paths that bring us closer to and apart from the possibility of glimpsing in the child this Other, which in the narratives of modernity is always inevitably destined to be tamed, brought in, or otherwise eliminated. In following the trajectories of child characters as aesthetic subjects, in the films Machuca (Andrés Wood, 2004) and Pixote: the law of the weakest (Hector Babenco, 1980), it is possible to challenge representations of space that naturalize hierarchical orderings, and at the same time, reveal disputes between multiple spatialities, temporalities and subjectivities. The proposed analyses emphasize aspects of contingency, and unfold in the light of a discussion of conceptions of the international and the urban through a brief intervention of Italo Calvino s The invisible cities, which provokes us to think about the relations between visibility and invisibility in the production of urban space, its materialities and representations. In this sense, the urban question is approached in terms of its dynamics of visibility and invisibility, which do not refer only to the social and spatial fragmentation expressed in built environments, but also to the very struggles for the production of meanings that interfere in urban materialities.
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Infelicities: Urban Order and the Production of Knowledge

Mazzei, Umberto January 2022 (has links)
This dissertation is a comparative inquiry into the formation of the urban order as a product of different discursive practices. Three main textual objects are taken into examination to dissect the interaction of textual form with the crystallization of a new social order centered in the city. The first is a martial arts manual written by the Spanish hidalgo and luckless conquistador Bernardo de Vargas Machuca in 1599, titled Milicia y descripción de las Indias. The second is Teatro de virtudes políticas que constituyen a un príncipe, a piece of Baroque literature composed in 1680 by the Creole savant Carlos de Sigüenza y Góngora on the occasion of the arrival of the new viceroy to Mexico City. The last is a manual of public hygiene, Trattato d’igiene e sanità pubblica, published between 1905 and 1912 by Luigi Pagliani, one of the main figures behind the reorganization of the public health administration in post-Unification Italy. I approach these works first as cohesive systems of knowledge, and then investigate their individual components, argumentative logic, representational strategies, and tropes. Though heterogeneous in nature, these texts identify foundational moments when the city, as a discursive construct, is molded or thoroughly redesigned through the rationality of an emerging field of knowledge: military theory, Baroque literature and spectacle, hygiene and public health. As a constitutive element in the systematization of their respective fields, these texts envision, craft, and perform three “model cities”, or paradigms of urban order, that capture the succession of different mechanisms of power: the ciudad indiana established by colonizers at the fringes of the Spanish empire, the Creole city of the Novohispanic elites, and the hygienic city at the rise of the modern nation-State. These models enable processes of subjectivation to enfold, refashion the urban order into distinct arrangements, and reflect shifts and recalibrations in the modalities of power, the deployment of new techniques of government or means of social control. Vargas Machuca, Sigüenza, and Pagliani are treated, as it were, metonymically. They express, stand for, and intercept the social dynamics proper to their own cultural and historical horizons. They represented different social types (the indiano militiaman, the Baroque letrado, and the positivist technocrat) and operated as organic intellectuals of their times, who channeled and articulated on the ideological level the demands and injunctions of rising social groups. It is the complex entanglement of power relations, ideological investments, socio-economic transformations, and collective identities, that I have tried to unravel throughout my dissertation. The city, I argue, comes into sight as a field crossed by multiple forces, an apparatus that engenders sameness and difference, selfhood and otherness, emplaces ranks, hierarchies, and divisions that structure the polity, forges subjectivities through inclusionary or exclusionary strategies.

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