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"Futuro roubado" : banalização da injustiça e do sofrimento social e ambiental na construção de hidrelétricas

Giongo, Carmem Regina January 2017 (has links)
Implantadas sob a prerrogativa do desenvolvimento e da produção de energia limpa, as hidrelétricas têm se apropriado de vastos territórios rurais e indígenas, em que as comunidades atingidas são tidas como empecilhos do progresso. Diante disso e tomando-se como foco a hidrelétrica de Itá, localizada no sul do Brasil, o objetivo central desta investigação foi analisar a construção social da banalização da injustiça e do sofrimento vivenciado pelas populações atingidas pela construção de hidrelétricas e as interfaces deste processo com os modos de vida e de trabalho desses sujeitos. O estudo, de cunho qualitativo, fundamentou-se na pesquisa participante. A coleta de dados iniciou em fevereiro de 2016 e foi concluída em dezembro do mesmo ano. Foram entrevistadas 43 pessoas atingidas pela construção da barragem de Itá e realizadas análises documentais da legislação vigente, dos estudos ambientais e dos materiais publicitários da hidrelétrica investigada. Os dados obtidos foram submetidos à análise temática. No decorrer da pesquisa, foi desenvolvido o documentário Atingidos Somos Nós, que se apresentou como importante estratégia de intervenção e sensibilização política e social frente à temática investigada. Os resultados da pesquisa apontaram que, no caso da hidrelétrica de Itá, após 17 anos do enchimento do reservatório, a população investigada encontra-se abandonada e não tem minimamente seus direitos básicos garantidos. Aspectos como a morte do rio, a extinção do trabalho rural, os prejuízos no acesso à água potável, à energia, aos meios de transporte, à infraestrutura, à saúde, à educação, ao lazer e ao trabalho, a falta de apoio, de reconhecimento e de visibilidade política e social geram um intenso processo de sofrimento, que se apresenta através do desânimo coletivo, da tristeza, da solidão, do medo, da insegurança e da perda da identidade. Essas vivências mostraram-se diretamente atreladas à depressão, ao suicídio e ao estabelecimento de mortes súbitas. Concluiu-se que, sob a égide do capital, o processo de banalização da injustiça na construção de hidrelétricas está atrelado ao modelo de desenvolvimento vigente, no qual imperam a omissão da legislação, a fragilidade dos estudos ambientais e a construção de uma história oficial que exclui a perspectiva dos atingidos. Esse processo gera o sofrimento social e ambiental, levando à destituição dos modos de vida tradicionais e à própria morte dos atingidos. Diante disso, o Estado apresenta-se, historicamente, como cúmplice e legitimador da degradação e do descarte dessas populações, a partir da permissividade legal e da intensificação de programas e de políticas desenvolvimentistas que priorizam o fator econômico em detrimento da proteção social e ambiental tornados estratégias encobridoras da injustiça e da banalização desse processo. / While being built under the prerogative of development and clean energy production, the hydroelectric plants have been appropriating vast rural and indigenous areas, in which the affected communities are considered as obstacles to progress. Taking this into account and focusing on the hydroelectric plant of Ita, located in southern Brazil, the main objective of this research was to analyze the social construction of the banalization of injustice and suffering experienced by the people who are affected by the construction of hydroelectric plants and the relation between this process and the way of living and working of these individuals. The study, which had a qualitative approach, was based on participant research. Data collection began in February 2016 and was completed in December 2016. Forty-three people affected by the construction of the hydroelectric plant of Ita were interviewed and documents about current laws, environmental studies and advertising materials of the investigated hydroelectric plant were analysed. Data were submitted to thematic analysis. While the research was being performed, a documentary called “Atingidos Somos Nós” was developed, which turned out to be an important strategy of political and social intervention and awareness considering the researched topic. The results indicate that, in the case of the hydroelectric plant of Itá, even after 17 years of reservoir filling, the researched population is still abandoned and has no minimum guaranteed of their basic rights. Aspects such as the death of the river, the extinction of rural labor, the impairment on the access to potable water, energy, means of transportation, infrastructure, health, education, leisure and work, the lack of support, recognition and political and social visibility lead to an intense suffering process, which can be seen through the collective discouragement, sadness, loneliness, fear, insecurity and identity loss. These experiences were directly linked to depression, suicide and sudden deaths. It is noticed, under the aegis of capital, that the process of trivializing injustice in order to build hydroelectric plants is related to the current model of development, in which the omission of legislation, the fragility of studies about the environment, and the creation of an official story that excludes the perspective of those affected dominates. This process causes social and environmental suffering, leading to the destruction of traditional ways of life and death of those who are affected. On the situation, the State historically presents itself as an accomplice and legitimator of the degradation and rejection of these populations, through legal permissiveness and intensification of development programs and policies that prioritize the economic factor to the detriment of social and environmental protection which have become strategies to hide the injustice and the trivialization of this process. / Implantadas bajo la prerrogativa del desarrollo y de la producción de energía limpia, las hidroeléctricas se han apropiado de amplios territorios rurales e indígenas, en los cuales las comunidades afectadas son vistas como un obstáculo al progreso. Con esto y teniendo como eje central la hidroeléctrica de Itá, ubicada en el sur de Brasil, el propósito de esta investigación ha sido analizar la construcción social de la banalización de la injusticia y del sufrimiento vivenciado por las poblaciones afectadas por la construcción de hidroeléctricas y las relaciones de este proceso con las formas de vida y de trabajo de dichas personas. El estudio, de tipo cualitativo, se ha fundamentado en la investigación participativa. La recolección de datos empezó en febrero de 2016 y finalizó en diciembre del mismo año. Se han entrevistado a 43 personas afectadas por la construcción de la represa de Itá y se han realizado los análisis documentales de la legislación vigente, de los estudios ambientales y de los materiales publicitarios de la hidroeléctrica investigada. Los datos obtenidos fueron sometidos a un análisis temático. En el desarrollo de la investigación, ha sido producido el documental “Atingidos Somos Nós”, que se ha presentado como una importante estrategia de intervención y sensibilización política y social frente a la temática investigada. Los resultados de la investigación han demostrado que, en el caso de la hidroeléctrica de Itá, tras 12 años de existencia, la población investigada se encuentra abandonada y no tiene sus derechos básicos garantizados. Aspectos como la muerte del río, la extinción del trabajo rural, los perjuicios en el acceso al agua potable, a la energía, a los medios de transporte, a la infraestructura, a la salud, a la educación, al ocio y al trabajo, la falta de apoyo, de reconocimiento y de visibilidad política y social han producido un intenso proceso de sufrimiento, que se presenta a través del desánimo colectivo, de la tristeza, de la soledad, del miedo, de la inseguridad y de la pérdida de identidad. Esas vivencias se han mostrado directamente relacionadas a la depresión, al suicidio y al surgimiento de muertes súbitas. Se concluye que, bajo la protección del capital, el proceso de banalización de la injusticia en la construcción de hidroeléctricas está subordinado al modelo de desarrollo vigente, en el cual imperan la omisión de la legislación, la fragilidad de los estudios ambientales y la construcción de una historia oficial que excluye la perspectiva de los afectados. Ese proceso genera el sufrimiento social y ambiental, ocasionando la destitución de las formas de vida tradicionales e, incluso, la propia muerte de los afectados. En definitiva, el Estado se presenta, históricamente, como cómplice y legitimador de la degradación y de la desconsideración de estas poblaciones, a partir de la permisividad legal y de la intensificación de programas y de políticas desarrollistas que priorizan el factor económico en detrimento de la protección social y ambiental transformado en estrategia encubridora de la injusticia y de la banalización de ese proceso.
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Os itinerários terapêúticos do povo Iny- Karajá das aldeias Buridina y Bdè-Brè de Aruanã (GO)

Correa, Jacqueline Isabel Ledesma 21 August 2014 (has links)
Submitted by Erika Demachki (erikademachki@gmail.com) on 2017-01-12T17:02:52Z No. of bitstreams: 2 Dissertação - Jacqueline Isabel Ledesma Correa - 2014.pdf: 15929330 bytes, checksum: 600bf6e1b5efb2ad726ccf34ead516cf (MD5) license_rdf: 0 bytes, checksum: d41d8cd98f00b204e9800998ecf8427e (MD5) / Approved for entry into archive by Luciana Ferreira (lucgeral@gmail.com) on 2017-01-16T10:45:39Z (GMT) No. of bitstreams: 2 Dissertação - Jacqueline Isabel Ledesma Correa - 2014.pdf: 15929330 bytes, checksum: 600bf6e1b5efb2ad726ccf34ead516cf (MD5) license_rdf: 0 bytes, checksum: d41d8cd98f00b204e9800998ecf8427e (MD5) / Made available in DSpace on 2017-01-16T10:45:39Z (GMT). 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O sofrimento é um processo complexo inerente à vida humana, possível de ser interpretado com um contexto antropológico, como uma experiência política contextualizada que configura um processo social corporificado em sujeitos históricos (VICTORA, 2011). Ambas perspectivas de trabalho permitem integrar e amplificar diversos campos de problematicidade e condições de vida das pessoas, ao momento de realizar uma etnografia que trata da saúde e a doença. Lós itinerários terapêuticos compõem-se de vozes múltiplas, motivo pelo qual o recorte empírico convoca: mães e pais Iny-Karajá e os agentes de saúde que trabalham no Sistema de Atenção em Saúde Indígena (SASI). Os cenários de labor etnográficos compreenderam: as Aldeias Buridina e Bdè-Brè; o posto de Saúde Indígena, o Hospital Municipal e o Centro de Saúde da cidade de Aruanã, além da Casa de Saúde do Índio (CASAI) situada na cidade de Goiânia. Os objetivos do trabalho foram pesquisar mediante narrativas orais e visuais dois questionamentos que estão associados profundamente: como acedem e se relacionam os povoadores Iny de Aruanã com as alternativas e recursos oferecidos pelas políticas públicas em relação à saúde indígena; e quais são os significados dados pelos Iny às problemáticas de saúde e doença. Este estudo se enquadra dentro do campo da Antropologia da Saúde e a Doença e na área de problematicidade da Saúde Indígena. / Este trabajo de disertación se propone conocer e interpretar las estrategias de resolución de los procesos de salud y enfermedad del pueblo Iny- Karajá, que vive en dos aldeas ubicadas en el Municipio de Aruanã del Estado de Goiás, en la región Centro Oeste de Brasil. El eje referencial teórico se apoya en dos categorías teórico- metodológicas; la noción de Itinerarios terapéuticos definida en antropología como: el camino que realiza la persona que padece, para conseguir resolver su situación de enfermedad y sufrimiento en salud (LANGDON, 2007; LAGO et al., 2010; CABRAL et al., 2011). La otra noción teórica y metodológica que alimenta este trabajo es la de sufrimiento social (VICTORA, 2011; KLEINMAN et al., 1997; CAMARGO, 2004, 2009, 2012; DAS, 2009). El sufrimiento es un proceso complejo inherente a la vida humana posible de ser interpretado desde una mirada antropológica, como una experiencia política contextuada que configura un proceso social corporificado en sujetos históricos (VICTORA, 2011). Ambas perspectivas de trabajo permiten integrar y amplificar diversos campos de problematicidad y condiciones de vida de las personas, al momento de realizar una etnografía que trata acerca de la salud y la enfermedad. Los itinerarios terapéuticos se componen de múltiples voces, motivo por el cual el recorte empírico convoca: madres y padres Iny-Karajá y los agentes de salud que trabajan en el Sistema de Atenção em Saúde Indígena (SASI). Los escenarios de labor etnográfica comprendieron: las Aldeas Buridina y Bdè-Brè; el puesto de Salud Indígena, el Hospital Municipal y el Centro de Salud de la ciudad de Aruanã; además de la Casa de Saúde do Indio (CASAI) situada en la ciudad de Goiânia. Los objetivos de este trabajo fueron investigar por medio de narrativas orales y visuales dos cuestionamientos que se hallan asociados profundamente: como acceden y se relacionan los pobladores Iny de Aruanã con las alternativas y recursos ofrecidos por las políticas públicas en salud indígena; y cuáles son los significados que otorgan los Iny a las problemáticas de salud y enfermedad. Este estudio se enmarca dentro del campo de la Antropología de la Salud y la Dolencia y en el área de problematicidad de la Salud Indígena.
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"Futuro roubado" : banalização da injustiça e do sofrimento social e ambiental na construção de hidrelétricas

Giongo, Carmem Regina January 2017 (has links)
Implantadas sob a prerrogativa do desenvolvimento e da produção de energia limpa, as hidrelétricas têm se apropriado de vastos territórios rurais e indígenas, em que as comunidades atingidas são tidas como empecilhos do progresso. Diante disso e tomando-se como foco a hidrelétrica de Itá, localizada no sul do Brasil, o objetivo central desta investigação foi analisar a construção social da banalização da injustiça e do sofrimento vivenciado pelas populações atingidas pela construção de hidrelétricas e as interfaces deste processo com os modos de vida e de trabalho desses sujeitos. O estudo, de cunho qualitativo, fundamentou-se na pesquisa participante. A coleta de dados iniciou em fevereiro de 2016 e foi concluída em dezembro do mesmo ano. Foram entrevistadas 43 pessoas atingidas pela construção da barragem de Itá e realizadas análises documentais da legislação vigente, dos estudos ambientais e dos materiais publicitários da hidrelétrica investigada. Os dados obtidos foram submetidos à análise temática. No decorrer da pesquisa, foi desenvolvido o documentário Atingidos Somos Nós, que se apresentou como importante estratégia de intervenção e sensibilização política e social frente à temática investigada. Os resultados da pesquisa apontaram que, no caso da hidrelétrica de Itá, após 17 anos do enchimento do reservatório, a população investigada encontra-se abandonada e não tem minimamente seus direitos básicos garantidos. Aspectos como a morte do rio, a extinção do trabalho rural, os prejuízos no acesso à água potável, à energia, aos meios de transporte, à infraestrutura, à saúde, à educação, ao lazer e ao trabalho, a falta de apoio, de reconhecimento e de visibilidade política e social geram um intenso processo de sofrimento, que se apresenta através do desânimo coletivo, da tristeza, da solidão, do medo, da insegurança e da perda da identidade. Essas vivências mostraram-se diretamente atreladas à depressão, ao suicídio e ao estabelecimento de mortes súbitas. Concluiu-se que, sob a égide do capital, o processo de banalização da injustiça na construção de hidrelétricas está atrelado ao modelo de desenvolvimento vigente, no qual imperam a omissão da legislação, a fragilidade dos estudos ambientais e a construção de uma história oficial que exclui a perspectiva dos atingidos. Esse processo gera o sofrimento social e ambiental, levando à destituição dos modos de vida tradicionais e à própria morte dos atingidos. Diante disso, o Estado apresenta-se, historicamente, como cúmplice e legitimador da degradação e do descarte dessas populações, a partir da permissividade legal e da intensificação de programas e de políticas desenvolvimentistas que priorizam o fator econômico em detrimento da proteção social e ambiental tornados estratégias encobridoras da injustiça e da banalização desse processo. / While being built under the prerogative of development and clean energy production, the hydroelectric plants have been appropriating vast rural and indigenous areas, in which the affected communities are considered as obstacles to progress. Taking this into account and focusing on the hydroelectric plant of Ita, located in southern Brazil, the main objective of this research was to analyze the social construction of the banalization of injustice and suffering experienced by the people who are affected by the construction of hydroelectric plants and the relation between this process and the way of living and working of these individuals. The study, which had a qualitative approach, was based on participant research. Data collection began in February 2016 and was completed in December 2016. Forty-three people affected by the construction of the hydroelectric plant of Ita were interviewed and documents about current laws, environmental studies and advertising materials of the investigated hydroelectric plant were analysed. Data were submitted to thematic analysis. While the research was being performed, a documentary called “Atingidos Somos Nós” was developed, which turned out to be an important strategy of political and social intervention and awareness considering the researched topic. The results indicate that, in the case of the hydroelectric plant of Itá, even after 17 years of reservoir filling, the researched population is still abandoned and has no minimum guaranteed of their basic rights. Aspects such as the death of the river, the extinction of rural labor, the impairment on the access to potable water, energy, means of transportation, infrastructure, health, education, leisure and work, the lack of support, recognition and political and social visibility lead to an intense suffering process, which can be seen through the collective discouragement, sadness, loneliness, fear, insecurity and identity loss. These experiences were directly linked to depression, suicide and sudden deaths. It is noticed, under the aegis of capital, that the process of trivializing injustice in order to build hydroelectric plants is related to the current model of development, in which the omission of legislation, the fragility of studies about the environment, and the creation of an official story that excludes the perspective of those affected dominates. This process causes social and environmental suffering, leading to the destruction of traditional ways of life and death of those who are affected. On the situation, the State historically presents itself as an accomplice and legitimator of the degradation and rejection of these populations, through legal permissiveness and intensification of development programs and policies that prioritize the economic factor to the detriment of social and environmental protection which have become strategies to hide the injustice and the trivialization of this process. / Implantadas bajo la prerrogativa del desarrollo y de la producción de energía limpia, las hidroeléctricas se han apropiado de amplios territorios rurales e indígenas, en los cuales las comunidades afectadas son vistas como un obstáculo al progreso. Con esto y teniendo como eje central la hidroeléctrica de Itá, ubicada en el sur de Brasil, el propósito de esta investigación ha sido analizar la construcción social de la banalización de la injusticia y del sufrimiento vivenciado por las poblaciones afectadas por la construcción de hidroeléctricas y las relaciones de este proceso con las formas de vida y de trabajo de dichas personas. El estudio, de tipo cualitativo, se ha fundamentado en la investigación participativa. La recolección de datos empezó en febrero de 2016 y finalizó en diciembre del mismo año. Se han entrevistado a 43 personas afectadas por la construcción de la represa de Itá y se han realizado los análisis documentales de la legislación vigente, de los estudios ambientales y de los materiales publicitarios de la hidroeléctrica investigada. Los datos obtenidos fueron sometidos a un análisis temático. En el desarrollo de la investigación, ha sido producido el documental “Atingidos Somos Nós”, que se ha presentado como una importante estrategia de intervención y sensibilización política y social frente a la temática investigada. Los resultados de la investigación han demostrado que, en el caso de la hidroeléctrica de Itá, tras 12 años de existencia, la población investigada se encuentra abandonada y no tiene sus derechos básicos garantizados. Aspectos como la muerte del río, la extinción del trabajo rural, los perjuicios en el acceso al agua potable, a la energía, a los medios de transporte, a la infraestructura, a la salud, a la educación, al ocio y al trabajo, la falta de apoyo, de reconocimiento y de visibilidad política y social han producido un intenso proceso de sufrimiento, que se presenta a través del desánimo colectivo, de la tristeza, de la soledad, del miedo, de la inseguridad y de la pérdida de identidad. Esas vivencias se han mostrado directamente relacionadas a la depresión, al suicidio y al surgimiento de muertes súbitas. Se concluye que, bajo la protección del capital, el proceso de banalización de la injusticia en la construcción de hidroeléctricas está subordinado al modelo de desarrollo vigente, en el cual imperan la omisión de la legislación, la fragilidad de los estudios ambientales y la construcción de una historia oficial que excluye la perspectiva de los afectados. Ese proceso genera el sufrimiento social y ambiental, ocasionando la destitución de las formas de vida tradicionales e, incluso, la propia muerte de los afectados. En definitiva, el Estado se presenta, históricamente, como cómplice y legitimador de la degradación y de la desconsideración de estas poblaciones, a partir de la permisividad legal y de la intensificación de programas y de políticas desarrollistas que priorizan el factor económico en detrimento de la protección social y ambiental transformado en estrategia encubridora de la injusticia y de la banalización de ese proceso.
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"Futuro roubado" : banalização da injustiça e do sofrimento social e ambiental na construção de hidrelétricas

Giongo, Carmem Regina January 2017 (has links)
Implantadas sob a prerrogativa do desenvolvimento e da produção de energia limpa, as hidrelétricas têm se apropriado de vastos territórios rurais e indígenas, em que as comunidades atingidas são tidas como empecilhos do progresso. Diante disso e tomando-se como foco a hidrelétrica de Itá, localizada no sul do Brasil, o objetivo central desta investigação foi analisar a construção social da banalização da injustiça e do sofrimento vivenciado pelas populações atingidas pela construção de hidrelétricas e as interfaces deste processo com os modos de vida e de trabalho desses sujeitos. O estudo, de cunho qualitativo, fundamentou-se na pesquisa participante. A coleta de dados iniciou em fevereiro de 2016 e foi concluída em dezembro do mesmo ano. Foram entrevistadas 43 pessoas atingidas pela construção da barragem de Itá e realizadas análises documentais da legislação vigente, dos estudos ambientais e dos materiais publicitários da hidrelétrica investigada. Os dados obtidos foram submetidos à análise temática. No decorrer da pesquisa, foi desenvolvido o documentário Atingidos Somos Nós, que se apresentou como importante estratégia de intervenção e sensibilização política e social frente à temática investigada. Os resultados da pesquisa apontaram que, no caso da hidrelétrica de Itá, após 17 anos do enchimento do reservatório, a população investigada encontra-se abandonada e não tem minimamente seus direitos básicos garantidos. Aspectos como a morte do rio, a extinção do trabalho rural, os prejuízos no acesso à água potável, à energia, aos meios de transporte, à infraestrutura, à saúde, à educação, ao lazer e ao trabalho, a falta de apoio, de reconhecimento e de visibilidade política e social geram um intenso processo de sofrimento, que se apresenta através do desânimo coletivo, da tristeza, da solidão, do medo, da insegurança e da perda da identidade. Essas vivências mostraram-se diretamente atreladas à depressão, ao suicídio e ao estabelecimento de mortes súbitas. Concluiu-se que, sob a égide do capital, o processo de banalização da injustiça na construção de hidrelétricas está atrelado ao modelo de desenvolvimento vigente, no qual imperam a omissão da legislação, a fragilidade dos estudos ambientais e a construção de uma história oficial que exclui a perspectiva dos atingidos. Esse processo gera o sofrimento social e ambiental, levando à destituição dos modos de vida tradicionais e à própria morte dos atingidos. Diante disso, o Estado apresenta-se, historicamente, como cúmplice e legitimador da degradação e do descarte dessas populações, a partir da permissividade legal e da intensificação de programas e de políticas desenvolvimentistas que priorizam o fator econômico em detrimento da proteção social e ambiental tornados estratégias encobridoras da injustiça e da banalização desse processo. / While being built under the prerogative of development and clean energy production, the hydroelectric plants have been appropriating vast rural and indigenous areas, in which the affected communities are considered as obstacles to progress. Taking this into account and focusing on the hydroelectric plant of Ita, located in southern Brazil, the main objective of this research was to analyze the social construction of the banalization of injustice and suffering experienced by the people who are affected by the construction of hydroelectric plants and the relation between this process and the way of living and working of these individuals. The study, which had a qualitative approach, was based on participant research. Data collection began in February 2016 and was completed in December 2016. Forty-three people affected by the construction of the hydroelectric plant of Ita were interviewed and documents about current laws, environmental studies and advertising materials of the investigated hydroelectric plant were analysed. Data were submitted to thematic analysis. While the research was being performed, a documentary called “Atingidos Somos Nós” was developed, which turned out to be an important strategy of political and social intervention and awareness considering the researched topic. The results indicate that, in the case of the hydroelectric plant of Itá, even after 17 years of reservoir filling, the researched population is still abandoned and has no minimum guaranteed of their basic rights. Aspects such as the death of the river, the extinction of rural labor, the impairment on the access to potable water, energy, means of transportation, infrastructure, health, education, leisure and work, the lack of support, recognition and political and social visibility lead to an intense suffering process, which can be seen through the collective discouragement, sadness, loneliness, fear, insecurity and identity loss. These experiences were directly linked to depression, suicide and sudden deaths. It is noticed, under the aegis of capital, that the process of trivializing injustice in order to build hydroelectric plants is related to the current model of development, in which the omission of legislation, the fragility of studies about the environment, and the creation of an official story that excludes the perspective of those affected dominates. This process causes social and environmental suffering, leading to the destruction of traditional ways of life and death of those who are affected. On the situation, the State historically presents itself as an accomplice and legitimator of the degradation and rejection of these populations, through legal permissiveness and intensification of development programs and policies that prioritize the economic factor to the detriment of social and environmental protection which have become strategies to hide the injustice and the trivialization of this process. / Implantadas bajo la prerrogativa del desarrollo y de la producción de energía limpia, las hidroeléctricas se han apropiado de amplios territorios rurales e indígenas, en los cuales las comunidades afectadas son vistas como un obstáculo al progreso. Con esto y teniendo como eje central la hidroeléctrica de Itá, ubicada en el sur de Brasil, el propósito de esta investigación ha sido analizar la construcción social de la banalización de la injusticia y del sufrimiento vivenciado por las poblaciones afectadas por la construcción de hidroeléctricas y las relaciones de este proceso con las formas de vida y de trabajo de dichas personas. El estudio, de tipo cualitativo, se ha fundamentado en la investigación participativa. La recolección de datos empezó en febrero de 2016 y finalizó en diciembre del mismo año. Se han entrevistado a 43 personas afectadas por la construcción de la represa de Itá y se han realizado los análisis documentales de la legislación vigente, de los estudios ambientales y de los materiales publicitarios de la hidroeléctrica investigada. Los datos obtenidos fueron sometidos a un análisis temático. En el desarrollo de la investigación, ha sido producido el documental “Atingidos Somos Nós”, que se ha presentado como una importante estrategia de intervención y sensibilización política y social frente a la temática investigada. Los resultados de la investigación han demostrado que, en el caso de la hidroeléctrica de Itá, tras 12 años de existencia, la población investigada se encuentra abandonada y no tiene sus derechos básicos garantizados. Aspectos como la muerte del río, la extinción del trabajo rural, los perjuicios en el acceso al agua potable, a la energía, a los medios de transporte, a la infraestructura, a la salud, a la educación, al ocio y al trabajo, la falta de apoyo, de reconocimiento y de visibilidad política y social han producido un intenso proceso de sufrimiento, que se presenta a través del desánimo colectivo, de la tristeza, de la soledad, del miedo, de la inseguridad y de la pérdida de identidad. Esas vivencias se han mostrado directamente relacionadas a la depresión, al suicidio y al surgimiento de muertes súbitas. Se concluye que, bajo la protección del capital, el proceso de banalización de la injusticia en la construcción de hidroeléctricas está subordinado al modelo de desarrollo vigente, en el cual imperan la omisión de la legislación, la fragilidad de los estudios ambientales y la construcción de una historia oficial que excluye la perspectiva de los afectados. Ese proceso genera el sufrimiento social y ambiental, ocasionando la destitución de las formas de vida tradicionales e, incluso, la propia muerte de los afectados. En definitiva, el Estado se presenta, históricamente, como cómplice y legitimador de la degradación y de la desconsideración de estas poblaciones, a partir de la permisividad legal y de la intensificación de programas y de políticas desarrollistas que priorizan el factor económico en detrimento de la protección social y ambiental transformado en estrategia encubridora de la injusticia y de la banalización de ese proceso.

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