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Racismo e Movimentos Instituintes na EscolaEugenia da Luz Silva Foster 22 December 2004 (has links)
Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico / Apesar da eloqüência dos discursos proclamados tanto na sociedade, como na escola, afirmando a
democracia, a luta contra as desigualdades e o respeito às diferenças, somos confrontados com uma realidade de reprodução do racismo, cotidianamente. Constatando essa realidade, entendemos que o racismo se alimenta de
múltiplas dimensões. Dentre tantas, ressaltamos nesta tese as mais sutis, que se alojam nos afetos, nas emoções, no imaginário político, cultural constituindo e expressando-se nas práticas sociais e com pequena visibilidade e interesse de pesquisa a ampliar sua compreensão e intervenção. Neste habitat, os racismos constroem formas de
“esconderijos” em que são pouco admitidos e, por isso, menos enfrentados. Portanto, na contramão desse abismo entre uma retórica de pretensões multiculturais e as práticas excludentes e racistas, buscamos nos aproximar dessas fontes pouco exploradas que reconhecemos como sutilezas que se tornam legíveis quando o cotidiano é estremecido
em sua familiaridade, deixando-se captar em atitudes, comportamentos, gestos e linguagens preconceituosas e estigmatizadoras à revelia do discurso “politicamente correto.” Partimos do pressuposto de que, apesar de todo um avanço nas questões legais, o racismo se reproduz e se metamorfoseia muito além das esferas argumentativas e lógicas, impregnando-se nos valores e nos significados que atribuímos às características do outro, associadas a signos
de inferioridade e de desigualdade. São estas emoções sobre o outro que precisam ser transformadas com a superação da racionalidade hegemônica contemporânea que orienta a organização social e política, bem como o trabalho
escolar. São essas outras dimensões que, como enfatizamos são pouco valorizadas, que nos permitem verificar as iniciativas que, sutilmente ou não, ainda que não reconhecidas na sua potência para a libertação, se endereçam à ultrapassagem do racismo: as experiências instituintes. Nessa direção, nosso objetivo foi apreender o racismo que
ainda se mantém na escola nas memórias dos (as) professores (as) e nas narrações que as organizam, tentando identificar algumas das matrizes teóricas e simbólicas que constituem os afetos e as emoções que perpassam as relações entre os sujeitos na escola, mas, sobretudo, as práticas mais amorosas e de respeito à diferença que estão
presentes na história, desde tempos imemoriais e que podem operar importantes deslocamentos na maneira de tratar o outro e, no caso aqui estudado, os negros. Assim, procuramos identificar as formas através das quais as memórias
dos negros vêm sendo ressignificadas, no sentido da construção de uma positividade do ser negro, rompendo, assim, com essa cultura do esquecimento e de guerra. No tratamento do tema, arriscamo-nos numa metodologia transdiciplinar, interligando política, sociologia, antropologia e filosofia da educação com literatura, cultura popular
e para priorizarmos um recorte regional, que localizou o foco da tese na região amazônica, abrindo-o às comparações com algumas dimensões da realidade portuguesa e caboverdiana, por conta dos laços históricos que nos unem. A idéia foi confrontar as experiências instituintes de escolas brasileiras com as das escolas portuguesas, buscando mostrar como os movimentos instituintes vão lutando, ainda que não sem ambivalências e contradições no desenvolvimento de uma outra cultura escolar, marcada pela includência e pelo respeito ao outro. / Despite the eloquence of the speeches proclaimed by the society as well as in schools, confirming
the democracy, the fight against the disparities and the respect for the differences, we are
confronted everyday with a reality of reproduction of the racism. Testifying this reality, we understand that the racism is sustained by multiple dimensions. Among many, we point out in this thesis the more subtle ones, that are installed in the friendship, in the emotions, the political imaginary, cultural, constituting and expressing itself into the social practices and with little visibility and interest for research to amplify its comprehension and intervention. In this habitat
the racism built a kind of “hiding places” where they are barely admitted and due to that, less
confronted. Therefore in the wrong direction of this abyss between the rhetoric of multiculture
pretensions and the racists exclusive practices, we try to approach those less explored sources,
that we recognize as subtiles and which become more legible when our every day routine is shaken in its familiarity allowing it be captured in attitudes, behaving, gestures and speeches full
of preconceit and stigma in absence of the “politically correct” speech. Starting from the assumption that, despite the evolution of legal matters, the racism reproduces itself and change beyond the logical and argumentative range, permeating the values and the meanings that we attribute to the others characteristics, associated with signals of inferiority and disparity. Those emotions about the other that need to be transformed with the defeating of the contemporanian hegemonious rationality that guide the social and political organization, as well as the school work. Those other dimensions that, as we emphasize, are less valued, that allow us to verify the activities that subtle or not, that even not recognized in his power for liberation, are directed to the surpassing of the racism: the alternative experiences. In this direction, our goal was capture the racism that is still in the school in the teachersmind and in the narratives that organize it, trying to identify some of theoretical and symbolic matrix that constitutes the affections and emotions that pass by the relations between the person in school, but mainly in the affectionate practices and of respect for the differences that are present in the history since immemorial times and that can make important changes in the way we treaty the other, and in this particular case, black people. In this way we try to identify the forms through which the memory of black people are getting a new significance, in a sense of construction of the positiveness of being black, making a rupture with this culture of forgetfulness and war. Discussing this theme, we risk in a transdisciplinal methodology, interlacing politics, sociology, anthropology and philosophy of education with literature, popular culture and to give priority to a regional cut, that brought the focus of this thesis in the Amazon region, widening it to comparisons with some dimensions of
the Portuguese and Cape Verdean reality, taking into account the historical bounds we have with
these cultures. The idea was to compare the alternative experiences of the Brazilian schools with the Portuguese schools, trying to point out how the alternative movements are fighting, even
though not without ambivalences and contradictions in the development of another culture in school, marked by the inclusiveness and the respect for the others.
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