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Abuso sexual infantil : conseqüências cognitivas e emocionaisBorges, Jeane Lessinger January 2007 (has links)
Esta dissertação teve por objetivo investigar variáveis cognitivas e emocionais em meninas vítimas de abuso sexual infantil (ASI), observando as relações entre ASI, Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e desempenho em funções cognitivas. Para isso, foram organizados três artigos, sendo um teórico e dois empíricos. O primeiro estudo apresenta uma revisão teórica sobre as relações entre ASI, TEPT e disfunção cognitiva. O segundo estudo avaliou o funcionamento cognitivo (memória, atenção e flexibilidade cognitiva/funções executivas) em um grupo de meninas vítimas de ASI (n=12) e comparou-o a um grupo controle (n=16). O terceiro estudo investigou a presença de sintomas emocionais e comportamentais em 16 meninas vítimas de ASI, bem como indicadores de risco à ocorrência do ASI nas famílias destas participantes. Foi observada uma alta manifestação de TEPT e um maior número de erros na tarefa de atenção visual concentrada, no grupo de vítimas de ASI, quando comparado ao grupo controle. Estes resultados ressaltam a importância de intervenções psicoterapêuticas e neuropsicológicas junto a esta população. / The objective of this dissertation was to investigate the cognitive and emotional variables in girls, victims of child sexual abuse (CSA), observing relationships between CSA, Posttraumatic Stress Disorder (PTSD) and performance in cognitive functions. For that, three papers were organized, one theoretical paper and two empirical papers. The first study shows a theoretical review about relationships between CSA, PTSD and cognitive dysfunction. The second study evaluated the cognitive functioning (memory, attention and cognitive flexibility/executive function) in a group of girls (n=12), victims of CSA and their performance was compared with a control group (n=16). The third study investigated the presence of emotional and behavioral symptoms and CSA risk factors in the family in 16 girls, victims of CSA. A high manifestation of PTSD and high number of errors on concentrated visual attention test was observed in the group of victims of CSA, when was compared to the control group. These results highlight the importance of psychotherapeutic and neuropsychological interventions with this population.
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Avaliação da contratransferência no atendimento inicial de pacientes vítimas de trauma psíquicoEizirik, Mariana January 2007 (has links)
O conceito de contratransferência foi introduzido por Freud e ampliado por outros autores, sendo compreendido como as reações emocionais despertadas pelo paciente no terapeuta. Tem papel central na teoria e na técnica psicanalíticas atuais por ser uma importante ferramenta para o entendimento do mundo interno e das comunicações do paciente, com influência no desenvolvimento da relação terapêutica e no desfecho do tratamento. A partir do reconhecimento da importância da mente do terapeuta e do campo terapêutico, tem sido discutida a associação entre características da pessoa real do terapeuta e a forma como é estabelecida a relação com o paciente. Do mesmo modo, características específicas dos pacientes, como ter sido vítima de trauma psíquico, são consideradas potenciais desencadeadoras de padrões contratransferenciais similares. A relevância do estudo dos sentimentos contratransferenciais despertados no atendimento de vítimas de trauma psíquico se justifica pela grande intensidade destes e pelo potencial destas reações emocionais se tornarem barreiras para o sucesso do tratamento quando não compreendidas pelo terapeuta.Avaliar o padrão de expressão da contratransferência dos terapeutas durante o atendimento inicial de pacientes mulheres vítimas de trauma psíquico e a sua associação com características dos terapeutas e das pacientes, tais como o momento da consulta, o gênero do terapeuta, a natureza do trauma (violência sexual ou violência urbana) e o momento da violência sexual na vida das pacientes. Também foi investigada a associação entre o padrão contratransferencial e a presença de sintomas de Transtorno de Estresse Pós-Traumático e de sintomas depressivos atuais nas pacientes, escores em rastreamento para transtornos de personalidade e em escala de percepção da gravidade da doença nas pacientes e estilo defensivo utilizado pelas mesmas. Os estudos foram realizados no Núcleo de Estudos e Tratamento do Trauma Psíquico (NETTRAUMA), do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Brasil. Os terapeutas eram médicos residentes do segundo ano de Psiquiatria do HCPA. No primeiro estudo, foi conduzidauma avaliação qualitativa, a análise de conteúdo, associada a uma análise estatística, de 36 relatos de sentimentos contratransferenciais despertados no primeiro atendimento de pacientes mulheres, sendo13 vítimas de violência sexual na infância, 15 vítimas de violência sexual atual, e 8 vítimas de violência urbana. Os relatos foram classificados em 6 grupos, conforme o gênero do terapeuta e a natureza do trauma. O segundo estudo teve a participação de 26 terapeutas, 11 homens e 15 mulheres. Foram incluídas nesta amostra todas as pacientes mulheres vítimas de violência sexual, tanto na infância quanto na idade adulta, atendidas no NET-TRAUMA durante dois anos consecutivos, totalizando 40 pacientes. Após a primeira consulta com a paciente, era solicitado ao terapeuta que preenchesse a Escala para Avaliação da Contratransferência (EACT). Neste mesmo momento, era solicitado à paciente que preenchesse os instrumentos referentes aos fatores em estudo: a Escala Davidson de Trauma (EDT), a Standardized Assessment of Personality - Abbreviated Scale (SAPAS), o Inventário de Depressão de Beck (BDI), e a versão em português do Defense Style Questionaire (DSQ-40). A Escala de Impressão Clínica Global (CGI) era preenchida após a consulta de triagem. Na análise dos relatos redigidos pelos terapeutas, observou-se predomínio de sentimentos de aproximação nos terapeutas de ambos os gêneros no atendimento de vítimas de violência sexual. Entre terapeutas mulheres, a natureza do trauma (sexual ou urbano) não influenciou os padrões contratransferenciais. Entre os terapeutas homens, a natureza do trauma influenciou de forma significativa a contratransferência, havendo um número elevado de sentimentos de distanciamento nos relatos de atendimentos de vítimas de violência urbana em relação àqueles atendimentos a vítimas de violência sexual na infância (p=0,02). No segundo estudo, os terapeutas apresentaram, da mesma forma, mais sentimentos de proximidade em relação às pacientes, que foram maiores no meio e no final das consultas (p<0,001), sem influência do gênero do terapeuta. Em uma sub-amostra estratificada para pacientes atendidas por terapeutas mulheres, identificou-se associação significativa entre maiores escores obtidos pelas pacientes na SAPAS e menos sentimentos de proximidade das terapeutas (p=0,038).Estes estudos evidenciaram um predomínio de respostas contratransferenciais de proximidade em terapeutas jovens, no início da vida profissional, ao longo das primeiras consultas compacientes mulheres vítimas de violência sexual. Destaca-se a importância da utilização da contratransferência para a melhor compreensão dos pacientes, o que pode trazer benefícios ao tratamento e ao prognóstico destes, ressaltando-se a necessidade de que investigações continuadas sobre o tema sigam sendo desenvolvidas. / The concept of countertransference was introduced by Freud and expanded by other authors. It is understood as the emotional reactions triggered by the patient in the therapist. It is pivotal in the current psychoanalytic theory and technique since it is an important tool in understanding the patient’s internal world and reportings, influencing the therapeutic relationship and the outcome of the treatment. From the acknowledgement of the importance of the therapist’s mind and the therapeutic field, there has been a growing debate on the association between characteristics of the real person of the therapist and the way that the relationship with the patient is established. Likewise, specific characteristics of the patients, such as having been victim of a psychological trauma, have been considered potential triggers of similar patterns of countertransferential responses. The relevance of studying the countertransferential feelings triggered when seeing victims of psychological trauma is justified by their high intensity and by the possibility of such emotional reactions becoming barriers for a successful treatment when they are not understood by the therapist.To evaluate the therapists’ countertransference during the first visit of women victims of psychological trauma, and its association with therapists’ and patients’ characteristics, such as the moment within the visit, the gender of the therapist, the nature of the trauma (sexual violence or urban violence) and the time when sexual violence occurred in the patient’s life. The association between countertransference pattern and the presence of Post-Traumatic Stress Disorder symptoms and of depressive symptoms in the patients, scores in a screening of personality disorders and in a scale of perception of disease severity in the patients and the defensive style utilized by them were also investigated. The studies were conducted at the Center for the Study and Treatment of Psychological Trauma (NET-TRAUMA), of Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Brazil. The therapists were second-year Psychiatry residents of HCPA. On the first study, a qualitative evaluation, thecontent analysis, was performed, associated to a statistical analysis, of 36 reports of the countertransferential feelings aroused in the first visit of female patients. Thirteen patients were victims of sexual violence during childhood, 15 were victims of current sexual violence, and 8 were victims of urban violence. The reports were categorized into 6 groups according to the gender of the therapist and the nature of the trauma. Twenty-six therapists (11 males and 15 females) participated in the second study. All women victims of sexual violence, both during childhood and adulthood, seen at the NET-TRAUMA during two consecutive years were included in this sample, which totaled 40. After the patient’s first visit, the therapist was asked to complete the Assessment of Countertransference Scale (ACTS). On the same visit, the patient was asked to complete the instruments regarding the factors in study: the Davidson Trauma Scale (DTS), the Standardized Assessment of Personality - Abbreviated Scale (SAPAS), the Beck Depression Inventory (BDI), and the Brazilian Portuguese version of the Defense Style Questionnaire (DSQ-40). The Clinical Global Impressions Scale (CGI) was completed after the screening visit. In the analysis of the therapists’ reports, a predominance of feelings of closeness was observed in therapists of both genders when caring for victims of sexual violence. Among female therapists, the nature of the trauma (sexual or urban) did not influence the countertransferential pattern. Among male therapists, the nature of the trauma significantly influenced countertransference, with increased number of feelings of distance toward victims of urban violence compared to victims of sexual violence during childhood (p=0.02). On the second study, the therapists showed, likewise, more feelings of closeness toward the patients, which were higher in the midpoint and in the end of the visits (p<0.001), without influence of the therapists' gender. In a stratified sample of patients seen by female therapists, there was a significant association between higher patients’ SAPAS scores and less therapists’ feelings of closeness (p=0.038).These studies have showed a predominance of countertransferential reactions of closeness in young therapists, at the beginning of their professional lives, during the first visit of women victims of sexual violence. The importance of the use of countertransference for theunderstanding of the patients is emphasized, as it can be beneficial for their treatment and prognosis; further investigation on the matter is of interest.
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Alteração dos níveis do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) no transtorno de estresse pós-traumáticoHauck, Simone January 2010 (has links)
Introdução: A prevalência ao longo da vida do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) é estimada em 7-12%. O papel do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) nos processos de aprendizado, aquisição, consolidação e extinção da memória faz dele um candidato importante para a pesquisa dos fatores neurobiológicos subjacentes à patologia pós-traumática. Objetivo: Investigar os níveis do BDNF em pacientes com diagnóstico de transtorno de estresse agudo (TEA) e TEPT. Método: Um paciente com TEA e um com TEPT foram avaliados, antes e após tratamento efetivo, quanto à gravidade clínica e aos níveis de BDNF e comparados a controles normais. Em um segundo momento, 34 pacientes com TEA ou TEPT foram avaliados quanto a variáveis sócio-demográficas, gravidade clínica, tempo decorrido do trauma e níveis de BDNF e comparados a controles normais. Além disso, o grupo com trauma recente (menos de um ano da exposição) e o grupo com trauma remoto (mais de 4 anos da exposição) foram comparados entre si e com seus respectivos grupos controle. Resultados: Os dois pacientes avaliados antes e após tratamento tiveram níveis basais do BDNF superiores aos controles. Após o tratamento, esses níveis reduziram paralelamente à melhora clínica: 25% no caso de TEPT (tratado com psicoterapia breve e sertralina) e 65% no caso de TEA (tratado apenas com psicoterapia breve). Na segunda fase, os 34 pacientes com TEA e TEPT tiveram nível de BDNF mais alto que os controles. No entanto, o nível do BDNF foi maior logo após o evento traumático, reduzindo ao longo do tempo. Quando divididos em dois grupos de pacientes, os pacientes com trauma recente tiveram nível superior aos controles, o que não ocorreu com os pacientes com trauma remoto. Os dois grupos tiveram níveis de BDNF diferentes. Esses achados persistiram, mesmo controlando para severidade dos sintomas, uso de medicação e história de doença psiquiátrica. Conclusão: Esses achados sugerem que os níveis séricos de BDNF estão aumentados no TEA e nas fases iniciais do TEPT, de forma oposta ao que ocorre nos transtornos de humor. Considerando estudos que implicam o BDNF no aprendizado e na aquisição e consolidação da memória, esse aumento poderia estar relacionado ao comportamento disfuncional e às alterações de memória típicos do TEPT. Pode-se supor que, nas fases iniciais da patologia pós-traumática, o aumento do BDNF na via mesolíbica dopaminérgica pode ser mais importante do que a sua redução em áreas hipocampais, sendo central no desenvolvimento dos sintomas. É importante salientar que esse é um estudo preliminar, e pesquisas com amostras maiores são necessárias para confirmar os achados. / Background: The overall life-time prevalence of post-traumatic stress disorder (PTSD) is estimated at 7-12%. The role of brain-derived neurotrophic factor (BDNF) in the processes of learning, storage, retention and extinction of memory makes it a major candidate for investigating the neurobiological factors underlying the post-traumatic pathology. Objective: The aim of this study was to investigate the levels of BDNF in patients with acute stress disorder (ASD) and PTSD. Method: One ASD and one PTSD patient were assessed before and after effective treatment, regarding the clinical severity and the BDNF levels, and compared to age and gender matched controls. In a second phase, 34 patients with ASD or PTSD were assessed regarding socio-demographic variables, clinical severity, time elapsed since trauma, BDNF levels, and compared to matched controls. Besides, the recent trauma group (less than one year since trauma) and the remote trauma group (more than four years since trauma) were compared with each other and with their respective controls. Results: The two patients, evaluated before and after treatment, had basal levels of BDNF higher than that of controls. After treatment, these levels decreased in parallel with clinical improvement: 25% for PTSD (treated with brief psychotherapy, and sertraline) and 65% for ASD (treated with brief psychotherapy only). In the second phase, the 34 patients with ASD or PTSD had higher BDNF levels than controls. However, the level of BDNF was higher immediately after the traumatic event, reducing over time. When divided into two groups of patients, patients with recent trauma had higher levels than controls, which did not occur with trauma patients with remote trauma. The two groups had different levels of BDNF. These findings persisted, even controlling for severity of symptoms, medication use and history of psychiatric disorder. Conclusions: These findings suggest that serum BDNF levels are increased in TEA and in the early stages of PTSD, as opposed to what happens in mood disorders. Considering studies implicating BDNF in the formation and consolidation of memory, this increase could be related to dysfunctional learning and memory disruption typical of PTSD. One can assume that in the early stages of post-traumatic pathology, the increase in BDNF in the mesolimbic dopamine pathway may be more important than its reduction in hippocampal areas, being central in the development of symptoms and dysfunctional behavioral responses. It is important to note that this is a preliminary study, and researches with larger samples are necessary to confirm those findings.
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Avaliação da tomada de decisão através do jogo do ultimato no transtorno do humor bipolarGoi, Pedro Domingues January 2011 (has links)
Contexto: O Transtorno Bipolar (TB) freqüentemente está associado a um curso crônico e altamente incapacitante, com comprometimento das funções cognitivas e sociais. O prejuízo funcional no TB pode estar associado a um prejuízo nos processos de tomada de decisão. Ainda que o déficit cognitivo esteja bem documentado no TB, a avaliação de funções cognitivas específicas como a tomada de decisão econômica e a punição altruística ainda não foram bem estudadas. Nesse contexto, o Jogo do Ultimato (JU) é um teste único na avaliação da cognição social por compreender a avaliação da punição altruística, a qual é um importante mecanismo de adaptação social, funcional e do comportamento econômico. Objetivos: Avaliar o padrão de respostas ao JU e o comportamento de punição altruística em uma amostra de pacientes com TB e em controles sadios, além dos fatores clínicos e sociodemográficos associados aos diferentes padrões de resposta ao jogo. Métodos: Vinte e oito pacientes com diagnóstico de TB, eutímicos, e vinte e oito controles saudáveis foram avaliados utilizando o JU em um estudo comparativo. Todos os participantes do estudo fizeram o papel de respondedores no JU, recebendo ofertas injustas previamente estabelecidas. Os sintomas depressivos e maníacos foram avaliados através da Escala de Avaliação da Depressão de Hamilton de 17 itens (HAMD) e da Escala de Avaliação de Mania de Young (YMRS), respectivamente, devendo ser igual ou menor que 8 pontos. A história de traumas na infância foi avaliada pelo Questionário de Traumas na Infância (CTQ), e a impulsividade foi avaliada pela Escala de Impulsividade de Barratt (BIS). Resultados: Não houve diferença significativa na idade e no gênero entre os grupos. A taxa de rejeição das ofertas injustas do JU foi diferente entre pacientes e controles (53% nos pacientes e 28% nos controles). A história de traumas na infância estava relacionada à maior aceitação de ofertas injustas em pacientes (p=0,038), mas não em controles (p=0,691). Com o objetivo de avaliar a interação entre os dois grupos, o padrão de resposta no JU e a história de traumas na infância, uma análise log-linear foi realizada, mostrando uma interação estatisticamente significativa entre as três variáveis (p=0,038). Conclusão: As maiores taxas de rejeição ao JU indicam maior uso do mecanismo de punição altruística no TB, quando comparado aos controles. Por outro lado, a coexistência de TB com trauma na infância está associado a um menor uso do comportamento de punição altruística em comparação ao TB sem trauma na infância. , A flexibilidade de uso da punição altruística parece ser um importante mecanismo adaptativo segundo estudos prévios em população saudável. Dessa forma, os resultados sugerem que tanto o maior uso da punição altruística (maior taxa de rejeição no JU) no TB quanto a inibição de seu uso, que parece associado ao trauma, podem explicar em parte a dificuldade de adaptação social destes pacientes e seu comportamento econômico. / Introduction: Bipolar Disorder is frequently associated to cronic and disabling course, with impairment of social and cognitive functions. Functional impairment can be related to decision-making process impairment. Although cognitive deficits in Bipolar Disorder are well documented, assessment of specific cognitive functions such as economic decision making and altruistic punishment have not been well studied. In this context, the Ultimatum Game is a unique test in the study of social cognition by the assessment of altruistic punishment, which is an important mechanism of social adaptation, functioning and economic behavior. Objective: To compare Ultimatum Game responses and the altruistic punishment behavior between individuals with Bipolar Disorder and healthy controls and assess its associated factors. Methods: Twenty-eight euthymic Bipolar Disorder patients and an equal number of healthy controls were evaluated using the Ultimatum Game paradigm in a comparative design study. The entire sample acted as responders in the Ultimatum Game, receiving previously fixed unfair offers. Depressive and manic symptoms were determined by Hamilton Depression Rating Scale - 17 items and the Young Mania Rating Scale, respectively, and they must be 8 points or lesser. A childhood trauma history was recorded using Childhood Trauma Questionnaire, and impulsivity was evaluated by the Barratt Impulsiveness Scale. Results: There were no significant differences in age and gender between groups. The rate of rejection of unfair offers in Ultimatum Game was significantly different between groups (53% in Bipolar Disorder patients and 28% in healthy controls). History of childhood trauma was correlated with unfair offer acceptance in Bipolar Disorder (p=0.038), but not in controls (p=0.691). In order to explore the interaction between the two groups, the pattern of response in Ultimatum Game and the history of childhood trauma, a log linear analysis was carried out and showed a statistically significant interaction (p=0.038). Conclusion: The highest rates of Ultimatum Game rejections indicate greater use of altruistic punishment mechanism in Bipolar Disorder compared to controls. Besides, childhood trauma in Bipolar Disorder is associated with greater acceptance of the Ultimatum Game offers, indicating less use of altruistic punishment in comparison with Bipolar Disorder patients without childhood trauma. The appropriate use of altruistic punishment seems to be an important social adaptive mechanism, as previously reported by non-clinical population studies. Thus, results suggest that both the greater use of altruistic punishment (higher rate of Ultimatum Game rejections) in Bipolar Disorder and the inhibition of its use, which seems related to trauma, may explain in part difficulties in social adaptation and economic behavior of these patients.
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Perdão e crescimento pós-traumático no âmbito do divórcio: uma explicação pautada nos valores humanosCouto, Ricardo neves 02 September 2017 (has links)
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Previous issue date: 2017-09-02 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES / This dissertation aimed to know the extent to which human values explain forgiveness and post-traumatic growth (PTG) in the context of divorce. Two studies were carried out. In Study 1 aimed to gather evidence of validity and internal consistency of the Cuestionario de Perdón en Divorcio-Separación (CPD-S) with a sample of 200 individuals (ages 19 to 71 years, M = 38.42, SD = 11,51) who have already gone through the divorce process. The majority resided in the states of Paraíba (29.32%) and Piauí (27.21%) and were equally distributed between the sexes. All responded to CPD-S and sociodemographic issues. The results of the exploratory factorial analysis indicated the extraction of a single factor, composed of 4 items and an internal consistency (Cronbach's alpha = .78), which was also favorable. In Study 2 had as objectives to test the structure of CPD-S, to identify the influence of sociodemographic variables on forgiveness and to know the predictive power of human values in forgiveness and PTG in the scope of divorce. The sample consisted of 200 individuals (ages ranging from 18 to 84 years old, M = 42.02, SD = 11.99) who had already undergone divorce proceedings, mostly residing in the state of Piauí (44.12%) and Women (75%). They lived on average 10.56 years (SD = 7.48) with the former spouse, being on average 8.63 years (SD = 8.19) divorced and the biggest part (66.5%) had a divorce consensual, 58% said they are not in another love relationship. About religiosity level, in a scale that could vary between 1 = nothing / little and 7 = a lot, the participants' mean was 4.98 (SD = 1.83). All of them responded to the instruments of the first study in addition to the Basic Values Questionnaire and the Posttraumatic Growth Inventory. The result of the confirmatory factorial analysis shows good indexes of adjustment quality of the CPD-S, confirming its unifatorial structure. The predictive power of human values for forgiveness and PTG can be verified through Pearson's correlation and linear regressions, noting that only the interactive subfunction explains the forgiveness (β = .17, p < .05 ) And that the normative subfunction (β = .20, p < .01) and promotion (β = .24, p < .01) are the best predictors of PTG. It is still possible to identify the possible influences of sociodemographic variables in the levels of forgiveness and PTG. Through Pearson's correlations, a positive relationship of forgiveness with time of divorce and level of religiosity was observed, through the test t, it was identified that those who had a consensual divorce granted more pardon and through ANOVA it was verified that older people show greater magnitudes of forgiveness. Regarding PTG, the results indicate that there are positive and statistically significant correlations, only, between PTG and divorced time and religiosity level. The other sociodemographic variables considered in the study had no influence on the scores. The results suggest that the individual who endorses values of the interactive subfunction, focusing on the quality of relationships presents higher rates of forgiveness, for worrying and nurturing feelings of care and affection with the other. And people who prioritize the values of the normative subfunction, recognizing the existence of a superior entity and affirmation of their faith to overcome, and those of the achievement subfunction, requiring high self-esteem and demonstration of competencies, experience positive changes after divorce. In view of the objectives achieved, it is hoped that this dissertation contributes with the growing literature of forgiveness, providing a measure with assured psychometric qualities and with the productions about the PTG, with scientific evidences on the themes. In addition, it demonstrates the centrality of human values in the studies of social psychology, in the explanation of psychosocial phenomena that promote health, social harmony and adaptation to divorce. / A presente dissertação objetivou conhecer em que medida os valores humanos explicam o perdão e o crescimento pós-traumático (CPT) no âmbito do divórcio. Para tanto foram realizados dois estudos. No Estudo 1 objetivou-se reunir evidências de validade e consistência interna do Cuestionario de Perdón en Divorcio-Separación (CPD-S) contando com uma amostra de 200 indivíduos (idades de 19 a 71 anos, M = 38,42, DP = 11,51) que já passaram pelo processo de divórcio. A maioria residia nos estados da Paraíba (29,32%) e Piauí (27,21%) e foram distribuídos equitativamente entre os sexos. Todos responderam ao CPD-S e questões sociodemográficas. Os resultados da análise fatorial exploratória indicaram a extração de um único fator, composto por 4 itens e uma consistência interna (alfa de Cronbach = 0,78) igualmente favorável. O Estudo 2 teve como objetivos testar a estrutura do CPD-S, identificar a influência de variáveis sociodemográficas no perdão e conhecer o poder preditivo dos valores humanos no perdão e no CPT no âmbito do divórcio. A amostra foi composta por 200 indivíduos (idades de 18 a 84 anos, M = 42,02, DP = 11,99) que já passaram pelo processo de divórcio, em sua maioria residentes no estado do Piauí (44,12%) e do sexo feminino (75%). Viveram em média 10,56 anos (DP = 7,48) ao lado do ex-cônjuge, estando em média a 8,63 anos (DP = 8,19) divorciados e a maior parte (66,5%) tiveram um divórcio consensual e 58% afirmaram que não estão em outro relacionamento amoroso. Com relação ao nível de religiosidade, em uma escala podendo variar entre 1 = nada/pouco e 7 = muito, a média dos participantes foi de 4,98 (DP = 1,83). Todos responderam os instrumentos do primeiro estudo além do Questionário de Valores Básicos e o Posttraumatic Growth Inventory. O resultado da análise fatorial confirmatória aponta bons índices de qualidade de ajuste do CPD-S, confirmando sua estrutura unifatorial. Pode-se verificar, através de correlaçãoes r de Pearson e regressões lineares o poder preditivo dos valores humanos quanto ao perdão e o CPT, observando que, unicamente, a subfunção interativa explica o perdão (β = 0,17, p < 0,05) e que as subfunções normativa (β = 0,20, p < 0,01) e realização (β = 0,24, p < 0,01) são as melhores preditoras do CPT. Ainda pode-se identificar as possíveis influências de variáveis sociodemograficas nos níveis de perdão e CPT. Através de correlações r de Pearson observou-se uma relação positiva do perdão com tempo de divórcio e nível de religiosidade, por meio do teste t identificou-se que aqueles que tiveram um divórcio consensual concedem mais o perdão. Através da ANOVA, verificou-se que pessoas mais velhas apresentam maiores magnitudes de perdão. Quanto ao CPT os resultados indicam que existe correlações positivas e estatisticamente significativas, apenas, entre o CPT, tempo do divórcio divorciado e o nível de religiosidade. As demais variáveis sociodemográficas consideradas no estudo não apresentaram influência nas pontuações. Os resultados sugerem que o indivíduo que endossa valores da subfunção interativa, focando na qualidade das relações, apresenta maiores índices de perdão, por se preocupar e nutrir sentimentos de cuidado e afeto com o outro. E pessoas que priorizam os valores da subfunção normativa, reconhecendo a existência de uma entidade superior e afirmação de sua fé para superação, e os da subfunção realização, necessitando de uma alta autoestima e a demonstração de competências, experienciam mudanças positivas pós-divórcio. Diante dos objetivos alcançados, confia-se que esta dissertação contribui com a crescente literatura do perdão, disponibilizando uma medida com qualidades psicométricas asseguradas e com as produções acerca do CPT, com evidências científicas sobre as temáticas. Ademais, demonstra a centralidade dos valores humanos nos estudos da psicologia social, na explicação de fenômenos psicossociais que promovem saúde, harmonia social e adaptação ao divórcio.
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Investigando o crescimento proveniente do enfrentamento de adversidades : evidências de validade da versão brasileira do inventário de crescimento pós-traumáticoCampos, João Oliveira Cavalcante January 2017 (has links)
Crescimento pós-traumático (CPT) refere-se à mudança positiva em algum aspecto da experiência humana como resultado do enfrentamento de situações adversas (traumáticas ou crises de vida em geral). O objetivo geral do presente trabalho foi investigar em uma amostra brasileira as propriedades psicométricas da Versão Brasileira do Inventário de Crescimento Pós-Traumático (Brazilian Version of the Posttraumatic Growth Inventory – PTGI-B), instrumento que se propõe a mensurar CPT. Para isso, dois estudos distintos foram realizados. O Estudo I buscou investigar a estrutural fatorial do PTGI-B. Participaram dele 321 pessoas que passaram por situações adversas variadas. A estrutura fatorial do PTGI-B foi investigada através do método de análise fatorial confirmatória. Testou-se cinco diferentes modelos de estrutura fatorial. A estrutura convencional de cinco fatores apresentou melhores índices de ajuste quando comparada às demais. Além disso, o modelo de cinco fatores de primeira ordem organizados em torno de um fator geral de segunda ordem também mostrou índices de ajuste adequados. O Estudo II buscou avaliar se as evidências de validade externa da Versão Brasileira do Inventário de Crescimento Pós-Traumático (PTGI-B) são mais consistentes quando se compara os resultados de um subgrupo pontuou alto na Escala de Centralidade de Eventos (ECE) versus os resultados do subgrupo que pontuou baixo na ECE - que avalia em que medida o evento de referência contribuiu na formação da identidade dos indivíduos. Participaram do estudo 317 pessoas que passaram por situações adversas variadas. Investigou-se a relação entre crescimento pós-traumático, suporte social, sentido de vida, satisfação com a vida, religiosidade e desajuste psicológico. As correlações entre CPT e as demais variáveis de interesse mostraram-se maiores e mais coerentes no subgrupo que pontuou alto na ECE do que no subgrupo que pontuou baixo. Os resultados obtidos fortalecem a concepção de que apenas eventos que levam a uma reavaliação das crenças centrais dos indivíduos devem ser incluídos nos estudos de CPT. / Posttraumatic growth (PTG) refers to the positive change in some aspect of the human experience as a result of facing adverse situations (traumatic or general life crisis). The main goal of the present study was to investigate the psychometric properties of the Brazilian Version of the Posttraumatic Growth Inventory (PTGI-B). To address this purpose, two distinct studies were performed. Study I was aimed to investigate the factor structure of the PTGI-B. It involved 321 people who had been through a wide range of adverse situations. The factorial structure of the PTGI was investigated using the method of confirmatory factorial analysis. Five different models of factorial structure were tested. The conventional five factor structure presented better adjustment indices when compared to the others. However, the factorial structure of five first order factors organized around a second order global PTG factor was also adequate. Study II intended to assess whether evidence of the external validity of the Brazilian Version of the Post Traumatic Growth Inventory (PTGI-B) is more consistent when considering the events in which individuals scored high versus individuals who scored low on the Centrality of Events Scale (ECE). The ECE assesses to what extent the reference event contributed to the formation of individuals' identity. A total of 317 people who had been through a variety of adverse events participated in the study. It was investigated the relationship between posttraumatic growth, social support, meaning in life, life satisfaction, religiosity and psychological distress. The correlations between PTGI-B scores and the other variables of interest became larger and more theoretically coherent in the subgroup that scored high in ECE than in the subgroup that scored low. The results obtained strengthen the conception that only events that lead to a reassessment of individuals’ central beliefs should be included in the PTG studies.
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Avaliação da tomada de decisão através do jogo do ultimato no transtorno do humor bipolarGoi, Pedro Domingues January 2011 (has links)
Contexto: O Transtorno Bipolar (TB) freqüentemente está associado a um curso crônico e altamente incapacitante, com comprometimento das funções cognitivas e sociais. O prejuízo funcional no TB pode estar associado a um prejuízo nos processos de tomada de decisão. Ainda que o déficit cognitivo esteja bem documentado no TB, a avaliação de funções cognitivas específicas como a tomada de decisão econômica e a punição altruística ainda não foram bem estudadas. Nesse contexto, o Jogo do Ultimato (JU) é um teste único na avaliação da cognição social por compreender a avaliação da punição altruística, a qual é um importante mecanismo de adaptação social, funcional e do comportamento econômico. Objetivos: Avaliar o padrão de respostas ao JU e o comportamento de punição altruística em uma amostra de pacientes com TB e em controles sadios, além dos fatores clínicos e sociodemográficos associados aos diferentes padrões de resposta ao jogo. Métodos: Vinte e oito pacientes com diagnóstico de TB, eutímicos, e vinte e oito controles saudáveis foram avaliados utilizando o JU em um estudo comparativo. Todos os participantes do estudo fizeram o papel de respondedores no JU, recebendo ofertas injustas previamente estabelecidas. Os sintomas depressivos e maníacos foram avaliados através da Escala de Avaliação da Depressão de Hamilton de 17 itens (HAMD) e da Escala de Avaliação de Mania de Young (YMRS), respectivamente, devendo ser igual ou menor que 8 pontos. A história de traumas na infância foi avaliada pelo Questionário de Traumas na Infância (CTQ), e a impulsividade foi avaliada pela Escala de Impulsividade de Barratt (BIS). Resultados: Não houve diferença significativa na idade e no gênero entre os grupos. A taxa de rejeição das ofertas injustas do JU foi diferente entre pacientes e controles (53% nos pacientes e 28% nos controles). A história de traumas na infância estava relacionada à maior aceitação de ofertas injustas em pacientes (p=0,038), mas não em controles (p=0,691). Com o objetivo de avaliar a interação entre os dois grupos, o padrão de resposta no JU e a história de traumas na infância, uma análise log-linear foi realizada, mostrando uma interação estatisticamente significativa entre as três variáveis (p=0,038). Conclusão: As maiores taxas de rejeição ao JU indicam maior uso do mecanismo de punição altruística no TB, quando comparado aos controles. Por outro lado, a coexistência de TB com trauma na infância está associado a um menor uso do comportamento de punição altruística em comparação ao TB sem trauma na infância. , A flexibilidade de uso da punição altruística parece ser um importante mecanismo adaptativo segundo estudos prévios em população saudável. Dessa forma, os resultados sugerem que tanto o maior uso da punição altruística (maior taxa de rejeição no JU) no TB quanto a inibição de seu uso, que parece associado ao trauma, podem explicar em parte a dificuldade de adaptação social destes pacientes e seu comportamento econômico. / Introduction: Bipolar Disorder is frequently associated to cronic and disabling course, with impairment of social and cognitive functions. Functional impairment can be related to decision-making process impairment. Although cognitive deficits in Bipolar Disorder are well documented, assessment of specific cognitive functions such as economic decision making and altruistic punishment have not been well studied. In this context, the Ultimatum Game is a unique test in the study of social cognition by the assessment of altruistic punishment, which is an important mechanism of social adaptation, functioning and economic behavior. Objective: To compare Ultimatum Game responses and the altruistic punishment behavior between individuals with Bipolar Disorder and healthy controls and assess its associated factors. Methods: Twenty-eight euthymic Bipolar Disorder patients and an equal number of healthy controls were evaluated using the Ultimatum Game paradigm in a comparative design study. The entire sample acted as responders in the Ultimatum Game, receiving previously fixed unfair offers. Depressive and manic symptoms were determined by Hamilton Depression Rating Scale - 17 items and the Young Mania Rating Scale, respectively, and they must be 8 points or lesser. A childhood trauma history was recorded using Childhood Trauma Questionnaire, and impulsivity was evaluated by the Barratt Impulsiveness Scale. Results: There were no significant differences in age and gender between groups. The rate of rejection of unfair offers in Ultimatum Game was significantly different between groups (53% in Bipolar Disorder patients and 28% in healthy controls). History of childhood trauma was correlated with unfair offer acceptance in Bipolar Disorder (p=0.038), but not in controls (p=0.691). In order to explore the interaction between the two groups, the pattern of response in Ultimatum Game and the history of childhood trauma, a log linear analysis was carried out and showed a statistically significant interaction (p=0.038). Conclusion: The highest rates of Ultimatum Game rejections indicate greater use of altruistic punishment mechanism in Bipolar Disorder compared to controls. Besides, childhood trauma in Bipolar Disorder is associated with greater acceptance of the Ultimatum Game offers, indicating less use of altruistic punishment in comparison with Bipolar Disorder patients without childhood trauma. The appropriate use of altruistic punishment seems to be an important social adaptive mechanism, as previously reported by non-clinical population studies. Thus, results suggest that both the greater use of altruistic punishment (higher rate of Ultimatum Game rejections) in Bipolar Disorder and the inhibition of its use, which seems related to trauma, may explain in part difficulties in social adaptation and economic behavior of these patients.
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Abuso sexual infantil : conseqüências cognitivas e emocionaisBorges, Jeane Lessinger January 2007 (has links)
Esta dissertação teve por objetivo investigar variáveis cognitivas e emocionais em meninas vítimas de abuso sexual infantil (ASI), observando as relações entre ASI, Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e desempenho em funções cognitivas. Para isso, foram organizados três artigos, sendo um teórico e dois empíricos. O primeiro estudo apresenta uma revisão teórica sobre as relações entre ASI, TEPT e disfunção cognitiva. O segundo estudo avaliou o funcionamento cognitivo (memória, atenção e flexibilidade cognitiva/funções executivas) em um grupo de meninas vítimas de ASI (n=12) e comparou-o a um grupo controle (n=16). O terceiro estudo investigou a presença de sintomas emocionais e comportamentais em 16 meninas vítimas de ASI, bem como indicadores de risco à ocorrência do ASI nas famílias destas participantes. Foi observada uma alta manifestação de TEPT e um maior número de erros na tarefa de atenção visual concentrada, no grupo de vítimas de ASI, quando comparado ao grupo controle. Estes resultados ressaltam a importância de intervenções psicoterapêuticas e neuropsicológicas junto a esta população. / The objective of this dissertation was to investigate the cognitive and emotional variables in girls, victims of child sexual abuse (CSA), observing relationships between CSA, Posttraumatic Stress Disorder (PTSD) and performance in cognitive functions. For that, three papers were organized, one theoretical paper and two empirical papers. The first study shows a theoretical review about relationships between CSA, PTSD and cognitive dysfunction. The second study evaluated the cognitive functioning (memory, attention and cognitive flexibility/executive function) in a group of girls (n=12), victims of CSA and their performance was compared with a control group (n=16). The third study investigated the presence of emotional and behavioral symptoms and CSA risk factors in the family in 16 girls, victims of CSA. A high manifestation of PTSD and high number of errors on concentrated visual attention test was observed in the group of victims of CSA, when was compared to the control group. These results highlight the importance of psychotherapeutic and neuropsychological interventions with this population.
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Avaliação da contratransferência no atendimento inicial de pacientes vítimas de trauma psíquicoEizirik, Mariana January 2007 (has links)
O conceito de contratransferência foi introduzido por Freud e ampliado por outros autores, sendo compreendido como as reações emocionais despertadas pelo paciente no terapeuta. Tem papel central na teoria e na técnica psicanalíticas atuais por ser uma importante ferramenta para o entendimento do mundo interno e das comunicações do paciente, com influência no desenvolvimento da relação terapêutica e no desfecho do tratamento. A partir do reconhecimento da importância da mente do terapeuta e do campo terapêutico, tem sido discutida a associação entre características da pessoa real do terapeuta e a forma como é estabelecida a relação com o paciente. Do mesmo modo, características específicas dos pacientes, como ter sido vítima de trauma psíquico, são consideradas potenciais desencadeadoras de padrões contratransferenciais similares. A relevância do estudo dos sentimentos contratransferenciais despertados no atendimento de vítimas de trauma psíquico se justifica pela grande intensidade destes e pelo potencial destas reações emocionais se tornarem barreiras para o sucesso do tratamento quando não compreendidas pelo terapeuta.Avaliar o padrão de expressão da contratransferência dos terapeutas durante o atendimento inicial de pacientes mulheres vítimas de trauma psíquico e a sua associação com características dos terapeutas e das pacientes, tais como o momento da consulta, o gênero do terapeuta, a natureza do trauma (violência sexual ou violência urbana) e o momento da violência sexual na vida das pacientes. Também foi investigada a associação entre o padrão contratransferencial e a presença de sintomas de Transtorno de Estresse Pós-Traumático e de sintomas depressivos atuais nas pacientes, escores em rastreamento para transtornos de personalidade e em escala de percepção da gravidade da doença nas pacientes e estilo defensivo utilizado pelas mesmas. Os estudos foram realizados no Núcleo de Estudos e Tratamento do Trauma Psíquico (NETTRAUMA), do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Brasil. Os terapeutas eram médicos residentes do segundo ano de Psiquiatria do HCPA. No primeiro estudo, foi conduzidauma avaliação qualitativa, a análise de conteúdo, associada a uma análise estatística, de 36 relatos de sentimentos contratransferenciais despertados no primeiro atendimento de pacientes mulheres, sendo13 vítimas de violência sexual na infância, 15 vítimas de violência sexual atual, e 8 vítimas de violência urbana. Os relatos foram classificados em 6 grupos, conforme o gênero do terapeuta e a natureza do trauma. O segundo estudo teve a participação de 26 terapeutas, 11 homens e 15 mulheres. Foram incluídas nesta amostra todas as pacientes mulheres vítimas de violência sexual, tanto na infância quanto na idade adulta, atendidas no NET-TRAUMA durante dois anos consecutivos, totalizando 40 pacientes. Após a primeira consulta com a paciente, era solicitado ao terapeuta que preenchesse a Escala para Avaliação da Contratransferência (EACT). Neste mesmo momento, era solicitado à paciente que preenchesse os instrumentos referentes aos fatores em estudo: a Escala Davidson de Trauma (EDT), a Standardized Assessment of Personality - Abbreviated Scale (SAPAS), o Inventário de Depressão de Beck (BDI), e a versão em português do Defense Style Questionaire (DSQ-40). A Escala de Impressão Clínica Global (CGI) era preenchida após a consulta de triagem. Na análise dos relatos redigidos pelos terapeutas, observou-se predomínio de sentimentos de aproximação nos terapeutas de ambos os gêneros no atendimento de vítimas de violência sexual. Entre terapeutas mulheres, a natureza do trauma (sexual ou urbano) não influenciou os padrões contratransferenciais. Entre os terapeutas homens, a natureza do trauma influenciou de forma significativa a contratransferência, havendo um número elevado de sentimentos de distanciamento nos relatos de atendimentos de vítimas de violência urbana em relação àqueles atendimentos a vítimas de violência sexual na infância (p=0,02). No segundo estudo, os terapeutas apresentaram, da mesma forma, mais sentimentos de proximidade em relação às pacientes, que foram maiores no meio e no final das consultas (p<0,001), sem influência do gênero do terapeuta. Em uma sub-amostra estratificada para pacientes atendidas por terapeutas mulheres, identificou-se associação significativa entre maiores escores obtidos pelas pacientes na SAPAS e menos sentimentos de proximidade das terapeutas (p=0,038).Estes estudos evidenciaram um predomínio de respostas contratransferenciais de proximidade em terapeutas jovens, no início da vida profissional, ao longo das primeiras consultas compacientes mulheres vítimas de violência sexual. Destaca-se a importância da utilização da contratransferência para a melhor compreensão dos pacientes, o que pode trazer benefícios ao tratamento e ao prognóstico destes, ressaltando-se a necessidade de que investigações continuadas sobre o tema sigam sendo desenvolvidas. / The concept of countertransference was introduced by Freud and expanded by other authors. It is understood as the emotional reactions triggered by the patient in the therapist. It is pivotal in the current psychoanalytic theory and technique since it is an important tool in understanding the patient’s internal world and reportings, influencing the therapeutic relationship and the outcome of the treatment. From the acknowledgement of the importance of the therapist’s mind and the therapeutic field, there has been a growing debate on the association between characteristics of the real person of the therapist and the way that the relationship with the patient is established. Likewise, specific characteristics of the patients, such as having been victim of a psychological trauma, have been considered potential triggers of similar patterns of countertransferential responses. The relevance of studying the countertransferential feelings triggered when seeing victims of psychological trauma is justified by their high intensity and by the possibility of such emotional reactions becoming barriers for a successful treatment when they are not understood by the therapist.To evaluate the therapists’ countertransference during the first visit of women victims of psychological trauma, and its association with therapists’ and patients’ characteristics, such as the moment within the visit, the gender of the therapist, the nature of the trauma (sexual violence or urban violence) and the time when sexual violence occurred in the patient’s life. The association between countertransference pattern and the presence of Post-Traumatic Stress Disorder symptoms and of depressive symptoms in the patients, scores in a screening of personality disorders and in a scale of perception of disease severity in the patients and the defensive style utilized by them were also investigated. The studies were conducted at the Center for the Study and Treatment of Psychological Trauma (NET-TRAUMA), of Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Brazil. The therapists were second-year Psychiatry residents of HCPA. On the first study, a qualitative evaluation, thecontent analysis, was performed, associated to a statistical analysis, of 36 reports of the countertransferential feelings aroused in the first visit of female patients. Thirteen patients were victims of sexual violence during childhood, 15 were victims of current sexual violence, and 8 were victims of urban violence. The reports were categorized into 6 groups according to the gender of the therapist and the nature of the trauma. Twenty-six therapists (11 males and 15 females) participated in the second study. All women victims of sexual violence, both during childhood and adulthood, seen at the NET-TRAUMA during two consecutive years were included in this sample, which totaled 40. After the patient’s first visit, the therapist was asked to complete the Assessment of Countertransference Scale (ACTS). On the same visit, the patient was asked to complete the instruments regarding the factors in study: the Davidson Trauma Scale (DTS), the Standardized Assessment of Personality - Abbreviated Scale (SAPAS), the Beck Depression Inventory (BDI), and the Brazilian Portuguese version of the Defense Style Questionnaire (DSQ-40). The Clinical Global Impressions Scale (CGI) was completed after the screening visit. In the analysis of the therapists’ reports, a predominance of feelings of closeness was observed in therapists of both genders when caring for victims of sexual violence. Among female therapists, the nature of the trauma (sexual or urban) did not influence the countertransferential pattern. Among male therapists, the nature of the trauma significantly influenced countertransference, with increased number of feelings of distance toward victims of urban violence compared to victims of sexual violence during childhood (p=0.02). On the second study, the therapists showed, likewise, more feelings of closeness toward the patients, which were higher in the midpoint and in the end of the visits (p<0.001), without influence of the therapists' gender. In a stratified sample of patients seen by female therapists, there was a significant association between higher patients’ SAPAS scores and less therapists’ feelings of closeness (p=0.038).These studies have showed a predominance of countertransferential reactions of closeness in young therapists, at the beginning of their professional lives, during the first visit of women victims of sexual violence. The importance of the use of countertransference for theunderstanding of the patients is emphasized, as it can be beneficial for their treatment and prognosis; further investigation on the matter is of interest.
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Investigando o crescimento proveniente do enfrentamento de adversidades : evidências de validade da versão brasileira do inventário de crescimento pós-traumáticoCampos, João Oliveira Cavalcante January 2017 (has links)
Crescimento pós-traumático (CPT) refere-se à mudança positiva em algum aspecto da experiência humana como resultado do enfrentamento de situações adversas (traumáticas ou crises de vida em geral). O objetivo geral do presente trabalho foi investigar em uma amostra brasileira as propriedades psicométricas da Versão Brasileira do Inventário de Crescimento Pós-Traumático (Brazilian Version of the Posttraumatic Growth Inventory – PTGI-B), instrumento que se propõe a mensurar CPT. Para isso, dois estudos distintos foram realizados. O Estudo I buscou investigar a estrutural fatorial do PTGI-B. Participaram dele 321 pessoas que passaram por situações adversas variadas. A estrutura fatorial do PTGI-B foi investigada através do método de análise fatorial confirmatória. Testou-se cinco diferentes modelos de estrutura fatorial. A estrutura convencional de cinco fatores apresentou melhores índices de ajuste quando comparada às demais. Além disso, o modelo de cinco fatores de primeira ordem organizados em torno de um fator geral de segunda ordem também mostrou índices de ajuste adequados. O Estudo II buscou avaliar se as evidências de validade externa da Versão Brasileira do Inventário de Crescimento Pós-Traumático (PTGI-B) são mais consistentes quando se compara os resultados de um subgrupo pontuou alto na Escala de Centralidade de Eventos (ECE) versus os resultados do subgrupo que pontuou baixo na ECE - que avalia em que medida o evento de referência contribuiu na formação da identidade dos indivíduos. Participaram do estudo 317 pessoas que passaram por situações adversas variadas. Investigou-se a relação entre crescimento pós-traumático, suporte social, sentido de vida, satisfação com a vida, religiosidade e desajuste psicológico. As correlações entre CPT e as demais variáveis de interesse mostraram-se maiores e mais coerentes no subgrupo que pontuou alto na ECE do que no subgrupo que pontuou baixo. Os resultados obtidos fortalecem a concepção de que apenas eventos que levam a uma reavaliação das crenças centrais dos indivíduos devem ser incluídos nos estudos de CPT. / Posttraumatic growth (PTG) refers to the positive change in some aspect of the human experience as a result of facing adverse situations (traumatic or general life crisis). The main goal of the present study was to investigate the psychometric properties of the Brazilian Version of the Posttraumatic Growth Inventory (PTGI-B). To address this purpose, two distinct studies were performed. Study I was aimed to investigate the factor structure of the PTGI-B. It involved 321 people who had been through a wide range of adverse situations. The factorial structure of the PTGI was investigated using the method of confirmatory factorial analysis. Five different models of factorial structure were tested. The conventional five factor structure presented better adjustment indices when compared to the others. However, the factorial structure of five first order factors organized around a second order global PTG factor was also adequate. Study II intended to assess whether evidence of the external validity of the Brazilian Version of the Post Traumatic Growth Inventory (PTGI-B) is more consistent when considering the events in which individuals scored high versus individuals who scored low on the Centrality of Events Scale (ECE). The ECE assesses to what extent the reference event contributed to the formation of individuals' identity. A total of 317 people who had been through a variety of adverse events participated in the study. It was investigated the relationship between posttraumatic growth, social support, meaning in life, life satisfaction, religiosity and psychological distress. The correlations between PTGI-B scores and the other variables of interest became larger and more theoretically coherent in the subgroup that scored high in ECE than in the subgroup that scored low. The results obtained strengthen the conception that only events that lead to a reassessment of individuals’ central beliefs should be included in the PTG studies.
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