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A noção de saúde suplementar no Brasil: uma leitura apoiada na teorização lacaniana dos discursosSantana, Ana Flavia de Souza 20 February 2018 (has links)
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Tese defendida_Ana Flavia_FICHA.pdf: 925006 bytes, checksum: e7517f784e402eea31bd6dc2f82bd2bd (MD5) / CAPES / A chamada saúde suplementar no Brasil tem tido crescimento significativo e constitui hoje uma política de saúde oficial, naturalizada e considerada necessária à assistência à saúde no país. Este trabalho propõe, a partir de uma leitura psicanalítica, problematizar essa naturalização, bem como explorar os efeitos da incidência da atenção privada na saúde pública sobre o sujeito contemporâneo. A história das transformações nos modelos do Estado brasileiro e das mudanças nas políticas de saúde indicam complexas relações entre público e privado, sendo a “saúde suplementar” um exemplo privilegiado de objetosuplência, produto da coabitação do discurso capitalista neoliberal e do discurso da ciência. Ademais, a chamada saúde suplementar se configura como um dispositivo biopolítico, que reproduz o modelo biomédico. Apresentada sob a forma de artigos interdependentes, a tese tem como objetivo analisar, sob a ótica da teorização dos discursos proposta por Jaques Lacan, as lógicas discursivas que fundamentam a ideia de uma “saúde suplementar”, quais sejam: o discurso capitalista neoliberal e o da ciência, relacionando-as à questão da responsabilidade do sujeito para com seu gozo. Para tanto, alguns objetivos específicos foram traçados: propor variantes dos matemas de Lacan, no que concerne ao objeto saúde suplementar; examinar mudanças nos modelos do Estado brasileiro e consequentes transformações nas políticas de saúde no Brasil; identificar elementos de reprodução do discurso científico e do biopoder que colocam o sujeito em posição de objeto; e, finalmente, discutir como o objeto de mercado “saúde suplementar” é sustentado por uma política que desresponsabiliza o sujeito na sua singular relação com o gozo. Um dos principais achados desta investigação aponta para um paradoxo. No Brasil, a chamada saúde suplementar se constitui oficialmente como complementar ao SUS. Um deslizamento significante leva o setor privado, proposto como complementar à política pública de saúde, tornar-se suplementar. Assim, fabricam objetos-falsos por adquirirem condição de suplência ao imaginariamente prometer tamponar a falta fundamental, e de suplemento quando oferecem possibilidades também imaginárias de satisfação, e que, por isso mesmo não dão conta de responder ao gozo, sempre fracassado. Assim, se por um lado o SUS traz uma concepção de universalização, prometendo-se capaz de garantir acesso a bens e serviços que assegurem a saúde da população de forma equitativa e integral, por outro, promove grande expansão de serviços privados de saúde, mais especificamente, uma expansão de objetos-suplência, com a comercialização de planos de saúde privados em larga escala. / Ce que l’on appelle santé supplémentaire au Brésil a connu un essor significatif et constitue aujourd’hui une politique de santé officielle, naturalisée et considérée nécessaire à l’assistance santé dans le pays. Ce travail se propose, à partir d’une lecture psychanalytique, de problématiser cette naturalisation, tout en explorant les effets de l’insidence de l’attention privée sur la santé publique et son impact sur le sujet contemporain. L’histoire des transformations dans les modèles de l’État brésilien et des changements dans les politiques de santé pointent vers de complexes relations entre le public et le privé. Dans ce contexte, la « santé supplémentair » est un exemple privilégié d’objet-suppléance, produit de la cohabitation du discours capitaliste néolibéral et du discours de la science. De plus, la dite santé supplémentaire se configure comme un dispositif biopolitique qui reproduit le modèle biomédical. Présentée sous la forme d’articles indépendants, cette thèse a pour objectif d’analyser, à partir de la théorisation des discours proposée par Jacques Lacan, les logiques discursives qui fondent l’idée d’une « santé supplémentair », à savoir : le discours capitaliste néolibéral et celui de la science, mis en relation avec la question de la responsabilité du sujet sur sa jouissance. Pour ce faire, quelques objectifs spécifiques ont été établis : proposer des variantes aux mathèmes de Lacan en ce qui concerne l’objet santé supplémentaire ; examiner les changements dans les modèles de l’État brésilien et les conséquentes transformations dans les politiques de santé au Brésil ; identifier des éléments de reproduction du discours scientifique et du biopouvoir qui mettent le sujet en position d’objet ; et, pour en finir, discuter comment le produit de marché « santé supplémentair » est soutenu par une politique qui déresponsabilise le sujet dans sa singulière relation avec la jouissance. Une des principales trouvailles de cette investigation pointe vers un paradoxe. Au Brésil, la dite santé supplémentaire se constitue officiellement comme complémentaire au SUS. Un glissement de sens mène le secteur privé, proposé comme complémentaire à la politique publique de santé, à devenir supplémentaire. Ainsi, on fabrique de faux-objets en ce qu’ils acquièrent condition de suppléance lorsqu’ils promettent imaginairement de combler le manque fondamental, et de supplément lorsqu’ils offrent des possibilités tout aussi imaginaires de satisfaction, et qui, pour cette raison même, ne parviennent pas à répondre à la jouissance, toujours échouée. De cette façon, si d’un côté le SUS porte une conception d’universalisation, se voulant capable de garantir l’accès aux biens et services qui assurent la santé de la population de manière équitable et intégrale, d’un autre côté, il promeut une grande expansion de services privés de santé, plus spécifiquement, une expansion d’objet-suppléance, avec la commercialisation de plans de santé privés à grande échelle.
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Loucos pela escola. O discurso do analista e a invenção de uma escola em movimentoAlmeida, Rita de Cássia de Araújo 19 February 2009 (has links)
Submitted by Renata Lopes (renatasil82@gmail.com) on 2017-03-22T12:23:48Z
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Previous issue date: 2009-02-19 / Esta dissertação começa com a discussão de duas propostas político-filosóficas bastante atuais. Uma trata do desmonte dos manicômios como aparato de agenciamento social da loucura – a Reforma Psiquiátrica Brasileira – e a invenção de uma nova proposta institucional balizada pelos CAPS; outra trata das propostas que viabilizam uma maior abertura da escola para as diferenças – as Políticas de Educação Inclusiva. Se os muros do hospício desmoronam e as portas da escola se abrem, então a escola se vê diante da oportunidade de acolher a diferença da loucura e de se deixar interpelar por essa experiência. Mas como pensar uma escola que perceba tal experiência como enriquecedora para o processo educativo e não como um peso a mais ou alguma coisa que precise ser apenas tolerada? Para tratar dessa questão teremos a psicanálise como parceira. Faremos uso de seu arcabouço teórico, de seu estilo – que permite entrelaçar a teoria com recortes de experiência – e principalmente, de sua posição discursiva, para inventar o que pretende ser a nossa contribuição: uma escola em movimento. O malestar dos laços sociais, discutido por Freud, retorna na teoria dos discursos de Lacan que os concebe como formas de fazer laços, laços que, como veremos, sempre remetem a um impossível, a alguma espécie de fracasso. O discurso do mestre, o discurso da histérica, o discurso universitário, o discurso do analista e o discurso capitalista, são discursos presentes em todas as instituições inventadas pelo homem, incluindo a escola. Nossa aposta é a de que o discurso do analista, e sua intenção de promover o fracasso a agente do discurso, seja capaz de promover um dinamismo interessante no movimento discursivo da escola, fazendo dela um lugar mais aberto às diferenças, a isso que desmonta e desconstrói o instituído. Uma escola em movimento é uma escola interpelada pela loucura e atravessada pelo discurso do analista, sendo assim, não pretende ser a solução dos mal-estares da educação, muito pelo contrário, sua inovação está exatamente em não ter a pretensão se livrar de tais mal-estares, mas sim transformá-los em motor e energia para o processo educativo. / This dissertation begins with the discussion of two up-to-date politicalphilosophic propositions. One of them is concerned with the disassembly of the phrenocomiuns, while locus of social madness agency – the Brazilian Psychiatry Reform – and the invention of a new institutional proposition, asserted by the CAPS. The other one are the propositions that leads to a broad aperture in the school for the difference – the Policies of Inclusive Education. If the walls of the hospice collapses and the school doors open, then the school sees itself in front of the opportunity to receive all the madness variance and be acquainted for such a task. But how do we think about a school that receive this enriching knowledge for education and not as a burden from the bare tolerance, and nothing more. To deal with that question we should use the psichoanalysis as a partner. It’s theoretical structure, it’s style – that allow us intertwine the theory with clippings of experience – and mainly, of its sweating discursive position, about to invent what we do have in mind to show: a school in movement. The uneasiness of the social ties, discoursed by Freud, return in theory in the speeches of Lacan, as he conceives the ways to do ties, ties that always refers to the impossible, a kind of failure. The master's speech, the histeria's speech, the universitary’s speech, the analyst's speech, and still, the capitalist's speech, speeches presents at every human institution, includes the school. Our proposition is: the analyst's speech, and it’s goal to promote the failure as the instrument of the speech, may avail a very interesting move in the speech that came from the school, building a place each time more and more wideopened to the human diversity, this is what really joint and, des-construct the established. A moving school its’ one questioned by the madness and crossed by the psychoanalyst speech, and so, do not intend to be the solution of the educational uneasiness, nevertheless, its innovation is exactly to afford such a discomfort, changing it, to the drive, the energy of the educational process.
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