11 |
[pt] GARANTIA DO ACESSO À JUSTIÇA AO POVO INDÍGENA AKWẼ-XERENTE DO TOCANTINS / [en] GUARANTEEING ACCESS TO JUSTICE FOR THE AKWẼ XERENTE INDIGENOUS PEOPLE OF TOCANTINSJOSE RIBAMAR MENDES JUNIOR 17 February 2025 (has links)
[pt] A presente tese analisa a relação entre os direitos constitucionais dos povos
indígenas brasileiros e a efetivação desses direitos em juízo, enfocando a garantia
do acesso à justiça e o reconhecimento da diversidade cultural. Situada na
contemporaneidade, a pesquisa destaca a necessidade de um sistema de justiça
mais justo e inclusivo para todos os cidadãos, assegurando que os direitos dos
povos indígenas sejam efetivamente protegidos e respeitados, especialmente nas
ações de guarda de infância e juventude na Comarca de Miracema do Tocantins,
envolvendo crianças e adolescentes indígenas do povo Akwẽ-Xerente. O principal
objetivo é verificar se os magistrados consideram as especificidades étnicas e
culturais dos Akwẽ-Xerente em suas decisões judiciais. Utilizando uma
abordagem metodológica que combina revisão teórica e análise de casos
concretos, a tese examina a relação entre o reconhecimento dos direitos culturais
e territoriais dos povos indígenas e a garantia de acesso à justiça. O estudo revisa
a visão dos povos indígenas sobre os direitos conferidos pela Constituição, a
tutela jurídico-normativa desses direitos no Brasil, os valores culturais, a
organização sociopolítica e as ordenações jurídicas dos Akwẽ-Xerente, bem como
as manifestações dos atores processuais nas ações de guarda de infância e
juventude. Os resultados da pesquisa indicam que, embora a Constituição Federal
de 1988 tenha representado um avanço significativo no reconhecimento dos
direitos dos povos indígenas, a efetivação desses direitos enfrenta obstáculos,
particularmente devido à prevalência de uma visão preconceituosa e
discriminatória no sistema de justiça. Indicam também que, o Ministério Público
atua, principalmente, na defesa dos direitos dos povos indígenas, como guardião
da legalidade e dos direitos humanos, a equipe multidisciplinar contribui para uma
compreensão mais ampla e profunda das questões culturais e sociais envolvidas,
auxiliando o juiz na tomada de decisões e a Funai fornece suporte técnico e
jurídico, embora sua atuação se revele inconsistente. A análise das decisões
judiciais da Vara de Família, Sucessões, Infância e Juventude de Miracema/TO
evidencia que os magistrados, muitas vezes, levam em consideração os relatórios
da equipe multidisciplinar, respeitando as tradições culturais dos Akwẽ-Xerente,
contudo, privilegiam o ordenamento jurídico oficial em detrimento das ordenações
deste povo. Esses resultados demonstram a necessidade de adoção de diversas
medidas para superar os obstáculos ao acesso à justiça dos Akwẽ-Xerente, entre
elas, destaca-se a necessidade de formação continuada dos magistrados e
demais operadores do direito sobre a cultura e os direitos dos povos indígenas, a
inclusão de elementos pluralistas no sistema de justiça, a participação de
tradutores na equipe multidisciplinar e o fortalecimento da atuação da Funai. Além
disso, recomenda a criação de mecanismos de consulta prévia aos povos
indígenas em processos judiciais que os envolvam e a implementação de políticas
públicas que promovam a inclusão social e o respeito à diversidade cultural. Em
suma, a pesquisa contribui para uma compreensão mais profunda da importância
do reconhecimento das especificidades etnoculturais e o respeito às culturas
indígenas para garantia de um efetivo acesso à justiça a esses povos e reforça a
necessidade de um sistema de justiça que seja verdadeiramente justo e inclusivo. / [en] This thesis analyzes the relationship between the constitutional rights of Brazilian indigenous peoples and the enforcement of these rights in court, focusing on the guarantee of access to justice and the recognition of cultural diversity. Set in contemporary times, the research highlights the need for a fairer and more inclusive justice system for all citizens, ensuring that the rights of indigenous peoples are effectively protected and respected, especially in child custody cases in the Comarca of Miracema do Tocantins, involving indigenous children and adolescents of the Akwẽ-Xerente people. The main objective is to verify whether judges consider the ethnic and cultural specificities of the Akwẽ-Xerente in their judicial decisions. Using a methodological approach that combines theoretical review and case analysis, the thesis examines the relationship between the recognition of cultural and territorial rights of indigenous peoples and the guarantee of access to justice. The study reviews the perspective of indigenous peoples on the rights granted by the Constitution, the legal protection of these rights in Brazil, the cultural values, the sociopolitical organization, and the legal norms of the Akwẽ-Xerente, as well as the statements of procedural actors in child custody cases. The research results indicate that, although the 1988 Federal Constitution represented a significant advance in recognizing the rights of indigenous peoples, the enforcement of these rights faces obstacles, particularly due to the prevalence of a prejudiced and discriminatory view in the justice system. They also indicate that the Public Prosecutor s Office primarily acts in the defense of the rights of indigenous peoples, as the guardian of legality and human rights, the multidisciplinary team contributes to a broader and deeper understanding of the cultural and social issues involved, assisting the judge in making fairer and more appropriate decisions, and Funai provides technical and legal support, although its performance proves to be inconsistent. The analysis of the judicial decisions from the Family, Probate, Childhood, and Youth Court of Miracema/TO reveals that judges often consider the reports of the multidisciplinary team, respecting the cultural traditions of the Akwẽ-Xerente, yet prioritize the official legal framework over the norms of this people. These results demonstrate the need for various measures to overcome the obstacles to justice access for the Akwẽ-Xerente, including the need for continuous training of judges and other legal professionals about the culture and rights of indigenous peoples, the inclusion of pluralistic elements in the justice system, the participation of translators in the multidisciplinary team, and the strengthening of Funai s role. Furthermore, it recommends the creation of prior consultation mechanisms with indigenous peoples in judicial processes involving them and the implementation of public policies that promote social inclusion and respect for cultural diversity. In summary, the research contributes to a deeper understanding of the importance of recognizing ethnocultural specificities and respecting indigenous cultures to guarantee effective access to justice for these peoples and reinforces the need for a justice system that is truly fair and inclusive.
|
12 |
[fr] LE DROIT À L ÉPREUVE DU MULTICULTURALISME: REFLEXIONS DES EXPÉRIENCES BRÉSILIEN ET FRANÇAISE / [pt] O DIREITO À PROVA DO MULTICULTURALISMO: REFLEXÕES DAS EXPERIÊNCIAS BRASILEIRA E FRANCESADEO CAMPOS DUTRA 14 September 2016 (has links)
[pt] A presença da pluralidade cultural como parte integrante do cotidiano dos
Estados democráticos de Direito é um fato irreversível da realidade social. A
multiplicidade de culturas que dividem em conjunto um mesmo espaço social
torna as sociedades contemporâneas dos países ocidentais verdadeiros desafios
compostos de mosaicos de crenças, com visões de mundo e comportamentos
culturais distintos e muitas vezes, conflitantes.Surge, com isso, um novo desafio.
Novas realidades socais demandam novos comportamentos sociais, novas
perspectivas e propostas teóricas cujo processo de instalação detêm uma
complexidade capaz de resultar muitas vezes em imobilidade por parte tanto das
instituições sociais quanto do próprio conjunto normativo que ordena os espaços
sociais.É necessário, portanto, constituir novas maneiras de se pensar a
pluralidade cultural, incorporando novas perspectivas que, subsidiando o direito,
auxiliam de maneira importante para a formulação de novas proposição
jurídicas.Nossa problemática principal está centrada no desafio de responder a
seguinte pergunta: como poderemos melhor acomodar as minorias culturais,
protegendo seu direito fundamental à cultura, dentro dos Estados liberais
democráticos? Desta questão principal surgem, por sua vez, dois novos
questionamentos. O primeiro dele procura identificar qual teoria política é a mais
apropriada para responder nossa questão principal no Brasil e na França, países
analisados por este trabalho. O segundo questionamento preocupa-se
essencialmente em perceber e apontar como a contribuição do direito neste
processo pode potencializar esta acomodação entre as maiorias e as minorias
culturais dentro desses Estados. Nosso esforço está, portanto, em confeccionar
uma razão jurídica que, fundada nos direitos humanos, se utiliza e incorpora
chaves teóricas procedentes da filosofia política normativa. Esta razão jurídica,
por sua vez, tem um único objetivo principal: ela pretende constituir propostas
substanciais para que as minorias culturais de ambos os Estados possam ser
incluídas e acomodadas em suas sociedades ao mesmo tempo que seus direitos
fundamentais são protegidos. Em suma, esse trabalho objetiva oferecer
proposições jurídicas que permitam que as mais distintas culturas possam, uma
vez dividindo o mesmo espaço geográfico, viver de uma maneira onde o diálogo
intercultural seja o principal instrumento de comunicação social. Paralelamente
pretendemos propiciar subsídios normativos para que os Estados possam garantir
a seus cidadãos um espaço democrático onde o fato da pluralidade cultural não
impeça a afirmação da autonomia individual, proveniente do exercício da herança
cultural pertencente a cada ser humano, para que, por fim, possamos experimentar
uma acomodação social promotora da dignidade de todo e qualquer indivíduo
independente de sua origem cultural. / [fr] La présence de la diversité culturelle comme une partie intégrante des
États démocratiques de Droit est un fait irréversible de la réalité sociale. La
multiplicité des cultures qui partagent ensemble le même espace social rend les
sociétés contemporaines des pays occidentaux de véritables défis composés de
mosaïques de croyances avec de différents comportements culturels et des visions
du monde souvent contradictoires. De nouvelles réalités sociales exigent de
nouveaux comportements sociaux et de nouvelles perspectives et propositions
théoriques. Le processus d organisation de cette complexité sociale vers le droit
peut mener les institutions sociales qui ordonnent les espaces sociaux à
l immobilité. Il est donc nécessaire d établir de nouvelles façons de penser la
diversité culturelle, par l intégration de nouvelles perspectives thoriques qui
peuvent aider le droit de manière significative à développer de nouvelles
propositions juridiques. Notre principal problème est axé sur le défi de répondre à
la question: comment pouvons-nous accueillir au mieux les minorités culturelles
en respectant leur droit fondamental à la culture au sein des États démocratiques
libéraux? Cette question principale pose, à son tour, deux nouvelles questions. La
première est identifier la théorie politique qui est la plus appropriée pour
répondre à notre question principale au Brésil et en France, pays cités dans ce
travail. La deuxième question concerne essentiellement à remarquer et à souligner
combien la contribution de la loi dans ce processus peut améliorer cet
établissement entre les cultures majoritaires et minoritaires au sein de ces États.
Notre effort est donc de préparer une raison juridique, fondée sur les droits
humains, qui utilise et intègre des clés t héoriques provenant de la philosophie
politique normative contemporaine. Cette raison juridique, à son tour, a un
objectif principal: elle veut faire des propositions substantielles de sorte que les
minorités culturelles des deux pays soient inclues et les accommoder dans leurs
sociétés, tout en protégeant leurs droits fondamentaux. En bref, ce traval vise à
fournir des propositions juridiques qui permettent aux cultures distinctes mai qui
partagent le même espace géographique, de vivre d une manière dont le dialogue
interculturel est le principal instrument de communication sociale. Dans le même
temps, nous avons l intention de fournir des subventions normatives pour les États
pour garantir à leurs citoyens un espace démocratique où le fait de la diversité
culturelle n empêche pas l affirmation de l autonomie individuelle, de l exercice
du patrimoine culturel appartenant à chaque être humain, de sorte que finalement,
nous puissions essayer une expérience sociale provenant de la dignité individuelle
de chaque personne, indépendamment de leur origine culturelle.
|
Page generated in 0.0273 seconds