Ensino do residente de pediatria em um ambulatório geral: análise da consulta / Teaching pediatric residents in a general pediatric outpatient clinic: analysis of consultation

Diversos autores referem que a realização da consulta médica associa-se a melhores resultados quando apoiada nos pressupostos do modelo centrado no paciente dentre os quais se destaca a inclusão da perspectiva do paciente. O objetivo deste estudo foi analisar se o modelo de ensino adotado no Ambulatorial Geral de Pediatria (AGEP) permite ao residente de pediatria, após um ano de estágio, conduzir uma consulta com a inclusão da perspectiva dos pais. O estágio no AGEP dos residentes de primeiro ano, do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), ocorre no Hospital Universitário da USP que é um serviço de atendimento secundário. Este ambulatório tem como objetivo ensinar uma forma de atendimento ampliado e não centrado na doença. Em 2007, foram selecionados 10 residentes para serem filmados durante a realização de uma consulta no início e no final do estágio. Os dados foram analisados por metodologia qualitativa por meio de técnica exploratória envolvendo, independentemente, três juízes. Adotando-se como referencial teórico pressupostos do modelo centrado no paciente, elaboraram-se as categorias gerais: (1) Compreensão da queixa principal referida pelos pais; (2) Compreensão de outras queixas; (3) Compartilhamento das orientações e decisões. Os residentes tinham em média 26 anos de idade, graduados em diversas faculdades do país e referiam formação em atendimento ambulatorial de pequena duração. Como resultado, observou-se que na categoria (1) a maioria dos residentes explora precocemente a primeira queixa referida pelos pais. No final do estágio alguns residentes incluem na anamnese, de modo insuficiente, a exploração dos sentimentos envolvidos com a queixa. Na categoria (2), poucos residentes exploram ativamente outras preocupações e observou-se pouca valorização da agenda dos pais. Na categoria (3), os residentes mantiveram ao longo do curso a forma não compartilhada das orientações e decisões durante a consulta. A observação das consultas permitiu a elaboração de categorias empíricas: (a) interação com a criança; (b) explicação do roteiro de anamnese; (c) prontuário como principal fonte de informação; (d) momentos de silêncio na consulta; (e) explicações a respeito dos procedimentos do exame físico. Dentre elas, a interação com a criança foi a mais significativa e constatou-se que a maioria dos residentes estabelece pouca comunicação com as crianças. Os residentes que buscam um diálogo com a criança restringem-se aos aspectos da rotina de vida e atividades escolares. Apenas uma residente explora o problema de saúde diretamente com a criança. Chamou a atenção a procura ativa da criança pela comunicação com os residentes durante a consulta, porém a maioria deles não demonstra ter entendido esse comportamento. Concluiu-se que o modelo de ensino do AGEP em 2007 não capacitava os residentes para a realização de consultas com a inclusão da perspectiva dos pais. As explicações para esse fato podem relacionar-se com as dificuldades em mudanças de comportamento, por parte dos residentes, decorrentes da formação na graduação com predomínio do modelo biomédico e a ausência de estratégias específicas para o ensino de pressupostos do modelo centrado no paciente e das habilidades de comunicação durante o estágio no AGEP / Several authors report that the outcome of the medical consultation is associated with better results when based on patient-centered model among which stands out the inclusion of the patient\'s perspective. The aim of this study was to examine whether the teaching model adopted in the Ambulatório Geral de Pediatria (AGEP), a general Pediatric outpatient clinic, capacitates, after one year, the resident of pediatrics to conduct a consultation which includes the parents perspective. The AGEP is a secondary health care facility located at the University Hospital of the University of São Paulo (USP), Brazil, and offers a course for the first year of the residency program of the Department of Pediatrics of the School of Medicine of USP. This clinic aims to teach a form of extended care, not focused on the disease. In 2007, 10 residents were selected to be videotaped while performing a consultation at the beginning and at the end of the course. The data was analyzed through qualitative methodology by exploratory technique involving three judges independently. Using as reference the patient-centered care, general categories were elaborated: (1) Understanding of the parents main complaints, (2) Understanding of other complaints and (3) Sharing decision-making. The residents had an average age of 26 years-old, graduated from different colleges in the country and referred outpatient training only for short periods. As a result it was observed that in category (1), the majority of residents explore precipitously the first parents complaint. At the end of the course some residents, although insufficiently, include in the anamneses the parents concerns involved with the complaint. In Category (2), few residents actively explore other complaints and the parents agenda was neglected. In category (3), residents maintained throughout the course a non-shared decision-making practice. The observation of consultations enabled the development of empirical categories: (a) interaction with the child, (b) explanation of the anamnese guide, (c) use of the records as the main source of information, (d) moments of silence during the consultation, (e) lack of explanation of the procedures of the physical examination. Among which, the interaction with the child was the most significant and it was found that most residents establish little communication with the children. Residents seeking a dialogue with the child are limited to the routine aspects of life and school activities. Only one resident explores the health problem directly with the child. Children actively tried to communicate with the residents during the consultation, but most residents appeared not to have understood their behavior. It was concluded that the teaching model of AGEP in 2007 does not enabled residents to do consultations including the parents perspective. The explanations for this may relate to the difficulties in changing residents behavior due to their former training during medical school in which there is a predominance of the biomedical model. Another reason was the absence of specific strategies for teaching patient-centered care and communication skills during the course in AGEP

Identiferoai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-05032010-173621
Date18 December 2009
CreatorsBallester, Denise
ContributorsEscobar, Ana Maria de Ulhoa
PublisherBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Source SetsUniversidade de São Paulo
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
TypeTese de Doutorado
Formatapplication/pdf
RightsLiberar o conteúdo para acesso público.

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