• Refine Query
  • Source
  • Publication year
  • to
  • Language
  • 100
  • Tagged with
  • 100
  • 93
  • 76
  • 25
  • 24
  • 24
  • 18
  • 16
  • 12
  • 12
  • 12
  • 12
  • 12
  • 10
  • 10
  • About
  • The Global ETD Search service is a free service for researchers to find electronic theses and dissertations. This service is provided by the Networked Digital Library of Theses and Dissertations.
    Our metadata is collected from universities around the world. If you manage a university/consortium/country archive and want to be added, details can be found on the NDLTD website.
91

Da instabilidade e dos afetos : pacificando relações, amansando outros : cosmopolítica guarani-mbyá (Lago Guaíba/RS-Brasil)

Machado, Maria Paula Prates January 2013 (has links)
Dans cette thèse, je propose d'envisager comment les Guarani-Mbyá donnent sens et établissent des relations avec leurs Autres. À partir du langage théorique de la prédation, qui trouve à s'exprimer chez les Mbyá dans une politique de refus du conflit, je focalise mon attention sur les couples mbyá/juruá (non-indigène), féminin/masculin, vivants/morts et, d'une façon générale, proie/prédateur, au sein d'une scène qui s'étend aux ouvertures et aux fermetures du « système du juruá ». L'instabilité de la relation entre vivants et morts se joue dans ñe'ë (principe vital) et ãngue (ombre, spectre) en passant par ete (corps), à l'interstice du risque et de la capture avérée, dans lequel résident les Autres. La propagation de la production de la différence entre morts et vivants implique la nécessité d'une distance qui ne nie pas pour autant l'intensité de la relation. Les mêmes réflexions s'appliquent au couple mbyá/juruá. Les seconds, pour être eux aussi des Autres distants, fragilisent le corps des premiers en raison de leur mode de vie, leur nourriture et leurs attitudes. Alors que la médiation avec les morts implique les chamans, ce sont ici les alliés juruá qui font office de médiateurs prédateurs entre les Mbyá et les Juruá en général. Quant à la relation des Mbyá avec leurs affins, celle-ci exige déjà une tentative de transformation qui fasse de ces Autres proches des sujets approchants, selon la limite d'un principe de négativité. Il ne s'agit pas de transformer cet Autre en égal, car celui-ci perdrait alors tout entier son statut d'autre. En m'inspirant de la thèse de plusieurs auteurs américanistes, je développe l'argument selon lequel la femme Mbyá est intrinsèquement constituée par deux beaux-frères, le premier étant son frère réel et le second son « frère » animal, de telle sorte qu'elle se trouve déjà être, en elle-même, proie. La prédation, dans cette configuration, s'inscrit dans une relation entre sexes opposés ; elle n'est plus ici réversible, car la différence entre les termes est relancée. Proie, la femme occupe une position défavorisée face aux hommes, étant objet, sans être sujet, d'une tension prédatrice. Je considère enfin les ja (maîtres) qui, comme les morts et les Juruá, ne sont pas affins mais ennemis dans toute leur puissance. Si chacun a son maître, si chacun a son « âme », le maître a fonction de sujet. Le ja est seulement maître face à l'Autre ; il n'est jamais maître de quelqu'un/quelque chose en soi. Envisagé ainsi en tant que personne/sujet du réseau de relations sociocosmologiques, le ja est également un médiateur du mode relationnel de la prédation. En conclusion, j'avance que les morts sont pour les Juruá ce que les ja sont pour les affins proches. Si les deux premiers doivent être le point distant du noeud relationnel, les deux derniers sont les proies vitales pour la constitution fondamentale de soi. Et entre ces deux extrêmes, les médiateurs nous suggèrent assumer une fonction paradoxale. Cette recherche est circonscrite à une région composée de plusieurs affluents du lac Guaíba, localisée à l'extrême sud du Brésil, dans laquelle j'ai réalisé des études ethnographiques ces dix dernières années. / Nesta tese proponho pensar como os Guarani-Mbyá significam e estabelecem relações com seus Outros. A partir do idioma teórico da predação, que parece encontrar seu lugar entre os Mbyá em uma política de recusa ao conflito, faço atenção aos pares mbyá/juruá (não indígenas), feminino/masculino, vivos/mortos e, de modo geral, presa/predador em um horizonte delineado em aberturas e fechamentos ao “sistema do juruá”. No que concerne à qualidade da relação entre vivos e mortos, a instabilidade se encontra em ñe’ë (principio vital) e ãngue (sombra, espectro) transpassada por ete (corpo), no interstício do risco e da captura de fato. A propagação da produção da diferença entre ambos inclui a necessidade da distância sem a negação de uma relação intensa. O mesmo ocorre no par mbyá/juruá, que por serem estes últimos também Outros distantes, enfraquecem o corpo dos primeiros em razão de seu modo de ser, por sua comida e suas atitudes. Se a mediação com os mortos passa pelos xamãs, com os Juruá em geral os mediadores predadores são os aliados juruá. Já a relação com Outros próximos, os afins, exige uma tentativa de transformação para que venham a ser como o sujeito que os aproxima, com um limite de negatividade. Não se quer transformar realmente esse Outro em igual, pois se perderia por inteiro sua outridade. Inspirada em alguns autores americanistas, sigo o argumento de que a mulher mbyá é intrinsecamente feita de dois cunhados: o primeiro trata-se de seu irmão real e o segundo de seu “irmão” animal, já que ela em si é uma presa. A predação, nessa direção, se inscreve em uma relação de sexos opostos; ela deixa de ser reversível, já que a diferença entre os termos é relançada. Assim como a presa, a mulher ocupa uma posição desfavorecida face aos homens, sendo objeto e não sujeito de uma tensão predatória. No que diz respeito aos ja (donos-mestres), que assim como os mortos e os Juruá não são afins mas inimigos em toda sua potência, tratam-se de um aspecto de pessoa/sujeito da rede de relações sociocosmológicas. Se tudo tem seu dono, tem sua “alma”, o dono tem função de eu. O ja só se torna dono diante de Outro e jamais diante daquilo que é intitulado dono. Ele também é um mediador do modo relacional da predação. Sendo assim, sugiro para fins de reflexão que os mortos estão para os Juruá assim como os ja estão para os afins próximos. Pois se os dois primeiros devem ser o ponto distante do laço relacional, os dois últimos são as presas vitais para a constituição primeira de si. E entre esses dois extremos, os mediadores indicam assumir função paradoxal. O cenário da presente pesquisa está circunscrito a uma dada região de arroios afluentes ao Lago Guaíba, localizada no extremo sul do Brasil e na qual nos últimos dez anos tenho me dedicado a desenvolver estudos de cunho etnográfico.
92

Tecnologias da informação e comunicação, sistemas de informação geográfica e a participação pública no planejamento urbano

Bugs, Geisa Tamara January 2014 (has links)
Esta pesquisa aborda o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), em especial a Internet, e dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG) para a participação pública no planejamento urbano. Mais especificamente, investiga-se a Participação Pública com Sistema de Informação Geográfica (PPSIG), uma alternativa através da qual o público participa produzindo mapas e/ou dados espaciais que representam a sua percepção do espaço urbano em questão. O trabalho parte do pressuposto de que novas abordagens metodológicas, que façam uso das TIC e dos SIG, tais como a PPSIG, podem aperfeiçoar os processos participativos, pois permitem a criação de técnicas mais interativas, emancipatórias e colaborativas, que encurtam os laços entre o público e os técnicos, bem como entre a sociedade e o governo. A pesquisa se justifica, pois apesar de legislações terem ampliado os canais de participação, as críticas permanecem, evidenciando que existe uma demanda por novas abordagens metodológicas. Ao mesmo tempo, trata-se de entender que novas ferramentas estão disponíveis e precisam ser assimiladas, e, principalmente, de como fazê-lo de maneira adequada. Ainda, faz-se necessário avaliar se a expectativa de que a PPSIG pode ampliar o envolvimento do público no planejamento urbano procede no contexto brasileiro. Assim, com o objetivo de expandir o conhecimento empírico sobre o método PPSIG, ele foi aplicado em dois casos, numa situação prática em Jaguarão (RS), e numa situação simulada sobre a Orla do Guaíba em Porto Alegre (RS), e avaliado do ponto de vista de três grupos de atores: população, técnicos/especialistas, e gestores públicos. Para tal, utilizou-se três diferentes métodos de coleta de dados: a ferramenta PPSIG propriamente dita, questionários e entrevistas. Os resultados sugerem, por exemplo, que há uma boa aceitação ao uso de ferramentas digitais, tais como a PPSIG, por parte da população, técnico/especialistas e gestores públicos. Mais, que o método PPSIG se distingue de outros métodos participativos, pois a percepção da população é coletada de forma automatizada e georreferenciada, o que possibilita que estes dados sejam analisados em conjunto com as demais camadas de informação necessárias ao planejamento urbano, facilitando, assim, a incorporação do conhecimento local no planejamento urbano já na fase propositiva. / This research addresses the use of Information Technology and Communication (ICT), especially the Internet, and of Geographic Information Systems (GIS) for public participation in urban planning. More specifically, it investigates the Public Participation Geographic Information Systems (PPGIS), an alternative through which the public participates by producing maps and/or spatial data that represents their perception of the urban space. It assumes that new methodological approaches, that make use of ICT and of GIS, such as PPGIS can improve participatory processes, enabling to create more interactive, collaborative and emancipatory techniques that shorten the ties between the public and technicians as well as between the society and the government. The research is justified, because although laws have expanded the channels of participation, criticism remains, showing that there is a demand for new methodological approaches. At the same time, it is about to understand that new tools are available and need to be assimilated, and especially of how to do it properly. Also, it is necessary to evaluate whether the expectation that PPGIS can broaden public involvement in urban planning is confirmed in the Brazilian context. Thus, in order to expand the empirical knowledge about the PPGIS method, it was applied in two cases, a practical situation in Jaguarão (RS), and a simulated situation on the Guaíba waterfront in Porto Alegre (RS), and evaluated from the point of view of three groups of actors: the public, technicians/specialists, and public managers. To do this, three different methods of data collection were applied: the PPGIS tool itself, questionnaires and interviews. The results show, for instance, that there is a good acceptance of digital tools usage, such as the PPGIS, by the population, technician/specialist and public managers. Moreover, that the GIS method distinguishes itself from other participatory methods, because it collects the population's perception in an automated and georeferenced way, which enables these data to be analyzed together with other layers of information necessary for urban planning, thereby facilitating local knowledge incorporation in urban planning since the propositional phase.
93

A arte kaigang na produção de objetos, corpos e pessoas : imagens de relações nos territórios das bacias do lago guaíba e rio dos sinos

Jaenisch, Damiana Bregalda January 2010 (has links)
Esta dissertação é pautada em trabalho de campo realizado junto aos Kaingang, grupo Jê Meridional, especialmente os que habitam aldeias localizadas nos territórios das bacias do Lago Guaíba e Rio dos Sinos. Trata das relações estabelecidas entre os Kaingang e os objetos por eles produzidos, sejam estes objetos utilitários, de comercialização, adornos corporais ou objetos em exposição em instituições de arte e museus. Os objetos de arte são tomados aqui como materializações das relações estabelecidas entre humanos e não-humanos. Propõe-se uma abordagem da arte que leve em conta a agência dos objetos sobre o cosmos, os corpos e pessoas kaingang e também as imagens imateriais, como sonhos, evocadas a partir de experiências de relações dos Kaingang com espíritos de humanos e nãohumanos. / This dissertation is based on fieldwork conducted among a group of indigenous Kaingang peoples, who inhabit the villages located in the regions surrounding Lake Guaíba and the Sinos River basins. The following discusses the relationship between the Kaingang and the various objects they produce, like tools, tradable items, body ornaments, and objects for display in art exhibitions or museums. The group’s unique art forms are taken as a materialization of the union between human and nonhuman entities. Also it proposes an approach to art that takes into account the agency of objects on the cosmos, the bodies, the Kaingang persons and also immaterial images, like dreams, evoked from experiences of Kaingang relations with humans and nonhuman spirits.
94

A arte kaigang na produção de objetos, corpos e pessoas : imagens de relações nos territórios das bacias do lago guaíba e rio dos sinos

Jaenisch, Damiana Bregalda January 2010 (has links)
Esta dissertação é pautada em trabalho de campo realizado junto aos Kaingang, grupo Jê Meridional, especialmente os que habitam aldeias localizadas nos territórios das bacias do Lago Guaíba e Rio dos Sinos. Trata das relações estabelecidas entre os Kaingang e os objetos por eles produzidos, sejam estes objetos utilitários, de comercialização, adornos corporais ou objetos em exposição em instituições de arte e museus. Os objetos de arte são tomados aqui como materializações das relações estabelecidas entre humanos e não-humanos. Propõe-se uma abordagem da arte que leve em conta a agência dos objetos sobre o cosmos, os corpos e pessoas kaingang e também as imagens imateriais, como sonhos, evocadas a partir de experiências de relações dos Kaingang com espíritos de humanos e nãohumanos. / This dissertation is based on fieldwork conducted among a group of indigenous Kaingang peoples, who inhabit the villages located in the regions surrounding Lake Guaíba and the Sinos River basins. The following discusses the relationship between the Kaingang and the various objects they produce, like tools, tradable items, body ornaments, and objects for display in art exhibitions or museums. The group’s unique art forms are taken as a materialization of the union between human and nonhuman entities. Also it proposes an approach to art that takes into account the agency of objects on the cosmos, the bodies, the Kaingang persons and also immaterial images, like dreams, evoked from experiences of Kaingang relations with humans and nonhuman spirits.
95

Ações sociais em uma casa de batuque e umbanda : um estudo antropológico sobre tradição e modernidade pela perspectiva de sujeitos religiosos

Múscari, Marcello Felipe de Jesus January 2014 (has links)
Desde suas primeiras caracterizações, um aspecto central da idéia de modernidade é sua suposta ruptura com relação ao tradicional e ao religioso. Neste sentido, as religiões afro-brasileiras, por seu suposto atraso intelectual, e também a presença da religião nos espaços públicos têm se constituído como importantes pontos de partida para problematizações mais amplas acerca do lugar da religião na modernidade. A presente dissertação parte da perspectiva da Assobecaty – Associação Beneficente Cultural Africana Templo de Yemanjá para tematizar como religioso e secular encontram-se imbricados nas ações sociais empreendidas pela entidade. Especificamente, trata-se de mapear como a Assobecaty conforma-se pela articulação entre o moderno e o tradicional, e como ao longo de suas ações constituem-se espaços públicos repletos de religião. / Since its earliest characterizations, a central aspect of the idea of modernity is its supposed rupture from the traditional and the religious. Therefore, the afro-brazilian religions, by its low intellectual development, and the presence of religion in public spaces has been constituted as an important starting point for broader inqueries concerning the place of religion in modernity. The thesis here presented departs from the point of view of Assobecaty – Beneficent Cultural Africanist Association Temple of Yemanjá – to focus on how the religious and the secular are interlaced in the social actions performed by this entity. Especifitcally, the goal is to map out how Assobecaty assemble itself by articulations between the modern and the traditional, and how through its actions public spaces are constituted full of religion.
96

Da instabilidade e dos afetos : pacificando relações, amansando outros : cosmopolítica guarani-mbyá (Lago Guaíba/RS-Brasil)

Machado, Maria Paula Prates January 2013 (has links)
Dans cette thèse, je propose d'envisager comment les Guarani-Mbyá donnent sens et établissent des relations avec leurs Autres. À partir du langage théorique de la prédation, qui trouve à s'exprimer chez les Mbyá dans une politique de refus du conflit, je focalise mon attention sur les couples mbyá/juruá (non-indigène), féminin/masculin, vivants/morts et, d'une façon générale, proie/prédateur, au sein d'une scène qui s'étend aux ouvertures et aux fermetures du « système du juruá ». L'instabilité de la relation entre vivants et morts se joue dans ñe'ë (principe vital) et ãngue (ombre, spectre) en passant par ete (corps), à l'interstice du risque et de la capture avérée, dans lequel résident les Autres. La propagation de la production de la différence entre morts et vivants implique la nécessité d'une distance qui ne nie pas pour autant l'intensité de la relation. Les mêmes réflexions s'appliquent au couple mbyá/juruá. Les seconds, pour être eux aussi des Autres distants, fragilisent le corps des premiers en raison de leur mode de vie, leur nourriture et leurs attitudes. Alors que la médiation avec les morts implique les chamans, ce sont ici les alliés juruá qui font office de médiateurs prédateurs entre les Mbyá et les Juruá en général. Quant à la relation des Mbyá avec leurs affins, celle-ci exige déjà une tentative de transformation qui fasse de ces Autres proches des sujets approchants, selon la limite d'un principe de négativité. Il ne s'agit pas de transformer cet Autre en égal, car celui-ci perdrait alors tout entier son statut d'autre. En m'inspirant de la thèse de plusieurs auteurs américanistes, je développe l'argument selon lequel la femme Mbyá est intrinsèquement constituée par deux beaux-frères, le premier étant son frère réel et le second son « frère » animal, de telle sorte qu'elle se trouve déjà être, en elle-même, proie. La prédation, dans cette configuration, s'inscrit dans une relation entre sexes opposés ; elle n'est plus ici réversible, car la différence entre les termes est relancée. Proie, la femme occupe une position défavorisée face aux hommes, étant objet, sans être sujet, d'une tension prédatrice. Je considère enfin les ja (maîtres) qui, comme les morts et les Juruá, ne sont pas affins mais ennemis dans toute leur puissance. Si chacun a son maître, si chacun a son « âme », le maître a fonction de sujet. Le ja est seulement maître face à l'Autre ; il n'est jamais maître de quelqu'un/quelque chose en soi. Envisagé ainsi en tant que personne/sujet du réseau de relations sociocosmologiques, le ja est également un médiateur du mode relationnel de la prédation. En conclusion, j'avance que les morts sont pour les Juruá ce que les ja sont pour les affins proches. Si les deux premiers doivent être le point distant du noeud relationnel, les deux derniers sont les proies vitales pour la constitution fondamentale de soi. Et entre ces deux extrêmes, les médiateurs nous suggèrent assumer une fonction paradoxale. Cette recherche est circonscrite à une région composée de plusieurs affluents du lac Guaíba, localisée à l'extrême sud du Brésil, dans laquelle j'ai réalisé des études ethnographiques ces dix dernières années. / Nesta tese proponho pensar como os Guarani-Mbyá significam e estabelecem relações com seus Outros. A partir do idioma teórico da predação, que parece encontrar seu lugar entre os Mbyá em uma política de recusa ao conflito, faço atenção aos pares mbyá/juruá (não indígenas), feminino/masculino, vivos/mortos e, de modo geral, presa/predador em um horizonte delineado em aberturas e fechamentos ao “sistema do juruá”. No que concerne à qualidade da relação entre vivos e mortos, a instabilidade se encontra em ñe’ë (principio vital) e ãngue (sombra, espectro) transpassada por ete (corpo), no interstício do risco e da captura de fato. A propagação da produção da diferença entre ambos inclui a necessidade da distância sem a negação de uma relação intensa. O mesmo ocorre no par mbyá/juruá, que por serem estes últimos também Outros distantes, enfraquecem o corpo dos primeiros em razão de seu modo de ser, por sua comida e suas atitudes. Se a mediação com os mortos passa pelos xamãs, com os Juruá em geral os mediadores predadores são os aliados juruá. Já a relação com Outros próximos, os afins, exige uma tentativa de transformação para que venham a ser como o sujeito que os aproxima, com um limite de negatividade. Não se quer transformar realmente esse Outro em igual, pois se perderia por inteiro sua outridade. Inspirada em alguns autores americanistas, sigo o argumento de que a mulher mbyá é intrinsecamente feita de dois cunhados: o primeiro trata-se de seu irmão real e o segundo de seu “irmão” animal, já que ela em si é uma presa. A predação, nessa direção, se inscreve em uma relação de sexos opostos; ela deixa de ser reversível, já que a diferença entre os termos é relançada. Assim como a presa, a mulher ocupa uma posição desfavorecida face aos homens, sendo objeto e não sujeito de uma tensão predatória. No que diz respeito aos ja (donos-mestres), que assim como os mortos e os Juruá não são afins mas inimigos em toda sua potência, tratam-se de um aspecto de pessoa/sujeito da rede de relações sociocosmológicas. Se tudo tem seu dono, tem sua “alma”, o dono tem função de eu. O ja só se torna dono diante de Outro e jamais diante daquilo que é intitulado dono. Ele também é um mediador do modo relacional da predação. Sendo assim, sugiro para fins de reflexão que os mortos estão para os Juruá assim como os ja estão para os afins próximos. Pois se os dois primeiros devem ser o ponto distante do laço relacional, os dois últimos são as presas vitais para a constituição primeira de si. E entre esses dois extremos, os mediadores indicam assumir função paradoxal. O cenário da presente pesquisa está circunscrito a uma dada região de arroios afluentes ao Lago Guaíba, localizada no extremo sul do Brasil e na qual nos últimos dez anos tenho me dedicado a desenvolver estudos de cunho etnográfico.
97

Tecnologias da informação e comunicação, sistemas de informação geográfica e a participação pública no planejamento urbano

Bugs, Geisa Tamara January 2014 (has links)
Esta pesquisa aborda o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), em especial a Internet, e dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG) para a participação pública no planejamento urbano. Mais especificamente, investiga-se a Participação Pública com Sistema de Informação Geográfica (PPSIG), uma alternativa através da qual o público participa produzindo mapas e/ou dados espaciais que representam a sua percepção do espaço urbano em questão. O trabalho parte do pressuposto de que novas abordagens metodológicas, que façam uso das TIC e dos SIG, tais como a PPSIG, podem aperfeiçoar os processos participativos, pois permitem a criação de técnicas mais interativas, emancipatórias e colaborativas, que encurtam os laços entre o público e os técnicos, bem como entre a sociedade e o governo. A pesquisa se justifica, pois apesar de legislações terem ampliado os canais de participação, as críticas permanecem, evidenciando que existe uma demanda por novas abordagens metodológicas. Ao mesmo tempo, trata-se de entender que novas ferramentas estão disponíveis e precisam ser assimiladas, e, principalmente, de como fazê-lo de maneira adequada. Ainda, faz-se necessário avaliar se a expectativa de que a PPSIG pode ampliar o envolvimento do público no planejamento urbano procede no contexto brasileiro. Assim, com o objetivo de expandir o conhecimento empírico sobre o método PPSIG, ele foi aplicado em dois casos, numa situação prática em Jaguarão (RS), e numa situação simulada sobre a Orla do Guaíba em Porto Alegre (RS), e avaliado do ponto de vista de três grupos de atores: população, técnicos/especialistas, e gestores públicos. Para tal, utilizou-se três diferentes métodos de coleta de dados: a ferramenta PPSIG propriamente dita, questionários e entrevistas. Os resultados sugerem, por exemplo, que há uma boa aceitação ao uso de ferramentas digitais, tais como a PPSIG, por parte da população, técnico/especialistas e gestores públicos. Mais, que o método PPSIG se distingue de outros métodos participativos, pois a percepção da população é coletada de forma automatizada e georreferenciada, o que possibilita que estes dados sejam analisados em conjunto com as demais camadas de informação necessárias ao planejamento urbano, facilitando, assim, a incorporação do conhecimento local no planejamento urbano já na fase propositiva. / This research addresses the use of Information Technology and Communication (ICT), especially the Internet, and of Geographic Information Systems (GIS) for public participation in urban planning. More specifically, it investigates the Public Participation Geographic Information Systems (PPGIS), an alternative through which the public participates by producing maps and/or spatial data that represents their perception of the urban space. It assumes that new methodological approaches, that make use of ICT and of GIS, such as PPGIS can improve participatory processes, enabling to create more interactive, collaborative and emancipatory techniques that shorten the ties between the public and technicians as well as between the society and the government. The research is justified, because although laws have expanded the channels of participation, criticism remains, showing that there is a demand for new methodological approaches. At the same time, it is about to understand that new tools are available and need to be assimilated, and especially of how to do it properly. Also, it is necessary to evaluate whether the expectation that PPGIS can broaden public involvement in urban planning is confirmed in the Brazilian context. Thus, in order to expand the empirical knowledge about the PPGIS method, it was applied in two cases, a practical situation in Jaguarão (RS), and a simulated situation on the Guaíba waterfront in Porto Alegre (RS), and evaluated from the point of view of three groups of actors: the public, technicians/specialists, and public managers. To do this, three different methods of data collection were applied: the PPGIS tool itself, questionnaires and interviews. The results show, for instance, that there is a good acceptance of digital tools usage, such as the PPGIS, by the population, technician/specialist and public managers. Moreover, that the GIS method distinguishes itself from other participatory methods, because it collects the population's perception in an automated and georeferenced way, which enables these data to be analyzed together with other layers of information necessary for urban planning, thereby facilitating local knowledge incorporation in urban planning since the propositional phase.
98

Ações sociais em uma casa de batuque e umbanda : um estudo antropológico sobre tradição e modernidade pela perspectiva de sujeitos religiosos

Múscari, Marcello Felipe de Jesus January 2014 (has links)
Desde suas primeiras caracterizações, um aspecto central da idéia de modernidade é sua suposta ruptura com relação ao tradicional e ao religioso. Neste sentido, as religiões afro-brasileiras, por seu suposto atraso intelectual, e também a presença da religião nos espaços públicos têm se constituído como importantes pontos de partida para problematizações mais amplas acerca do lugar da religião na modernidade. A presente dissertação parte da perspectiva da Assobecaty – Associação Beneficente Cultural Africana Templo de Yemanjá para tematizar como religioso e secular encontram-se imbricados nas ações sociais empreendidas pela entidade. Especificamente, trata-se de mapear como a Assobecaty conforma-se pela articulação entre o moderno e o tradicional, e como ao longo de suas ações constituem-se espaços públicos repletos de religião. / Since its earliest characterizations, a central aspect of the idea of modernity is its supposed rupture from the traditional and the religious. Therefore, the afro-brazilian religions, by its low intellectual development, and the presence of religion in public spaces has been constituted as an important starting point for broader inqueries concerning the place of religion in modernity. The thesis here presented departs from the point of view of Assobecaty – Beneficent Cultural Africanist Association Temple of Yemanjá – to focus on how the religious and the secular are interlaced in the social actions performed by this entity. Especifitcally, the goal is to map out how Assobecaty assemble itself by articulations between the modern and the traditional, and how through its actions public spaces are constituted full of religion.
99

Da instabilidade e dos afetos : pacificando relações, amansando outros : cosmopolítica guarani-mbyá (Lago Guaíba/RS-Brasil)

Machado, Maria Paula Prates January 2013 (has links)
Dans cette thèse, je propose d'envisager comment les Guarani-Mbyá donnent sens et établissent des relations avec leurs Autres. À partir du langage théorique de la prédation, qui trouve à s'exprimer chez les Mbyá dans une politique de refus du conflit, je focalise mon attention sur les couples mbyá/juruá (non-indigène), féminin/masculin, vivants/morts et, d'une façon générale, proie/prédateur, au sein d'une scène qui s'étend aux ouvertures et aux fermetures du « système du juruá ». L'instabilité de la relation entre vivants et morts se joue dans ñe'ë (principe vital) et ãngue (ombre, spectre) en passant par ete (corps), à l'interstice du risque et de la capture avérée, dans lequel résident les Autres. La propagation de la production de la différence entre morts et vivants implique la nécessité d'une distance qui ne nie pas pour autant l'intensité de la relation. Les mêmes réflexions s'appliquent au couple mbyá/juruá. Les seconds, pour être eux aussi des Autres distants, fragilisent le corps des premiers en raison de leur mode de vie, leur nourriture et leurs attitudes. Alors que la médiation avec les morts implique les chamans, ce sont ici les alliés juruá qui font office de médiateurs prédateurs entre les Mbyá et les Juruá en général. Quant à la relation des Mbyá avec leurs affins, celle-ci exige déjà une tentative de transformation qui fasse de ces Autres proches des sujets approchants, selon la limite d'un principe de négativité. Il ne s'agit pas de transformer cet Autre en égal, car celui-ci perdrait alors tout entier son statut d'autre. En m'inspirant de la thèse de plusieurs auteurs américanistes, je développe l'argument selon lequel la femme Mbyá est intrinsèquement constituée par deux beaux-frères, le premier étant son frère réel et le second son « frère » animal, de telle sorte qu'elle se trouve déjà être, en elle-même, proie. La prédation, dans cette configuration, s'inscrit dans une relation entre sexes opposés ; elle n'est plus ici réversible, car la différence entre les termes est relancée. Proie, la femme occupe une position défavorisée face aux hommes, étant objet, sans être sujet, d'une tension prédatrice. Je considère enfin les ja (maîtres) qui, comme les morts et les Juruá, ne sont pas affins mais ennemis dans toute leur puissance. Si chacun a son maître, si chacun a son « âme », le maître a fonction de sujet. Le ja est seulement maître face à l'Autre ; il n'est jamais maître de quelqu'un/quelque chose en soi. Envisagé ainsi en tant que personne/sujet du réseau de relations sociocosmologiques, le ja est également un médiateur du mode relationnel de la prédation. En conclusion, j'avance que les morts sont pour les Juruá ce que les ja sont pour les affins proches. Si les deux premiers doivent être le point distant du noeud relationnel, les deux derniers sont les proies vitales pour la constitution fondamentale de soi. Et entre ces deux extrêmes, les médiateurs nous suggèrent assumer une fonction paradoxale. Cette recherche est circonscrite à une région composée de plusieurs affluents du lac Guaíba, localisée à l'extrême sud du Brésil, dans laquelle j'ai réalisé des études ethnographiques ces dix dernières années. / Nesta tese proponho pensar como os Guarani-Mbyá significam e estabelecem relações com seus Outros. A partir do idioma teórico da predação, que parece encontrar seu lugar entre os Mbyá em uma política de recusa ao conflito, faço atenção aos pares mbyá/juruá (não indígenas), feminino/masculino, vivos/mortos e, de modo geral, presa/predador em um horizonte delineado em aberturas e fechamentos ao “sistema do juruá”. No que concerne à qualidade da relação entre vivos e mortos, a instabilidade se encontra em ñe’ë (principio vital) e ãngue (sombra, espectro) transpassada por ete (corpo), no interstício do risco e da captura de fato. A propagação da produção da diferença entre ambos inclui a necessidade da distância sem a negação de uma relação intensa. O mesmo ocorre no par mbyá/juruá, que por serem estes últimos também Outros distantes, enfraquecem o corpo dos primeiros em razão de seu modo de ser, por sua comida e suas atitudes. Se a mediação com os mortos passa pelos xamãs, com os Juruá em geral os mediadores predadores são os aliados juruá. Já a relação com Outros próximos, os afins, exige uma tentativa de transformação para que venham a ser como o sujeito que os aproxima, com um limite de negatividade. Não se quer transformar realmente esse Outro em igual, pois se perderia por inteiro sua outridade. Inspirada em alguns autores americanistas, sigo o argumento de que a mulher mbyá é intrinsecamente feita de dois cunhados: o primeiro trata-se de seu irmão real e o segundo de seu “irmão” animal, já que ela em si é uma presa. A predação, nessa direção, se inscreve em uma relação de sexos opostos; ela deixa de ser reversível, já que a diferença entre os termos é relançada. Assim como a presa, a mulher ocupa uma posição desfavorecida face aos homens, sendo objeto e não sujeito de uma tensão predatória. No que diz respeito aos ja (donos-mestres), que assim como os mortos e os Juruá não são afins mas inimigos em toda sua potência, tratam-se de um aspecto de pessoa/sujeito da rede de relações sociocosmológicas. Se tudo tem seu dono, tem sua “alma”, o dono tem função de eu. O ja só se torna dono diante de Outro e jamais diante daquilo que é intitulado dono. Ele também é um mediador do modo relacional da predação. Sendo assim, sugiro para fins de reflexão que os mortos estão para os Juruá assim como os ja estão para os afins próximos. Pois se os dois primeiros devem ser o ponto distante do laço relacional, os dois últimos são as presas vitais para a constituição primeira de si. E entre esses dois extremos, os mediadores indicam assumir função paradoxal. O cenário da presente pesquisa está circunscrito a uma dada região de arroios afluentes ao Lago Guaíba, localizada no extremo sul do Brasil e na qual nos últimos dez anos tenho me dedicado a desenvolver estudos de cunho etnográfico.
100

Tecnologias da informação e comunicação, sistemas de informação geográfica e a participação pública no planejamento urbano

Bugs, Geisa Tamara January 2014 (has links)
Esta pesquisa aborda o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), em especial a Internet, e dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG) para a participação pública no planejamento urbano. Mais especificamente, investiga-se a Participação Pública com Sistema de Informação Geográfica (PPSIG), uma alternativa através da qual o público participa produzindo mapas e/ou dados espaciais que representam a sua percepção do espaço urbano em questão. O trabalho parte do pressuposto de que novas abordagens metodológicas, que façam uso das TIC e dos SIG, tais como a PPSIG, podem aperfeiçoar os processos participativos, pois permitem a criação de técnicas mais interativas, emancipatórias e colaborativas, que encurtam os laços entre o público e os técnicos, bem como entre a sociedade e o governo. A pesquisa se justifica, pois apesar de legislações terem ampliado os canais de participação, as críticas permanecem, evidenciando que existe uma demanda por novas abordagens metodológicas. Ao mesmo tempo, trata-se de entender que novas ferramentas estão disponíveis e precisam ser assimiladas, e, principalmente, de como fazê-lo de maneira adequada. Ainda, faz-se necessário avaliar se a expectativa de que a PPSIG pode ampliar o envolvimento do público no planejamento urbano procede no contexto brasileiro. Assim, com o objetivo de expandir o conhecimento empírico sobre o método PPSIG, ele foi aplicado em dois casos, numa situação prática em Jaguarão (RS), e numa situação simulada sobre a Orla do Guaíba em Porto Alegre (RS), e avaliado do ponto de vista de três grupos de atores: população, técnicos/especialistas, e gestores públicos. Para tal, utilizou-se três diferentes métodos de coleta de dados: a ferramenta PPSIG propriamente dita, questionários e entrevistas. Os resultados sugerem, por exemplo, que há uma boa aceitação ao uso de ferramentas digitais, tais como a PPSIG, por parte da população, técnico/especialistas e gestores públicos. Mais, que o método PPSIG se distingue de outros métodos participativos, pois a percepção da população é coletada de forma automatizada e georreferenciada, o que possibilita que estes dados sejam analisados em conjunto com as demais camadas de informação necessárias ao planejamento urbano, facilitando, assim, a incorporação do conhecimento local no planejamento urbano já na fase propositiva. / This research addresses the use of Information Technology and Communication (ICT), especially the Internet, and of Geographic Information Systems (GIS) for public participation in urban planning. More specifically, it investigates the Public Participation Geographic Information Systems (PPGIS), an alternative through which the public participates by producing maps and/or spatial data that represents their perception of the urban space. It assumes that new methodological approaches, that make use of ICT and of GIS, such as PPGIS can improve participatory processes, enabling to create more interactive, collaborative and emancipatory techniques that shorten the ties between the public and technicians as well as between the society and the government. The research is justified, because although laws have expanded the channels of participation, criticism remains, showing that there is a demand for new methodological approaches. At the same time, it is about to understand that new tools are available and need to be assimilated, and especially of how to do it properly. Also, it is necessary to evaluate whether the expectation that PPGIS can broaden public involvement in urban planning is confirmed in the Brazilian context. Thus, in order to expand the empirical knowledge about the PPGIS method, it was applied in two cases, a practical situation in Jaguarão (RS), and a simulated situation on the Guaíba waterfront in Porto Alegre (RS), and evaluated from the point of view of three groups of actors: the public, technicians/specialists, and public managers. To do this, three different methods of data collection were applied: the PPGIS tool itself, questionnaires and interviews. The results show, for instance, that there is a good acceptance of digital tools usage, such as the PPGIS, by the population, technician/specialist and public managers. Moreover, that the GIS method distinguishes itself from other participatory methods, because it collects the population's perception in an automated and georeferenced way, which enables these data to be analyzed together with other layers of information necessary for urban planning, thereby facilitating local knowledge incorporation in urban planning since the propositional phase.

Page generated in 0.0477 seconds