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Violência contra a mulher: uma análise do caso brasileiro / Violence against women: an analysis of the Brazilian experienceBruna Pugialli da Silva Borges 26 September 2014 (has links)
A violência contra a mulher constitui um grave problema nacional, apesar do esforço feito pelo governo brasileiro na última década no enfrentamento a esse tipo de violência. A introdução da Lei Maria da Penha, em 2006, representou uma grande mudança na proteção legal nos casos de violência doméstica. Todavia, o cumprimento pleno da referida lei está condicionado à existência dos Serviços Especializados de Atendimento à Mulher, tais como juizados especializados, delegacias de mulheres, casas - abrigo, etc., e a abrangência desses serviços nos municípios brasileiros ainda é limitada. Utilizando um painel de municípios, o objetivo da dissertação é avaliar se os municípios onde há Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher apresentaram uma queda nos casos de violência contra a mulher, supondo que essas cidades tiveram melhor aplicação da Lei Maria da Penha. A distribuição municipal dos juizados especializados é obtida através da Pesquisa de Informações Básicas Municipais de 2009, do IBGE. A medida de violência contra a mulher utilizada é o número de internações femininas cuja causa é a agressão, cuja base de dados é Sistema de Informações Hospitalares do Ministério da Saúde. A metodologia utilizada na investigação dos efeitos causais da Lei Maria da Penha é o estimador de diferenças - em - diferenças com Propensity Score Matching. Os resultados sugerem uma queda na violência contra a mulher em municípios onde os juizados foram implementados. Além disso, os resultados indicam que o efeito dos juizados sobre a violência é potencializado na presença de outros serviços de apoio às mulheres vitimadas. Conclui-se que uma maior disseminação dos JVDFM, aliada a uma expansão dos demais serviços da malha de assistência às mulheres vitimadas, aumentará a eficácia da Lei Maria da Penha, ajudando o Brasil a evoluir no combate à violência contra a mulher. / Violence against women is a serious national problem, despite all the efforts made by the Brazilian Government in the last decade to confront this type of violence. The enactment of Maria da Penha Law, in 2006, represented a major breakthrough in legal protection in cases of domestic violence. However, the thorough implementation of the law is subject to the existence of Specialized Support Services to Women, such as specialized courts and police stations, shelters, etc., and the scope of these services in municipalities is still limited. Using a panel of municipalities, the aim of this work is to evaluate whether the municipalities where there are Courts of Domestic and Familiar Violence Against Women presented a drop in violence against women, assuming that these cities had a better enforcement of the Maria da Penha Law. Municipal distribution of specialized courts is obtained through the Survey of Basic Municipal Information 2009, from IBGE. To measure violence against women, we used the number of women\'s hospitalizations whose cause is aggression, gathered from the Ministry of Health, through the System of Hospital Information. The methodology used in the investigation of the causal effects of the Maria da Penha Law is the differences-in-differences estimator with Propensity Score Matching. The results suggest a decrease in violence against women in municipalities where the courts were implemented. Furthermore, the results indicate that the effect of the courts on violence is potentiated in the presence of other support services to battered women. We conclude that a greater dissemination of specialized courts, combined with an expansion of other support services to battered women, will increase the effectiveness of the Maria da Penha Law, helping Brazil to advance in combating violence against women.
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A violência por parceiro íntimo e sua interface com a saúde reprodutiva da mulher / Intimate partner violence and its interface with the woman\'s reproductive healthThaís Helena Devitto Meira 11 December 2013 (has links)
Ao se realizar uma interface entre a violência por parceiro íntimo (VPI) e suas relações para com a saúde da mulher, nota-se que as situações de violência tanto física como a sexual e psicológica afetam claramente a saúde sexual e reprodutiva, com impactos importantes. O presente estudo tem por objetivos: analisar aspectos da saúde reprodutiva das gestantes que estão associados à situação de VPI, durante a presente gestação; e identificar a prevalência de casos de VPI e classificar quanto ao tipo e momento da ocorrência. Trata-se de um estudo descritivo, do tipo transversal, desenvolvido com gestantes em acompanhamento de pré-natal no CRSM-MATER, uma maternidade de baixo risco na cidade de Ribeirão Preto-SP. A coleta de dados foi realizada através da aplicação de dois instrumentos, um para investigação da ocorrência da violência e outro para identificação de dados sociodemográficos e de saúde reprodutiva. Para verificar a associação entre as variáveis qualitativas, os dados foram submetidos ao Teste Exato de Fisher. Além disso, a quantificação desta associação foi mensurada por meio de modelos de regressão logística onde se calculou o Odds Ratio bruto (ORb) com seus respectivos intervalos de confiança de 95%. Todas as análises estatísticas foram realizadas com a utilização do software estatístico SAS® 9.0. A amostra constitui-se por 233 gestantes que passaram por consulta de pré-natal, no período de maio a dezembro de 2012. A ocorrência de VPI alguma vez na vida foi relatada por 55,36% das mulheres, enquanto, no período gestacional, verificou-se uma prevalência de 15,45% de violência geral, sendo 5,15% de violência física, 14,59% de violência psicológica e 0,43% de violência sexual. Observou-se associação entre a VPI e as mulheres que se autorreferiram de cor preta ou parda (p= 0,0052; ORb=3,344; IC 95%: 1,399; 7,997) e que não estavam em um relacionamento com seus companheiros, no período da entrevista (p= 0,0348; ORb =3,840; IC 95%:1,376; 10, 717). Nota-se uma tendência à VPI entre as mulheres em idade mais jovem, com baixa escolaridade e que não exercem atividade remunerada. As características de saúde reprodutiva apontam associação entre a VPI e as mulheres que não desejaram a atual gestação (p= 0,0020; ORb = 4,351; IC 95%: 1,786; 10,602), que raramente frequentam a consulta ginecológica (p= 0,0129; ORb = 2,971; IC 95%: 1,116; 7,911) e que, ao longo da vida, fizeram uso de método contraceptivo do tipo comportamental (p = 0,0572; ORb = 2,372; IC 95%: 1,023; 5,496). O estudo é precursor no Brasil e revelou algumas relações da VPI e suas implicações na saúde reprodutiva. Assim, outros estudos se fazem necessários para se compreender mais amplamente esta relação, além de se direcionar o olhar para a identificação das mulheres em situação de violência, a fim de melhorar as condições de saúde das mesmas, em especial da saúde reprodutiva, repensando as ações interventivas, relacionando-as não somente aos serviços de saúde mas também a uma conjuntura intersetorial / On establishing an interface between intimate partner violence (IPV) and its connection with the woman\'s health, we see that situations of violence, whether physical, sexual or psychological, have a clear effect on sexual and reproductive health, with important types of impact. The present study has two main purposes: first, to analyse those aspects of the reproductive health of pregnant women that are linked to situations of IPV during the pregnancy; and secondly, identification of the prevalence of cases of IPV and classify them according to the type and the moment of the occurrence. This is a descriptive study of the transversal variety, applied to pregnant women who are having antenatal care at CRSM- MATER, a low-risk maternity unit in the city of Ribeirão Preto, State of São Paulo, Brazil. The collection of data was made by applying two different instruments, one for the investigation of the occurrence of violence and the other to identify the social and demographic data and also the data regarding reproductive health. To check the association between qualitative variables, the data were subjected to the Exact Fisher Test. In addition, the quantification of this association was measured using models of logistic regression with the calculation of the raw odds ratio (rOR) with their respective confidence intervals of 95%. All the statistical analyses were carried out with the use of the statistical software SAS® 9.0. The sample consisted of 233 pregnant women who had antenatal care between May and December 2012. The occurrence of IPV at least once in life was reported by 55.36% of the women considered, while during the pregnancy the general violence rate of 15.45%, with 5.15% of physical violence, 14.59% of psychological violence and 0.43% sexual violence. There was a connection between IPV and women who declared themselves as black or partially skin-melaninated (p=0.0052; rOR = 3.840; IC=05%: 1.399; 7.997) and those who were not in a relationship with their partners at the time of the interview (p=0.0348; rOR=3.840; IC 95%: 1.376; 10.717). We also see a greater trend towards the presence of IPV among women who are younger, with lower levels of schooling, and who were not in paid work. The characteristics of reproductive health show an association between IPV and women who did not want the current pregnancy (p=0.0020; rOR=4.351; IC 95%: 1.786; 10.602), who rarely attend appointments with the gynaecologist (p=0.0129; rOR=2.971; IC = 95%: 1.023; 5,496). The study is the first of its kind in Brazil and has shown some relations between IPV and its implications related to reproductive health; other studies are therefore necessary so we may understand this relationship from a wider perspective, and also so we may direct our studies to the identification of those women in a situation of violence, with a rethink of intervention actions, relating them not only to health services but also to an intersectorial underlying situation
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A permanente vitimização de mulheres: compreensão psicodinâmica a partir de um estudo de caso / The permanent victimization of women: psychodynamic understanding based on a case studyRaquel Brandão Martins de Araujo Younes 07 August 2014 (has links)
A violência contra as mulheres constitui um fenômeno social com dimensões múltiplas, que, apesar de ter ganhado visibilidade social há pouco, ocorre há muito tempo em todas as culturas, afetando a todas as idades e classes sociais, tendo tornado-se um problema também de saúde pública. A dominação de gênero impede que homens e mulheres pensem fora do esquema de dominação masculina, interpretando essa relação como natural. Existe um despreparo do profissional da saúde em lidar com as vítimas que recorrem ao seu serviço, que se deve possivelmente ao desconhecimento acerca de como proceder frente a esses casos e também se sabe que muitas vezes as intervenções são fracassadas por resistência das próprias mulheres. Neste trabalho, objetivou-se compreender a dificuldade das mulheres em situação de violência abandonarem as relações violentas em que se encontram por meio de um estudo de caso atendido com base no método psicanalítico. Como recurso teórico, lançamos mão da teoria da agressividade de Winnicott, que defende que os problemas de violência enfrentados pela sociedade devem-se à não integração da agressividade inata dos indivíduos. A partir da discussão clínico-teórica, objetivamos ainda, pensar nos impasses e dificuldades na atuação com mulheres que sofrem violência, como forma de contribuir com o preparo de profissionais da saúde que lidam com essas mulheres. Concluímos que a teoria de Winnicott sobre a agressividade contribui de forma substancial para a compreensão da permanente vitimização de mulheres ao revelar o lugar central que a agressividade ocupa na constituição dos seres humanos. Se esse elemento central não puder ser integrado como parte do indivíduo, ele trará graves problemas, sendo um deles, o assujeitamento constante à violência. Concluímos, ainda, que o profissional da saúde deve compreender essas mulheres como seres humanos com necessidades subjetivas e aguardar a oportunidade de elas alcançarem uma atitude construtiva para lhes mostrar a destrutividade e a agressividade humanas presentes nelas, oferencendolhes um novo modelo de vínculo. Essa é a única possibilidade que o ser humano tem de tolerar seus próprios aspectos destrutivos para Winnicott / Violence against women is a social phenomenon with multiple dimensions. Although it has gained social visibility in a short time, it has happened for a long time in all cultures, affecting all ages and social classes and it has become a public health issue. Gender domination doesn\'t allow men and women to think out of the male domination scheme, interpreting this relationship as natural. Besides, health professionals lack the skill of dealing with the victims that search for this service, which is possibly related to the ignorance of how to go along with these cases. It is also known that in many cases interventions fail in due to the women`s own resistance. The objective of this piece of work was, through a case study based on psychoanalytic method, to understand the difficulty of women living in violent situations so as to abandon the violent relationships, in which they are found. As theoretical resource, we used Winnicott\'s theory about aggressiveness, which defends that the problems concerning violence faced by society are the consequence of the non-integration of the individuals innate aggressiveness. Based on the clinical and theoretical discussion, we still aim to think of the difficulties of the work with women who suffer violence, as a form of contribution to the preparation of health professionals who deal with these women. We concluded that Winnicott\'s theory about aggressiveness helps to understand the permanent victimization of these women as it reveals central spot that aggressiveness occupies on human being constitution. If this central element cannot be integrated as part of the individual, it will bring serious problems, as the frequent subjection to violence. We still concluded that the health professional should comprehend these women as human beings with subjective needs and should wait for the opportunity for them to achieve a constructive attitude to show them the human destructiveness and aggressiveness present in themselves, offering them a new model of relationship. This is only possibility for the human being to tolerate its own destructive aspects, according to Winnicott
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Os psicólogos e a assistência a mulheres em situação de violência / Psychological assistance and violence against women.Heloisa Hanada 28 March 2008 (has links)
O presente estudo buscou identificar e analisar a inserção do psicólogo na assistência a mulheres em situação de violência, na rede de serviços específicos da região metropolitana de São Paulo. A partir da perspectiva da necessidade de ações multiprofissionais e intersetoriais no enfrentamento e atenção às situações de violência de gênero, estudou-se como a assistência psicológica é organizada em serviços de diversas vocações assistenciais e como suas ações são articuladas com outros profissionais e outros serviços. Para tanto, foram levantados documentos normativos para a assistência (Ministério da Saúde e Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres) e foram analisadas informações obtidas em entrevistas com profissionais de 109 serviços paulistas de diversas vocações assistenciais (policial, jurídico, saúde, psicossocial, abrigos, orientações básicas). Os psicólogos estavam presentes e foram solicitados em todos os tipos de serviços, com menor participação nos serviços policiais e jurídicos. Tiveram inserção tanto na capacitação e supervisão dos profissionais em geral, como no atendimento direto à clientela dos serviços. Na assistência, notou-se grande diversidade de práticas - atividades clínicas, educativas, de orientação, mediação jurídica, sendo freqüente o ajustamento destas intervenções aos objetivos e cultura hierárquica de cada categoria de serviço. No geral, os psicólogos eram chamados para atuar no fortalecimento da auto-estima, retomada da vida sexual, reestruturação da vida, elaboração da situação de violência, elaboração e saída da condição de vitimização, promoção de autonomia e busca de transformação dos padrões de relacionamento familiar/ conjugal ou de gênero. Esses objetivos estavam postos para as equipes dos serviços em geral, especialmente o primeiro. Na formulação dos objetivos dos serviços e do formato das atividades propostas percebeu-se influência de concepções e propostas assistenciais do movimento de mulheres. Observou-se que nem sempre havia distinção clara entre o trabalho do psicólogo e de outros profissionais, principalmente com relação ao trabalho do assistente social, resultando em indefinição de funções e ações. Esta indefinição poderia representar dificuldades no diálogo entre profissionais e entre serviços e na articulação de ações multiprofissional, o que comprometeria a atenção integral às mulheres em situação de violência. Por outro lado, essa indefinição pareceu possibilitar inovações na prática assistencial. Observou-se também que a articulação multiprofissional foi buscada, em geral, no interior das equipes dos próprios serviços, mas em alguns os profissionais buscaram a complementariedade de suas ações pela articulação com serviços de outras vocações assistenciais. Levantou-se a necessidade de melhores definições sobre a assistência psicológica voltada para mulheres em situação de violência, em relação ao trabalho especifico do psicólogo na rede especializada e na rede geral de atenção de São Paulo. / The aim of the present investigation was to identify and analyse the insertion of psychologists working in the network of services for assisting women experiencing violence in the metropolitan region of Sao Paulo. The organization of psychological assistance in diverse assistance vocations and the integration of psychologists in work teams and in other services were studied from the perspective of women\'s needs, and multi-professional and intersectoral actions in facing the situations and providing care for gender-based violence. For that, normative documents on violence care were researched (Ministry of Health and Department of Special Policy for Women) and data from interviews with professionals working in 109 services with diverse assistance vocations in Sao Paulo (police, justice, health, psychosocial assistance, shelters, basic assistance) were analysed. Psychologists are present and their work is requested in all types of services, but with less participation in police and justice facilities. They work in the training and supervision of other professionals, as well as directly assisting the public. A great diversity of practices was observed in the assistance - clinical, educational, orientation and judicial mediation activities - with frequent adjustment of these interventions to the objectives and hierarchical culture within each category of service. In general, psychologists are called to work in the strengthening of self-esteem, the resuming of sexual life, restructuring life itself, understanding of the situation of violence, working-out of and escape from the victim condition, promotion of autonomy and search for transformation in family/ intimate relationships or gender patterns. These objectives are put to the general teams working in the services, especially the first one. The influence of conceptions and proposals from the women\'s movement is perceived in the formulation of the services\' objectives and in the way the activities are developed. The distinction between the psychologists\' work and the work of other professionals is not always clear, especially regarding social work. This results in imprecise functions and actions, which may represent difficulties in the dialogue between professionals and services, and in the integration of multi-professional actions, potentially compromising integral care to women experiencing violence. On the other hand, this impreciseness opens up space for innovations in assistance practices. Multi-professional integration is, in general, also sought within work teams of each service, but in some of them the professionals search for complementarity in their actions and integration with services with different assistance vocations. There is a need for better definitions on the specific role of psychologists in the assistance of women experiencing violence, considering the specific network and the broader assistance network in Sao Paulo.
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Violência institucional em maternidades públicas: hostilidade ao invés de acolhimento como uma questão de gênero / Institutional Violence in State-run Maternity Facilities: hostility instead of care as a gender questionJanaina Marques de Aguiar 14 May 2010 (has links)
A violência institucional em maternidades é tema de estudo em diversos países. Pesquisas demonstram que além das dificuldades econômicas e estruturais, freqüentes nos serviços públicos, encontram-se, subjacentes aos maus tratos vividos pelas pacientes, aspectos sócio-culturais relacionados a uma prática discriminatória quanto a gênero, classe social e etnia. A hipótese deste trabalho é a de que a violência institucional em maternidades é, fundamentalmente, uma violência de gênero que, pautada por significados culturais estereotipados de desvalorização e submissão da mulher, a discrimina por sua condição de gênero e a toma como objeto das ações de outrem. Essa violência se expressa, de forma particular, no contexto da crise de confiança que a medicina tecnológica contemporânea engendra, com a fragilização dos vínculos e interações entre profissionais e paciente. O objetivo do estudo foi investigar como e porque a violência institucional acontece nas maternidades públicas no contexto brasileiro. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de corte qualitativo com 21 entrevistas semi-estruturadas com puérperas atendidas em maternidades públicas do município de São Paulo e 18 entrevistas com profissionais de saúde que atuam em diferentes maternidades, do mesmo município e adjacentes. A análise do material buscou relatos de violência institucional nos depoimentos e os valores e opiniões associados. Os dados revelaram que tanto as puérperas quanto os profissionais entrevistados reconhecem práticas discriminatórias e tratamento grosseiro no âmbito da assistência em maternidades públicas com tal frequência que se torna muitas vezes esperado pelas pacientes que sofram algum tipo de maltrato. Dificuldades estruturais, a formação pessoal e profissional, e a própria impunidade desses atos foram apontados como causas para a violência institucional. Os relatos também demonstraram uma banalização da violência institucional através de jargões de cunho moralista e discriminatório, usados como brincadeiras pelos profissionais; no uso de ameaças como forma de persuadir a paciente e na naturalização da dor do parto como preço a ser pago para se tornar mãe. Consideramos que a banalização da violência aponta para a banalização da injustiça e do sofrimento alheio como um fenômeno social que atinge a toda sociedade; para a fragilização dos vínculos de interação pessoal entre profissionais e pacientes e para a cristalização de estereótipos de classe e gênero que se refletem na assistência a essas pacientes, além de contribuir para a invisibilidade da violência como tema de reflexão e controle institucional / Institutional violence in maternity facilities is the subject of study in several countries. Researches show that besides economic and structural difficulties, which are frequent in state-run facilities, there are, underlying the abuse experienced by patients, socio-cultural aspects related to a discriminatory practice towards gender, social class and ethnicity. The hypothesis of this work is that institutional violence in maternity facilities is essentially a gender-based violence which, guided by stereotypical cultural meanings of devaluation and subjugation of woman, discriminates her by her gender condition and takes her as object of others actions. This violence is expressed particularly in the context of the confidence crisis that contemporaneous medical technology engenders, with the weakening of bonds and interactions between professionals and patient. The objective of this study was to investigate how and why the institutional violence occurs in state-run maternity facilities in the Brazilian context. The work was carried out through qualitative research with 21 semi-structured interviews with birthing women treated at state-run maternity facilities in city of São Paulo and 18 interviews with health professionals working in different facilities in São Paulo and adjacent cities. The analysis of the material sought reports of institutional violence in the statements of the people interviewed and the values and opinions associated to them. The data showed that both birthing women and professionals interviewed acknowledge discriminatory practices and rude treatment in the state-run maternity facilities to such a degree that it is often expected by patients to suffer some kind of mistreatment. Structural difficulties, personal and professional education, and even the impunity of such acts were identified as causes of institutional violence. The reports also showed a trivialization of institutional violence through the use of moralistic and discriminatory jargon, used in jokes by professionals; through the use of threats as a way to persuade the patient and through the idea of naturalization of labor pain as the price to be paid to become a mother. We believe that the trivialization of violence points to the trivialization of injustice and suffering of others as a social phenomenon that affects the whole society, to the weakening of the ties of personal interaction between professionals and patients and for the crystallization of stereotypes of class and gender that reflect in the care for these patients, besides contributing to the invisibility of violence as a theme for reflection and institutional control
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The interrelationships of violence - from the transnational to the domestic. Experiences of refugee women in Cape TownWanka, Ngwetoh Nchangmum January 2008 (has links)
Magister Artium (Medical Anthropology) - MA(Med Ant) / Although gender-based violence has been identified as highly problematic in South Africa, it has not been given much scholarly attention in relation to refugee women. This study focuses on the experience of some of these women who have resettled in Cape Town. The main focus is on gender-based violence and the linkages between conflicts at home, fleeing from it, as well as the problems faced by women when they reach the 'new' country where they are suppose to be safe, but yet continue to experience gender violence. By referring to my own empirical research I try to tease out the many instances of violence and abuse such women face, how they understand and try to make sense of it and how they try to take up their lives in Cape Town. I utilized the much used ecological framework to analyze gender-based violence and argue that, while this 'model' is dynamic and allows one to make analytical linkages across different 'levels' of violence, it nevertheless does not adequately provide for understanding the relationship between larger global and international processes, the connection that women may still have with their countries of origin and the impact of being a refugee or unwanted 'immigrant' in South Africa. Data was collected through in-depth interviews and participant observation. The participants were 25 and a descriptive analysis indicated that three quarter of the women have in one way or the other been abused by their husbands/partners. The findings also indicated that refugee/forced immigrant women just like any other woman
in South Africa do encounter gender-based violence but other factors beyond their control has exacerbated it’s occurrence amongst them. Thus, the findings were based on ethnographic research that analyzed how forced immigrant/refugee women talk about gender-based violence. / South Africa
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Female genital mutilation as a human rights issue : examining the law against female genital mutilation in TanzaniaYusuf, Camilla January 2012 (has links)
Magister Legum - LLM
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The Role of Gender-Related Constructs in the Tolerance of Dating Violence: A Multivariate AnalysisMacLean, Sarah January 2014 (has links)
Using a purposive sampling technique, this study employed an online questionnaire to assess the relationship between attitudes towards gender-related constructs (e.g. rape myth acceptance, shared power in relationships, the acceptability of dating violence and perceived seriousness of dating violence) and the tolerance of dating violence among undergraduate students in the Faculty of Social Science at the University of Ottawa. Linear regression models were conducted to identify the most salient predictors of the tolerance of dating violence. A general/combined model was examined as well as three subtype-specific models (e.g. psychological, physical and sexual dating violence). A total of seven predictor variables were entered into each model in three blocks: sociodemographic variables were entered first, followed by sex and then gender-related constructs (e.g. rape myth acceptance, power in relationships, the acceptability and seriousness of dating violence). The results identify a number of variables that are associated with the tolerance of dating violence scales and some that led to a decrease in scores on these scales. Findings suggest that the link between gender-related constructs and the tolerance of dating violence is complex and multidimensional and warrants further research to explain the variation observed.
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Manufacturing Urgency: Development Perspectives on Violence Against WomenMason, Corinne January 2013 (has links)
This dissertation investigates discourses of anti-violence strategies in the context of international development. While violence against women is, of course, an urgent problem, this dissertation explores how the urgency to end violence against women is socially, culturally, economically, and politically constructed. I consider the manufacturing of urgency in three case studies of contemporary anti-violence initiatives: i) American foreign policy including what has been branded as “The Hillary Doctrine” and proposed International Violence Against Women Act; ii) the World Bank’s report entitled The Cost of Violence; and iii) the United Nation’s UNiTE To End Violence Against Women and Say NO campaigns. In doing so, I argue that World Bank, the United Nations, and American foreign policies are too often technocratic, narrow, depoliticized, and are executed in an urgent manner in the interest of neoliberal economic growth, security concerns, and “feel good” aid at the expense of more holistic, effective and accountable responses to global violence against women.
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'Quem você pensa que é?' : subjetividades das mulheres do Centro de Referência de Atendimento à Mulher Situação de Violência de Bauru/SP face à aplicação da Lei Maria da Penha /Silva, Flávia Candido da. January 2016 (has links)
Orientador: Paulo Eduardo Teixeira / Banca: Lílian Henrique de Azevedo / Banca: Lídia Viana Possas / Resumo: Esta obra é uma investigação acerca da Lei Maria da Penha e as Políticas Públicas associadas ao enfrentamento da violência contra a mulher no Brasil. Tais políticas foram implantadas após múltiplas reivindicações de movimentos sociais e feministas. A pesquisa teve como foco o Centro de Referência de Atendimento à Mulher Vítima de Violência do município de Bauru, em duas frentes, quantitativa e qualitativa. Examinamos as fichas de atendimento desde a criação do Centro em 2010, e entrevistamos duas mulheres, uma que é atendida no Centro e uma funcionária que lá trabalha. Partindo destas narrativas seguimos em busca das razões culturais na formação identitária de homens e mulheres que expliquem a alta incidência de relacionamentos violentos. Por fim apresentamos o atual estágio das discussões no âmbito penal na busca de soluções que unam punição e prevenção de novas violências. / Abstract: This work is an investigation of the Maria da Penha Law and Public Policy associated with addressing violence against women in Brazil. Such policies were implemented after multiple claims of social and feminist movements. The research focused on the Customer Reference Center for Women Victims of Violence in the city of Bauru, on two fronts, quantitative and qualitative. We examined the medical records since the establishment of the Centre in 2010, and interviewed two women, one that is answered in the center and an employee who works there. From these narratives follow in search of cultural reasons in identity formation of men and women to explain the high incidence of violent relationships. Finally we present the current stage of discussions on criminal matters in the search for solutions that unite punishment and prevention of further violence. / Mestre
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