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Do imaginário o real: a história (re) contada em a casa das sete mulheresLacerda, Denise Pérez January 2006 (has links)
Dissertação(mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande, Programa de Pós-Graduação em Letras, Instituto de Letras e Artes, 2006. / Submitted by Cristiane Silva (cristiane_gomides@hotmail.com) on 2012-09-24T13:09:20Z
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Previous issue date: 2006 / Esta dissertação visa a refletir sobre a relação entre ficção e história, bem como sobre as diferenças entre o romance histórico tradicional e o novo romance histórico, a partir das origens no século XIX até o surgimento dos aspectos inovadores e diferenciados do novo romance histórico, verificando se essas relações estão presentes na obra da escritora gaúcha Letícia Wierzchowski A casa das sete mulheres. / Esta disertación tiene como objetivo hacer una reflexión sobre la correlación ficción y historia, sobre las diferencias entre la novela histórica tradicional y en la nueva novela histórica, partiendo de sus orígenes, en el siglo XIX, hasta el surgimiento de los aspectos innovadores y diferenciados de la nueva novela histórica, verificando si esas relaciones están presentes en la obra de la escritora gaucha Letícia Wierzchowski A casa das sete mulheres.
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O romance português contemporâneo: ideário e trajetória estética de Lídia Jorge / Portuguese contemporary romance: ideas path and beauty of Lídia JorgeFreitas, Elizete Albina Ferreira de 31 October 2014 (has links)
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Previous issue date: 2014-10-31 / In this thesis, I pretend to analyze the literature route from the portuguese writer Lídia Jorge,
undertaking a survey from the aspects which compose her esthetic project, considering the
literature production’s characteristic from the 20’s, with an expressive actors participation,
bringing public the feminine voice which does not content in being the history spectator
anymore, but one of its subjects. The mean point is to demonstrate the reached maturity by the
author in her writing, aiming to relate these aspects to her path in the contemporaneous
portuguese prose. In this respect, I adopted a path which itself, firstly, will show more
describable about the particularities from the new portuguese contemporary romance, to, later,
convert it in more analytical, with the works presentation from Lídia Jorge, situating her
among the contemporary portuguese authors who dedicate to this new model of prose. In this
respect, and obeying the works’ ascending chronology, in the first chapter, titrated “THE
HISTORIC ROMANCE AND ITS EVOLUTION”, I present the reasoning and the
theoretical and critical assumptions about what was conventionalized to be called “the new
historic romance”, and, in the specific Lídia Jorge’s case, “the new portuguese contemporary
romance”. In the second chapter, “THE FICTIONAL CREATION FROM LÍDIA
JORGE” I make an author presentation, situating her importance in the contemporaneous
portuguese literature. In the third chapter, “LÍDIA JORGE AND THE DECADES OF HER
WRITING” I analyze the romances The Day of the Prodigies and The Murmuring Coast;
Limitless Garden and The Painter of Birds; and The Wind Whistling in the Cranes and The
Night of the Singing Women, by promoting a dialogue between the works, one of the
beginning and the other of the end of each decade, tracing an evaluated panorama of Lídia
Jorge’s writing. As if it was testified, Lídia writes, and, when writes, goes leaving behind
herself the subtle marks from History, tendency from the portuguese contemporary romance, to the implicit insertion of historical elements related to The Carnation Revolution. / Nesta tese, pretendo analisar o percurso literário da escritora portuguesa Lídia Jorge,
empreendendo um levantamento dos aspectos que compõem seu projeto estético,
considerando-se a característica da produção literária do século XX, com a expressiva
participação de autoras, trazendo a público a voz feminina que não mais se contenta em ser
espectadora da história, mas, sim, um de seus sujeitos. O objetivo é demonstrar o
amadurecimento alcançado pela autora em sua escrita, a fim de relacionar tais aspectos a seu
trajeto na prosa portuguesa contemporânea. Para tanto, adoto um percurso que,
primeiramente, se mostrará mais descritivo acerca das particularidades do novo romance
contemporâneo português, para, posteriormente, converter-se em mais analítico, com a
apresentação das obras de Lídia Jorge, situando-a entre os autores portugueses
contemporâneos que se dedicam a esse novo modelo de prosa. Para tanto, e obedecendo à
cronologia ascendente das obras, no primeiro capítulo, intitulado “O ROMANCE
HISTÓRICO E A SUA EVOLUÇÃO”, apresento a fundamentação e pressupostos teóricos
e críticos acerca do que se convencionou denominar de “novo romance histórico”, e, no caso
específico de Lídia Jorge, “o novo romance contemporâneo português”. No segundo capítulo,
“A CRIAÇÃO FICCIONAL DE LÍDIA JORGE”, faço uma apresentação da autora,
situando sua importância no contexto da literatura portuguesa contemporânea. No terceiro
capítulo, “LÍDIA JORGE E AS DÉCADAS DE SUA ESCRITA”, analiso os romances O
dia dos prodígios e A costa dos murmúrios; O jardim sem limites e O vale da paixão; e O
vento assobiando nas gruas e A noite das mulheres cantoras, e promovo um diálogo entre as
obras, uma do início e outra do final de cada década, traçando um panorama evolutivo da
escrita de Lídia Jorge. Como se testemunhasse, Lídia escreve, e, ao escrever, vai deixando
atrás de si as marcas sutis da História, tendência da literatura portuguesa contemporânea, pela
inserção implícita de elementos históricos relacionados à Revolução dos Cravos.
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Das invasões às fogueiras: os discursos excêntricos em Saramago e Pepetela. / From the invasions to the fires: the ex-centric speeches in Saramago and Pepetela.Rosangela Manhas Mantolvani 20 August 2010 (has links)
Os romances Memorial do Convento, de José Saramago, e A gloriosa família: o tempo dos flamengos, de Pepetela, são considerados como novos romances históricos, cuja forma tem origem tanto na estrutura do romance histórico de matriz realista, teorizado por Lukács, quanto nos primeiros novos romances históricos criados em Cuba, por Alejo Carpentier, a partir de 1949, consideradas suas singulares diferenças em relação aos contextos de origem, pois confirmam diálogos com certos elementos da tradição dos romances produzidos em cada um de seus sistemas literários. Assim, por pertencerem a um subgênero que estabelece uma ruptura com o paradigma dos romances históricos produzidos no momento do Romantismo e do Realismo, essa nova forma apresenta características próprias, cujos discursos projetam tanto as ideologias dominantes de época quanto outras formas de pensamento, as quais asseguram um contradiscurso que percorre os textos, como enunciados secundários, articulados a partir de discursos primários. Os posicionamentos enunciativos, bem como a configuração de seus narradores revelam lugares sociais considerados excêntricos, assim como os discursos que veiculam em relação à história oficial, à qual procuram tanto parafrasear, estilizar quanto parodiar. E, algumas vezes, lidam com apropriações do texto histórico canônico, exatamente com o objetivo de subverter o sentido dessa escrita como um discurso bem sucedido das elites do tempo histórico-diegético, privilegiando a visão dos narradores e das personagens excêntricos. Dessa maneira, os discursos excêntricos possuem algumas temáticas que se alinham à história percebida como pesadelo, enfatizadas em ambos os romances e desveladas pelos implícitos e inferências, como a crítica aos Impérios e seus valores; crítica ao Monopólio e suas dinâmicas; à dominação de outros povos e grupos por meio da força bruta; ao caos existencial gerado pelas elites sobre as dinâmicas sócio-culturais dos grupos submetidos; à ideologia monódica, em confronto com outras formas culturais; aos prejuízos materiais e emocionais impostos pelas elites às classes subalternas: às desigualdades sociais como geradoras de exclusões, entre outras. Trazem implícitos, também, os discursos sobre a formação de identidades singulares pela constante mestiçagem ou pela exclusão racial ou social. / Memorial do Convento a novel, by José Saramago, and A gloriosa família: o tempo dos flamengos, a novel by Pepetela, are considered new historical novels, their form has its origin in the structure of the historical novel of realistic matrix theorized by Lukács, as well as in the first new historical novels written in Cuba by Alejo Carpentier, since 1949, considering their natural differences in relation to the original contexts, for they confirm dialogues with certain elements of the tradition of novels produced in each literary system. Thus, they belong to a subgenre that provides a rupture with paradigm of historical novels in Romanticism and Realism this new form has its own characteristics, whose discourses project the dominant ideologies of the time as well as other forms of thought, which provide a counter-discourse throughout the texts, as secondary enunciator, articulated from the primary discourse. The enunciation placements, as well the configuration of the narrator reveal social places considered ex-centric, similar to the speeches that propagate in relation to the official history, which intend to paraphrase, style as well as parody. Sometimes, they deal with appropriations of canonical historical text, intending to subvert the meaning of this text into a successful discourse of historical-diegetic time elites, favoring the narrators view and excentric characters. Thus, the ex-centric discourses have themes that align with history perceived as nightmares, emphasized in both novels and unveiled by implicit inferences, as a criticism of Empires and of their values; criticism of Monopoly and its dynamics, the domination of other people and groups by brute force, the existential chaos generated by elites on the social an cultural dynamics groups submitted to the monodic ideology in comparison with other cultural forms, the emotional and material damages imposed by the elites onto lower classes: social inequalities which lead to social exclusion, among others. They bring implicit discourses about a singular forming of identities caused by a constant miscegenation or by racial or social exclusion.
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A recepção do \'novo romance\' no \'Suplemento Literário\' do jornal O Estado de São Paulo / The reception to the \'nouveau roman\' in the \'Suplemento Literário\' by \'O Estado de São Paulo\'Daniela da Silva Prado 26 June 2006 (has links)
O objetivo deste trabalho é analisar como se deu a recepção ao \"novo romance\" no Brasil, notadamente no \"Suplemento Literário\", caderno cultural que integrava o jornal O Estado de São Paulo, e foi publicado entre os anos de 1956 e 1974. Inicialmente, foi feita uma apresentação geral do \"novo romance\", destacando-se suas principais obras e o contexto histórico-social do qual fazia parte. O \"novo romance\", movimento surgido em meados dos anos 1950 na França, causou um abalo nas estruturas da arte do romance, levando certos autores a questionar e a rejeitar as técnicas tradicionais - notadamente as de inspiração balzaquiana - da concepção romanesca, que consideravam desgastadas e ultrapassadas. Entre os autores que fizeram parte do movimento e que são abordados neste trabalho, pode-se ressaltar Alain Robbe-Grillet, Michel Butor, Nathalie Sarraute e Claude Simon. Apesar de haver outros escritores integrantes do \"novo romance\", esses foram os que tiveram maior divulgação no \"Suplemento Literário\". Um dos capítulos é dedicado a Claude Simon, cujo enfoque está no prêmio Nobel de Literatura que o escritor ganhou em 1985. Neste capítulo, são estudados diversos artigos de jornais e revistas que comentaram o assunto à época, e que reagiram de forma variada a essa conquista. Alguns artigos foram analisados isoladamente mas, sempre que possível e havendo pontos de contato entre eles, procurei fazer um cotejo, visando estabelecer semelhanças e diferenças, salientando opiniões contrárias e favoráveis. Para proceder à análise dos artigos e entender a reação da crítica diante das obras dos novos romancistas, tomei como base a teoria da recepção de Hans Robert Jauss, que estabelece a instância do leitor na realização da obra, a partir do conceito de \"horizonte de expectativas\". / The aim of this thesis is the analysis of the reception to the \"nouveau roman\" through the articles presented by \"Suplemento Literário\", a book of reviews published by O Estado de São Paulo, from 1956 to 1974. Firstly, we presented the general characteristics of the \"nouveau roman\" by introducing its main writers and its social and historic background. The \"nouveau roman\" was a literary movement started in the late 50\'s of the twentieth century that changed the way to produce and read novels, by rejecting the traditional techniques, mainly those related to Balzac\'s style of writing, considered as obsolete. Amongst all of the writers belonging to the \"noveau roman\" movement, we pointed out Allain-Robbe Grillet, Michel Butor, Nathalie Sarraute and Claude Simon. Even considering the fact that there were other important writers, those were the ones most referred by the authors who wrote articles to the \"Suplemento Literário\". One of the chapters of the thesis is dedicated to Claude Simon, Nobel Prize in Literature in 1985. In this chapter, we collected articles published in 1985 from newspapers and magazines in order to analyse the repercussion of the award granted to him. Some of the articles were studied separately, but, when we could find common ideas in their contents, we examined the articles in a way to emphasize differences and similarities, and different points of view. The reception theory, created by Hans Robert Jauss, was our point of reference to settle the approach of the articles as well as to understand all the reaction of the experts who criticize the novels produced by the writers of \"nouveau roman\".
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Os Barbadianos em Mad Maria : Exemplo da figuração duma personagem coletiva no Novo Romance HistóricoGörnert, Marlon January 2020 (has links)
A descrição dum subgénero dentro da ficção histórica que se distinguiu pela sua distanciação do Romance Histórico Tradicional em vários aspetos, o chamado Novo Romance Histórico, ocupou muitos estudiosos nas últimas décadas. Mais recentemente, o catedrático português Carlos Reis realçou a importância da personagem como categoria narrativa na literatura, opondo-se às tendências estruturalistas que marcam os estudos literários modernos. Na nossa pesquisa, rastreamos o processo da figuração duma personagem coletiva no romance Mad Maria do escritor brasileiro Márcio Souza: os trabalhadores barbadianos. Por um lado, observamos como o autor usou dados historiográficos para a figuração duma personagem coletiva baseada num grupo de trabalhadores caribenhos, cuja participação nas obras da ferrovia Madeira-Mamoré no início do século passado é bem documentada. Pelo outro lado, consideramos a relevância desta personagem em relação à ideologia do escritor, posto que uma das características fundamentais do Novo Romance Histórico é a narração do passado histórico através de personagens pertencentes a grupos marginais, cuja voz não faz parte do discurso historiográfico tradicional. La descripción de un subgénero de la ficción histórica, el cual se destaca por alejarse en varios aspectos de la Novela Histórica Tradicional, a saber, la llamada Nueva Novela Histórica, ha ocupado a muchos estudiosos en las últimas décadas. Más recientemente, el catedrático portugués Carlos Reis realzó la importancia del personaje como categoría narrativa en la literatura, en oposición a las tendencias estructuralistas que marcan los estudios literarios modernos. En nuestras investigaciones, vamos rastreando el proceso de figuración de un personaje colectivo en la novela Mad Maria del escritor brasileño Márcio Souza: los trabajadores barbadenses. Por un lado, observamos como el autor empleó datos biográficos para la figuración de un personaje colectivo inspirado en un grupo de trabajadores caribeños, cuyo papel en la construcción de la vía férrea Madeira-Mamoré a principios del siglo pasado está bien documentado. Por otro lado, consideramos la relevancia de dicho personaje respecto a la ideología del escritor, habida cuenta que un rasgo diferencial de la Nueva Novela Histórica es la narración del pasado histórico por medio de personajes de proveniencia marginal, cuya voz no forma parte del discurso historiográfico tradicional. The task of describing a subgenre of historical fiction which clearly sets itself apart in many respects from the Traditional Historical Novel, namely, the so-called New Historical Novel, has occupied a number of scholars in the past few decades. More recently, the Portuguese university professor Carlos Reis has emphasized the character's importance as a narrative category within literature, in contrast to the structuralist tendencies which characterize modern literary studies. In our research, we trace the representational process of a collective character - the Barbadian labourers - in the Brazilian authorMárcio Souza's novel Mad Maria. First of all, we analyze the author's use of historiographical data in the depiction of a collective character based on a group of Caribbean labourers, whose role in constructing the Madeira-Mamoré railroad early in the last century is well documented. Second of all, we consider this character's relevance to the writer's ideological profile, since one of the New Historical Novel's distinguishing features is the narration of historical events through characters belonging to marginal groups whose voice has been excluded from traditional historiographical discourse.
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Por essas estradas o homem voa nas asas de sua fantasia: História e ficção em Chegou o governador, de Bernardo Élis / Through these roads the man flies in the wings of his fantasy: history and fiction in Chegou o Governador, by Bernardo ÉlisSILVA, Rogério Max Canedo 15 August 2011 (has links)
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Previous issue date: 2011-08-15 / In this work, I intend to analyze how the poet, the short story writer and the novelist Bernardo
Élis makes use of the History of Goiás in order to rebuild, trough fiction, the economic,
political and social scenery of this place, in the beginner of nineteenth century. In his novel
Chegou o Governador, published in 1987, the author esthetically presents a realm that drives
the reader to a specific historical period of Goiás which are the years between 1804 and 1809.
These years correspond to the events of the arrival and departure of D. Francisco de Assis
Mascarenhas, a distinguished political character of the Portuguese colonial company, who
masterfully led the captaincy of Goiás during these years, according to the local
historiography which were considered by Bernardo Élis in his novel. It can be observed the
novel establishes an explicit dialogue to the historical studies, that is why, in this research we
have proposed, it was necessary to analyze the historiographical records that have mapped the
central regions of Brazil during the nineteenth century, moreover, to find the notes that were
responsible to notice the events of Goiás during the beginning of the nineteenth century. For
that reason, the first step I have taken was to take notes about what the History could tell.
After that, it was necessary and approach on the amount of Bernardo Élis‟s works, all of them
published in a period of more than four decades, in order to perceive the novelist‟s line of
thought, related to the social and historical representation. This step let us explore another
frequent discussion, the border limit between Literature and History through the reflection
done by scholars and important representatives of both fields of knowledge. After that, the
research focuses the discussion of the novel as the structure of artistic creation which gets
closer to the problematized social events. It is known that this plural narrative has the
History‟s features in its foundation and it is able to make use of this feature as the helm to the
fictional work. When we bring out these questions, we are in the main purpose of this
research: understanding in which theoretical base the Bernardo Élis‟ novel is established,
whether in the principles of classic historical novel, theorized by Georg Lukács (1966), or in
the operating modes of the new historical novel, discussed by Fernando Ainsa (1991), or if the
novel moves among the both models, and if it does, how it happens. Finally, Chegou o
governador is analytically seen in the bases of the theoretical principle mentioned. It is
possible to verify how Bernardo Élis made use of the history of his people to illustrate it and
problematize it through fiction getting a broader and more complex sense of the events that
could demonstrate the local historical movement. By doing this, Élis complies with what we
believe is the artist's role: show what is not said, sharpening the critical awareness of the
reader about the controversial and contradictory progress of the History. / Neste trabalho proponho averiguar como o poeta, contista e romancista Bernardo Élis se
apropria da história goiana para reconstruir, pelas vias da ficção, o cenário econômico,
político e social próprio desse lugar, no início do século XIX. Em seu romance Chegou o
governador, publicado em 1987, o autor apresenta, esteticamente, uma atmosfera que
transporta o leitor para um determinado momento histórico de Goiás, a saber, os anos entre
1804 e 1809, correspondentes aos episódios de chegada e saída de D. Francisco de Assis
Mascarenhas, ilustre figura política da empresa colonial portuguesa que governou
magistralmente a Capitania de Goiás nos anos citados, segundo nos apresenta a historiografia
local de que se vale nosso autor da ficção. Percebe-se assim, que a obra romanceada
estabelece diálogo explícito com as ciências históricas, por isso mesmo, na pesquisa que
propusemos, foi necessário analisar os registros historiográficos que mapearam as regiões
centrais do Brasil durante o século XIX, mais especificamente, encontrar os apontamentos
que deram conta dos fatos ocorridos em Goiás durante os primeiros anos do mencionado
século. Por isso mesmo, o primeiro passo aqui foi anotar o que a história pôde contar. Em
seguida, fez-se importante a abordagem sobre o conjunto de obras do autor da ficção,
publicado em um período superior a quatro décadas, para perceber uma linha de força inerente
ao romancista, a saber, a da representação social, por decorrência, histórica. Esse passo nos
permitiu explorar outra discussão ainda hoje muito em voga, a relação entre literatura e
história e o limite da fronteira entre as duas áreas, fazendo uso da reflexão de teóricos e
importantes representantes dos dois campos. Posteriormente, a pesquisa enfoca a discussão do
gênero romance como estrutura de criação artística que melhor se aproxima dos extratos
sociais problematizados. É sabido que essa narrativa plural tem em sua fundação as marcas
próprias da história, e por esse aspecto, apta a captá-las como mote para a elaboração
ficcional. Ao discutir essas questões, chega-se ao fundamento maior dessa pesquisa,
compreender sob qual base teórica o romance de Bernardo Élis está balizado: se nos
princípios do romance histórico clássico, teorizados por Georg Lukács (1966); ou, se nos
modos operacionais do novo romance histórico, discutidos por Fernando Ainsa (1991), ou,
ainda, se a obra cotejada transita entre os modelos propostos e, se transita, de que maneira o
faz. Por fim, Chegou o governador é visto, analiticamente, com base nas premissas teóricas
apresentadas acima. É possível verificar como Bernardo Élis se valeu da história de seu povo
para ilustrá-la e problematizá-la através da ficção, obtendo assim um sentido mais amplo e
complexo dos fatos, que desse a ver o próprio movimento histórico local. Ao fazê-lo, Élis
cumpre com aquilo que acreditamos ser o papel do artista: evidenciar o que não está dito,
aguçando a consciência crítica do leitor sobre o andamento controverso e contraditório da
história.
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Revolução Haitiana: da história às perspectivas ficcionais – El reino de este mundo (1949), de Carpentier, e La isla bajo el mar (2009), de Allende / Haitian Revolution: from history to fictional perspectives – The kingdom of this world (1949), by Carpentier, and Island beneath the sea, by Allende / Revolución Haitiana: de la historia a las perspectivas ficcionales – El reino de este mundo (1949), de Carpentier, y La isla bajo el mar (2009), de AllendeTonet, Tatiana Pereira 26 February 2018 (has links)
Submitted by Rosangela Silva (rosangela.silva3@unioeste.br) on 2018-05-22T17:15:39Z
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Previous issue date: 2018-02-26 / Along this dissertation we present a comparative analysis of the discursive process elaborated about the Haitian Revolution (1791-1804) in rereadings of this event presented by the Latin American literature. In order to understand how fiction recreates the past, we also turn to the historiographic discourse throughout a brief interpretative analysis of the records about the facts listed by history about the given event so we can contrast it with the fictional versions we selected. The literary corpus is composed by El Reino de Este Mundo (2012[1949]), by the Cuban Alejo Carpentier, and La Isla Bajo el Mar (2009), by the Chilean Isabel Allende. To reach our proposed objectives for this research, at a first moment, we resort to the studies of some of the historiographic remarks, considering as well, the previous and subsequent contexts of the conflict. In the following of this research, we revisited the literary concepts about the five modalities of hybrid writing of History and fiction that configure the actual scenery of the historical novel, considering them in relation to the fictional corpus defined by us. The analysis of the confluence between fiction and history, available in the redefinitions of the past by literature, observed in the hybrid novels of Carpentier and Allende, allowed us to confront the dicothomous visions about the events that highlighted Latin America’s history either in the novels or among areas that retrieve the past by the discourse. Based upon the theories of Aínsa (1991), Menton (1993) and Fleck (2008, 2010, 2011, 2014, 2017), among others, we noticed that Alejo Carpentier’s literary piece is characterized as the first new Latin-American historical novel and Isanel Allende’s (2009) is a contemporary historical novel of mediation. Both analyzed fictions present, in their way, critical rereading of the facts and of the characters involved in the events that led to the Independence of Haiti. The differences between these two modalities of the historical novel genre, applied to the rereading of the Haitian Revolutions (1791-1804), are emphasized along the text. The proposed analysis reiterates the possibility of expanding the critical vision of the reader nowadays throughout the redefinitions of the past presented by the contemporary fiction / En esta disertación presentamos un análisis comparativo del proceso discursivo elaborado acerca de la Revolución Haitiana (1791-1804) en relecturas de ese evento presentadas por la literatura hispanoamericana. Para comprender cómo la ficción recrea el pasado recurrimos, también, al discurso historiográfico, a través de un breve análisis interpretativo de registros sobre los hechos enumerados por la historia en cuanto al evento en cuestión, para entonces, contraponerlos a las versiones ficcionales elegidas. El corpus literario de análisis está constituido por las obras El reino de este mundo (2012[1949]), del cubano Alejo Carpentier, y La isla bajo el mar (2009), de la chilena Isabel Allende. Buscando alcanzar las metas planteadas para esta investigación recurrimos, en un primer momento, al estudio de algunos de los relatos historiográficos, considerando, también, los contextos anteriores y posteriores al conflicto. Enseguida, analizamos los conceptos literarios sobre las cinco modalidades novelescas de escritura híbrida de historia y ficción que configuran al actual escenario del género novela histórica, considerándolos en relación con el corpus ficcional determinado en este estúdio. El análisis de la confluencia entre ficción e historia presente en las resignificaciones del pasado por la literatura, observada en las novelas híbridas de Carpentier y Allende, nos permitió confrontar las visiones dicótomas sobre los eventos que marcaron la historia de Latinoamérica, sea entre las propias novelas o entre las áreas que rescatan el pasado por el discurso. Con base en las teorías de Aínsa (1991), Menton (1993) y Fleck (2008, 2010, 2011, 2014, 2017), además de otros, observamos que a la obra de Alejo Carpentier es caracterizada como la primera nueva novela histórica latinoamericana, y la obra de Isabel Allende (2009), como una novela histórica contemporánea de mediación. Ambas ficciones analizadas presentan, a su modo, relecturas críticas de los hechos y de los personajes involucrados en los eventos que llevaron a la independencia de Haití. Las diferencias entre esas dos clases del género novela histórica, aplicadas a la relectura de la Revolución Haitiana (1791-1804), quedan comprobadas a lo largo de este texto. El análisis planteado reanuda la posibilidad de ampliar la visión crítica del lector en la actualidad a través de las resignificaciones del pasado presentadas por la ficción contemporánea. / Nesta dissertação, apresentamos uma análise comparada do processo discursivo elaborado a respeito da Revolução Haitiana (1791-1804) em releituras desse evento apresentadas pela literatura hispano-americana. Para compreendermos como a ficção recria o passado, recorremos, também, ao discurso historiográfico, por meio de uma breve análise interpretativa de registros sobre os fatos elencados pela história a respeito do evento em questão, para, então, contrapô-los às versões ficcionais selecionadas. O corpus de análise é constituído pelas obras literárias El reino de este mundo (2012[1949]), do cubano Alejo Carpentier, e La isla bajo el mar (2009), da chilena Isabel Allende. A fim de alcançarmos os objetivos propostos para esta pesquisa, recorremos, num primeiro momento, ao estudo de alguns dos relatos historiográficos, considerando, também, os contextos anteriores e posteriores ao conflito. Na sequência, revisitamos os conceitos literários sobre as cinco modalidades romanescas de escrita híbrida de história e ficção que configuram o atual cenário do gênero romance histórico, considerando-os em relação ao corpus ficcional por nós definido. A confluência entre ficção e história nas ressignificações do passado pela literatura observada nos romances híbridos de Carpentier e Allende permitiu-nos confrontar as visões dicotômicas sobre os eventos que marcaram a história da América Latina, seja entre os próprios romances, seja entre as áreas que recuperam o passado pelo discurso. Com base nas teorias de Aínsa (1991), Menton (1993) e Fleck (2008, 2010, 2011, 2014, 2017), entre outros, observamos que a obra de Alejo Carpentier é caracterizada como o primeiro novo romance histórico latino-americano, e a obra de Isabel Allende (2009), como um romance histórico contemporâneo de mediação. Ambas as ficções analisadas apresentam, a seu modo, releituras críticas de fatos e de personagens envolvidos nos eventos que levaram à independência do Haiti. As diferenças entre essas duas modalidades do gênero romance histórico, aplicadas à releitura da Revolução Haitiana (1791-1804), ficam evidenciadas ao longo deste texto. A análise proposta reitera a possibilidade de ampliar a visão crítica do leitor na atualidade por meio das ressignificações do passado apresentadas pela ficção contemporânea.
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Anita Garibaldi: de heroína à mulher – a trajetória das imagens ficcionais de Ana Maria de Jesus Ribeiro / Anita Garibaldi: from heroine to woman - the trajectory of the fictional images of Ana Maria de Jesus RibeiroRohde, Marina Luísa 21 November 2017 (has links)
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Previous issue date: 2017-11-21 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES / Based on the studies of fictional narratives that re-read the historical past, the research in question analyzes different modalities of historical novels from the representation of Anita Garibaldi (1821–1849), in perspectives that may vary, from the corroboration of the official discourse to its refutation. Such images of this personality, therefore, extend from the perception that she was only a young woman in love and so as to live a great love she would face any obstacle, to the perception of an idealistic and questioning woman, who would take part in wars for political conviction regardless of his loving involvement with a revolutionary sailor. The corpus that provides us with the basis for the study comes from three different contexts: The United States, Brazil and Argentina. The selection of this material considered criteria such as: the belonging of one of the works to the traditional modality of the genre, whose discourse linked to Anita and Giuseppe Garibaldi (1807–1882) is apologetic; a deconstructive perspective of this character hitherto idealized, in a critical production that presents the protagonist who sees in his partner someone to share ideals and for this reason does not accept to be relegated to live in the shadow of that relationship; and also a modality of historical novel whose ideology is mediative in comparison with these two previous productions, aiming at a configuration of Anita that conjugates the representation of both facets commonly evidenced: the lover and the politics. In this sense, each author, through the specificity of his chosen language and modality, approaches the character of historical extraction by a singular prism - the uncritical, the critical and the mediative. To make this analysis possible, in an interamerican dimension, the works selected are: I Am My Beloved: The Life of Anita Garibaldi (1969), written by the American Lisa Sergio, A Guerrilheira (1979), by the Brazilian João Felício dos Santos and Anita cubierta de arena (2003), by the Argentinian Alicia Dujovne Ortiz. Therefore, we show that the fictional images of Anita Garibaldi also trace a historical and sequential trajectory of the hybrid genre of history and fiction. Hence, the theoretical support of this approach, both to the character and to the different modalities of historical romance, finds support in the studies of Aínsa (1991), Menton (1993), Rodríguez (1996), Esteves (2010), Fleck (2011; 2017), Fernández Prieto (2003), to name but a few. / Com base nos estudos das narrativas ficcionais que releem o passado histórico, a pesquisa em questão analisa distintas modalidades de romances históricos a partir da representação de Anita Garibaldi (1821–1849), em perspectivas que buscam ora corroborar o discurso oficial, ora desconstruí-lo. Tais imagens dessa personalidade se estendem, portanto, da percepção de que ela era apenas uma jovem apaixonada e que, para viver um grande amor, enfrentaria qualquer obstáculo, até a percepção de uma mulher idealista e questionadora, que participaria de guerras por convicção política independentemente de seu envolvimento amoroso com um marinheiro revolucionário. O corpus que serve de base para o estudo parte de três contextos diferentes: Os Estados Unidos, o Brasil e a Argentina. A seleção desse material considerou critérios como: o pertencimento de uma das obras à modalidade tradicional do gênero, cujo discurso vinculado à Anita e Giuseppe Garibaldi (1807–1882) é apologético; uma perspectiva desconstrucionista dessa personagem até então idealizada, em uma produção crítica que apresenta a protagonista que vê em seu companheiro alguém para partilhar ideais e que não se deixa viver à sombra desse relacionamento; e, ainda, uma modalidade de romance histórico cuja ideologia é mediativa em comparação com essas duas produções anteriores, atentando para uma configuração de Anita que conjuga a representação de ambas as facetas comumente evidenciadas: a amante e a política. Nesse sentido, cada autor, por meio da especificidade de sua linguagem e modalidade escolhida, aborda a personagem de extração histórica por um prisma singular – o acrítico, o crítico e o mediativo. Para tornar essa análise possível, em uma dimensão interamericana, as obras selecionadas são: I Am My Beloved: The Life of Anita Garibaldi (1969), escrita pela estadunidense Lisa Sergio, A Guerrilheira (1979), do brasileiro João Felício dos Santos e Anita cubierta de arena (2003), da argentina Alicia Dujovne Ortiz. Desse modo, evidenciamos que as imagens ficcionais de Anita Garibaldi traçam, também, uma trajetória histórica e sequencial do gênero híbrido de história e ficção. A sustentação teórica dessa abordagem, tanto à personagem como às diferentes modalidades de romance histórico, encontra respaldo nos estudos de Aínsa (1991), Menton (1993), Márquez Rodríguez (1996), Fernández Prieto (2003), Esteves (2010), Fleck (2011; 2017), entre outros.
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Escritas antropofágicas na América latina: releituras da história pela ficção / Anthropophagic writing in Latin America: rereading history through fictionGasparotto, Bernardo Antonio 02 March 2017 (has links)
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Previous issue date: 2017-03-02 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES / At the turn to the 20th century, a series of literary movements took place, which resulted in an alteration of the dogmas of literary writing and in the concept of literature itself. One of these movements was the Brazilian Modernism whose great exponents were Oswald de Andrade and Mario de Andrade, the former with Manifesto Pau-Brasil (1924) and Manifesto Antropófago (1928), and the latter with Macunaíma (1928). These productions permitted the embodiment of what was intended as the “anthropophagic process” of Brazilian culture, and for that, they employed the metaphor of the autochthonous cannibal. Based on this metaphorical image, we approached several productions made by the European chroniclers who had their first encounters and impressions on this figure and custom. Thus, by examining the conceptions developed by the chroniclers such as Christopher Columbus (1492-1493), Hans Staden (1557), Theodore de Bry (1590), Gabriel Soares de Sousa (1587), José de Anchieta (1563), Hernán Cortés (1866), among others, we bring a compendium of the representation of the autochthonous cannibal figure in the Latin-American space (in the context of the discovery of America and the first contacts between civilizations), which is explored and reconfigured in literature in the three works that will be analyzed, namely: El entenado (1983), by the Argentinean Juan José Saer; Terra Papagalli (1997), by the Brazilians José Roberto Torero and Marcus Autelius Pimenta, both works being models of the new Latin-American historic novel; and Meu querido canibal (2000), by the Brazilian Antonio Torres, constituting a historiographic metafiction. In these works, there are various perspectives on how to portray the cultural manifestation of the cannibalistic ritual, as well as the meaning effects produced from this ritual. We also examined the ways in which such cultural practice is approached by the writers who produce their discourse from an enunciative locus of the hybrid, interracial, syncretic and transcultural Latin America. From this analysis, we aim to highlight that, due to the theoretical process that resulted from this awareness – with emphasis the Brazilian modernist movement as a great exponent –, Latin America developed a theoretical-critical framework and a literary production based on cultural anthropophagy – from which resulted the Latin-American historical novel – that support the local literary production, giving voice and opportunity to those who were colonized and had their discourse marginalized by the canon guidelines. / Na virada para o século XX, ocorreu uma série de movimentos literários, o que resultou em uma alteração nos dogmas da escrita literária e no próprio conceito de literatura. Um desses movimentos foi o Modernismo brasileiro, que teve como grandes expoentes Oswald de Andrade e Mario de Andrade, aquele com o Manifesto Pau-Brasil (1924) e o Manifesto Antropófago (1928), e este com Macunaíma (1928). Essas produções foram fundamentais na corporificação do que se pretendia com o “processo antropofágico” da cultura brasileira, utilizando, para isso, a metáfora do autóctone canibal. Com base nessa imagem metafórica, retomamos diversas produções realizadas pelos cronistas europeus que tiveram seus primeiros embates e impressões sobre tal figura e costume. Assim, mediante o exame das concepções desenvolvidas por cronistas como Cristóvão Colombo (1492-1493), Hans Staden (1557), Theodore de Bry (1590), Gabriel Soares de Sousa (1587), José de Anchieta (1563), Hernán Cortés (1866), entre outros, trazemos um compêndio da representação da figura do autóctone canibal no espaço latino-americano (no contexto do descobrimento da América e primeiros contatos entre civilizações), que passa a ser explorada e reconfigurada pela literatura nas três obras analisadas, quais sejam: El entenado (1983), do argentino Juan José Saer; Terra Papagalli (1997), dos brasileiros José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta, ambos modelos de novo romance histórico latino-americano; e Meu querido canibal (2000), do brasileiro Antonio Torrres, uma metaficção historiográfica. Nessas, apresentam-se perspectivas diversas sobre a forma de retratar a manifestação cultural do ritual canibalesco, bem como os efeitos de sentido que são produzidos a partir desse ritual. São observadas, ainda, as formas como tal prática cultural é utilizada pelos escritores que produzem seu discurso a partir de um locus enunciativo da América Latina híbrida, mestiça, sincrética e transcultural. A partir dessa análise, buscamos, pois, evidenciar que, graças ao processo teórico que resultou dessa conscientização – destacando-se, como um dos maiores expoentes, o movimento modernista brasileiro –, a América Latina desenvolveu uma linha teórico-crítica, bem como uma produção literária com base na antropofagia cultural – da qual o romance histórico crítico latino-americano é fruto –, que serve para ancorar a produção literária local, dando voz e vez àqueles que foram colonizados e tiveram seu discurso marginalizado pelas diretrizes do cânone europeu.
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Diálogos entre o Velho e o Novo Mundo: uma leitura de Vigilia del Almirante (1992) e Carta del fin mundo (1998). / Dialogues between the Old and the New World: a reading of the works Vigilia del Almirante (1992) and Carta del fin del mundo (1998).Gasparotto, Bernardo Antonio 28 February 2011 (has links)
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Previous issue date: 2011-02-28 / Basing itself upon the assumptions of Compared Literature, the present research
aims to demonstrate that the dialogical relations established between the Spanish
and the Hispano-American literature, when referred to the productions that handle
with the theme of the discovery of America, after the publication of Vigilia del
Almirante (1992), by the Paraguayan writer Augusto Roa Bastos. Such work reveals
itself as a sort of synthesis of the Hispano-American vision about the theme, working
like a parting of the waters when it comes to the production of historical novels, being
produced from it, in the context of the discovery poetics, only mediation
contemporary historical novels. This happens also in Spain, that for the first time,
within this context, presents a work that deals with a distinct perspective from the one
traditionally adopted by Spanish authors, promoting the dialogue with the Hispano-
American literature. This is the novel Carta del fin del mundo (1998), by Jose Manuel
Fajardo, a narrative that presents a discourse that seeks to reveal a new aspect of
the meeting between both worlds under the perspective of the colonized. Parting
from both works mentioned as corpus, the objective is, first of all, to destacate the
apologetic discourse present in the Spanish productions, to, afterwards, approach
the Hispano-American production of the theme initiated in the 70's decade of the
20th century to show that the modality of the new historical novel, synthesized in
the work of Roa Bastos (1992), ended up influencing the productions about the
discovery in European lands, that began to question not only the figure of
Christopher Columbus, but also the whole discovery enterprise, establishing the
dialogue with the Hispano-American tradition. It will also be taken in consideration
that the work by Fajardo (1998) does not characterize itself as an isolated
manifestation of the Spanish literature, once one can also observed the publication of
the trilogy La pérdida del paraíso (2002), by Jose Luis Muñoz that presents the same
mediation tendencies, in the terms proposed by Fleck (2008). / Apoiando-se nos pressupostos da literatura comparada, a presente pesquisa busca
demonstrar que relações dialógicas se estabeleceram entre a literatura espanhola e
a hispano-americana, no que se refere às produções voltadas à temática do
descobrimento da América, após a publicação de Vigilia del Almirante (1992), do
escritor paraguaio Augusto Roa Bastos. Tal obra revela-se como uma espécie de
síntese da visão hispano-americana sobre o tema, atuando como um divisor de
águas em relação à produção de romances históricos, sendo que a partir dele
produziram-se, no contexto da poética do descobrimento, quase somente romances
históricos contemporâneos de mediação. Isso ocorre inclusive na Espanha, que pela
primeira vez, dentro deste contexto, apresenta uma obra que trabalha com uma
perspectiva distinta da tradicionalmente adotada pelos literatos espanhóis,
promovendo o diálogo com a literatura hispano-americana. Trata-se do romance
Carta del fin del mundo (1998), de Jose Manuel Fajardo, uma narrativa que
apresenta um discurso que busca revelar uma nova faceta do encontro entre os dois
mundos sob a perspectiva do colonizador. Partindo das duas obras mencionadas
como corpus, objetiva-se, primeiramente, destacar o discurso apologético presente
nas produções espanholas, para, em seguida, ao abordar a produção hispanoamericana
da temática iniciada na década de 70, do século XX mostrar que a
modalidade do novo romance histórico, sintetizada na obra de Roa Bastos (1992),
acabou influenciando as produções sobre o descobrimento em terras europeias, que
passaram a questionar não somente a figura de Cristóvão Colombo, mas de toda
empresa descobridora, possibilitando o diálogo com a tradição hispano-americana.
Leva-se em consideração, ainda, que a obra de Fajardo (1998) não se caracteriza
como uma manifestação isolada na literatura espanhola, uma vez que se dispõe
também da trilogia La pérdida del paraíso (2002), de Jose Luis Muñoz, que
apresenta a mesma tendência de mediação, nos termos propostos por Fleck (2008).
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