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Territórios vulneráveis : arquivos impróprios de uma memória em perigo

Neste trabalho discutimos os modos pelos quais memória e urbanização possibilitam condições de vulnerabilidade, além do modo como estas operações distintas organizam e criam zonas de separação da vida urbana em comunidades, favelas e ruas do país. Problematizamos os processos de urbanização a partir da constituição de memória em territórios das cidades circunscritos por uma lógica de exclusão e de esquecimento nas práticas sociais e políticas. Partimos de experiências vividas no acompanhamento de equipes de saúde do Consultório na Rua em Maceió, de percursos a pé ou de ônibus em distintas cidades e de relatos em mídias sociais ou jornalísticas sobre acontecimentos com populações e pessoas que vivem em situações consideradas de vulnerabilidade social no país. Colocamos em análise memórias e fragmentos destes territórios relacionados a casos de violência e de violações de direitos a partir de quatro cidades: a Cidade Fragmento; a Cidade dos Mortos; a Cidade Corpo; e a Cidade Infância. Essas cidades nos permitem problematizar: a) os fragmentos como forma de constituir narrativas nas cidades brasileiras; b) a relação entre morte e política atualmente; c) o corpo como lugar de inscrição da memória nas cidades; d) o silenciamento e o barulho das memórias como elemento de resistência e profanação. Frente a isto, propomos pensar os territórios vulneráveis das cidades como arquivos impróprios e inusitados de práticas obsoletas que assaltam memórias e formas de vida nas cidades, colocando-as em perigo. Estas cidades interrogam o presente de nossas práticas de urbanização e os modos como produzimos memória. Ao mesmo tempo indicam-nos alguns direcionamentos: a) a invenção de outras formas de lidar e produzir narrativas nas cidades, a arte, por exemplo, para modos de governo que produzam outra relação com os territórios construídos como em situação de vulnerabilidade social e seus habitantes; b) a confecção de visibilidades e de afetos como política para pensar processos de urbanização e práticas de violência e de violações que acometem territórios e constituem sua vulnerabilidade; c) a proposição de um corpo-festa e um corpo utópico como outra racionalidade sobre o corpo humano que garanta distintas formas de pensá-lo e abordá-lo nas políticas de segurança e urbanização e na construção de relações com as vidas nas cidades; e d) as relações de resistência e profanação como estratégias de luta nas políticas de urbanização tomadas pelo progresso e pelo depósito de ruínas, tendo a infância como alvo de investimento das políticas públicas. / In this work we argue about the way whereby memory and urbanization become possible vulnerability conditions, in addition to how these different operations organize and create separation zones of the urban life in communities, favelas and streets of the country. We problematize the processes of urbanization from the constitution of a memory in urban territories marked by exclusion and forgetfulness in social and political practices. Through experiences in the follow-up of health teams at the Consultório na Rua in Maceió, as well as on foot or bus routes in different Brazilian cities, and in reports on social or journalistic media about events with populations and people living in situations considered of social vulnerability in country. We have analyzed memories and fragments of these territories related to cases of violence and violations of rights from four cities: City Fragment, City of the Dead, City Body, City Childhood. These cities allow us to problematize: a) the fragments to constitute narratives in Brazilian cities; b) the relation between death and politics today; c) the body as place of inscription of the memory in the cities; d) the silencing and the noise of memories as an element of resistance and desecration. In view of this, we propose to think of the vulnerable territories of cities as improper and unusual archives about obsolete practices that assault memories and life forms in the cities, putting them at risk. These cities ask the present of our urbanization practices and the way whereby we make memory. In the same time, they indicate us some directions: a) the invention of other ways of dealing and producing narratives in cities, as art to modes of government that produce another relation with the constructed territories as in situation of social vulnerability and its resident; b) the creation of visibilities and affections as a policy for thinking about urbanization processes and denouncing practices of violence and violations of rights that affect territories and constitute their vulnerability; c) the proposition of a party-body and a utopian body as another rationality on the human body that guarantees different ways of thinking about it and approaching it in the policies of security and urbanization, as well as in the construction of relations with the lives in the cities; and d) the relations of resistance and desecration as strategies of struggle in the policies of urbanization taken by the progress and the deposit of ruins, having the childhood as the target of investment of the public policies.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume.ufrgs.br:10183/183192
Date January 2018
CreatorsSilva, Wanderson Vilton Nunes da
ContributorsGuareschi, Neuza Maria de Fátima, Hüning, Simone Maria
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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