As representaÃÃes de Santidade no Cariri cearense constituÃdas nos espaÃos da EducaÃÃo e da Cultura, consolida posiÃÃes dicotÃmicas de GÃnero. Os discursos educacionais e prÃticas sociais, propagados no sÃculo XX, elaboraram modelos de sociabilidade que contribuÃram para a manutenÃÃo da violÃncia de GÃnero em face da queda do papel dominante do homem no interior da famÃlia. Chegamos a tal consideraÃÃo a partir da anÃlise da relaÃÃo entre a santificaÃÃo espontÃnea do feminino no Cariri cearense atravÃs do caso Filomena Lacerda (Mauriti-CE) e os discursos educacionais e prÃticas sociais que elaboram representaÃÃes do feminino. Para tanto buscamos fontes escritas e orais coletadas na cidade de Mauriti âCe, no acervo do Instituto Cultural do Cariri e na Hemeroteca da Biblioteca Nacional Digital (BND). O marco temporal se firma entre 1930 e 1980, perÃodo da formaÃÃo educacional de Filomena Lacerda e inÃcio dos cultos a ela referentes, a despeito disso, sendo a compreensÃo das representaÃÃes do feminino um problema de pesquisa que se propaga no tempo, nossa anÃlise se amplia sob o aspecto temporal trazendo compreensÃes da perspectiva do GÃnero neste sÃculo. O aporte teÃrico se dà no campo interdisciplinar com Ãnfase para os autores que dialogam com o campo da HistÃria Cultural. Compreendemos que as repercussÃes do discurso educacional nas narrativas de vida e morte das mulheres santas e na percepÃÃo da violÃncia contra a mulher no Cariri cearense se dÃo no campo da ApropriaÃÃo e da RepresentaÃÃo sendo que o consumo cultural viabilizado pela mÃdia (impressa escrita), a literatura e a religiÃo caminha na direÃÃo da propagaÃÃo dos valores de Santidade feminina que dialogam com o zelo pelo espaÃo privado, a atuaÃÃo no Ãmbito missionÃrio, a submissÃo frente à violÃncia e a defesa da castidade, contudo à coerente afirmar que tais prÃticas de ApropriaÃÃo convivem com outros elementos que se elaboram para e pelo feminino na contemporaneidade, viabilizando RepresentaÃÃes de mulher que nÃo condizem unicamente com um feminino adstrito ao espaÃo privado. A violÃncia contra a mulher no Cariri cearense se dà a partir da fragilidade do papel do masculino que nÃo acata a negaÃÃo da virilidade, ao mesmo tempo comumente deixa de ser um fenÃmeno a ser tratado com polÃticas pÃblicas para ser um aspecto da vida a ser resolvido atravÃs dos rituais religiosos, os quais compÃem a configuraÃÃo cultural daquele territÃrio.