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Escrita e ensino : ecos do discurso pedagógico

Nesta tese investigo o discurso pedagógico, a partir do corpus, constituído de textos produzidos por alunos da disciplina “Laboratório de Escrita”, ministrada em uma universidade pública rio-grandense, em um curso da área de ciências exatas, nos anos de 2002, 2003 e 2004. A problematização da relação entre a prática da escrita e a constituição das identidades dos sujeitos-alunos, enfocada na análise discursiva, estende-se à perspectiva identitária docente, mediante a teorização da experiência narrada e explicitação da posição assumida no discurso pedagógico. Busca-se aprofundar a reflexão do modo como o discurso pedagógico, especificamente no que se refere à produção textual, implica a consitituição de identidades. A pesquisa se situa nas áreas da Análise de Discurso e da Educação, apoiando-se na linha discursiva de M. Pêcheux, E. Orlandi e autores afins, buscando ainda subsídios nos estudos educacionais de origem foucaultiana e em outros autores. Com base no referencial discursivo, descrevo o discurso pedagógico como um discurso autoritário e homogeneizante, no qual, entretanto, pode irromper o gesto de interpretação do sujeito. A análise do corpus mostra os ecos do discurso pedagógico da referida disciplina na qual foram produzidos os textos, cujo propósito era dar condições aos alunos de realizarem deslocamentos de sentidos através da escrita. Na produção desses textos, os alunos assumiram diferentes posicionamentos, dando visibilidade à heterogeneidade do discurso e dos sujeitos. Na análise das seqüências discursivas compreendidas nos textos enfocados, foram evidenciados alguns efeitos de sentidos que indicam os modos como, no processo de textualização, o sujeito assume a posição-autor: ironia e incerteza; efeitos de fechamento do texto; efeitos de sentidos de concordância e de discordância nos posicionamentos discursivos; efeitos de sentido de jogo dos sentidos e jogo da língua. No movimento analítico entre descrição e interpretação, considero adjetivos, advérbios e pronomes como marcas lingüísticas, cujo funcionamento discursivo indica os posicionamentos dos alunos, as suas identificações e contra-identificações às memórias discursivas representadas nos textos. O corpus permite entrever ressonâncias do discurso pedagógico que assumiu a primazia no ensino da escrita, cuja característica é a ênfase nacorreção gramatical e ortográfica. Concluo que a escola pode ser perspectivada como espaço intervalar, lugar de interpretação. Este ponto de vista teórico considera a heterogeneidade do sujeito e do discurso e a língua como lugar do equívoco, condições necessárias para escrita como prática de autoria. / This work, based on the French theory of Discourse Analysis, investigates the relationships between pedagogic discourse and the written productions of graduate students, trying to identify the effects of written texts on the constitution of their identities. The corpus consists of texts written by students of a Course of Engineering of a public university of the state of Rio Grande do Sul, Brazil, in a graduate course entitled “Laboratory of Writing”, during two years. The research is based on the works of Pêcheux (1990, 1993, 1995), Orlandi (1987, 1988, 1996, 2002a) and Foucault (2001, 2002) mainly. From this point of view, the pedagogic discourse is described as a authoritarian and homogeneous discourse which can be broken by “interpretation gestures” (ORLANDI, 1996).The analysis of the texts written by these students considered the presence of linguistic elements as adjectives, adverbs and pronouns, which, according to the linguistic theory, mark discursive positions taken by the students. The analysis gives visibility to interpretation process as a result of the pedagogic work developed in the activities of the course, which used to emphasize the production of meaning. It also gives visibility to interpretation and to identificatory processes emerging on the texts which I suppose is due to the pedagogic discourse of the “Laboratory of Writing”, which emphasized the practices of reading and writing as significant practices. From this point of view subjects and discourse are not homogeneous. I analyze the school practices of writing, the relations of power which characterize the actors of the pedagogic process, considering these relations can be transformed, being the school a place where the students can produce meanings and constitute their identities. I interpretate the textual and grammatical disorganization which can be perceived in a great number of texts written by students as “echos” of the dominant pedagogic discourse practiced in school, which mainly emphasizes the rules of grammar and the correct orthography. This research also intends, in a great extension, to theorize about the teaching of writing in school, starting from a point of view which considers the heterogeneity as being constitutive of subjects and of discourse.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.lume.ufrgs.br:10183/12857
Date January 2007
CreatorsCauduro, Maria de Lourdes Fernandes
ContributorsMutti, Regina Maria Varini
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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