1 |
Espaço e poder na reflexão de Foucault : dos dispositivos à governamentalidadeAleikseivz, Renato Alves January 2016 (has links)
Orientador: Prof. Dr. André de Macedo Duarte / Dissertaçao (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Defesa: Curitiba, 22/12/2016 / Inclui referências : f. 148-152 / Área de concentração: Filosofia / Resumo: A busca por compreender o pensamento sempre em movimento de Michel Foucault implica a necessidade de cuidado e delimitação. Assim, a presente pesquisa pretende centralizar sua análise em um período particular da produção foucaultiana, qual seja, o período denominado como genealógico, que compreende aproximadamente a década de setenta. Nesse período o filósofo francês refina seu léxico e, portanto, sua compreensão dos problemas filosóficos que dizem respeito, especificamente, à questão das relações de poder. É precisamente aí que a noção de ?dispositivo? passa a ser utilizada com cada vez mais regularidade a fim de demonstrar como se dá o exercício das relações de poder na sociedade ocidental. No entanto, a despeito de sua centralidade, tal conceito é nebuloso porque pouco explicitado por Foucault. Nossa intenção, em primeiro lugar, é compreender essa noção de dispositivo, qual seu conteúdo e seu alcance. Em segundo lugar, e como consequência imediata da compreensão do dispositivo como operador das relações de poder, procuramos compreender quais são os espaços engendrados por dispositivos concretos. Em outros termos, a reflexão sobre os dispositivos de poder permite uma compreensão dos espaços onde as relações de poder são exercidas: o espaço das disciplinas e o espaço de regulação dos fluxos na cidade. Contudo, como o pensamento de Foucault é móvel ou nômade, em fins da década de 1970, com os cursos Segurança, território, população e Nascimento da biopolítica, evidencia-se um sutil deslocamento da noção de dispositivo rumo à noção de governamentalidade. Com a introdução de tal conceito, Foucault amadurece sua analítica do poder demonstrando como os mecanismos de poder atuam em todos os elementos da vida social e individual, criando, ademais, inclusive um espaço subjetivo bastante específico. Acreditamos que esta é uma das principais consequências da análise foucaultiana do neoliberalismo. Palavras-chave: Dispositivo; Espaço; Poder; Governamentalidade; Diagnóstico do presente. / Abstract: The search for understanding the living thought of Michel Foucault implies the need for attention and delimitation. Thus, the current research aims to focus its analysis on a particular period of his work, known as genealogical, generally comprised during 1970's. Within it, the French philosopher refines his lexical and, as a result, his understanding of philosophical matters specifically concerning the exercise of power relations.It is precisely at this point that the notion of dispositif (apparatus) becomes more and more prevalent in his works, in order to explain how power relations are exercised in Western societies. In spite of its centrality, such a concept is vague since the author did not fully explain it. Therefore, it is crucial to explore and uderstand the notion of apparatus, as well as its content and extent thru his works. Once the notion of apparatus is understood as the operator of power relations, it is also fundamental to investigate which spaces derive from its mechanisms. In other words, the understanding of power relations thru different apparatuses permits a better apprehension of the spaces where power relations are exercised: disciplinary spaces and city spaces. Nevertheless, as a consequence of Foucault's nomadic thinking, the notion of apparatus suffers a subtle movement towards the idea of ?governmentality? in the Seminars "Security, Territory, Population" and "The Birth of Biopolitics", both held at the end of the 1970s.With the introduction of that notion, Foucault matures his understanding of power relations thus demonstrating how power mechanisms play a decisive role in all aspects of modern life, be it individual or social, creating a specific subjective space. We believe that this is one of the most important outcomes of Foucault's analysis of neoliberalism. Key-words: Apparatus; Space; Power; Governmentality; Diagnosis of the Present.
|
2 |
Como entender a noção de espaço em Kant? Uma análise do período de 1756 a 1787 / Understanding space in Kant's writtings: 1756-1787Oliveira, Danilo Fernando Miner de 14 October 2013 (has links)
Made available in DSpace on 2017-07-10T18:26:06Z (GMT). No. of bitstreams: 1
Danilo Fernando Miner de Oliveira.pdf: 785959 bytes, checksum: 9643ad8f4b90859807a96a2fde8accfa (MD5)
Previous issue date: 2013-10-14 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / This dissertation shows that the notion of space in Kant is developed in close connection with the controversy over the nature of space conducted around the conceptions endorsed by Newton and Leibniz. It discusses the nature of space 1) as dependent on the relations of external objects, where its configuration as an apparition arises from the sensibility and 2) as not only independent of these objects, but also as the condition of their possibility, and by those means as absolute, universal and independent of all matter. It also shows the oscillating trajectory of the so-called 'pre-critic' writings between these two notions. Kant sometimes seems to advocate the Leibniz's thesis on the space, especially because it nourish the ideal conception of the nature of space, but also because it avoids some difficulties that are characteristic of Newton's, as those associated with the existence of void and with the methodological necessity of postulate the absolute character of space. At other times, however, we can observe a greater identification with the Newtonian thesis of the absolute space due to the increasing admiration and awe that Kant nurtured by the sciences of his day. Indeed, even if the absolute character of the space seems first to exceed the limits of human knowledge, its possibility is later demonstrated by the publication of the Critique of Pure Reason. Thenceforth, the independence from external objects that the notion of Newtonian space posits is a hallmark of Kant's critical thinking. It was only after the publication of the Inaugural Dissertation of 1770 that Kant expressed his most original thoughts on the space: the groundwork of space as a priori intuition. I argue that this innovation in Kant's thought does not constitute a definitive overcoming of the previous notions. Rather, it characterizes the critical articulation of the notion of space that allows not only to avoid the difficulties in which their contemporaries have fallen, but also exhibits the foundations of physics and mathematics as pure sciences. Finally, the arguments showed in the Inaugural Dissertation were incorporated systematically in the Critique of Pure Reason and better articulated in two exhibitions that support the notion of space: besides a pure intuition, the space must be also the subjective form of all external intuition. Only after these formulations it is possible to understand 1) the distinction employed by Kant between phenomena and noumena; 2) the split between philosophy and science; and 3) the foundation of so-called transcendental idealism. / A presente dissertação de mestrado evidencia que a noção de espaço em Kant está elaborada em estreita ligação com a polêmica sobre a natureza do espaço desenvolvida entre as concepções de pensadores modernos como Newton e Leibniz. A investigação discute se a natureza do espaço depende da relação dos objetos externos, ocasionando, por esta razão, sua configuração enquanto uma aparição advinda da sensibilidade, ou se sua natureza não apenas é independente destes objetos, mas antes, a condição de possibilidade dos mesmos e, portanto, algo absoluto, universal e independente de toda a matéria. É apresentada, além disso, a oscilante trajetória de Kant, em seus textos denominados pré-críticos, entre estas duas noções constantemente presentes em seu pensamento. Embora com algumas dificuldades, observa-se em alguns momentos a apologia de Kant à tese do espaço leibniziano, principalmente por essa nutrir a concepção ideal da natureza do espaço. Essa tese também evita algumas dificuldades que a argumentação de Newton adentra, como, por exemplo, a defesa da existência do vazio e o fato de não postular que a noção espacial seja algo absoluto. Em outros momentos, pode-se notar a maior identificação de Kant com a tese do espaço absoluto newtoniano pela crescente admiração kantiana pelo fervoroso contexto científico que marcou seu curso filosófico. Mais do que isto, ainda que a característica de um espaço absoluto contrarie os limites do conhecimento humano, essa possibilidade é demonstrada posteriormente com a publicação da Crítica da Razão Pura, a característica de independência dos objetos externos que a noção do espaço newtoniano postula marca incisivamente o pensamento crítico de Kant. Somente após a publicação da Dissertação de 1770, Kant exprimiu seus mais originais pensamentos em relação à noção de espaço: a fundamentação do espaço enquanto intuição a priori. Argumento que esta inovação no pensamento de Kant não configura uma superação definitiva das noções anteriores. Antes, caracteriza a articulação crítica da noção de espaço que permite não apenas evitar as dificuldades em que seus contemporâneos se enveredaram, mas também demonstrar a fundamentação da física e matemática enquanto ciências puras. Finalmente, os argumentos da Dissertação são retomados sistematicamente na Crítica da Razão Pura e mais bem articulados em duas exposições que fundamentam que a noção de espaço, além de uma intuição pura, deve ser, simultaneamente, a forma subjetiva de toda a intuição externa. Apenas depois destas formulações, é possível compreender a distinção empregada por Kant entre fenômenos e númenos, a cisão entre a filosofia e ciência e, finalmente, a fundação do denominado idealismo transcendental.
|
Page generated in 0.077 seconds