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Revisão do pensamento sanitário como foco no Centro de Saúde / Review of sanitary thought with a focus on Health Centre

Guilherme Arantes Mello 29 July 2010 (has links)
Sob o referencial da história das idéias, este estudo revisa o pensamento sanitarista brasileiro, norteado pela figura do Centro de Saúde. A reforma do Serviço Sanitário paulista de 1925 e a instituição das Unidades de Saúde da Família em 1994 definem os limites gerais da revisão. Considera-se a possibilidade de que o discurso sobre o Centro de Saúde inaugurou uma nova era epistemológica na saúde pública, definida pela dimensão individual da educação sanitária, em detrimento da medicina das cidades ou era bacteriana. As novas concepções surgiram, sustentaram e foram sustentadas pelo deslocamento da influência política e intelectual francesa para os Estados Unidos, materializada nas ações da Fundação Rockefeller, tendo por base a Universidade Johns Hopkins. São Paulo foi uma das cidades escolhidas para investimento maciço, como efeito demonstração do novo ideário. Embora a atuação institucional da Fundação tenha tido escala planetária, a apropriação discursiva e adaptação local se mostrou mais precoce e coesa na América Latina, dando ensejo a criação e fortalecimento de um verdadeiro pan-americanismo na saúde pública, com a participação do Brasil. No país, o discurso da era sanitária e seus corolários medicina preventiva, medicina integral, medicina comunitária e atenção básica/primária, foi clivado por três grandes matrizes políticas, que se sucederam e predominaram em momentos distintos: pensamento clássico, de matriz liberal e que dá significação cultural local às idéias que prevalecem no debate internacional a partir dos anos 1920; o pensamento radical, de matriz marxista, que aflora na segunda metade dos anos 1970, principalmente no seio da intelectualidade acadêmica; e o pensamento comunitário em saúde pública, de raízes no pensamento político da assistência social, estimulado pela estratégia da Saúde da Família nos anos 1990. O pensamento radical em saúde pública nasce sob incisiva oposição ao regime militar e ao pensamento clássico. Em sua matriz discursiva a saúde coletiva substitui as expressões anteriores e se concentra no determinantes sociais da saúde, relegando o debate setorial ao segundo plano. Embora sem a devida clareza, o pensamento comunitário recupera e busca atualizar muitas das concepções clássicas, sem fugir da composição com o discurso radical. Alguns conceitos originalmente ligados ao ideário dos Centros de Saúde se destacam ao longo do período analisado: integração (integralidade); descentralização (desconcentração); e socialização (universalidade). Num plano histórico mais abrangente, reconhece-se atualmente que a saúde pública brasileira esteve na essência de um projeto de construção nacional iniciado na Primeira República, mas efetivamente posto em ação na era Vargas. Os Centros de Saúde, hoje representados no ideário da Atenção Básica, não só participaram desta história, como, na realidade, lhe foram em grande parte seus protagonistas / This study reviews the history of ideas in the public health of Brazil. The reform of the Health Service of Sao Paulo in 1925 and the establishment of the Family Health Program in 1994 set the general limits of the review. It considers the possibility that the discourse on the Health Centre inaugurated a new epistemological era in public health, defined by the individual dimension of \"health education\", to the detriment of the \"medicine of the cities\" or \"bacterial era\". New concepts emerged, sustained and were sustained by the displacement of French intellectual and political influence for the United States, embodied in the actions of the Rockefeller Foundation, based on the Johns Hopkins University. São Paulo was one of the cities chosen for massive investment, as \"demonstration effect\" of those new ideas. Although the institutional performance of the Foundation has had a planetary scale, the discursive appropriation and local adaptation was earlier and more cohesive in Latin America, giving rise to creation and strengthening of a true Pan-Americanism in public health, with the participation of Brazil. Nationwide, the \"health education\" ideas and its corollaries \"preventive medicine\", \"comprehensive medicine\", \"community medicine and primary care, was cleaved by three major political perspectives that ensued and prevailed at different times. The \"classical thought\", in a liberal perspective, gave local significance to the ideas present in the international debate since the 1920s. The \"radical thought\", under a Marxist matrix, arouse in the second half of the 1970s, especially within academic intellectuals, and \"community thought\" in public health, stimulated by the Family Health Program in the 1990s. The radical thought in public health movement was strengthened in opposition to the military regime and the classical thought. \"Collective health\" replaced the previous expressions and focuses on social determinants of health, relegating the services organization in the background. Although lacking the necessary clarity, community thought recovers and seeks to update many of the classical concepts, in composition with the radical discourse. Some concepts originally linked to the ideals of the Health Centers are highlighted throughout the studied period: integration (comprehensiveness), decentralization and socialization (universality). In a broader historical view, it is current recognized the role of the Brazilian public health in the national identity construction started in the First Republic, but actually put into action in the Vargas era. Health Centres, today represented in the ideas of primary care, not only participated in this history, as indeed they were largely its protagonists

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