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Previous issue date: 2017-07-27 / A medicalização se refere à interferência da medicina no corpo social, produzindo
interpretações médicas e biológicas de questões humanas que, originalmente, seriam de outra
ordem. Nesse sentido, deparamos na atualidade com situações, próprias do campo educativo,
que são deslocadas para o campo médico, levando à medicalização de crianças e do fracasso
escolar. Ao olhar para origem da entrada do discurso médico na educação, deparamos com o
fato de que ela coincide com o início de uma proposta de universalização educacional. À
medida que a educação começou a se estabelecer como direito social e visou a se massificar,
ela se confrontou com um paradoxo: ao mesmo tempo em que se almejava ser extensível a
todos os cidadãos, o desafio de lidar com a diversidade se impôs. É o paradoxo entre a
igualdade e a diferença que começou a habitar a educação. É nesse contexto que a medicina e a
psicologia nascente, alicerçada no meio médico, começaram a se fazer presentes no meio
educativo e, com seus métodos de classificação e testagem, serviram à ordenação e à
homogeneização das diferenças que passaram a adentrar nas escolas. Diante disso, uma questão
se levanta: se o discurso médico-psicológico se introduziu na educação para responder ao
paradoxo igualdade/diferença no início do processo universalizante, podemos dizer que a
medicalização na educação seria uma das respostas, na atualidade, frente a esse mesmo
paradoxo? É somente num momento recente, das últimas décadas, que a universalização se
consolidou e se ratificou. E, justamente no momento em que ela se consolida, intensifica-se a
presença do discurso médico-psiquiátrico na educação, que tem levado à medicalização de
crianças e da prática educativa. Tudo isso nos faz interrogar sobre as possíveis relações entre a
medicalização na educação e o processo de universalização atual, haja vista termos a
interpolação entre o discurso da diversidade e da inclusão – presente na proposta de
universalização atual – e a medicalização, com seus mecanismos excludentes. O que faz, então,
conviverem lógicas tão antagônicas? Baseando-se no que a psicanálise traz sobre a linguagem e
a estrutura simbólica que nos cerca, buscamos discutir de que maneira a medicalização tem
mascarado as tensões presentes na sustentação desse paradoxo no campo educacional. Esta
dissertação é resultado de uma pesquisa bibliográfica, que, no entanto, caminha no rastro de
inquietações surgidas em experiências de trabalho, na clínica com crianças e na interlocução
com o campo educativo. / Medicalization refers to the interference of medicine in the social context, producing medical and
biological interpretations of human issues that would originally be of another order. In this sense, we
come across situations, typical of the educational field, being moved to the medical field, leading to
the medicalization of children and school failure. When looking at the origin of the entrance of
medical discourse in education, we observethat it coincides with the beginning of a proposal of
educational universalization. Thus, as education began to establish itself as a social rightaimed at
popularization, it was faced with a paradox:at the same time as education sought to extend to all
citizens, the challenge of dealing with the diversity was introduced. It is the paradox between equality
and difference that begins to occupy education. It is in this context that medicine and the nascent
psychology, originated in the medical environment, have become present in the educational scenario
and, with their methods of classification and testing, served to order and homogenize the differences
that began to enter the schools. Faced with this, a question arises: if the medical-psychological
discourse was introduced in education to answer to equality/difference paradox at the beginning of the
universalizing process, can we say that the medicalization in education would be one of the answers,
in the present, to this same paradox? It is only in recent decades that universalization has been
consolidated and ratified. And just at the moment when it is consolidated, the presence of medicalpsychiatric
discourse in education is intensified, leading to the medicalization of children and
educational practice. All this leads us to question the possible relationship between medicalization in
education and the current universalization process, considering that we have the interpolation between
the discourse of diversity and inclusion – present in the current universalization proposal – and the
medicalization, with its exclusion mechanisms. What does make such antagonistic logics coexist?
Based on what psychoanalysis brings about the language and the symbolic structure that surrounds us,
we seek to discuss how medicalization has masked the tensions present in the ratification of this
paradox in the educational environment. This thesisis the result of a bibliographical research.
However, it arose out of the concernsin work experiences, in the clinic with children and in the
interlocution with the educational field.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:hermes.cpd.ufjf.br:ufjf/6098 |
Date | 27 July 2017 |
Creators | Oliveira, Priscila Ferreira de |
Contributors | Fontes, Ana Maria Moraes, Santos, Ilka Schapper, Diniz, Margareth |
Publisher | Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Programa de Pós-graduação em Educação, UFJF, Brasil, Faculdade de Educação |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFJF, instname:Universidade Federal de Juiz de Fora, instacron:UFJF |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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