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Discurso científico e construção coletiva do saber : a dimensão interativa da atividade acadêmico-científica

Maria Alencar da Silva, Rosane January 2004 (has links)
Made available in DSpace on 2014-06-12T23:16:28Z (GMT). No. of bitstreams: 2 arquivo9401_1.pdf: 1187974 bytes, checksum: 817059c52b6abe6d56792d3cd4c7cb0e (MD5) license.txt: 1748 bytes, checksum: 8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33 (MD5) Previous issue date: 2004 / Inserida nas reflexões contemporâneas da Teoria Social, relativas à questão da construção do conhecimento científico e dos questionamentos quanto à idéia de objetividade científica nas ciências sociais, a tese tem por objetivo descrever e analisar os métodos e estratégias utilizadas na construção coletiva do conhecimento acadêmicocientífico. O corpus com que trabalhamos é constituído de 12 seminários de pesquisa, realizados em programas de pós-graduação de universidades brasileiras. Esses seminários são organizados em três fases: abertura, exposição e debate. Os participantes apresentam uma composição variada de graus de expertise em relação aos temas abordados. A transcrição dos dados videografados teve por base a seqüencialidade e temporalidade da interação e a organização da própria atividade. A análise realizada revela uma mentalidade analítica particular desenvolvida pela Análise Conversacional de origem etnometodológica. Nessa análise focalizamos: a) a forma como os participantes se inserem na atividade durante as aberturas; b) a seleção e o tratamento dado às categorias pessoais durante a atividade e; c) a trajetória discursiva dos objetos do saber durante os debates. Tal análise revelou (a) a abertura dos seminários caracterizada por processos de auto-categorização e hetero-categorização dos participantes; (b) as categorias pessoais, assim como aquelas referentes à atividade e aos objetos discursivos, se apresentaram intimamente relacionadas e em constantes movimentações de estabilização e instabilização e (c) um processo de co-construção dos argumentos nas trocas discursivas realizadas durante o debate. Esses resultados corroboram as análises realizadas pelos estudos sociais da ciência quanto à dimensão discursiva, incarnada e distribuída do conhecimento científico. E, no quadro mais geral da teoria social, o presente estudo contribuiu para a consideração da dimensão interativa das contingências no estudo da realidade social
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Questões De Dialogismo O Discurso Científico, O Eu E Os Outros

Gois Cavalcanti Rodrigues, Siane 31 January 2008 (has links)
Made available in DSpace on 2014-06-12T18:30:37Z (GMT). No. of bitstreams: 2 arquivo3716_1.pdf: 1388745 bytes, checksum: 6a100fb712a059a24d861e26776ae484 (MD5) license.txt: 1748 bytes, checksum: 8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33 (MD5) Previous issue date: 2008 / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / Este trabalho tem como objetivo analisar, ancorado no dialogismo bakhtiniano, enunciados de três gêneros discursivos acadêmicos (monografias de graduação e de especialização, dissertações de mestrado e teses de doutorado), situando-os na enunciação. Os objetivos específicos são: 1) analisar o papel que os autorespesquisadores assumem em seu próprio texto, na sua relação com a alteridade e 2) descortinar a função que eu o eu atribui ao outro no processo de edificação do seu dizer. Busca-se compreender como ambos se relacionam no espaço discursivo, e a maneira através da qual, no processo de apreensão das diversas vozes sociais, se opera o efeito autoria. Para tanto, considerando o dialogismo enquanto princípio constitutivo da linguagem e dos sujeitos, analisamos, através de uma perspectiva enunciativo-discursiva, a materialização dessas presenças no fio discursivo. Verificamos que a emersão do sujeito-autor se dá principalmente graças à natureza irrepetível do processo de apreender, internalizar e materializar lingüisticamente as regras da comunidade acadêmica e à unicidade de sua localização espacial no mundo
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Desenvolvimento rural e o campo tecnocientífico : a construção de um discurso

Premebida, Adriano January 2004 (has links)
Esta pesquisa trata de uma tentativa de relação entre duas amplas e difíceis noções — desenvolvimento rural e biopolítica — a partir de algumas entrevistas realizadas com agentes do aqui denominado campo tecnocientífico vinculado às ciências agrárias no sul do Brasil: extensionistas, pesquisadores(as) e professores(as). Essas noções, desenvolvimento rural e biopolítica, articulam-se mais por inclusão que exclusão de um variado conjunto de conceitos e propostas de sociedade. Para apoiar esta relação tenta-se utilizar o referencial teórico da análise de discurso através de seu método mais simples: a constância de repetição de termos-chave pelos agentes em suas exposições sobre o debate atual do desenvolvimento rural. Este referencial ajuda a suspender a concepção de um indivíduo coerente e consciente de seu discurso, bem como a perceber a persistência ou modificação de certas crenças e mitos na formação de ideais societários para o rural no Brasil Por outro lado, o estudo a respeito do desenvolvimento rural não poderia dar-se apenas no nível discursivo. Sua formulação está composta também por esquemas de percepção, de apreciação e ação realizadas sob condições estruturais do campo tecnocientífico. A articulação, então, de dois conceitos bourdianos (habitus e campo) foi imprescindível para a proposta desta pesquisa, embora não chegando a fundo em suas possibilidades analíticas. Não obstante o discurso acerca da noção de desenvolvimento rural aparecer polêmico, ou seja, aberto a múltiplas interpretações, nele há uma regularidade — ou a manutenção de um repertório temático — indicativa da possibilidade dele ser abordado sob a análise da idéia foucaultiana de biopolítica. Assim, desenvolvimento rural, ou desenvolvimento de forma geral, poderia ser entendido e analisado sob a ótica de um conjunto de medidas e exercícios de governo que se dá sobre a produção da vida, para através desta, conseguir seus efeitos de poder A proposta desta pesquisa, em sua opção teórica, foi perceber a regularidade de noções sobre desenvolvimento rural nas locuções dos agentes, verificando, nas análises de entrevistas — muito mais que divergências e diferenças de opiniões e ideais — o discurso que se mantêm, um conjunto de idéias que, embora produzidas sobre diferentes formulações, faz parte de um “dizível” historicamente sedimentado na memória social. Mas a estabilização dos sentidos de desenvolvimento rural presos, diga-se assim, a alguns termos-chave acaba mostrando, também, o seu contrário, um conflito nos processos de significação, uma constante ruptura com as definições passadas de desenvolvimento, trocas e negações de filiações conceituais e ideológicas, em um movimento criativo de resignificações (transformação) de sujeitos e realidade social.
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Argumentação na monografia : uma questão de polifonia

Elichirigoity, Maria Teresinha Py January 2007 (has links)
Cette étude mise sur la possibilité d’une articulation entre les théories de Ducrot et de Bakhtine, en ouvrant une nouvelle perspective pour la sémantique argumentative, par l’utilisation d’un corpus discursif de monographies rédigées dans des mémoires de fin de cours de droit de l’UCPel-RS. Nous cherchons à présenter la polyphonie comme un moyen d’argumenter, dans la mesure où nous observons la manière dont le locuteur se positionne par rapport aux perspectives d’autres énonciateurs. Ainsi, en reconnaissant que l’énoncé comporte des perspectives différentes qui se signalent par des marques linguistiques indicatrices de la polyphonie et qui créent des mouvements d’orientation argumentative antagonique ou équivalente, nous démontrons aussi que se constitue un sujet décentré, social et historique, et non seulement un sujet dont la perspective domine le texte. Pour réaliser cette proposition, nous montrons, dans le premier chapitre, l’importance de l’étude de la monographie, due à sa large utilisation dans le domaine universitaire, et présentons les différentes orientations du travail monographique qui sont données dans les livres de méthodologie recommandés pour l’enseignement supérieur, y compris en signalant la tentative d’effet de « dé-subjectivation » dans la formulation scientifique du texte. Dans le deuxième chapitre, le champ épistémologique de l’argumentation a été notre première préoccupation. Nous y avons étudié la rhétorique d’Aristote, dont les principes sont repris au XXe siècle par Perelman dans sa formulation de sa théorie de l’argumentation, qui s’oppose au raisonnement formel logique, jusqu'alors prépondérant, mais qui ne rendait pas compte de la logique du discours éthique, politique et juridique. D’autre part, nous soulignons la fissure éthique entre l’argumentation dialectique et larhétorique, puisque Perelman prévoit les positions prises par l’orateur en ne tenant compte que de la typologie de l’auditoire qu’il a l’intention de persuader ou de convaincre. Ensuite, nous introduisons l’idée de dialogie et de polyphonie de Bakhtine, matérialisée dans l’élocution qui s’exprime d’un point de vue dont le degré de conscience est proportionnel à son statut social. De plus, c’est l’idée d’envisager le type de discours comme reflet de pratiques sociales qui nous a fait réfléchir sur les caractéristiques de la monographie dans l’université. Par ailleurs, sont revus les concepts de base sur la relation entre idéologie et histoire, entre conscience sociale et signe, entre infra-structure et superstructure dans le discours, le tout avec, finalement, pour objectif, de montrer comment apparaissent l’instauration formelle des voix du discours dans le texte et la subjectivité du sujet, du point de vue bakhtinien, cette dernière se fondant sur le matérialisme historique et se transformant en polyphonie. Pour terminer cette partie, nous présentons une vision critique de l’oeuvre de Bakhtine à partir de la position de chercheurs russes contemporains. Dans la section suivante, nous abordons la trajectoire théorique d’un autre spécialiste de l’argumentation, le Français Oswald Ducrot, dont l’influence de la formalisation de sa théorie polyphonique de l’énonciation, à laquelle s’ajoutent des concepts bakhtiniens, nous fournira la transition vers le troisième chapitre. Dans cette troisième partie, nous présentons la méthodologie de notre travail, le point de vue des professeurs sur les conditions de production des monographies, ainsi que les réflexions des directeurs de monographies sur ce point de vue, car cette étude entend s’adresser plus directement aux professeurs de l’enseignement supérieur eux-mêmes. Ensuite est détaillé le parcours de la production écrite de l’élève-écrivain dans sa connaissance du thème des monographies sélectionnées, ce qui va justifier, notamment, le mouvement argumentatif présenté dans l’analyse de la polyphonie des extraits choisis.L’analyse permet ainsi de mettre en évidence les marques linguistiques qui sont des indices de la polyphonie, avec l’objectif de localiser les locuteurs dans l’énoncé, d’identifier les appropriations de voix et le lieu social qu’elles occupent, en première approche, pour ensuite, en approfondissant l’observation de l’énonciation, formaliser ses perspectives avec les mouvements argumentatifs. La conclusion nous amène à souligner l’importance d’études plus approfondies de la linguistique de l’énonciation et de la sémantique argumentative, pour perfectionner la méthodologie de l’enseignement-apprentissage de la lecture/interprétation et de l’écrit, aussi bien pour la formation des professeurs, que pour améliorer le travail qu’ils effectuent déjà en classe. Pour cela, nous proposons un travail fondé sur des analyses sémanticoénonciatives, car nous montrons dans cette thèse que, avec l’appréhension des effets de sens du discours, avec la perception de la polyphonie et des mouvements argumentatifs que créent les locuteurs, au-delà des perspectives dominantes, la production du texte prend de la consistance et que ce n’est que de cette manière que l’interprétation est réellement viable et justifiée. / Este estudo representa a aposta na possibilidade de articulação das teorias de Ducrot e Bakhtin, ao abrir uma nova perspectiva para a Semântica Argumentativa, servindo-se de um corpus discursivo de monografias realizadas como Trabalhos de Conclusão do Curso de Direito da UCPel-RS. Pensamos em mostrar a polifonia como recurso de argumentação, na medida em que se observa a maneira pela qual o produtor do enunciado se posiciona em relação às perspectivas de outros enunciadores. Assim, ao reconhecer que o enunciado comporta perspectivas diferentes que se mostram por marcas lingüísticas indicantes da polifonia e que realizam movimentos com orientação argumentativa antagônica ou equivalente, demonstramos, também, que se constitui um sujeito descentrado, social e histórico, e não somente aquele cuja perspectiva domina o texto. Para a realização dessa proposta, apresentamos, no primeiro capítulo, a importância do estudo da monografia, devido ao seu largo uso na esfera universitária, e diferentes orientações dadas para o trabalho monográfico em livros de metodologia, indicados para o ensino superior, assinalando, inclusive, a tentativa de efeito de “dessubjetivação” na formulação científica do texto.No segundo capítulo, nos preocupou primeiramente, o campo epistemológico da argumentação e buscamos a retórica de Aristóteles cujos princípios são retomados por Perelman, já no século XX, ao formular a sua Teoria da Argumentação, opondo-se ao raciocínio formal lógico até então preponderante e que não dava conta da lógica do discurso ético, político e jurídico. Por outro lado, aponta-se a fissura ética entre a argumentaçãodialética e a retórica, uma vez que Perelman prevê posições tomadas pelo orador levando em conta apenas a tipologia de seu auditório, com a intenção de persuadir ou convencer. A seguir, trazemos a idéia de dialogia e de polifonia de Bakhtin, materializada na elocução que se expressa de um ponto de vista cujo grau de consciência é proporcional ao seu grau de orientação social. Além disso, é abordada a idéia de gênero do discurso como reflexo de práticas sociais o que nos faz refletir sobre o caráter da monografia na universidade. Por outro lado, são revistos conceitos básicos sobre a relação entre ideologia e história, entre consciência social e signo, entre infra-estrutura e superestrutura no discurso, tudo isso com o objetivo de, finalmente, mostrar como acontece a instauração formal das vozes do discurso no texto e a subjetividade do sujeito, sob o ponto de vista bakhtiniano, a qual encontra seu fundamento no materialismo histórico e transforma-se na polifonia. Fechando essa parte, é apresentada uma visão crítica sobre a obra de Bakhtin, a partir do posicionamento de estudiosos russos da atualidade. Na seção seguinte, trazemos a trajetória teórica de outro estudioso da argumentação, o francês Oswald Ducrot. E é com a influência da formalização de sua Teoria Polifônica da Enunciação, acrescida de conceitos bakhtinianos que damos consecução ao terceiro capítulo.Nessa terceira parte do estudo, apresentamos a metodologia do trabalho, as análises das condições de produção das monografias sob ponto de vista dos professores, além de reflexões sobre esse ponto de vista dos orientadores das monografias, pois este estudo quer falar mais diretamente com os próprios professores do ensino superior. A seguir é traçado o percurso de produção escrita do aluno-escritor acerca de seu conhecimento do tema das monografias selecionadas o que vai, inclusive, justificar o movimento argumentativo apresentado na análise da polifonia dos recortes analisados. Assim, realiza-se a análise, evidenciando-se as marcas lingüísticas sinalizadoras da polifonia, com o objetivo de localizar os locutores no enunciado, identificar as apropriações de vozes e o lugar social que ocupam, num primeiro nível, para logo a seguir, aprofundando a observação da enunciação, formalizar suas perspectivas com os movimentos argumentativos que realizam. A conclusão nos aponta para a importância do aprofundamento dos estudos da Lingüística da Enunciação e da Semântica Argumentativa para o aprimoramento da metodologia de ensino-aprendizagem da leitura/interpretação e escrita tanto no que se refere à formação dos professores, quanto ao trabalho já em realização na sala de aula. Para tanto, propomos o trabalho com análises semântico-enunciativas, pois mostramos nesta Tese que, com a apreensão dos efeitos de sentido dos discursos, com a percepção da polifonia e dos movimentos argumentativos que realizam os locutores, além das perspectivas dominantes, a produção do texto torna-se consistente e, somente assim, a interpretação é realmente viável e justificada.
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Argumentação na monografia : uma questão de polifonia

Elichirigoity, Maria Teresinha Py January 2007 (has links)
Cette étude mise sur la possibilité d’une articulation entre les théories de Ducrot et de Bakhtine, en ouvrant une nouvelle perspective pour la sémantique argumentative, par l’utilisation d’un corpus discursif de monographies rédigées dans des mémoires de fin de cours de droit de l’UCPel-RS. Nous cherchons à présenter la polyphonie comme un moyen d’argumenter, dans la mesure où nous observons la manière dont le locuteur se positionne par rapport aux perspectives d’autres énonciateurs. Ainsi, en reconnaissant que l’énoncé comporte des perspectives différentes qui se signalent par des marques linguistiques indicatrices de la polyphonie et qui créent des mouvements d’orientation argumentative antagonique ou équivalente, nous démontrons aussi que se constitue un sujet décentré, social et historique, et non seulement un sujet dont la perspective domine le texte. Pour réaliser cette proposition, nous montrons, dans le premier chapitre, l’importance de l’étude de la monographie, due à sa large utilisation dans le domaine universitaire, et présentons les différentes orientations du travail monographique qui sont données dans les livres de méthodologie recommandés pour l’enseignement supérieur, y compris en signalant la tentative d’effet de « dé-subjectivation » dans la formulation scientifique du texte. Dans le deuxième chapitre, le champ épistémologique de l’argumentation a été notre première préoccupation. Nous y avons étudié la rhétorique d’Aristote, dont les principes sont repris au XXe siècle par Perelman dans sa formulation de sa théorie de l’argumentation, qui s’oppose au raisonnement formel logique, jusqu'alors prépondérant, mais qui ne rendait pas compte de la logique du discours éthique, politique et juridique. D’autre part, nous soulignons la fissure éthique entre l’argumentation dialectique et larhétorique, puisque Perelman prévoit les positions prises par l’orateur en ne tenant compte que de la typologie de l’auditoire qu’il a l’intention de persuader ou de convaincre. Ensuite, nous introduisons l’idée de dialogie et de polyphonie de Bakhtine, matérialisée dans l’élocution qui s’exprime d’un point de vue dont le degré de conscience est proportionnel à son statut social. De plus, c’est l’idée d’envisager le type de discours comme reflet de pratiques sociales qui nous a fait réfléchir sur les caractéristiques de la monographie dans l’université. Par ailleurs, sont revus les concepts de base sur la relation entre idéologie et histoire, entre conscience sociale et signe, entre infra-structure et superstructure dans le discours, le tout avec, finalement, pour objectif, de montrer comment apparaissent l’instauration formelle des voix du discours dans le texte et la subjectivité du sujet, du point de vue bakhtinien, cette dernière se fondant sur le matérialisme historique et se transformant en polyphonie. Pour terminer cette partie, nous présentons une vision critique de l’oeuvre de Bakhtine à partir de la position de chercheurs russes contemporains. Dans la section suivante, nous abordons la trajectoire théorique d’un autre spécialiste de l’argumentation, le Français Oswald Ducrot, dont l’influence de la formalisation de sa théorie polyphonique de l’énonciation, à laquelle s’ajoutent des concepts bakhtiniens, nous fournira la transition vers le troisième chapitre. Dans cette troisième partie, nous présentons la méthodologie de notre travail, le point de vue des professeurs sur les conditions de production des monographies, ainsi que les réflexions des directeurs de monographies sur ce point de vue, car cette étude entend s’adresser plus directement aux professeurs de l’enseignement supérieur eux-mêmes. Ensuite est détaillé le parcours de la production écrite de l’élève-écrivain dans sa connaissance du thème des monographies sélectionnées, ce qui va justifier, notamment, le mouvement argumentatif présenté dans l’analyse de la polyphonie des extraits choisis.L’analyse permet ainsi de mettre en évidence les marques linguistiques qui sont des indices de la polyphonie, avec l’objectif de localiser les locuteurs dans l’énoncé, d’identifier les appropriations de voix et le lieu social qu’elles occupent, en première approche, pour ensuite, en approfondissant l’observation de l’énonciation, formaliser ses perspectives avec les mouvements argumentatifs. La conclusion nous amène à souligner l’importance d’études plus approfondies de la linguistique de l’énonciation et de la sémantique argumentative, pour perfectionner la méthodologie de l’enseignement-apprentissage de la lecture/interprétation et de l’écrit, aussi bien pour la formation des professeurs, que pour améliorer le travail qu’ils effectuent déjà en classe. Pour cela, nous proposons un travail fondé sur des analyses sémanticoénonciatives, car nous montrons dans cette thèse que, avec l’appréhension des effets de sens du discours, avec la perception de la polyphonie et des mouvements argumentatifs que créent les locuteurs, au-delà des perspectives dominantes, la production du texte prend de la consistance et que ce n’est que de cette manière que l’interprétation est réellement viable et justifiée. / Este estudo representa a aposta na possibilidade de articulação das teorias de Ducrot e Bakhtin, ao abrir uma nova perspectiva para a Semântica Argumentativa, servindo-se de um corpus discursivo de monografias realizadas como Trabalhos de Conclusão do Curso de Direito da UCPel-RS. Pensamos em mostrar a polifonia como recurso de argumentação, na medida em que se observa a maneira pela qual o produtor do enunciado se posiciona em relação às perspectivas de outros enunciadores. Assim, ao reconhecer que o enunciado comporta perspectivas diferentes que se mostram por marcas lingüísticas indicantes da polifonia e que realizam movimentos com orientação argumentativa antagônica ou equivalente, demonstramos, também, que se constitui um sujeito descentrado, social e histórico, e não somente aquele cuja perspectiva domina o texto. Para a realização dessa proposta, apresentamos, no primeiro capítulo, a importância do estudo da monografia, devido ao seu largo uso na esfera universitária, e diferentes orientações dadas para o trabalho monográfico em livros de metodologia, indicados para o ensino superior, assinalando, inclusive, a tentativa de efeito de “dessubjetivação” na formulação científica do texto.No segundo capítulo, nos preocupou primeiramente, o campo epistemológico da argumentação e buscamos a retórica de Aristóteles cujos princípios são retomados por Perelman, já no século XX, ao formular a sua Teoria da Argumentação, opondo-se ao raciocínio formal lógico até então preponderante e que não dava conta da lógica do discurso ético, político e jurídico. Por outro lado, aponta-se a fissura ética entre a argumentaçãodialética e a retórica, uma vez que Perelman prevê posições tomadas pelo orador levando em conta apenas a tipologia de seu auditório, com a intenção de persuadir ou convencer. A seguir, trazemos a idéia de dialogia e de polifonia de Bakhtin, materializada na elocução que se expressa de um ponto de vista cujo grau de consciência é proporcional ao seu grau de orientação social. Além disso, é abordada a idéia de gênero do discurso como reflexo de práticas sociais o que nos faz refletir sobre o caráter da monografia na universidade. Por outro lado, são revistos conceitos básicos sobre a relação entre ideologia e história, entre consciência social e signo, entre infra-estrutura e superestrutura no discurso, tudo isso com o objetivo de, finalmente, mostrar como acontece a instauração formal das vozes do discurso no texto e a subjetividade do sujeito, sob o ponto de vista bakhtiniano, a qual encontra seu fundamento no materialismo histórico e transforma-se na polifonia. Fechando essa parte, é apresentada uma visão crítica sobre a obra de Bakhtin, a partir do posicionamento de estudiosos russos da atualidade. Na seção seguinte, trazemos a trajetória teórica de outro estudioso da argumentação, o francês Oswald Ducrot. E é com a influência da formalização de sua Teoria Polifônica da Enunciação, acrescida de conceitos bakhtinianos que damos consecução ao terceiro capítulo.Nessa terceira parte do estudo, apresentamos a metodologia do trabalho, as análises das condições de produção das monografias sob ponto de vista dos professores, além de reflexões sobre esse ponto de vista dos orientadores das monografias, pois este estudo quer falar mais diretamente com os próprios professores do ensino superior. A seguir é traçado o percurso de produção escrita do aluno-escritor acerca de seu conhecimento do tema das monografias selecionadas o que vai, inclusive, justificar o movimento argumentativo apresentado na análise da polifonia dos recortes analisados. Assim, realiza-se a análise, evidenciando-se as marcas lingüísticas sinalizadoras da polifonia, com o objetivo de localizar os locutores no enunciado, identificar as apropriações de vozes e o lugar social que ocupam, num primeiro nível, para logo a seguir, aprofundando a observação da enunciação, formalizar suas perspectivas com os movimentos argumentativos que realizam. A conclusão nos aponta para a importância do aprofundamento dos estudos da Lingüística da Enunciação e da Semântica Argumentativa para o aprimoramento da metodologia de ensino-aprendizagem da leitura/interpretação e escrita tanto no que se refere à formação dos professores, quanto ao trabalho já em realização na sala de aula. Para tanto, propomos o trabalho com análises semântico-enunciativas, pois mostramos nesta Tese que, com a apreensão dos efeitos de sentido dos discursos, com a percepção da polifonia e dos movimentos argumentativos que realizam os locutores, além das perspectivas dominantes, a produção do texto torna-se consistente e, somente assim, a interpretação é realmente viável e justificada.
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Desenvolvimento rural e o campo tecnocientífico : a construção de um discurso

Premebida, Adriano January 2004 (has links)
Esta pesquisa trata de uma tentativa de relação entre duas amplas e difíceis noções — desenvolvimento rural e biopolítica — a partir de algumas entrevistas realizadas com agentes do aqui denominado campo tecnocientífico vinculado às ciências agrárias no sul do Brasil: extensionistas, pesquisadores(as) e professores(as). Essas noções, desenvolvimento rural e biopolítica, articulam-se mais por inclusão que exclusão de um variado conjunto de conceitos e propostas de sociedade. Para apoiar esta relação tenta-se utilizar o referencial teórico da análise de discurso através de seu método mais simples: a constância de repetição de termos-chave pelos agentes em suas exposições sobre o debate atual do desenvolvimento rural. Este referencial ajuda a suspender a concepção de um indivíduo coerente e consciente de seu discurso, bem como a perceber a persistência ou modificação de certas crenças e mitos na formação de ideais societários para o rural no Brasil Por outro lado, o estudo a respeito do desenvolvimento rural não poderia dar-se apenas no nível discursivo. Sua formulação está composta também por esquemas de percepção, de apreciação e ação realizadas sob condições estruturais do campo tecnocientífico. A articulação, então, de dois conceitos bourdianos (habitus e campo) foi imprescindível para a proposta desta pesquisa, embora não chegando a fundo em suas possibilidades analíticas. Não obstante o discurso acerca da noção de desenvolvimento rural aparecer polêmico, ou seja, aberto a múltiplas interpretações, nele há uma regularidade — ou a manutenção de um repertório temático — indicativa da possibilidade dele ser abordado sob a análise da idéia foucaultiana de biopolítica. Assim, desenvolvimento rural, ou desenvolvimento de forma geral, poderia ser entendido e analisado sob a ótica de um conjunto de medidas e exercícios de governo que se dá sobre a produção da vida, para através desta, conseguir seus efeitos de poder A proposta desta pesquisa, em sua opção teórica, foi perceber a regularidade de noções sobre desenvolvimento rural nas locuções dos agentes, verificando, nas análises de entrevistas — muito mais que divergências e diferenças de opiniões e ideais — o discurso que se mantêm, um conjunto de idéias que, embora produzidas sobre diferentes formulações, faz parte de um “dizível” historicamente sedimentado na memória social. Mas a estabilização dos sentidos de desenvolvimento rural presos, diga-se assim, a alguns termos-chave acaba mostrando, também, o seu contrário, um conflito nos processos de significação, uma constante ruptura com as definições passadas de desenvolvimento, trocas e negações de filiações conceituais e ideológicas, em um movimento criativo de resignificações (transformação) de sujeitos e realidade social.
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Argumentação na monografia : uma questão de polifonia

Elichirigoity, Maria Teresinha Py January 2007 (has links)
Cette étude mise sur la possibilité d’une articulation entre les théories de Ducrot et de Bakhtine, en ouvrant une nouvelle perspective pour la sémantique argumentative, par l’utilisation d’un corpus discursif de monographies rédigées dans des mémoires de fin de cours de droit de l’UCPel-RS. Nous cherchons à présenter la polyphonie comme un moyen d’argumenter, dans la mesure où nous observons la manière dont le locuteur se positionne par rapport aux perspectives d’autres énonciateurs. Ainsi, en reconnaissant que l’énoncé comporte des perspectives différentes qui se signalent par des marques linguistiques indicatrices de la polyphonie et qui créent des mouvements d’orientation argumentative antagonique ou équivalente, nous démontrons aussi que se constitue un sujet décentré, social et historique, et non seulement un sujet dont la perspective domine le texte. Pour réaliser cette proposition, nous montrons, dans le premier chapitre, l’importance de l’étude de la monographie, due à sa large utilisation dans le domaine universitaire, et présentons les différentes orientations du travail monographique qui sont données dans les livres de méthodologie recommandés pour l’enseignement supérieur, y compris en signalant la tentative d’effet de « dé-subjectivation » dans la formulation scientifique du texte. Dans le deuxième chapitre, le champ épistémologique de l’argumentation a été notre première préoccupation. Nous y avons étudié la rhétorique d’Aristote, dont les principes sont repris au XXe siècle par Perelman dans sa formulation de sa théorie de l’argumentation, qui s’oppose au raisonnement formel logique, jusqu'alors prépondérant, mais qui ne rendait pas compte de la logique du discours éthique, politique et juridique. D’autre part, nous soulignons la fissure éthique entre l’argumentation dialectique et larhétorique, puisque Perelman prévoit les positions prises par l’orateur en ne tenant compte que de la typologie de l’auditoire qu’il a l’intention de persuader ou de convaincre. Ensuite, nous introduisons l’idée de dialogie et de polyphonie de Bakhtine, matérialisée dans l’élocution qui s’exprime d’un point de vue dont le degré de conscience est proportionnel à son statut social. De plus, c’est l’idée d’envisager le type de discours comme reflet de pratiques sociales qui nous a fait réfléchir sur les caractéristiques de la monographie dans l’université. Par ailleurs, sont revus les concepts de base sur la relation entre idéologie et histoire, entre conscience sociale et signe, entre infra-structure et superstructure dans le discours, le tout avec, finalement, pour objectif, de montrer comment apparaissent l’instauration formelle des voix du discours dans le texte et la subjectivité du sujet, du point de vue bakhtinien, cette dernière se fondant sur le matérialisme historique et se transformant en polyphonie. Pour terminer cette partie, nous présentons une vision critique de l’oeuvre de Bakhtine à partir de la position de chercheurs russes contemporains. Dans la section suivante, nous abordons la trajectoire théorique d’un autre spécialiste de l’argumentation, le Français Oswald Ducrot, dont l’influence de la formalisation de sa théorie polyphonique de l’énonciation, à laquelle s’ajoutent des concepts bakhtiniens, nous fournira la transition vers le troisième chapitre. Dans cette troisième partie, nous présentons la méthodologie de notre travail, le point de vue des professeurs sur les conditions de production des monographies, ainsi que les réflexions des directeurs de monographies sur ce point de vue, car cette étude entend s’adresser plus directement aux professeurs de l’enseignement supérieur eux-mêmes. Ensuite est détaillé le parcours de la production écrite de l’élève-écrivain dans sa connaissance du thème des monographies sélectionnées, ce qui va justifier, notamment, le mouvement argumentatif présenté dans l’analyse de la polyphonie des extraits choisis.L’analyse permet ainsi de mettre en évidence les marques linguistiques qui sont des indices de la polyphonie, avec l’objectif de localiser les locuteurs dans l’énoncé, d’identifier les appropriations de voix et le lieu social qu’elles occupent, en première approche, pour ensuite, en approfondissant l’observation de l’énonciation, formaliser ses perspectives avec les mouvements argumentatifs. La conclusion nous amène à souligner l’importance d’études plus approfondies de la linguistique de l’énonciation et de la sémantique argumentative, pour perfectionner la méthodologie de l’enseignement-apprentissage de la lecture/interprétation et de l’écrit, aussi bien pour la formation des professeurs, que pour améliorer le travail qu’ils effectuent déjà en classe. Pour cela, nous proposons un travail fondé sur des analyses sémanticoénonciatives, car nous montrons dans cette thèse que, avec l’appréhension des effets de sens du discours, avec la perception de la polyphonie et des mouvements argumentatifs que créent les locuteurs, au-delà des perspectives dominantes, la production du texte prend de la consistance et que ce n’est que de cette manière que l’interprétation est réellement viable et justifiée. / Este estudo representa a aposta na possibilidade de articulação das teorias de Ducrot e Bakhtin, ao abrir uma nova perspectiva para a Semântica Argumentativa, servindo-se de um corpus discursivo de monografias realizadas como Trabalhos de Conclusão do Curso de Direito da UCPel-RS. Pensamos em mostrar a polifonia como recurso de argumentação, na medida em que se observa a maneira pela qual o produtor do enunciado se posiciona em relação às perspectivas de outros enunciadores. Assim, ao reconhecer que o enunciado comporta perspectivas diferentes que se mostram por marcas lingüísticas indicantes da polifonia e que realizam movimentos com orientação argumentativa antagônica ou equivalente, demonstramos, também, que se constitui um sujeito descentrado, social e histórico, e não somente aquele cuja perspectiva domina o texto. Para a realização dessa proposta, apresentamos, no primeiro capítulo, a importância do estudo da monografia, devido ao seu largo uso na esfera universitária, e diferentes orientações dadas para o trabalho monográfico em livros de metodologia, indicados para o ensino superior, assinalando, inclusive, a tentativa de efeito de “dessubjetivação” na formulação científica do texto.No segundo capítulo, nos preocupou primeiramente, o campo epistemológico da argumentação e buscamos a retórica de Aristóteles cujos princípios são retomados por Perelman, já no século XX, ao formular a sua Teoria da Argumentação, opondo-se ao raciocínio formal lógico até então preponderante e que não dava conta da lógica do discurso ético, político e jurídico. Por outro lado, aponta-se a fissura ética entre a argumentaçãodialética e a retórica, uma vez que Perelman prevê posições tomadas pelo orador levando em conta apenas a tipologia de seu auditório, com a intenção de persuadir ou convencer. A seguir, trazemos a idéia de dialogia e de polifonia de Bakhtin, materializada na elocução que se expressa de um ponto de vista cujo grau de consciência é proporcional ao seu grau de orientação social. Além disso, é abordada a idéia de gênero do discurso como reflexo de práticas sociais o que nos faz refletir sobre o caráter da monografia na universidade. Por outro lado, são revistos conceitos básicos sobre a relação entre ideologia e história, entre consciência social e signo, entre infra-estrutura e superestrutura no discurso, tudo isso com o objetivo de, finalmente, mostrar como acontece a instauração formal das vozes do discurso no texto e a subjetividade do sujeito, sob o ponto de vista bakhtiniano, a qual encontra seu fundamento no materialismo histórico e transforma-se na polifonia. Fechando essa parte, é apresentada uma visão crítica sobre a obra de Bakhtin, a partir do posicionamento de estudiosos russos da atualidade. Na seção seguinte, trazemos a trajetória teórica de outro estudioso da argumentação, o francês Oswald Ducrot. E é com a influência da formalização de sua Teoria Polifônica da Enunciação, acrescida de conceitos bakhtinianos que damos consecução ao terceiro capítulo.Nessa terceira parte do estudo, apresentamos a metodologia do trabalho, as análises das condições de produção das monografias sob ponto de vista dos professores, além de reflexões sobre esse ponto de vista dos orientadores das monografias, pois este estudo quer falar mais diretamente com os próprios professores do ensino superior. A seguir é traçado o percurso de produção escrita do aluno-escritor acerca de seu conhecimento do tema das monografias selecionadas o que vai, inclusive, justificar o movimento argumentativo apresentado na análise da polifonia dos recortes analisados. Assim, realiza-se a análise, evidenciando-se as marcas lingüísticas sinalizadoras da polifonia, com o objetivo de localizar os locutores no enunciado, identificar as apropriações de vozes e o lugar social que ocupam, num primeiro nível, para logo a seguir, aprofundando a observação da enunciação, formalizar suas perspectivas com os movimentos argumentativos que realizam. A conclusão nos aponta para a importância do aprofundamento dos estudos da Lingüística da Enunciação e da Semântica Argumentativa para o aprimoramento da metodologia de ensino-aprendizagem da leitura/interpretação e escrita tanto no que se refere à formação dos professores, quanto ao trabalho já em realização na sala de aula. Para tanto, propomos o trabalho com análises semântico-enunciativas, pois mostramos nesta Tese que, com a apreensão dos efeitos de sentido dos discursos, com a percepção da polifonia e dos movimentos argumentativos que realizam os locutores, além das perspectivas dominantes, a produção do texto torna-se consistente e, somente assim, a interpretação é realmente viável e justificada.
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Desenvolvimento rural e o campo tecnocientífico : a construção de um discurso

Premebida, Adriano January 2004 (has links)
Esta pesquisa trata de uma tentativa de relação entre duas amplas e difíceis noções — desenvolvimento rural e biopolítica — a partir de algumas entrevistas realizadas com agentes do aqui denominado campo tecnocientífico vinculado às ciências agrárias no sul do Brasil: extensionistas, pesquisadores(as) e professores(as). Essas noções, desenvolvimento rural e biopolítica, articulam-se mais por inclusão que exclusão de um variado conjunto de conceitos e propostas de sociedade. Para apoiar esta relação tenta-se utilizar o referencial teórico da análise de discurso através de seu método mais simples: a constância de repetição de termos-chave pelos agentes em suas exposições sobre o debate atual do desenvolvimento rural. Este referencial ajuda a suspender a concepção de um indivíduo coerente e consciente de seu discurso, bem como a perceber a persistência ou modificação de certas crenças e mitos na formação de ideais societários para o rural no Brasil Por outro lado, o estudo a respeito do desenvolvimento rural não poderia dar-se apenas no nível discursivo. Sua formulação está composta também por esquemas de percepção, de apreciação e ação realizadas sob condições estruturais do campo tecnocientífico. A articulação, então, de dois conceitos bourdianos (habitus e campo) foi imprescindível para a proposta desta pesquisa, embora não chegando a fundo em suas possibilidades analíticas. Não obstante o discurso acerca da noção de desenvolvimento rural aparecer polêmico, ou seja, aberto a múltiplas interpretações, nele há uma regularidade — ou a manutenção de um repertório temático — indicativa da possibilidade dele ser abordado sob a análise da idéia foucaultiana de biopolítica. Assim, desenvolvimento rural, ou desenvolvimento de forma geral, poderia ser entendido e analisado sob a ótica de um conjunto de medidas e exercícios de governo que se dá sobre a produção da vida, para através desta, conseguir seus efeitos de poder A proposta desta pesquisa, em sua opção teórica, foi perceber a regularidade de noções sobre desenvolvimento rural nas locuções dos agentes, verificando, nas análises de entrevistas — muito mais que divergências e diferenças de opiniões e ideais — o discurso que se mantêm, um conjunto de idéias que, embora produzidas sobre diferentes formulações, faz parte de um “dizível” historicamente sedimentado na memória social. Mas a estabilização dos sentidos de desenvolvimento rural presos, diga-se assim, a alguns termos-chave acaba mostrando, também, o seu contrário, um conflito nos processos de significação, uma constante ruptura com as definições passadas de desenvolvimento, trocas e negações de filiações conceituais e ideológicas, em um movimento criativo de resignificações (transformação) de sujeitos e realidade social.
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Recursos visuales y potencial de significación en el discurso científico-pedagógico (Argentina, 1965-2005) : de la ilustración a la infografía

Palmucci, Daniela 23 May 2018 (has links)
En la segunda mitad del siglo XX, las nuevas tecnologías de producción de textos transformaron el panorama semiótico dando lugar a la circulación de textos multimodales, en los que diferentes modos de representación se articulan para significar. En el marco de este proceso, los manuales destinados a la enseñanza de la biología en el nivel medio experimentaron una transformación discursiva vinculada con la utilización de imágenes con fines didácticos. El propósito de esta investigación es describir el alcance de este cambio a partir del estudio de recursos semióticos innovadores. Para ello se realiza un análisis diacrónico y cualitativo de transformaciones experimentadas en los recursos visuales de representación. Este comprende distintos niveles de significación: la representación de la experiencia, la perspectiva de observación, la organización textual y el despliegue del género. Se analizan ejemplos seleccionados de un corpus de manuales de Biología, destinados al primer ciclo de enseñanza media y editados en la Argentina entre 1965 y 2005. Este período se caracterizó por cambios pedagógicos, tecnológicos, económicos y culturales que incidieron en la producción de imágenes y en su empleo didáctico. La investigación se inscribe en la corriente de la Semiótica social (Halliday, 1982; Hodge y Kress, 1989) y de la multimodalidad (Kress y van Leeuwen, 2001). Para el análisis, se utilizan categorías teórico-metodológicas de la Gramática visual (Kress y van Leeuwen, 1996). El estudio pone de manifiesto que el avance del modo visual en los libros de texto conlleva una transformación cualitativa del discurso científicopedagógico destinado a la enseñanza media. Se verifica un crecimiento en los recursos técnicos y plásticos de las imágenes, que amplía su potencial para representar significados disciplinares y para construir una perspectiva de observación de los objetos de estudio. Asimismo, el modo visual asume nuevas funciones didácticas en el despliegue de la estructura del manual. Su crecimiento también incide en la diagramación de las páginas y con ello propone, a los destinatarios, nuevas formas de interacción con los textos. El aspecto más importante del cambio es la integración de múltiples niveles de significados, realizados mediante representaciones visuales articuladas entre sí y con el modo escrito, que demandan competencias específicas para su interpretación. Estos resultados son relevantes en tanto permiten formular instrumentos analíticos de carácter semiótico para contribuir a la alfabetización visual en ciencia. / During the second half of the 20th century, new technologies of text production had an impact on the semiotic landscape and led to the prominence of multimodal texts, in which meaning is made through the articulation of several modes of representation. In this context, secondary school textbooks experienced a discursive change related to the use of images for teaching purposes. This investigation describes this change focusing on new semiotic resources that appear in biology books. The analysis of transformations in visual resources is diachronic and qualitative and it focuses on different levels of meaning, such as representational structures, modality, textual organization and genre structure. The examples were chosen from biology secondary school textbooks, published in Argentina between 1965 and 2005. This period was characterized by pedagogical, technological, economic and cultural changes that influenced the production of images and their uses. The investigation follows the principles of Social Semiotics (Halliday, 1982; Hodge y Kress, 1989) and multimodality (Kress y van Leeuwen, 2001). It applies the theoretical and methodological categories of the Grammar of visual design (Kress y van Leeuwen, 1996). iii The study shows qualitative transformations in the visual mode that communicates specialized meanings in the scientific-pedagogical discourse. Images have improved in their technical, as well as in their plastic realization. There has also been an improvement of the meaning potential of experiential and interpersonal resources. Besides, visual mode assumes new functions in the macro-genre structure. Finally, the emergence of new resources changed the textual organization, giving rise to a new composition focusing on the visual. The most relevant issue about this change is the integration of multiple meaning levels, expressed through articulated visual representations and through text-image relations as well. These results are relevant for the design of analytical instruments that may contribute to the development of strategies for visual literacy at school.
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Hegemonia do discurso científico contábil no Brasil / Hegemony of the Accounting scientific discourse in Brazil

Aragão, Iracema Raimunda Brito Neves 17 May 2016 (has links)
O objetivo que perseguimos nesta pesquisa foi conhecer especificidades do discurso subjacente às publicações da área contábil a fim de verificar como elas contribuem para o que poderíamos chamar de cultura escrita da área. Secundariamente, buscamos conhecer as identidades/ideologias que emergem da política editorial do contexto da investigação, Revista Contabilidade e Finanças (RC&F), bem como as decorrentes de instituições e fontes de pesquisa representadas pela visão de mundo dos pesquisadores que exercem influência intelectual sobre a concepção de ciência traduzida por esse periódico. A investigação se fundamentou na visão tridimensional de discurso que emerge da Análise do Discurso (AD) de tradição anglo-saxônica de Fairclough (2008) - texto, prática discursiva e prática social. Essa AD considera o discurso como construção histórica e social, apropriando-se de conhecimentos da linguística para evidenciar, no caso específico desta investigação, marcas textuais impactantes na concepção hegemônica de ciência na área contábil. O corpus examinado foi selecionado dos 355 artigos publicados nos últimos 15 anos da RC&F online: inicialmente, identificamos a linha de pesquisa hegemônica (Linha 2 - Contabilidade para usuários externos), em seguida, identificamos agrupamentos em função da Abordagem Temática (AT) para determinar proximidade ideológica dos textos, sem perder o foco na atualidade do discurso produzido. Os resultados revelaram que o discurso emergente dos artigos possui léxico técnico, fundamentado na área Contábil e afins, Administração e Economia, além da Matemática, Estatística e do Direito. Há prevalência de termos com polaridade semântica positiva, estrangeirismos e fragilidade no emprego de alguns argumentos de coesão textual. Como interessa-nos o contínuo aperfeiçoamento dos discursos científicos para fortalecimento da cultura escrita da área, focamos os operadores de argumentação para identificar elementos hegemônicos na tessitura desse discurso. Detectamos superficialidade crítica e reflexiva, uso inapropriado de operadores argumentativos e apoio contínuo em intertextos que acabam homogeneizar o discurso analisado. Há prevalência de ideologia normativa e técnica, pouco ou nada interdisciplinar, com tímida potencialidade de provocar inquietações ou trazer efetivas contribuições à cultura escrita da área. O texto com prática discursiva e social acaba por gerar uma hegemonia fundada no silenciamento dos pesquisadores, e conseguinte reprodução e pactuação com o óbvio, distanciamento de teorias e fuga da criticidade e da realidade social circundante. Tal fato é ratificado pela opinião estabelecida por pesquisadores experientes da área, os quais consideram o discurso científico contábil como: desestruturado, acrítico, intuitivo, imaturo, moldado e descomprometido com a realidade social. / The objective we seek in this research is knowing discourse specificities underlying Accounting scientific publications in order to verify how they contribute to what we may call the area\'s strict culture. We also sought to identify the identities/ideologies that arise from editorial policies of the journal Revista de Contabilidade & Finanças (RC&F), as well as the ones emerging from institutions and research sources represented by the researchers\' view of the world, who exercise intellectual influence on the conception of science translated by this journal. The investigation was based on the discourse\'s three-dimensional view that arises from the Anglo-Saxon tradition of Fairclough\'s (2008) Discourse Analysis (DA) - text, discursive practice and social practice. The DA considers the discourse as a social and historical construction which appropriates the linguistic knowledge to highlight, in the specific case of this research, the textual marks that impact the hegemonic conception of science in the Accounting field. The examined corpus was selected from the 355 papers published in the last 15 years in the online version of RC&F: we first identified the hegemonic area of research (Area 2 - Accounting for external users) and, then, we identified groups formed according to the Thematic Approach (TA) in order to determine the texts\' ideological proximity, without losing focus on the discourse timeliness. The results show that the discourse arising from the papers has technical lexicon from Accounting and similar areas, Business and Economics, besides Mathematics, Statistics and Law. Expressions with positive semantic polarity, foreign expressions, and lack of textual cohesion while employing some arguments are prevalent. As we are interested in the continuous improvement of scientific discourse to strengthen this area\'s writing culture, we focus the argument operators to identify hegemonic elements in discourse construction. We detect critical and reflexive superficiality, inappropriate use of argumentative operators and ongoing support in inter-texts that end up homogenizing analyzed discourse. There is prevalence of normative and technical ideology, with little or none interdisciplinarity and timid potential to cause concerns or to bring effective contributions to the written culture of the area. The text with discursive and social practice ends up generating a hegemony founded on researchers silencing, and, latter, reproduction and agreement with the obvious, detachment to theories, and avoidance of the criticality and the surrounding social reality. This fact is ratified by the opinion established by experienced researchers in the field, which consider the accounting scientific discourse as unstructured, uncritical, intuitive, immature, molded and unengaged with social reality

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