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Por que os homens nunca ouvem e as mulheres não sabem estacionar? : analisando a rede de discursos das neurosciências quanto às questões de gênero em alguns artefatos culturais

Esta dissertação tem como objetivo investigar alguns artefatos culturais - revistas de divulgação científica e programas de TV - que abordam as temáticas relacionadas às neurociências, analisando na rede de discursos, presentes em suas pedagogias, a constituição das identidades de gênero. Este estudo fundamenta-se a partir dos campos teóricos dos Estudos Culturais e de Gênero, pelo viés de suas vertentes pós-estruturalistas. Por esse viés, entendemos os corpos e os gêneros como construções sócio-históricas e culturais engendradas em relações de poder-saber, sendo as feminilidades e as masculinidades não somente constituídas pelas características biológicas, mas, sim, por tudo que se diz ou se representa a respeito destas características. Neste sentido, as diferentes instituições, os discursos, os códigos, as práticas educativas, as leis e as políticas de uma sociedade são espaços constituídos e atravessados pelas representações de gênero e, ao mesmo tempo, também produzem, expressam e/ou (re)significam tais representações. A análise da rede de discursos científicos presentes nas pedagogias culturais investigadas nesta dissertação - artigos publicados nas revistas de divulgação científica Viver, Mente e Cérebro e Scientific American Brasil, e os programas de TV Globo Repórter e Fantástico (série Sexo Oposto) - me possibilitou perceber o quanto estas apontam, justificam e naturalizam comportamentos, posicionamentos sociais, padrões cognitivos, habilidades, condutas, entre outros aspectos relacionados aos gêneros, focando no cérebro a origem das distinções/diferenciações entres eles. Possibilitou, também, perceber o quanto esses discursos nos interpelam e nos ensinam modos de ser homem e mulher, de viver nossas masculinidades e feminilidades. Nesta investigação, ficou evidenciado que esses discursos construídos pela linguagem da Ciência, reforçados e (re)produzidos pela mídia impressa e televisiva, são tomados como "verdades", imprimindo nos corpos femininos e masculinos as diferenças que justificam as relações desiguais entre os gêneros na sociedade. Ao falar do cérebro de meninos e meninas, adolescentes, homens e mulheres, estes discursos regulam, normatizam, instauram saberes e instituem verdades. / This dissertation aims at investigating a few cultural artefacts - science-related magazines and TV programmes - which refer to themes that are related to neurosciences, analysing how gender identity is constituted in the discourse which is present in their pedagogies. This study is based on the theoretical fields of Gender and Cultural Studies, in their post-structuralism branches, where body and gender are understood as socio-historical and cultural constructions, born from power-knowledge relationships, and where femininity and masculinity are not only constituted by biological characteristics but also by all that is said or represented about these characteristics. In this sense, the several different institutions, discourses, codes, education practices, laws and policies with a certain society are spaces that are constituted and crossed by gender representations. The analysis of the net of scientific discourses that are present in the cultural pedagogies that were investigated in this dissertation - articles published in the popular science magazines Viver, Mente e Cérebro and Scientific American Brasil and in the TV programmes Globo Repórter and Fantástico (Sexo Oposto series) allowed the realization of how they point to, justify and naturalise behaviours, social positioning, cognitive standards, skills and actions, among other gender-related aspects, focusing on the brain as the origin of distinctions among them. He study allowed also the realization of how such discourses call on and teach us the ways of being a man or a woman, of living our masculinity and femininity. In this investigation, there is evidence that these discourses that are built through the language of Science, reinforced and (re)produced by the press and TV media, are taken as the "truth", printing on male and female bodies the differences that justify the unequal relationships between genders in our society. When such discourses speak about the brains of girls and boys, teenagers, adult males and females, they regulate and create knowledge and institute the truth.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume56.ufrgs.br:10183/15947
Date January 2008
CreatorsMagalhães, Joanalira Corpes
ContributorsRibeiro, Paula Regina Costa
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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