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"Amar demais": um estudo qualitativo sobre gênero e medicalização do amor / "Loving too much": a qualitative study on gender and medicalization of love

Mônica Monteiro Peixoto 28 April 2013 (has links)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Esta dissertação apresenta um estudo qualitativo socioantropológico sobre o universo das "mulheres que amam demais anônimas" (MADA). Foram realizadas dezesseis entrevistas semiestruturadas com integrantes desses grupos de ajuda mútua sediados na cidade do Rio de Janeiro. O conjunto entrevistado é heterogêneo quanto à escolaridade e nível financeiro; a faixa etária concentra-se entre 40 e 50 anos e todas se declararam heterossexuais. O grupo orienta-se pela leitura recorrente do livro de Robin Norwood "Mulheres que amam demais" e suas reuniões são baseadas no compartilhamento das experiências afetivas. Há compromisso de anonimato e busca-se pela simetria entre as componentes. Tensões surgem em torno da possibilidade de hierarquização na gestão do grupo e no convívio via "amadrinhamento". Os discursos assinalam: a necessidade de controle do parceiro associada a baixo autocontrole (expresso por comportamentos considerados "compulsivos"); a dedicação intensa ao relacionamento ("viver em função do outro"); a valorização do enlace amoroso como fonte exclusiva de felicidade; e medo da solidão. O sentimento de "baixa autoestima" aparece como mecanismo explicativo desse tipo de vínculo. A interação conjugal é marcada por conflitos acerca da reciprocidade de atenção e cuidados, o que revela uma dinâmica de gênero particular ao mundo amoroso. A configuração do "amar demais" como "doença" no livro fundador do MADA estrutura-se pela analogia sistemática ao modelo de diagnóstico e recuperação do alcoolismo. As narrativas apresentaram forte adesão ao discurso 'psi' e médico. A caracterização do 'amor patológico' e a formulação de escalas para medi-lo, associadas à tentativa de empreendê-lo como categoria diagnóstica, configuram-se como importante movimento de medicalização do "amar demais". / This dissertation presents a socio anthropological qualitative study about the universe of "women who love too much anonymous". Sixteen semistructured interviews were conducted with members of these mutual aid groups located in the city of Rio de Janeiro. The group interviewed is heterogeneous in terms of education and financial level, the age concentrates mainly between 40 and 50 years, and all declared themselves heterosexual. The group is guided by recurrent reading of Robin Norwood's book 'Women who love too much' and their meetings are based on the sharing of affective experiences. There is a commitment to anonymity and the search for symmetry between the components. Tensions arise around the possibility of hierarchy in the management of the group and at a convivial through "godmotherness". The discourse analysis highlights: the need to control the partner associated with low self-control (expressed by behaviors considered "compulsive"); intense dedication to the relationship ("live for the other"); the appreciation of love as the only source of happiness; and fear of loneliness. The feeling of "low self esteem" appears as explanatory mechanism of this type of bond. The marital interaction is marked by conflicts about the reciprocity of care and attention, which reveals a particular gender dynamic to emotional world. The configuration of "loving too much" as 'illness' in the founder book of "Women who love too much anonymous" is structured by the systemic analogy to the model of diagnosis and recovery from alcoholism. The narratives presented strong adhesion to psycological and medical speech. The characterization of 'pathological love' and the formulation of scales to measure it associated with the attempt to undertake it as a diagnostic category appears as important movement medicalization of "loving too much".
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"Amar demais": um estudo qualitativo sobre gênero e medicalização do amor / "Loving too much": a qualitative study on gender and medicalization of love

Mônica Monteiro Peixoto 28 April 2013 (has links)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Esta dissertação apresenta um estudo qualitativo socioantropológico sobre o universo das "mulheres que amam demais anônimas" (MADA). Foram realizadas dezesseis entrevistas semiestruturadas com integrantes desses grupos de ajuda mútua sediados na cidade do Rio de Janeiro. O conjunto entrevistado é heterogêneo quanto à escolaridade e nível financeiro; a faixa etária concentra-se entre 40 e 50 anos e todas se declararam heterossexuais. O grupo orienta-se pela leitura recorrente do livro de Robin Norwood "Mulheres que amam demais" e suas reuniões são baseadas no compartilhamento das experiências afetivas. Há compromisso de anonimato e busca-se pela simetria entre as componentes. Tensões surgem em torno da possibilidade de hierarquização na gestão do grupo e no convívio via "amadrinhamento". Os discursos assinalam: a necessidade de controle do parceiro associada a baixo autocontrole (expresso por comportamentos considerados "compulsivos"); a dedicação intensa ao relacionamento ("viver em função do outro"); a valorização do enlace amoroso como fonte exclusiva de felicidade; e medo da solidão. O sentimento de "baixa autoestima" aparece como mecanismo explicativo desse tipo de vínculo. A interação conjugal é marcada por conflitos acerca da reciprocidade de atenção e cuidados, o que revela uma dinâmica de gênero particular ao mundo amoroso. A configuração do "amar demais" como "doença" no livro fundador do MADA estrutura-se pela analogia sistemática ao modelo de diagnóstico e recuperação do alcoolismo. As narrativas apresentaram forte adesão ao discurso 'psi' e médico. A caracterização do 'amor patológico' e a formulação de escalas para medi-lo, associadas à tentativa de empreendê-lo como categoria diagnóstica, configuram-se como importante movimento de medicalização do "amar demais". / This dissertation presents a socio anthropological qualitative study about the universe of "women who love too much anonymous". Sixteen semistructured interviews were conducted with members of these mutual aid groups located in the city of Rio de Janeiro. The group interviewed is heterogeneous in terms of education and financial level, the age concentrates mainly between 40 and 50 years, and all declared themselves heterosexual. The group is guided by recurrent reading of Robin Norwood's book 'Women who love too much' and their meetings are based on the sharing of affective experiences. There is a commitment to anonymity and the search for symmetry between the components. Tensions arise around the possibility of hierarchy in the management of the group and at a convivial through "godmotherness". The discourse analysis highlights: the need to control the partner associated with low self-control (expressed by behaviors considered "compulsive"); intense dedication to the relationship ("live for the other"); the appreciation of love as the only source of happiness; and fear of loneliness. The feeling of "low self esteem" appears as explanatory mechanism of this type of bond. The marital interaction is marked by conflicts about the reciprocity of care and attention, which reveals a particular gender dynamic to emotional world. The configuration of "loving too much" as 'illness' in the founder book of "Women who love too much anonymous" is structured by the systemic analogy to the model of diagnosis and recovery from alcoholism. The narratives presented strong adhesion to psycological and medical speech. The characterization of 'pathological love' and the formulation of scales to measure it associated with the attempt to undertake it as a diagnostic category appears as important movement medicalization of "loving too much".

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