Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / A formação da consciência na sociedade capitalista é atravessada por relações de alienação e pela ideologia dominante que dificultam o desenvolvimento da consciência revolucionária, desenvolvida na militância coletiva voltada para a transformação social. Na particularidade das mulheres, esse processo é mais difícil por estarem envolvidas em relações patriarcais de dominação, apropriação e exploração advindas, fundamentalmente, da divisão sexual do trabalho que, associadas a uma ideologia de uma suposta natureza feminina, as constitui como submissas, subservientes, passivas e apolíticas. Por isso, partimos da pergunta: como ocorre o processo de formação da consciência militante feminista em uma sociedade patriarcal e capitalista? O sentido geral desta tese é compreender a formação da consciência militante feminista e seus principais desdobramentos na luta de classes no Governo Lula. A delimitação do estudo no Governo Lula é motivada pela necessidade de compreensão do feminismo na contemporaneidade, mas, também, pela inquietação de analisar a capacidade de envolvimento político desse governo no campo dos movimentos feministas. A apreensão da lógica transformista que preside esse governo é fundamental para análise das lutas feministas, pois, se por um lado o Brasil presenciou a institucionalização de políticas sociais para as mulheres; por outro, muitos entraves ocorreram para a efetivação das mesmas, desde a falta de orçamento até a dificuldade da incorporação de uma perspectiva verdadeiramente feminista por parte do projeto de governo petista. A tese busca apreender a consciência militante feminista e a sua relação com a luta de classes no governo Lula, em uma perspectiva de totalidade, com o esforço de ir além da sua aparência fenomênica, mas, no seio das relações sociais de classe, raça e sexo inseridas na dinâmica dos projetos societários em disputa: o patriarcal-capitalista e o feminista-socialista. Realizamos uma pesquisa bibliográfica, documental e de campo. Essa última foi desenvolvida por meio de entrevistas com 7 militantes orgânicas de cada um dos seguintes movimentos feministas: Articulação de Mulheres Brasileiras; Marcha Mundial de Mulheres e o Movimento de Mulheres Camponesas. Totalizamos, portanto, 21 entrevistas que articuladas à pesquisa documental de materiais produzidos por esses movimentos, bem como com a base teórica adquirida na pesquisa bibliográfica, obtivemos como principais conclusões: 1. O processo de formação da consciência militante feminista envolve como elementos indispensáveis às mulheres: (a) a apropriação de si e a ruptura com a naturalização do sexo; (b) o sair de casa; (c) a identificação na outra da sua condição de mulher; (d) a importância do grupo e da militância política em um movimento social; (e) a formação política associada às lutas concretas de reivindicação e de enfrentamento; 2. O feminismo contribui com a radicalização da democracia e com o tensionamento das relações de hierarquia presentes, inclusive, no interior de organizações de esquerda; 3. As políticas públicas para as mulheres no governo Lula, não corresponderam a uma perspectiva feminista, pois, não romperam com a responsabilização da mulher pela reprodução social antroponômica, tendo em vista o caráter familista das mesmas; 4. A autonomia política e financeira é o principal desafio para os movimentos feministas no Brasil. / The conscience formation of the capitalist society is made by relations of alienation and by the dominant ideology that difficult the development of the revolutionary conscience, developed in the collective militancy and focused in the social transformation. In the women particularity, this process more difficult because it is involved in patriarchal relations of domination, appropriation and arising exploration, fundamentally of the sexual division of work which, in association with a supposed female natural ideology, that constitute them as submissive, subservient, passive and apolitical. For that reasons, we started with the question: How occurs the process of feminist militancy conscience formation in a patriarchal and capitalist society? The general objective of this thesis is to comprehend the formation of a feminist militancy conscience and its main consequences at the Lula`s government class fight. The delimitation of the study at the government Lula is motivated by the need of comprehension of the feminism in the modernity, but also by the unrest to analyze the capacity of this government to be politically involved at the feminist movement field. The seizure of the transformist logic that rules this government is crucial to analyze the feminist struggle, because if by one side Brazil witnessed the institutionalization of a social policy for women, in the other many troubles occurred in its effectuation, from the budget issue to the incorporation difficulty of a real feminist perspective by the government project. The thesis search to learn the feminist militancy conscience and its relation with the government Lula class fight, in a entire perspective, striving to go beyond its phenomenal appearance, to reach deep in the social relations of class, race and sex inserted in the dynamic of the societary projects in dispute: The patriarchal-capitalist and the feminist-capitalist. We did a bibliographic, documental and a camp research. The last one was developed through interviews with seven organic militants of each of the following feminist movements: Articulation of Brazilian Women; World March of Women and Movement of Rural Women. There were 21 interviews that added with the documental research produced by those movements, as well as the theoretical base acquired in the bibliographic research we came to the main conclusions: 1. The process of formation of the feminist militancy conscience involve as indispensable elements to women: (a) the appropriation of itself and the rupture with the sex naturalization; (b) the process of leaving her home; (c) the identification in another of her woman condition; (d) the importance of the group and the political militancy at a social movement; (e) the political formation associated to the concrete claims and fights; 2. The feminism contributes to the democracy radicalization and the tension between the present hierarchies, including at the left organizations; 3. The Lula`s government public politics to women do not correspond to a feminist perspective, because they do not ended with the women responsibility at the antroponomic social reproduction, since we know its family feature; 4. The political and financial autonomy is the main challenge for the feminist movements in Brazil.

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / A formação da consciência na sociedade capitalista é atravessada por relações de alienação e pela ideologia dominante que dificultam o desenvolvimento da consciência revolucionária, desenvolvida na militância coletiva voltada para a transformação social. Na particularidade das mulheres, esse processo é mais difícil por estarem envolvidas em relações patriarcais de dominação, apropriação e exploração advindas, fundamentalmente, da divisão sexual do trabalho que, associadas a uma ideologia de uma suposta natureza feminina, as constitui como submissas, subservientes, passivas e apolíticas. Por isso, partimos da pergunta: como ocorre o processo de formação da consciência militante feminista em uma sociedade patriarcal e capitalista? O sentido geral desta tese é compreender a formação da consciência militante feminista e seus principais desdobramentos na luta de classes no Governo Lula. A delimitação do estudo no Governo Lula é motivada pela necessidade de compreensão do feminismo na contemporaneidade, mas, também, pela inquietação de analisar a capacidade de envolvimento político desse governo no campo dos movimentos feministas. A apreensão da lógica transformista que preside esse governo é fundamental para análise das lutas feministas, pois, se por um lado o Brasil presenciou a institucionalização de políticas sociais para as mulheres; por outro, muitos entraves ocorreram para a efetivação das mesmas, desde a falta de orçamento até a dificuldade da incorporação de uma perspectiva verdadeiramente feminista por parte do projeto de governo petista. A tese busca apreender a consciência militante feminista e a sua relação com a luta de classes no governo Lula, em uma perspectiva de totalidade, com o esforço de ir além da sua aparência fenomênica, mas, no seio das relações sociais de classe, raça e sexo inseridas na dinâmica dos projetos societários em disputa: o patriarcal-capitalista e o feminista-socialista. Realizamos uma pesquisa bibliográfica, documental e de campo. Essa última foi desenvolvida por meio de entrevistas com 7 militantes orgânicas de cada um dos seguintes movimentos feministas: Articulação de Mulheres Brasileiras; Marcha Mundial de Mulheres e o Movimento de Mulheres Camponesas. Totalizamos, portanto, 21 entrevistas que articuladas à pesquisa documental de materiais produzidos por esses movimentos, bem como com a base teórica adquirida na pesquisa bibliográfica, obtivemos como principais conclusões: 1. O processo de formação da consciência militante feminista envolve como elementos indispensáveis às mulheres: (a) a apropriação de si e a ruptura com a naturalização do sexo; (b) o sair de casa; (c) a identificação na outra da sua condição de mulher; (d) a importância do grupo e da militância política em um movimento social; (e) a formação política associada às lutas concretas de reivindicação e de enfrentamento; 2. O feminismo contribui com a radicalização da democracia e com o tensionamento das relações de hierarquia presentes, inclusive, no interior de organizações de esquerda; 3. As políticas públicas para as mulheres no governo Lula, não corresponderam a uma perspectiva feminista, pois, não romperam com a responsabilização da mulher pela reprodução social antroponômica, tendo em vista o caráter familista das mesmas; 4. A autonomia política e financeira é o principal desafio para os movimentos feministas no Brasil. / The conscience formation of the capitalist society is made by relations of alienation and by the dominant ideology that difficult the development of the revolutionary conscience, developed in the collective militancy and focused in the social transformation. In the women particularity, this process more difficult because it is involved in patriarchal relations of domination, appropriation and arising exploration, fundamentally of the sexual division of work which, in association with a supposed female natural ideology, that constitute them as submissive, subservient, passive and apolitical. For that reasons, we started with the question: How occurs the process of feminist militancy conscience formation in a patriarchal and capitalist society? The general objective of this thesis is to comprehend the formation of a feminist militancy conscience and its main consequences at the Lula`s government class fight. The delimitation of the study at the government Lula is motivated by the need of comprehension of the feminism in the modernity, but also by the unrest to analyze the capacity of this government to be politically involved at the feminist movement field. The seizure of the transformist logic that rules this government is crucial to analyze the feminist struggle, because if by one side Brazil witnessed the institutionalization of a social policy for women, in the other many troubles occurred in its effectuation, from the budget issue to the incorporation difficulty of a real feminist perspective by the government project. The thesis search to learn the feminist militancy conscience and its relation with the government Lula class fight, in a entire perspective, striving to go beyond its phenomenal appearance, to reach deep in the social relations of class, race and sex inserted in the dynamic of the societary projects in dispute: The patriarchal-capitalist and the feminist-capitalist. We did a bibliographic, documental and a camp research. The last one was developed through interviews with seven organic militants of each of the following feminist movements: Articulation of Brazilian Women; World March of Women and Movement of Rural Women. There were 21 interviews that added with the documental research produced by those movements, as well as the theoretical base acquired in the bibliographic research we came to the main conclusions: 1. The process of formation of the feminist militancy conscience involve as indispensable elements to women: (a) the appropriation of itself and the rupture with the sex naturalization; (b) the process of leaving her home; (c) the identification in another of her woman condition; (d) the importance of the group and the political militancy at a social movement; (e) the political formation associated to the concrete claims and fights; 2. The feminism contributes to the democracy radicalization and the tension between the present hierarchies, including at the left organizations; 3. The Lula`s government public politics to women do not correspond to a feminist perspective, because they do not ended with the women responsibility at the antroponomic social reproduction, since we know its family feature; 4. The political and financial autonomy is the main challenge for the feminist movements in Brazil.

Quelles sont les conséquences biographiques d’un engagement radical et de la répression en contexte autoritaire ? C’est en recourant à une analyse fine des parcours biographiques des acteurs sur le long terme que cette recherche entend répondre à cette question peu traitée dans la sociologie de l’action collective. Le cas d’étude, largement méconnu dans la littérature spécialisée sur la Turquie et sur les mouvements révolutionnaires en général, porte sur les militants de la gauche révolutionnaire turque au cours des années 1970. Ses militants ont été confrontés au régime militaire (1980-1983) qui suit le coup d’Etat du 12 septembre 1980. Cet évènement constitue une rupture centrale dans l’histoire de la République turque. La répression et la transformation des structures politiques mises en place par la junte ont redessiné en profondeur et sur le long terme les possibilités de contestation et de reconversion des acteurs dans l’ensemble des trois sphères de vie ici analysées : professionnelle, familiale et politique. Ce travail conjugue par ailleurs analyse temporelle et spatiale du militantisme révolutionnaire en Turquie en comparant les deux principales villes du pays : Istanbul et Ankara. / What are the biographical consequences of a radical commitment and repression in authoritarian context? Based on a detailed analysis of biographical trajectories of the actors on the long run, this research intends to consider this neglected issue in the sociology of collective action. The case study, largely ignored in the literature on Turkey and on the revolutionary movements in general, deals with the activists of the Turkish revolutionary left in the 1970s. These individuals faced the military regime (1980-1983) following the 12 September 1980 coup. This event is a central break in the history of the Turkish Republic. The repression and the transformation of political structures set up by the junta redesigned in depth the possibility of objections and reconversions of the actors in the life spheres analyzed here: professional, personal and political. This work also combines temporal and spatial analysis of revolutionary activism in Turkey comparing two major cities: Istanbul and Ankara.

À l’ère du militantisme digital, il est fréquent d’apercevoir des militants se placer en tant que porte parole sur différents champs de bataille au fil du temps. Dans ce contexte, la légitimité de leurs prises de position est questionnée par le tribunal médiatique. Là où certains dénoncent un opportunisme politique, nous avançons la thèse selon laquelle une multitude d’éléments peuvent motiver les changements de champs d’action militants visibles. C’est pourquoi la recherche présentée vise à mettre en lumière les processus influençant les transitions d’engagements militants au travers des mouvements sociaux protestataires. Pour ce faire, des entretiens semi-directifs ont été menés auprès de 8 militants alors actifs au sein de la mouvance opposée aux mesures sanitaires. Dans cette démarche, le récit des participants et un calendrier de vie ont été combinés dans un protocole d’enquête narrative biographique. Finalement, les données d'entretiens collectées ont été analysées à l'aide d'une méthode de théorisation ancrée s'appuyant sur un cadre théorique mobilisant la perspective du parcours de vie. Cette méthode a permis de montrer que les expériences influençant les trajectoires militantes diffèrent selon les modalités de transitions ; c’est-à-dire selon si elle s’effectue entre des groupes contestataires au sein d’un même mouvement, ou entre des mouvements défendant des causes différentes. Les résultats ont montré que les transitions d’engagements entre groupes contestataires peuvent être influencées par des insatisfactions liées aux stratégies d’actions ; alors que les transitions d’engagement actif entre deux mouvements protestataires peuvent être expliquées, soit (a) par un cumul d’engagement survenu suite à l’apparition d’un événement imprévu induisant une priorité d’action, soit (b) par une stratégie visant à faire perdurer les rétributions de la carrière militante au moment du déclin du mouvement alors investi. Par ailleurs, ce projet de recherche contribue plus généralement à expliquer les expériences ayant motivé des transitions d’engagements militants selon les propos des acteurs de cet objet d’études, dont 5 leaders du mouvement opposé aux mesures sanitaires. / In the age of digital activism, it's common to see activists positioning themselves as spokespersons on different battlefields over time. In this context, the legitimacy of their positions is questioned by the media tribunal. Where some denounce political opportunism, we put forward the thesis that a multitude of elements can motivate visible changes in activist fields of action. For this reason, the research presented here aims to shed light on the processes influencing transitions in activist commitment through social protest movements. To this end, semi-directive interviews were conducted with 8 activists then active within the movement opposed to health measures. In this approach, the participants' narratives and a life calendar were combined in a biographical narrative survey protocol. Finally, the interview data collected were analyzed using a grounded theorizing method based on a theoretical framework mobilizing the life-course perspective. This method enabled us to show that the course influencing militant trajectories differs according to the modalities of transitions, i.e. whether they take place between protest groups within the same movement, or between movements defending different causes. The results show that transitions of commitment between protest groups can be influenced by dissatisfaction with action strategies ; whereas transitions of active commitment between two protest movements can be explained either (a) by an accumulation of commitment following the appearance of an unforeseen event inducing a priority for action, or (b) by a strategy aimed at maintaining the rewards of the activist career at the time of the decline of the movement then invested. In addition, this research project contributes more generally to explaining the experiences that motivated militant transitions in activist commitments according to the words of the actors in this object of study, including 5 leaders of the movement opposed to health measures.