[pt] Esta tese propõe investigar o discurso de ideal de autonomia que se faz
presente na sociedade ocidental contemporânea de maneira significativa. Por um
lado, ele atravessa instituições – como a escola – sob a forma de um imperativo, de
uma exigência à autonomia. Por outro, se apresenta nos discursos individuais como
um apelo à autonomia, como um modo subjetivo para livrar o sujeito de seu
sofrimento. Partimos da hipótese de que o imperativo à autonomia não apenas se
traduz como uma exigência, mas também como uma urgência em nossa época. Para
compreender como isso ocorre, procuramos fazer uma genealogia histórica e
antropológica sobre a figura da autonomia a fim de compreender a construção desse
ideal como discurso imperativo no cenário social contemporâneo. Em seguida,
percorremos as teorias de J. Lacan e D. W. Winnicott, especificamente as
problematizações que trazem à noção de autonomia. O primeiro analisa a
autonomia como uma ideia delirante, da ordem do impossível para o sujeito barrado; o segundo faz uma crítica à imposição de o sujeito ser autônomo, mas considera
que a autonomia, quando desdobrada de forma espontânea pelo self, é um aspecto
essencial no processo de amadurecimento emocional, sendo inclusive necessária à
saúde do sujeito. Por fim, são apresentadas vinhetas retiradas de nossa experiência
na clínica e em instituições escolares e, com base nelas, sustentamos a tese de que
a autonomia pode ser uma resposta encontrada pelo sujeito para lidar com a
precarização dos laços familiares e sociais; em outras palavras, a autonomia tornase urgente na medida em que ele não tem com quem contar. / [en] This thesis proposes to investigate the discourse of ideal of autonomy that
is present, in a significant way, in contemporary Western society. On the one hand,
it crosses institutions – like the school – in the form of an imperative for autonomy.
On the other hand, it appears in individual speeches as an appeal to autonomy, as a
subjective way to free the individual from his suffering. We start from the
hypothesis that the imperative to autonomy is not only a requirement, but also an
urgency in our time. To understand how this occurs, we seek to make a historical
and anthropological genealogy on the figure of autonomy in order to understand the
construction of this ideal as an imperative discourse in the contemporary social
scenario. Then, we go through the theories of J. Lacan and D. W. Winnicott,
specifically the problematizations that they bring to the notion of autonomy. The
first analyzes autonomy as a delusional idea, an idea that is in the order of the
impossible for the barred subject; the second criticizes the imposition of the
person to be autonomous, but considers that autonomy, when spontaneously
manifested by the self, is an essential aspect in the process of emotional maturation,
being even necessary for the subject s health. Finally, vignettes taken from our
experience in the clinic and in school institutions are presented and, based on them,
we support the thesis that the autonomy may be a response found by the subject to
deal with the precariousization of family and social ties; in other words, the
autonomy becomes urgent when he has no one to rely on. / [fr] Cette thèse propose d étudier le discours de l idéal d autonomie, présent, de
manière significative, dans la société occidentale contemporaine. D une part, il
traverse des institutions – comme l école – sous la forme d un impératif
d autonomie. En revanche, il apparaît dans les discours individuels comme un appel
à l autonomie, comme un moyen subjectif de libérer le sujet de sa souffrance. Nous
partons de l hypothèse que l impératif d autonomie ne se traduit pas seulement
comme une exigence, mais aussi comme une urgence à notre époque. Pour
comprendre comment cela se produit, nous cherchons à faire une généalogie
historique et anthropologique sur la figure de l autonomie, afin de comprendre la
construction de cet idéal comme discours impératif dans le scénario social
contemporain. Ensuite, nous passons par les théories de J. Lacan et D. W.
Winnicott, plus précisément les problématisations qui amènent à la notion
d autonomie. Le premier analyse l autonomie comme une idée délirante, de l ordre
de l impossible pour le sujet interdit; le second critique l imposition du sujet à
l autonomie, mais considère que l autonomie, lorsqu elle est spontanément déployée
par le self, est un aspect essentiel du processus de maturation émotionnelle,
voire nécessaire à la santé du sujet. Enfin, des vignettes tirées de notre expérience
en clinique et en établissements scolaires sont présentées et, sur la base de cellesci, nous soutenons la thèse selon laquelle l autonomie peut être une réponse trouvée
par le sujet pour faire face à la précarité des liens familiaux et sociaux ; en d autres
termes, l autonomie devient urgente dans la mesure où le sujet n a personne sur qui
compter.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:48299 |
Date | 26 May 2020 |
Creators | SUELLEN PESSANHA BUCHAUL |
Contributors | MARIA ISABEL DE ANDRADE FORTES, MARIA ISABEL DE ANDRADE FORTES |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | French |
Type | TEXTO |
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