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Identidad narrativa en “detectives” de Roberto Bolaño y “el espejo” de Machado de AssisMartinez, Claudia Lucía Rodezno 23 May 2017 (has links)
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DissertaçãoUFF_CLRodeznoM.pdf: 649169 bytes, checksum: 26c253bb69bbd1c7f71e7df6e25195bf (MD5) / Organização dos Estados Americanos / Nas histórias de vida, estão constituídas as diferentes instâncias que indicam as
identidades dos que executam a ação, ou seja, os personagens. Apesar disso, tais instâncias
costumam estar emaranhadas com o texto, no ambiente e na ação mesma. Numa última análise,
estão ocultas pelo lugar primordial que, em vários momentos, tacitamente, se outorga ao
desenvolvimento da trama. Além disso, as identidades mesmas estão configuradas na, e desde
a, construção da trama, já que é na narração dos acontecimentos – na elaboração e no desenlace
do conflito dramático – que se revela o “quem” do texto. Paul Ricoeur (1996c) propõe que o
reconhecer e recuperar a identidade de quem conta se estabelece a partir da narrativa. No
processo de leitura e de empreender esta busca, aparece que ditas identidades – o “quem” em
um sentido amplo – estão estabelecidas nos diálogos, nas lembranças e, inclusive, na opinião
que um personagem tem do outro.
Ao analisar os momentos de configuração narrativa na trama, podem aparecer
desdobramentos de identidade que não se contemplam na execução de uma leitura superficial.
Poderá surgir, por exemplo, aquilo que está em jogo quando um personagem narra sobre uma
experiência própria: Quem é o narrador e quem é o narrado?; São a mesma pessoa?;
Compartilham a mesma identidade? Ao ler um conto sem narrador, escrito completamente em
diálogos, poderão aparecer perguntas do tipo: Quem ou o que estabelece a identidade dos
personagens?; Na falta de um narrador, por meio de que recursos se conhece a identidade dos
personagens? Enquanto os desdobramentos da identidade narrativa trazem consigo estas
interrogações, também se entreveem estados de alteridade, por exemplo, em um personagem
que não reconhece a si mesmo frente a um espelho, ainda que saiba que é seu próprio reflexo.
Nestas situações, a tensão da identidade, que progressivamente se converte em latência, chega
a um ponto em que se concretiza numa alteridade e desestabiliza – ainda que por pouco tempo
– toda a recomposição da identidade conquistada até o momento. Estará, então, na narrativa o
recuperar a noção de “quem” dos personagens que dialogam.
Este trabalho busca desentranhar as instâncias de configuração de identidade, seus
desdobramentos e as manifestações de alteridade e intersubjetividade nos contos “O espelho”,
de Machado de Assis, e “Detectives”, de Roberto Bolaño. Utiliza nas análises as teorias que
integram o discurso narrativo com a experiência humana, especificamente as de Paul Ricoeur,
incorporando por sua vez estudos literários sobre a intersubjetividade / En las historias de vida están constituidas las diferentes instancias que apuntan hacia la
identidad de los que ejecutan la acción, o sea los personajes, sin embargo, estas suelen estar
enmarañadas con el texto, en el ambiente y en la misma acción. En última instancia, están
ocultas por el lugar primordial que, en ocasiones, tácitamente se le otorga al desarrollo de la
trama. Más allá de eso, dichas identidades están configuradas en y desde la construcción de la
trama, ya que es en la narración de los acontecimientos –en la elaboración y resolución del
conflicto dramático– que se da a conocer el “quién” del texto. Paul Ricoeur (1996c), propone
que el reconocer y recuperar la identidad de quienes cuentan se establece desde la narrativa. En
el proceso de lectura y de emprender esta búsqueda, surge que dichas identidades –el “quién”
en un sentido amplio– estén establecidas en los diálogos, en los recuerdos, incluso en la opinión
que un personaje tenga sobre otro.
Al analizar los momentos de configuración narrativa en la trama, pueden aparecer
desdoblamientos de identidad que no se contemplan al hacer una lectura superficial. Podrá
surgir, por ejemplo, lo que está en juego cuando un personaje narra sobre una experiencia
propia: ¿Quién es el narrador y quién es el narrado?, ¿son la misma persona?, ¿comparten la
misma identidad? Al estar de frente a un cuento que carece de narrador, escrito completamente
en diálogo, aparecerán preguntas de la índole: ¿Quién establece la identidad de los personajes?
¿Por medio de qué recursos se conoce la identidad de los personajes al carecer de narrador?
Mientras los desdoblamientos de la identidad narrativa acarrean consigo estas interrogantes,
también se entrevén estados de alteridad, por ejemplo, en un personaje que no se reconoce a sí
mismo frente a un espejo aunque sabe que es su propio reflejo. En estas situaciones, la tensión
de la identidad, que progresivamente se ha convertido en latente, llega a un punto donde se
concretiza en una alteridad y desestabiliza –aunque brevemente– toda recomposición de
identidad lograda hasta ese momento. Estará, entonces, en la narrativa el recuperar la noción
del “quién” de los personajes que cuentan.
Este trabajo busca desentrañar las instancias de configuración de identidad, sus
desdoblamientos y las manifestaciones de alteridad e intersubjetividad en dos cuentos: “El
espejo” de Machado de Assis y “Detectives” de Roberto Bolaño. Se utilizan en el análisis,
teorías que integran el discurso narrativo con la experiencia humana, específicamente las de
Paul Ricoeur, incorporando a la vez estudios literarios sobre la intersubjetividad
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Do ponto de virada das narrativas literárias à intervenção psicanalíticaChaves, Anna Barreto Campello Carvalheira 27 July 2017 (has links)
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Previous issue date: 2017-07-27 / The interest in this work From the turning point of the literary narratives to the
psychoanalytic intervention arose from the psychoanalytic service performed on Bianca, Jean
and Beatriz. Bianca is an illustrative case of psychosis, while the Jean and Beatriz cases are
illustrative of autism. The methodology used was the study of the features of the case. In the
cases cited, the mark is a solid double bond. The double, according to Lacan, originates from
an idealized image, without holes, constituted by the Other and makes reference to the
Freudian Unheimlich. Bianca presents a destructive specular image, while in the Jean and
Beatriz cases the specular image is still under construction. In all three clinical cases,
something surprising has occurred. Even with the presence of the destructive mark of the
double, there were unexpected body metamorphoses. Such modifications in their lives
brought the idea of a "turning point" as it occurs in literary narratives. The aim of the thesis is,
therefore, to analyse how the literature resource, the "turning point", can contribute to
interventions in the psychoanalytic clinic in cases whose mark is the massive collage with the
double. The turning point refers to the presence of an element that maintains a coherence with
the story and, at the same time, brings about changes in the direction and in the very sense of
the narrative. This surprising element seems at first glance an accessory, but it becomes
fundamental. The twist performs a subversion to what is expected in the story, transforming
the relationship between the figure and the background of the narrative and the images
constituted by it. The work of this thesis points to the idea of a psychoanalyst, who uses the
transference to weave patchwork from the clinical case narrative. The patchwork is an
accessory, initially impossible to see or hear. The psychoanalyst, while weaving the
patchwork, creates holes in the narrative, thus generating a subversion to a destructive image.
The environment generates the literary narrative image after the turning point. In the same
way, in the constitution of the subject, it is what is around the subject that determines its
specular image. In this way, if the background changes, the figure will also become different.
By means of interventions that promote an inversion between figure and background in the
constituent narrative of the subject, the destructive image constituted, or even still under
construction, may have the route modified and will provide body metamorphoses. / O interesse a respeito deste trabalho Do ponto de virada das narrativas literárias à
intervenção psicanalítica surgiu do atendimento psicanalítico realizado a três pacientes:
Bianca, Jean e Beatriz (nomes fictícios). Bianca é um caso ilustrativo de psicose, já os
casos de Jean e de Beatriz são ilustrativos de autismo. A metodologia utilizada foi a do
estudo do traço do caso. Nos casos citados, o que se faz marca é uma colagem maciça ao
duplo. O duplo, conforme Lacan, é originado de uma imagem idealizada, sem furos,
constituída pelo Outro e faz referência ao Unheimlich freudiano. Bianca apresenta uma
imagem especular destrutiva, enquanto em Jean e Beatriz a imagem especular ainda está
em construção. Nos três casos clínicos, ocorreu algo de surpreendente. Mesmo com a
presença da marca destrutiva do duplo, houve metamorfoses corporais inesperadas. Tais
modificações na vida de cada um trouxeram a ideia de um “ponto de virada” tal qual
ocorre em narrativas literárias. O objetivo da tese é, portanto, analisar como um recurso
da literatura, o “ponto de virada”, pode contribuir para intervenções na clínica
psicanalítica em casos cuja marca é a colagem maciça com o duplo. O ponto de virada ou
peripécia diz respeito à presença de um elemento que mantém uma coerência com a
história e, ao mesmo tempo, traz modificações na direção e no próprio sentido da
narrativa. Esse elemento surpreendente parece, à primeira vista, acessório, mas se torna
fundamental. A peripécia realiza uma subversão ao que é esperado na história,
transformando a relação entre a figura e o fundo da narrativa e das imagens constituídas
por esta. O trabalho de tese aponta para a ideia de um psicanalista, que se utiliza da
transferência para tecer retalhos da narrativa do caso clínico. Os retalhos são elementos
acessórios, inicialmente impossíveis de serem vistos ou escutados. O psicanalista, ao
mesmo tempo em que tece os retalhos, ocasiona furos na narrativa, gerando, dessa forma,
uma subversão a uma imagem destrutiva. É o entorno que gera a própria imagem nas
narrativas literárias após o ponto de virada, como também na constituição do sujeito é o
que está em volta do sujeito que determina sua imagem especular. Desse modo, se o fundo
se modifica, a figura também se tornará diferente. Por meio de intervenções que
propiciam uma inversão entre figura e fundo na narrativa constituinte do sujeito, a
imagem destrutiva constituída, ou mesmo ainda em construção, poderá ter o rumo
modificado e propiciará metamorfoses corporais.
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