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Acolhimento na atenção básica à saúde : políticas, significados e evidênciasGiordani, Jessye Melgarejo do Amaral January 2015 (has links)
Em função da complexidade da atenção básica à saúde, é preciso que as equipes de saúde desenvolvam dispositivos que permitam a qualificação do cuidado, como o acolhimento, que pode ser compreendido como mecanismo de ampliação/facilitação do acesso; como tecnologia de cuidado; e como dispositivo de organização do processo de trabalho em equipe. O objetivo deste estudo é avaliar o acolhimento na atenção básica à saúde, na perspectiva das equipes de saúde, utilizando uma abordagem epidemiológica complementada com elementos das ciências sociais para que haja um aprofundamento dos enfoques re-significando, organizando e ampliando a produção do conhecimento científico sobre o acolhimento na atenção básica à saúde. Foram utilizadas duas abordagens metodológicas: quantitativa e qualitativa. A fase quantitativa trata de um estudo observacional transversal multinível realizado a partir dos dados secundários do PMAQ-AB. Foram incluídas no estudo 13.751 equipes de atenção básica à saúde, de todas as macrorregiões brasileiras. Os dados do primeiro nível (equipe de saúde) são referentes às entrevistas estruturadas realizadas com os profissionais dos serviços de saúde e os dados do segundo nível (contextual) dizem respeito às características dos municípios. O desfecho foi a realização de acolhimento pela equipe de saúde. Em relação às variáveis independentes contextuais, foram utilizadas as fontes do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e do Ministério da Saúde: macrorregião, perfil municipal, índice de Gini e cobertura populacional de Estratégia de Saúde da Família. As variáveis independentes individuais foram selecionadas do PMAQ-AB: realização de reunião de equipe, estudo da demanda espontânea, consideração da opinião do usuário e existência de ações de educação permanente. Regressão de Poisson Multinível foi utilizada para obtenção das razões de prevalências brutas e ajustadas em uma modelagem hierárquica. A prevalência de realização de acolhimento pelas equipes de saúde foi 78,3% (IC95%: 77,6-79,1). Na análise hierárquica, após os ajustes, entre os fatores contextuais, a maior prevalência de realização de acolhimento foi entre as equipes que pertenciam à macrorregião sul em comparação à região nordeste (RP 1,37 IC95%: 1,27-1,48). Foi possível compreender a distribuição desigual da prática de acolhimento no Brasil, bem como seus condicionantes e o quão importante é o efeito contextual nessas iniquidades, principalmente em relação às diferenças macrorregionais. Em relação à fase qualitativa, trata-se de uma revisão sistemática da literatura cuja abordagem foi a metassíntese. Para a busca dos documentos foram utilizados os descritores: i)“Acolhimento” AND “Atenção Primária à Saúde”; ii)“User embracement” AND “Primary Health Care”; e iii)“Acogimiento” AND “Atención Primaria de Salud”; nas bases de dados Scopus, Web of Science, Pubmed, Scielo, Lilacs, BDENF e PAHO, sem limites de tempo e idioma. Somente foram aceitos documentos tipo artigos originais que utilizaram metodologia qualitativa investigando o significado do acolhimento para os profissionais de atenção básica à saúde. O processo contou com uma avaliação crítica dos documentos baseada no JBI-QARI. As informações foram analisadas por meio da análise temática de Minayo. Foram identificados 210 documentos sobre o tema, dos quais apenas 14 foram selecionados para integrar a metassíntese. A partir do processo de categorização, emergiram três temas: as concepções sobre o acolhimento; o serviço de saúde; e as dificuldades. A produção científica sobre acolhimento possui uma característica brasileira e invisibilidade internacional, além de ser relativamente pequena. Portanto, através do processo de desenvolvimento das duas abordagens metodológicas e da interpretação dos seus resultados, foi possível perceber o quanto é importante a interação de aspectos de origem teórico-metodológica distintas para compor um cenário de interpretação de uma conjuntura que pressupõe influências de cunho político e social, sendo dessa forma possível ampliar a visão de determinado tema, colaborando para seu melhor desenvolvimento. A evidência das diferenças entre as regiões na realização de acolhimento pelas equipes de saúde foi complementada pelo significado atribuído às experiências das equipes de saúde sobre acolhimento e discutida/comparada com as políticas de saúde. / Regarding the complexity of primary health care, it is necessary to health teams develop devices that allow the qualification of care, as the user embracement, which can be understood as facilitating access; as care technology; and as an organizing of the work process. The aim of this study is to evaluate the user embracement in primary health care from the perspective of health teams, using an epidemiological approach complemented with elements of the social sciences for re-meaning, organizing and expanding the production of scientific knowledge on the user embracement in primary health care. Two methodological approaches were used: quantitative and qualitative. The quantitative phase is a multilevel cross-sectional observational study conducted from secondary data from PMAQ-AB. The study included 13,751 primary care health teams, from all Brazilian regions. Data from the first level (health teams) are related to structured interviews conducted with professionals of health services and the data from the second level (contextual) relate to the characteristics of municipalities. The outcome was the realization of user embracement by health care team. Regarding contextual independent variables, sources were used by the United Nations Development Programme and the Ministry of Health: macro-region, Municipal Profile, Gini index and population coverage of the Family Health Strategy. Individual independent variables were selected from the PMAQ-AB: health team meetings, study of spontaneous demand, consideration of user opinions for planning, and existence of permanent education actions. Multilevel Poisson regression was used to obtain the crude and adjusted prevalence ratios in a hierarchical modeling. The prevalence of user embracement by health teams was 78.3% (95% CI: 77.6 to 79.1). In the hierarchical analysis, after adjustments, between the contextual factors, the highest prevalence of user embracement was between health teams of macro-region south compared to the north-east region (PR 1.37 95% CI: 1.27 to 1.48) . It was possible to understand the unequal distribution of user embracement in Brazil, as well as their constraints and how important is the contextual effect on these inequities, especially in relation to macro-regional differences. Regarding the qualitative phase, it is a systematic review of literature whose approach was meta-synthesis. For the search of documents, descriptors were used: i) "Home" AND "Primary Health Care"; ii) "User embracement" AND "Primary Health Care"; and iii) "Acogimiento" AND "Atención Primaria de Salud"; in the following databases: Scopus, Web of Science, PubMed, Scielo, Lilacs, BDENF, and PAHO, without time and language limits. Only original documents were accepted as articles that used qualitative methods to investigate the meaning of user embracement to professionals of primary health care. The process included a critical evaluation of documents based on JBI-QARI. Data were analyzed using thematic analysis of Minayo. 210 documents have been identified and only 14 were selected to join the meta-synthesis. The categorization process revealed three themes: Conceptions of user embracement; The health service; and Difficulties. The scientific literature on user embracement has a Brazilian characteristic and international invisibility, besides being relatively small. Therefore, through the development process of the two methodological approaches and interpretation of their results, it was revealed how the interaction of different theoretical and methodological aspects is important to compose the interpretation of a situation that involves influences from political and social dimensions, enabling wide open the view of a particular theme, contributing to its better development. The evidence of the differences between the regions in achieving the user embracement by health teams has been complemented by the meaning given from the experiences of health teams on user embracement and discussed / compared to health policies.
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Efetividade de um programa multidisciplinar para controle da pressão arterial em atenção primária à saúdeNotti, Regina Kuhmmer January 2014 (has links)
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é considerada um problema de saúde pública e o principal fator de risco para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares. Diante disso, os principais objetivos deste estudo foram avaliar a efetividade de um programa multidisciplinar no controle da pressão arterial (PA) e a qualidade da dieta de pacientes hipertensos em atenção primária à saúde (APS). Trata-se de um ensaio clínico randomizado, controlado, realizado em duas unidades de Estratégia de Saúde da Família (ESF) do distrito Restinga e Extremo-Sul, em Porto Alegre, Sul do Brasil. Duzentos e cinquenta e seis pacientes, com idade ≥40 anos, hipertensão não controlada, PA sistólica ≥140 mmHg e/ou diastólica ≥90 mmHg, foram incluídos estudo. Foram analisadas variáveis sociodemográficas, clinicas e comportamentais, tais como: medidas antropométricas, dietéticas, adesão à medicação e prática de atividade física. Os pacientes foram randomizados para o grupo programa multidisciplinar, participando de encontros mensais de educação em saúde e de atividade física orientada duas vezes por semana, ou para o grupo programa multidisciplinar + cuidado individual (CI), onde receberam também consultas mensais com nutricionista e farmacêutico. A adesão à medicação foi avaliada pelos questionários Teste de Morisky-Green e Brief Medication Questionnaire (BMQ), e a prática de atividade física pelo Questionário Internacional De Atividade Física (IPAQ). Os dados dietéticos foram coletados através do recordatório de 24 horas e a qualidade da dieta foi avaliada de acordo com o Índice de Alimentação Saudável (IAS). As variáveis contínuas foram expressas como média e desvio padrão (dp) ou mediana e intervalo interquartil (IIQ), e as variáveis categóricas como proporções. As variáveis contínuas foram analisadas pelo teste t de Student, teste U de Mann-Whitney ou Equação de Estimação Generalizada (EEG), e as variáveis categóricas, pelos testes qui-quadrado de Pearson ou exato de Fisher, quando apropriado. Foram considerados significativos valores de p< 0,05. As análises foram realizadas no programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 20 para Windows. As características sociodemográficas, clínicas e comportamentais dos participantes foram semelhantes entre os grupos. A média de idade foi de 60 anos (dp= 10), a maior parte era do gênero feminino (71%) e da raça branca (75%). A mediana de renda domiciliar mensal foi de R$ 1.420,00 (814,00 – 2.190,00), da escolaridade foi de 5 anos (2,25 - 8,00) e a média do índice de massa corporal (IMC) foi de 30 kg/m2 (dp= 5,6). Após seis meses de acompanhamento, a PA sistólica reduziu em ambos os grupos de tratamento: Δ - 11,8 mmHg (dp= 20) no grupo programa multidisciplinar e Δ - 12,9 mmHg (dp= 19), no grupo programa multidisciplinar + CI; p< 0,001, sem interação entre os grupos, p= 0,60. Do mesmo modo, foi observada uma redução significativa na PA diastólica, em ambos os grupos: Δ - 8,1 mmHg (dp= 10,8) no grupo programa multidisciplinar e Δ - 7 mmHg (dp= 11,5) no grupo programa multidisciplinar + CI; p< 0,001, sem interação entre os grupos, p= 0,36. Em relação às medidas antropométricas, não foram observadas diferenças significativas intra e entre os grupos nas variáveis IMC, circunferência da cintura e relação cintura-quadril. A adesão à medicação medida pelo Teste de Morisky-Green aumentou de 34% para 49% no grupo programa multidisciplinar e de 35% para 55% no grupo programa multidisciplinar + CI. Em relação ao BMQ, a adesão à medicação aumentou de 35% para 68% no grupo programa multidisciplinar e de 22% para 67% no grupo programa multidisciplinar + CI. A prática de atividade física aumentou tanto no grupo programa multidisciplinar como no grupo programa multidisciplinar + CI; p <0,001, bem como o percentual de pessoas ativas, de 22% para 49%; p <0,001, no grupo programa multidisciplinar e de 21% para 52%; p <0,001, no grupo programa multidisciplinar + CI. No entanto, não houve diferença significativa entre os grupos. Em relação à qualidade da dieta, a pontuação média pelo IAS no grupo programa multidisciplinar foi 65,9 pontos (dp= 12,2), enquanto que no grupo programa multidisciplinar + CI foi de 68,4 pontos (dp= 12,6), p= 0,166. No grupo programa multidisciplinar, 73% dos participantes tinham dietas que necessitavam modificações e 16% delas apresentavam boa qualidade, enquanto que no grupo programa multidisciplinar + CI, 74% das dietas necessitavam modificações e 17% delas apresentavam boa qualidade. Dietas inadequadas também foram semelhantes entre os grupos: 12% no grupo programa multidisciplinar e 9% no grupo programa multidisciplinar + CI. A pontuação em ambos os grupos foi similar para o consumo de grãos e tubérculos, vegetais, leguminosas, carnes e ovos e laticínios, com exceção da pontuação para o consumo de frutas, que foi maior no grupo programa multidisciplinar + CI; p= 0,003. Da mesma forma, a pontuação para a ingestão de gorduras totais, colesterol, sódio e variedade da dieta foram similares nos dois grupos, sem diferença significativa; p> 0,05. Este estudo demonstra a efetividade de um programa de educação em saúde para o controle da PA. No entanto, estudos com maior período de acompanhamento devem ser conduzidos para avaliar o impacto destas intervenções sobre os desfechos clínicos associados com os marcadores bioquímicos e risco cardiovascular. No que se refere à adequação da qualidade da dieta, pode-se concluir que a maioria dos participantes do estudo ainda necessita modificações na qualidade da alimentação, com ênfase no consumo de vegetais, frutas, leguminosas, carboidratos e laticínios. Ressalta-se, também, a importância da implementação de políticas públicas, através de programas de educação em saúde abrangentes e de fácil acesso à população. / Hypertension is considered a public health problem and the main risk factor for cardiovascular disease development. In this sense, the main objectives of this study were evaluate the effectiveness of a multidisciplinary program on blood pressure (BP) control, and the diet quality of hypertensive patients in the primary health care (PHC). A randomized controlled trial was conducted in two units under the Family Health Strategy (FHS), in Restinga and Extreme-South in Porto Alegre, Southern Brazil. Two hundred and fifty-six patients, older than 40 years old and with uncontrolled hypertension, systolic BP ≥140 mmHg and/or diastolic BP ≥90 mmHg, were include in this study. Sociodemographic, clinical and behavioral data, such as anthropometric, dietary, medication adherence and physical activity were analyzed. Patients were randomized to the multidisciplinary program group, participating in health education monthly meetings, as well as guided physical activities twice a week, or to the personalized care group, where they also received referral to visit a dietitian and a clinical pharmacist, with focus on hypertension control. Medication adherence was measured using two questionnaires validated to Portuguese: Morisky-Green Test and Brief Medication Questionnaire (BMQ), and physical activities practice was evaluated with the International Physical Activity Questionnaire (IPAQ). Dietary data were collected using 24-hour dietary recall, and diet quality was assessed using the Healthy Eating Index (HEI). Continuous variables were expressed as mean and standard deviation (SD) or median and interquartile range (IQR), and categorical variables as proportion. Continuous variables were analyzed by the Student's t test, Mann-Whitney U test or the Generalized Estimation Equation (GEE), and categorical variables by Pearson's chi-squared test or Fisher's exact test, when appropriate. P-values < 0.05 were considered significant. Analyses were performed using the Statistical Package for Social Sciences (SPSS) version 20 for Windows. Sociodemographic, clinical e behavioral characteristics of participants were similar between groups. Mean age was 60 years old (SD, 10), and the majority was females (71%) and white race (75%). The median monthly household income was U$ 580 (332 to 894), the education level was 5 years (2.25 to 8.00) and the mean body mass index (BMI) was 30 kg/m2 (SD, 5.6). After six months of follow-up, systolic BP decreased in both treatment groups: Δ - 11.8 mmHg (SD, 20.2) in the multidisciplinary program group; p< 0.001, and Δ - 12.9 mmHg (SD, 19.2) in the personalized care group; p< 0.001, without interaction between the groups, p= 0.60. In addition, a significant change in diastolic BP was also noted in both groups: Δ - 8.1 mmHg (SD, 10.8) in the multidisciplinary program group; p< 0.001, and Δ - 7.0 mmHg (SD, 11.5) in the personalized care group; p< 0.001, without interaction between the groups, p= 0.36. In relation to anthropometric measures, no differences were observed within and between groups in variables such as BMI, waist circumference and waist-to-hip ratio. Medication adherence measured by the Morisky-Green Test increased from 34% to 49% in the multidisciplinary program group and from 35% to 55% in the personalized care group. In relation to the BMQ, the medication adherence increased from 35% to 68% in the multidisciplinary program group and from 22% to 67% in the personalized care group. Physical activities practice increased both in the multidisciplinary program group as in the personalized care group; p< 0.001, as well as the active people percentage, from 22% to 49%; p< 0.001, in the multidisciplinary program group, and from 21% to 52%; p< 0.001, in the personalized care group. However, there was no significant difference between groups. Regarding diet quality, the average HEI score in the multidisciplinary program group was 65.9 (SD, 12), and in the personalized care group was 68.4 (SD, 13); p= 0.166. In the multidisciplinary program group, 73% of participants had diet needs improvement and 16% of them had good diet, and in the personalized care group, 74% had diet needs improvement and 17% had good diet. Poor diet percentage was also similar between the groups: 12% and 9%, respectively. The score in both groups was similar regarding the consumption of grains and tubers, vegetables, legumes, meat and eggs and dairy products, with the exception of fruits consumption score, which was higher in the personalized care group; p= 0.003. Similarly, intake scores of total fat, cholesterol, sodium and dietary variety was similar in both groups, with no statistically significant difference; p> 0.05. This study demonstrates the effectiveness of a health education program to BP control. However, studies with larger follow-up periods should be conducted to evaluate intervention impact over clinical outcomes associated with biochemical markers and cardiovascular risk. Regarding diet quality, we can conclude that the majority of participants in this study still need diet improvements, with emphasis in vegetables, fruits, legumes, carbohydrates and dairy consumption. We also point out the importance of public policy implementations, through comprehensive education and health programs, with easy access to the population.
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Prevalência de hipertensão arterial sistêmica no brasil e manejo usual da doença na atenção primáriaPicon, Rafael da Veiga Chaves January 2012 (has links)
Introdução Hipertensão arterial sistêmica (HAS) é atualmente definida pela média de pressão arterial (PA) de consultório maior ou igual a 140/90 mmHg em ao menos duas aferições rea-lizadas em duas ou mais consultas. É conhecido fator de risco para doença cardiovascular, explicando cerca de metade dos casos de acidente vascular encefálico e de doença arterial coronariana. Também é notório contundente o acúmulo de evidências que apontam para correlação positiva entre os níveis pressóricos arteriais e o risco para eventos cardiovascula-res. Estimativas internacionais revelam o aumento na prevalência de HAS no mundo, apesar de, paradoxalmente, ter ocorrido aparente redução na média de PA sistólica nas úl-timas décadas. Segundo projeções publicadas, até 2025, 1,17 bilhão de pessoas serão por-tadoras de HAS, sendo que três quartos delas viverão em países em desenvolvimento e os idosos serão os mais acometidos. Mesmo assim, há carência de dados de prevalência da doença no mundo em desenvolvimento, inclusive no Brasil, e, sobretudo entre os idosos. Em nosso país, não existem estudos com amostras representativas da nação que tenham avaliado a frequência de HAS por meio de aferição de PA. O impacto da HAS sobre a saúde da população e seus desdobramentos econômicos, apesar de serem, presumivelmente, substanciais, nunca foram estimados de forma ampla assumindo a perspectiva do Sistema Único de Saúde (SUS). Existem estimações de custos diretos associados ao tratamento farmacológico da doença, provenientes de raras avalia-ções econômicas realizadas e de bancos de dados administrativos como o DATASUS. No entanto, as próprias análises de custo-efetividade se limitam ao estudo da eficiência do tra-tamento medicamentoso no controle ou redução da PA. Não há, portanto, conhecimento, no cenário nacional, a respeito da custo-efetividade das diferentes intervenções disponíveis no tratamento da HAS sobre prevenção de doença cardiovascular ou morte. Também não se conhece em profundidade o status quo do tratamento da HAS na atenção primária brasilei-ra, ou seja, as práticas usualmente empregadas no manejo ambulatorial dos pacientes hi-pertensos atendidos pelo SUS. O status quo é o caso-base contra o qual, idealmente, nas tecnologias ou programas de saúde deveriam ser comparados antes de se decidir pela sua incorporação, ou não, no Sistema. As dificuldades normalmente encontradas durante a realização de avaliações eco-nômicas em saúde – instrumento de pesquisa maior das avaliações de tecnologia em saúde – costumam ser fruto não do excesso, mas da escassez de informações necessárias para condução dessas análises. Com isso em mente, o presente trabalho pretende auxiliar na ampliação do conhecimento de parâmetro indispensável para o planejamento em saúde pública e estimativa de ônus econômico da HAS: a prevalência de doença; e ainda traçar um panorama da real assistência dispensada aos indivíduos hipertensos no âmbito da atenção primária brasileira. Métodos Três revisões sistemáticas foram delineadas para responder as seguintes questões de pesquisa: i) qual a prevalência nacional de HAS em adultos e o comportamento da mesma 14 nos últimos 30 anos? i) qual a prevalência nacional de HAS em idosos? iii) como os hiperten-sos são usualmente manejados na atenção primária brasileira? Foram empregadas as bases de dados do PubMed, Embase, Biblioteca Virtual em Saúde, LILACS, Scielo e o Banco de Teses da CAPES. Busca manual entre as referências dos artigos encontrados e busca por trabalhos publicados em congressos nacionais de cardiolo-gia também foram realizadas. Não se aplicou nenhuma restrição de língua. Estudos de coorte ou transversais de base populacional, realizados a partir de 1980 e realizados em amostras probabilísticas eram elegíveis para as análises. Para o estudo do manejo usual da HAS na atenção primária, trabalhos conduzidos com amostras oriundas de Unidades Básicas de Saúde e centros de referência ligados ao SUS também foram incluídos. Para as meta-análises, foi utilizado modelo de efeitos aleatórios. Meta-regressão foi usada para avaliar o comportamento da prevalência de HT ao longo do tempo. Resultados A prevalência de hipertensão arterial pelos critérios do JNC (BP ≥140/90 mmHg) em 1980, 1990 e 2000 foram 36,1 (IC 95% 28,7–44,2), 32,9% (29,9–36,0%) e 28,7% (26,2 – 31,4%), respectivamente (P <0,001). Em 2000, as estimativas de prevalência por autorrelato de hipertensão em inquéritos telefônicos foi de 20,6% (19,0–22,4%) e em inquéritos domici-liares foi de 25,2% (23,3–27,2%). Entre os idosos, a prevalência de HT para o período de 1980 a 2010, segundo os cri-térios JNC, foi 68,0% (65,1–69,4%). Em 2000, a prevalência pelos mesmos critérios foi de 68,9% (64.1–73.3%). Prevalência autorreferida através de visitas domiciliares foi 49,9% (46,8–51,2%) e por meio de inquéritos telefônicos foi 53,8% (44,8–62,6%). Indivíduos hipertensos tinham em média 2,6 consultas médicas por ano e metade afirmou ter usado os serviços do SUS na maioria das vezes. Três quartos estavam usando ao menos um anti-hipertensivo e um terço dos indivíduos estavam em uso de duas medicações. Diuréticos tiazídicos (18,2%) e inibidores de enzima conversora de angiotensina (16,2%) foram os medicamentos mais frequentemente utilizados em monoterapia e combi-nados um com o outro (14,9%). Aproximadamente um terço dos hipertensos foram subme-tidos a medidas de colesterol total, triglicerídeos, glicemia de jejum e creatinina sérica nos últimos 12 meses. Fumantes representaram 21,7% de indivíduos com hipertensão e 13,5% de hipertensos eram também diabéticos. Conclusões A prevalência de HAS no Brasil parece ter diminuído 6% nas últimas três décadas, mas ainda é aproximadamente 30%. Prevalência de hipertensão arterial é elevada entre os idosos, e há considerável subestimação da prevalência da doença através de avaliações por autorrelato. Nossa meta-análise foi uma maneira alternativa para estabelecer a prevalência de HAS no Brasil, é necessária para avaliar o ônus da doença e implantar programas de saú-de custo-efetivos. No entanto, estudo de prevalência com amostra representativa nacional é necessário para confirmar as estimativas e determinar prevalências mais precisas para populações específicas. Mais informações sobre manejo de hipertensão dentro da configuração brasileira de atenção primária são necessárias. No entanto, nossa revisão alcançou seus objetivos de des-crever aspectos relevantes da atenção primária usual no Brasil. Futuras avaliações econômi-cas são necessárias para analisar a custo-efetividade de futuras de diretrizes clínicas frente ao status quo. / Introduction Hypertension (HT) is currently defined by the mean office blood pressure (BP) of 140/90 mmHg or greater in at least two measurements made in two or more visits. It is known risk factor for cardiovascular disease (CVD), explaining about half of the cases of stroke and coronary artery disease. There is also a considerable body of evidence pointing to positive correlation between BP levels and the risk for cardiovascular events. International estimates reveal an increase in prevalence of HT in the world, although, paradoxically, there has been apparent reduction in average systolic BP in recent decades. According to published projections, until 2025, 1.17 billion people will have high blood pres-sure, three-quarters of those with HT will be living in developing countries, and the elderly will be the most affected. Even so, there is a lack of data on prevalence of the disease in the developing world, including in Brazil, and especially among the elderly. In our country, there are no studies with representative samples of the nation that have assessed the prevalence of HT through BP measurements. The impact of HT over the health of our population and its economic consequences, even though they are, presumably, substantial, were never broadly evaluated assuming the perspective of the Brazilian Unified Health System (SUS). There are estimates of direct costs associated with the pharmacological treatment of the disease from rare economic evalua-tions and administrative databases as the DATASUS. However, cost-effectiveness analyses were limited to the assessment of the efficiency of the medical therapy over BP reduction or control. Therefore there is no information, on a national basis, regarding the cost-effectiveness of various available interventions for HT treatment on CVD prevention and mortality. Also, there is no in-depth knowledge of the status quo of HT treatment in primary care, that is, the standard of care usually provided by the SUS in the outpatient manage-ment HT. The status quo is the base-case scenario against which, ideally, any new technolo-gy or health program should be compared before deciding for its incorporation, or not, into the healthcare system. The difficulties frequently encountered during the undertaken of health economic evaluations – the main research tool for health technology assessments – are the result not of excess, but of scarcity of information necessary to carry these analyses. Bearing that in mind, the present work aims to assist in the expansion of knowledge of an essential param-eter for public health planning and economic burden of disease estimation: the prevalence of HT; and still, draw a panorama of the real assistance provided to hypertensive subjects within the framework of primary health care. Methods Three systematic reviews were outlined to answer the following research questions: i) what is the national prevalence HT in adults and the trends of this prevalence over the last 30 years? i) what is the national prevalence of HT among the elderly? iii) how the hyperten-sive patients are usually managed in the primary care setting in Brazil? The PubMed, Embase, Virtual Health Library, LILACS, Scielo, and the CAPES Theses databases were employed for searches. Manual search inside references of the articles and search for works published in national cardiology meetings also were held. We did not apply any language restriction. Population-based cohort or cross-sectional studies with probabilistic samples were eligible for the analyses. For the usual management HAS in primary care study, works car-ried-out on samples from primary health units or reference centers affiliated to the SUS were also included. For the meta-analyses, random effects model was used. Meta-regression was used to evaluate the trends of HT prevalence over time. Results The prevalence of hypertension by the JNC criteria (BP ≥140/90 mmHg) in the 1980’s, 1990’s and 2000’s were 36.1% (95% CI 28.7–44.2%), 32.9% (29.9–36.0%), and 28.7% (26.2 – 31.4%), respectively (P <0.001). In the 2000’s, the pooled prevalence estimates of self-reported hypertension on telephone inquiries was 20.6% (19.0–22.4%), and of self-reported hypertension in home surveys was 25.2% (23.3–27.2%). Among the elderly, the prevalence of HT for the period from 1980 to 2010, according to the JNC criteria, was 68.0% (95% CI 65.1%–69.4%). In the 2000’s, prevalence following the same criteria was 68.9% (95% CI 64.1%–73.3%), whereas self-reported prevalence through household surveys was 49.0% (95% CI 46.8%–51.2%) and through telephone surveys was 53.8% (95% CI 44.8%–62.6%). Hypertensive individuals had on average 2.6 medical appointments per year and half stated using the Brazilian public healthcare services most of the time. Three quarters were using al least one blood pressure medication and a third of individuals were in use of two drugs. Thiazide type diuretics (18.2%) and angiotensin-converting enzyme inhibitors (16.2%) were the most often used medications in single-drug therapy and combined with each other (14.9%). Approximately one third of hypertensives were tested for total serum cholesterol, triglycer-ides, fasting plasma glucose, and serum creatinine in the last 12 months. Current smokers accounted for 21.7% of subjects with hypertension and 13.5% of hypertensives were also diabetics. Conclusions The prevalence of hypertension in Brazil seems to have diminished 6% in the last three decades, but it still is approximately 30%. Prevalence of hypertension is high among the elderly and there is considerable underestimation of disease prevalence through self-reported estimates. Our meta-analysis was an alternative way to establishing the hyperten-sion prevalence in Brazil, which is necessary to assess the hypertension burden and to im-plement cost-effective interventions. Nonetheless, a nationwide prevalence study is still needed to confirm the estimates and determine more accurate rates for specific popula-tions. More information on hypertension management inside the Brazilian primary care setting is still needed. Nonetheless, our assessment achieved its goals of describing relevant aspects of usual primary care in Brazil. Future economical evaluations are needed to assess forthcoming clinical guidelines’ cost-effectiveness over the status quo.
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Trajetória do declínio cognitivo e fatores associados em uma coorte de idosos da atenção básica na cidade do RecifeLIMA, Fabia Maria de 05 June 2015 (has links)
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Previous issue date: 2015-06-05 / O percentual de idosos no Brasil, em 1980, era de 6,7%. Caso as projeções se confirmem, em 2050, será de 28,9%. Em consequência desse envelhecimento populacional, as doenças crônicas não transmissíveis cada vez mais vêm assumindo maior importância nos países com renda baixa e média, dentre elas destacamos a demência, a qual está relacionada com a mudança das funções cognitivas. O declínio das funções cognitivas já pode ser detectado após os 45 anos de idade, e se agrava progressivamente com o envelhecimento. Por esse motivo, a identificação do déficit cognitivo é importante, dada à possibilidade de diagnóstico precoce de demência, cuja frequência é crescente e se constitui valioso indicador de saúde dos idosos. Objetivos: Investigar a prevalência de déficit cognitivo em estudo transversal, e a trajetória do declínio cognitivo e os seus fatores associados em uma população de idosos da cidade do Recife, Pernambuco, Brasil, em uma coorte longitudinal de base populacional com seguimento por dois anos. Métodos: Desenvolveu-se um estudo longitudinal, prospectivo e de base populacional, com amostra composta no baseline de 635 idosos atendidos pela Estratégia Saúde da Família na Atenção Primária à Saúde durante o período de 2010 a 2012, na cidade do Recife-PE. Esta pesquisa faz parte de um estudo epidemiológico realizado em 60 municípios com a população de 3000 idosos no Estado de Pernambuco, denominado Projeto Pernambuco. As variáveis utilizadas foram os dados sociodemográficos, estilo de vida, morbidade autorreferida, sintomas depressivos, nível funcional e cognição. Resultados: No estudo transversal, a avaliação cognitiva mostrou alteração em 63,4% dos idosos da cidade do Recife-PE. No longitudinal, a média do MEEM ficou em 21,2 ± 4,7. Houve uma diminuição média da pontuação do MEEM de 1,1 ponto em dois anos e os fatores associados a essa redução no grupo com déficit cognitivo no baseline foram idade, alta escolaridade e uso de bebida alcoólica; enquanto que, no grupo sem déficit cognitivo, contribuíram a baixa escolaridade e ausência de atividade de lazer. Foram produzidos três artigos científicos: 1) primary healthcare for older People as identified in project Pernambuco – Brazil; já publicado: 2) quality of life amongst older brazilians: a cross-cultural validation of the CASP-19 into brazilian-portuguese; e 3) AD8-Brazil: cross-cultural validation of the ascertaining dementia interview in Portuguese. Esses artigos serviram como base para coleta de dados dos demais estudos desta tese.
Conclusão: Observamos diferenças no comportamento das variáveis que influenciaram o aparecimento e a progressão do declínio cognitivo. Ressaltamos que, exceto a idade, os demais fatores são modificáveis, o que permite adoção de medidas preventivas contra o avanço das perdas de habilidades cognitivas, compatível com uma atenção personalizada e holística, mais adequada ao envelhecimento saudável. / Introduction: The percentage of older people in Brazil in 1980 was 6.7%. If projections are confirmed, by 2050 this figure will have reached 28.9%. As a result of this aging population, non-communicable chronic diseases have become increasingly more significant for low- and middle-income countries, particularly dementia, which is related to a change in cognitive functions. It is possible to detect a decline in cognitive functions after 45 years of age, which becomes progressively worse with aging. For this reason, it is important to identify cognitive impairment given the possibility of early diagnosis of dementia, the frequency of which is increasing and constitutes an important health indicator for older people.
Objectives: To investigate the prevalence of cognitive impairment in a cross-sectional study together with the path of cognitive decline and its associated factors in older people in the city of Recife, Pernambuco, Brazil, in a longitudinal population-based cohort with a two-year follow-up period.
Methods: We developed a longitudinal, prospective, population-based study with a baseline sample of 635 older people treated under the Family Health Strategy in Primary Healthcare from 2010 to 2012 in the city of Recife. This research is part of an epidemiological study conducted across 60 municipalities in the state of Pernambuco with a population of 3000 older people, entitled Project Pernambuco. The variables used were socio-demographic data, lifestyle, self-reported morbidity, depressive symptoms, functional levels and cognition. Results: In the cross-sectional study, cognitive assessment demonstrated changes in 63.4% of the older people in Recife. In the longitudinal study, the mean Mini Mental State Examination (MMSE) score was 21.2 ± 4.7. There was a mean decrease in the MMSE score of 1.1 points over two years and the factors associated with this reduction in the group with cognitive impairment at baseline were age, high schooling levels and alcohol consumption; while in the group without cognitive impairment, risk factors were lower schooling levels and a lack of leisure activities. Three scientific articles were produced: 1) Primary healthcare for older people as identified in Project Pernambuco - Brazil; and the already published: 2) Quality of life amongst older Brazilians: a cross-cultural validation of CASP-19 into Brazilian Portuguese, and 3) AD8-Brazil: a cross-cultural validation of the ascertaining dementia interview in Portuguese. These served as the basis for data collection for the other studies in this thesis.
Conclusion: We observed differences in the behavior of the variables that influenced the onset and progression of cognitive decline. It should be emphasized that, except for age, all other risk factors are modifiable, thus allowing the adoption of preventive measures against the progressive impairment of cognitive abilities, compatible with personalized, holistic healthcare, and more appropriate to healthy aging.
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Telemedicina: uma abordagem à adesão ao tratamento anti-hipertensivo na atenção primáriaVinícius Ribeiro dos Santos, Marcos 31 January 2011 (has links)
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Previous issue date: 2011 / INTRODUÇÃO: As doenças crônicas não comunicáveis têm atingido proporções pandêmicas. Entre elas, a hipertensão arterial sistêmica tem um papel de destaque pela prevalência e morbi-mortalidade que determina. A redução na morbidade e mortalidade depende do efetivo controle clínico que pode ser obtido pelo manejo terapêutico adequado, mudanças no estilo de vida e adesão ao tratamento. Entretanto, os achados de baixos índices de controle da hipertensão, em média abaixo de 50%, são uma realidade e apontam para um problema crítico na abordagem do tratamento anti-hipertensivo - a baixa adesão ao tratamento. Para avaliar se a telemedicina pode ser uma estratégia efetiva para aumentar a adesão ao tratamento anti-hipertensivo na atenção primária, foi realizado um ensaio clínico aberto, não aleatorizado, tipo antes e depois, cujo desfecho primário é o efeito da telemedicina sobre a adesão ao tratamento medicamentoso e não medicamentoso de pacientes hipertensos cadastrados no programa HIPERDIA; e o desfecho secundário é a avaliação dos níveis pressóricos dos pacientes. METODOLOGIA: Através de questionários, foram coletados os dados demográficos, clínicos e de adesão às medidas medicamentosas e não medicamentosas de tratamento da hipertensão arterial de 502 pacientes em duas unidades de saúde da família de Pernambuco. Depois disso, 21 profissionais de saúde destas unidades participaram de 10 seminários por webconferência sobre hipertensão, seu controle e a importância da adesão ao tratamento. A equipe foi submetida à avaliação pré e pós-intervenção para avaliar o impacto desta atividade educacional. Seis meses depois, foram reaplicados os questionários a 502 pacientes para aferir e comparar mudanças na adesão ao tratamento pós-intervenção. RESULTADOS: Na fase pré-intervenção, as características principais foram: sócio-demográficas - idade >60 anos 58%, sexo feminino 74,1%, alfabetizados 50,6%, renda familiar entre 1 e 5 salários mínimos 78,5%; clínicas - diabetes 22,5%, insuficiência venosa 13,3%, doença coronariana 8,8%, antecedente familiar de doença coronariana 59,6%, IMC>25 e <30 em 39% e pressão alterada em 56,8%; hábitos- tabagismo 23,5% e etilismo 10,4%. A análise univariada identificou maior percentual de adesão para a idade >60 anos, a renda >1 salário mínimo, coronariopatia, insuficiência vascular e ausência familiar de coronariopatia e hipercolesterolemia. Na análise multivariada, mantiveram-se a renda >1 salário mínimo, OR=1,75 (IC: 1,04- 2,95), p= 0,036, a doença coronária pessoal [OR = 2,83 (IC: 1,29-6,43), p = 0,01] e a ausência familiar de coronariopatia OR= 1,86 (IC: 1,16- 2,99), P= 0,01. Após a intervenção de telemedicina, ocorreram mudanças nas taxas de adesão para o uso de medicações de 37,8% para 46,7% (p= 0,004) e dieta hipossódica de 92,0% para 96,3% (p= 0,001). Não mudou a atividade física. CONCLUSÃO: A telemedicina aumentou a adesão ao tratamento anti-hipertensivo nas unidades de saúde estudadas. Outros recursos de telemedicina, além daqueles propostos neste trabalho, poderiam vir a ser disponibilizados para potencializar os resultados no monitoramento da hipertensão arterial e apoiar outras ações para melhorar a resolutividade das equipes de saúde da família
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Avaliação do programa de controle da tuberculose na atenção básica em três USF do DSIII, Recife, Pernambuco: aspectos organizacionais e do atendimento - 2009Siqueira Santos, Juliana 31 January 2009 (has links)
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Previous issue date: 2009 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / O Programa de Controle da Tuberculose preconiza algumas condições básicas para o êxito do
tratamento, que incluem: tratamento descentralizado, profissionais treinados, acesso ao
atendimento e aos exames laboratoriais, fornecimento gratuito e ininterrupto da medicação,
entre outros. Considerando que a adesão do paciente ao tratamento depende também da forma
como o usuário é atendido no serviço de saúde, o presente estudo teve como objetivo analisar
os aspectos organizacionais e do atendimento aos pacientes em tratamento de tuberculose em
Unidades de Saúde da Família do Distrito Sanitário III, Recife, Pernambuco. Estudo
descritivo e exploratório que utilizou questionários compostos por perguntas fechadas e
abertas. Foram selecionadas três USF, uma em cada microrregião do DS III, com maior
número de casos de tuberculose. Os sujeitos do estudo foram um informante-chave de cada
unidade selecionada; médicos, enfermeiros e ACS que apresentavam pacientes em
acompanhamento; e usuários em tratamento, totalizando 23 entrevistas. Como resultados
observou-se: quanto aos aspectos organizacionais os informantes-chaves consideraram os
usuários com suspeita de tuberculose prioritários para o atendimento nas unidades. Tais
profissionais apontaram algumas dificuldades no apoio laboratorial, especialmente no que se
refere à ausência de coleta diária de material para exame de baciloscopia de escarro. Com
relação aos aspectos do atendimento, mais da metade dos profissionais (médicos, enfermeiros
e ACS) entrevistados reconheceram que todos os pacientes com tuberculose devem ser
incluídos no tratamento supervisionado. No entanto, os usuários afirmaram que o tratamento
foi auto-administrado. No acolhimento, a escuta dos usuários foi valorizada pelos
profissionais de saúde, apesar de considerarem que o tempo oferecido nas consultas ainda é
insuficiente para que o doente possa falar sobre suas preocupações e problemas. Quanto ao
vínculo, os pacientes referiram uma boa relação com os profissionais e um sentimento de
confiança. Conclui-se que os resultados reforçam a importância da atuação das equipes de
saúde da família no controle da tuberculose, destacando necessidade de melhorias, tanto em
aspectos que se referem ao acesso (atendimento, medicamento, exames), quanto no que diz
respeito à relação profissional-usuário
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Atenção individual, enfoque familiar e orientação à comunidade nas ações de controle da tuberculose na percepção de diferentes atores - Ribeirão Preto, SP (2007) / Individual care, family focus and community orientation in the control of tuberculosis in the perception of different actorsCurto, Márcio 17 August 2009 (has links)
O objetivo desse estudo foi avaliar, sob a percepção dos doentes, dos profissionais de saúde e dos gestores as características organizacionais e desempenho dos serviços de saúde (SS) que desenvolvem ações de controle da TB, abordando as dimensões: atenção individual (AI), enfoque familiar (EF) e orientação à comunitária (OC) na cidade de Ribeirão Preto, SP, Brasil. O estudo justifica-se pelo fato da TB ser um problema de saúde pública mundial com grande impacto no Brasil e também pela necessidade reorganização dos serviços de atenção primária à saúde (APS) considerando os aspectos da AI, EF e OC. Materiais e Métodos: O estudo epidemiológico, inquérito avaliativo-exploratório utilizou o instrumento Primary Care Assessment Tool (PCAT), adaptado e validado para a atenção à TB no Brasil. O PCAT foi aplicado a 100 doentes, 16 profissionais e três gestores que responderam cada questão de acordo com uma escala pré-determinada, (escala de Likert), variando de zero a cinco. Resultados: O desempenho dos SS foi considerado satisfatório em relação à AI pelos três atores. Em relação ao EF, houve discordância entre o padrão de respostas dos atores entrevistados. Em relação à OC, o desempenho dos SS pôde ser considerado como insatisfatórios pelos três atores. Após ter sido realizada a análise de variância, quatro indicadores apresentaram diferença estatística significante segundo a percepção dos doentes e os SS foram comparados utilizando o teste de Tukey. Alguns SS apresentaram médias superiores em relação aos demais SS, o que pode estar relacionado ao fato das equipes dos SS com as maiores médias atenderam um numero menor de doentes que a dos demais SS que apresentaram as menores médias. Conclusões: É necessário ampliar a visão das equipes dos SS afim de que a atenção à TB extrapole a AI e aborde também as ações que envolvam o EF e a OC, assim como a necessidade de redimensionamento das equipes ou a descentralização da atenção à TB para as unidades de APS próximas aos serviços com maior demanda de casos. / O objetivo desse estudo foi avaliar, sob a percepção dos doentes, dos profissionais de saúde e dos gestores as características organizacionais e desempenho dos serviços de saúde (SS) que desenvolvem ações de controle da TB, abordando as dimensões: atenção individual (AI), enfoque familiar (EF) e orientação à comunitária (OC) na cidade de Ribeirão Preto, SP, Brasil. O estudo justifica-se pelo fato da TB ser um problema de saúde pública mundial com grande impacto no Brasil e também pela necessidade reorganização dos serviços de atenção primária à saúde (APS) considerando os aspectos da AI, EF e OC. Materiais e Métodos: O estudo epidemiológico, inquérito avaliativo-exploratório utilizou o instrumento Primary Care Assessment Tool (PCAT), adaptado e validado para a atenção à TB no Brasil. O PCAT foi aplicado a 100 doentes, 16 profissionais e três gestores que responderam cada questão de acordo com uma escala pré-determinada, (escala de Likert), variando de zero a cinco. Resultados: O desempenho dos SS foi considerado satisfatório em relação à AI pelos três atores. Em relação ao EF, houve discordância entre o padrão de respostas dos atores entrevistados. Em relação à OC, o desempenho dos SS pôde ser considerado como insatisfatórios pelos três atores. Após ter sido realizada a análise de variância, quatro indicadores apresentaram diferença estatística significante segundo a percepção dos doentes e os SS foram comparados utilizando o teste de Tukey. Alguns SS apresentaram médias superiores em relação aos demais SS, o que pode estar relacionado ao fato das equipes dos SS com as maiores médias atenderam um numero menor de doentes que a dos demais SS que apresentaram as menores médias. Conclusões: É necessário ampliar a visão das equipes dos SS afim de que a atenção à TB extrapole a AI e aborde também as ações que envolvam o EF e a OC, assim como a necessidade de redimensionamento das equipes ou a descentralização da atenção à TB para as unidades de APS próximas aos serviços com maior demanda de casos.
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Saúde mental na estratégia saúde da família: uma compreensão a partir da fenomenologia de Edith Stein / Saúde Mental na Estratégia Saúde da Família: uma compreensão a partir da Fenomenologia de Edith SteinSilva, Nara Helena Lopes Pereira da 29 August 2011 (has links)
SILVA, N. H. L. P. Saúde Mental na Estratégia Saúde da Família: uma compreensão a partir da Fenomenologia de Edith Stein. 2011, 210 f. Tese (Doutorado) - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Orientadora: Carmen Lucia Cardoso. RESUMO O incentivo ao desenvolvimento de ações de saúde mental direcionadas aos territórios e às comunidades é uma política mundial atual, resultante de transformações originárias da superação de modelos asilares. No Brasil, intensas mobilizações sociais provocaram aberturas para novas ações e políticas no âmbito da saúde mental. No que tange à atenção primária, a Estratégia Saúde da Família, visa à revisão de conceitos e práticas, ao incluir a possibilidade de ações que abarquem o cultural e as relações entre as pessoas. Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi compreender a saúde mental na Estratégia Saúde da Família (ESF) a partir de uma leitura fenomenológica. Temos, portanto, como referencial para analise a fenomenologia clássica pautada pelos estudos de E. Husserl e E. Stein. Realizamos 18 entrevistas abertas, sendo 12 com profissionais de duas equipes de Saúde da Família e com três usuários em sofrimento psíquico e seus familiares, vinculados às respectivas unidades. Solicitamos que cada participante descrevesse suas vivências de saúde mental, a partir da instrução norteadora. \"Você pode me contar um pouco sobre suas experiências de Saúde Mental?\". As entrevistas foram aúdio-gravadas, transcritas na íntegra e analisadas de acordo com a perspectiva adotada. Para o aprofundamento da análise, selecionamos oito entrevistas, considerando o envolvimento dos participantes e a riqueza dos conteúdos. Dividimos a análise em duas etapas: Na primeira, foi realizada uma descrição sintética dos relatos individuais, sinalizando alguns elementos centrais que se revelaram a nós. Mantivemos a ordem temporal das falas, no intuito de evidenciá-las evitando repetições e mostrando os recortes selecionados por meio de transcrições literais, na segunda etapa, confrontamos tais relatos com os fundamentos da fenomenologia de Stein, especificamente fizemos uma análise fenomenológica a partir das noções de indivíduo e de comunidade, procurando problematizar três aspectos: a vivência comunitária como potencialidade presente na ESF; a equipe de Saúde da Família enquanto comunidade; por fim, a ESF enquanto Comunidade Estatal. Tal percurso de análise revelou um importante caminho de discussão e compreensão da Saúde Mental na ESF no que diz respeito ao cuidado ás comunidades, á constituição da equipe, ao papel desta enquanto representante do estado. Desvelamos necessidades e potencialidades, como a importância de estabelecermos relações entre sujeitos, pautadas pelo respeito, pela liberdade e pela solidariedade e a legitimação da singularidade como uma característica inerente ao ser humano. Além disso, sinalizamos as contribuições da fenomenologia para as práticas e ações neste contexto, como a époque fenomenológica, as fundamentações a cerca do ato de empatia, da vivencia comunitária, da constituição dos valores e da formação da pessoa. Apontamos a necessidade de uma abordagem que legitime a dupla face do ser humano nos aspectos de individualidade e de comunidade, no ideal fenomenológico de Homem e de Comunidade, que expresse a potencialidade de um autêntico amor próprio e uma autêntico amor ao próximo, superando, assim, as lógicas individualistas assistencialistas e dicotômica, que generalizam e discriminam as diversidades existentes nas experiências humanas. (CAPES e FAPESP) / SILVA, N. H. L. P. Saúde Mental na Estratégia Saúde da Família: uma compreensão a partir da Fenomenologia de Edith Stein. 2011, 210 f. Tese (Doutorado) - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Orientadora: Carmen Lucia Cardoso. RESUMO O incentivo ao desenvolvimento de ações de saúde mental direcionadas aos territórios e às comunidades é uma política mundial atual, resultante de transformações originárias da superação de modelos asilares. No Brasil, intensas mobilizações sociais provocaram aberturas para novas ações e políticas no âmbito da saúde mental. No que tange à atenção primária, a Estratégia Saúde da Família, visa à revisão de conceitos e práticas, ao incluir a possibilidade de ações que abarquem o cultural e as relações entre as pessoas. Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi compreender a saúde mental na Estratégia Saúde da Família (ESF) a partir de uma leitura fenomenológica. Temos, portanto, como referencial para analise a fenomenologia clássica pautada pelos estudos de E. Husserl e E. Stein. Realizamos 18 entrevistas abertas, sendo 12 com profissionais de duas equipes de Saúde da Família e com três usuários em sofrimento psíquico e seus familiares, vinculados às respectivas unidades. Solicitamos que cada participante descrevesse suas vivências de saúde mental, a partir da instrução norteadora. \"Você pode me contar um pouco sobre suas experiências de Saúde Mental?\". As entrevistas foram aúdio-gravadas, transcritas na íntegra e analisadas de acordo com a perspectiva adotada. Para o aprofundamento da análise, selecionamos oito entrevistas, considerando o envolvimento dos participantes e a riqueza dos conteúdos. Dividimos a análise em duas etapas: Na primeira, foi realizada uma descrição sintética dos relatos individuais, sinalizando alguns elementos centrais que se revelaram a nós. Mantivemos a ordem temporal das falas, no intuito de evidenciá-las evitando repetições e mostrando os recortes selecionados por meio de transcrições literais, na segunda etapa, confrontamos tais relatos com os fundamentos da fenomenologia de Stein, especificamente fizemos uma análise fenomenológica a partir das noções de indivíduo e de comunidade, procurando problematizar três aspectos: a vivência comunitária como potencialidade presente na ESF; a equipe de Saúde da Família enquanto comunidade; por fim, a ESF enquanto Comunidade Estatal. Tal percurso de análise revelou um importante caminho de discussão e compreensão da Saúde Mental na ESF no que diz respeito ao cuidado ás comunidades, á constituição da equipe, ao papel desta enquanto representante do estado. Desvelamos necessidades e potencialidades, como a importância de estabelecermos relações entre sujeitos, pautadas pelo respeito, pela liberdade e pela solidariedade e a legitimação da singularidade como uma característica inerente ao ser humano. Além disso, sinalizamos as contribuições da fenomenologia para as práticas e ações neste contexto, como a époque fenomenológica, as fundamentações a cerca do ato de empatia, da vivencia comunitária, da constituição dos valores e da formação da pessoa. Apontamos a necessidade de uma abordagem que legitime a dupla face do ser humano nos aspectos de individualidade e de comunidade, no ideal fenomenológico de Homem e de Comunidade, que expresse a potencialidade de um autêntico amor próprio e uma autêntico amor ao próximo, superando, assim, as lógicas individualistas assistencialistas e dicotômica, que generalizam e discriminam as diversidades existentes nas experiências humanas. (CAPES e FAPESP)
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Atenção individual, enfoque familiar e orientação à comunidade nas ações de controle da tuberculose na percepção de diferentes atores - Ribeirão Preto, SP (2007) / Individual care, family focus and community orientation in the control of tuberculosis in the perception of different actorsMárcio Curto 17 August 2009 (has links)
O objetivo desse estudo foi avaliar, sob a percepção dos doentes, dos profissionais de saúde e dos gestores as características organizacionais e desempenho dos serviços de saúde (SS) que desenvolvem ações de controle da TB, abordando as dimensões: atenção individual (AI), enfoque familiar (EF) e orientação à comunitária (OC) na cidade de Ribeirão Preto, SP, Brasil. O estudo justifica-se pelo fato da TB ser um problema de saúde pública mundial com grande impacto no Brasil e também pela necessidade reorganização dos serviços de atenção primária à saúde (APS) considerando os aspectos da AI, EF e OC. Materiais e Métodos: O estudo epidemiológico, inquérito avaliativo-exploratório utilizou o instrumento Primary Care Assessment Tool (PCAT), adaptado e validado para a atenção à TB no Brasil. O PCAT foi aplicado a 100 doentes, 16 profissionais e três gestores que responderam cada questão de acordo com uma escala pré-determinada, (escala de Likert), variando de zero a cinco. Resultados: O desempenho dos SS foi considerado satisfatório em relação à AI pelos três atores. Em relação ao EF, houve discordância entre o padrão de respostas dos atores entrevistados. Em relação à OC, o desempenho dos SS pôde ser considerado como insatisfatórios pelos três atores. Após ter sido realizada a análise de variância, quatro indicadores apresentaram diferença estatística significante segundo a percepção dos doentes e os SS foram comparados utilizando o teste de Tukey. Alguns SS apresentaram médias superiores em relação aos demais SS, o que pode estar relacionado ao fato das equipes dos SS com as maiores médias atenderam um numero menor de doentes que a dos demais SS que apresentaram as menores médias. Conclusões: É necessário ampliar a visão das equipes dos SS afim de que a atenção à TB extrapole a AI e aborde também as ações que envolvam o EF e a OC, assim como a necessidade de redimensionamento das equipes ou a descentralização da atenção à TB para as unidades de APS próximas aos serviços com maior demanda de casos. / O objetivo desse estudo foi avaliar, sob a percepção dos doentes, dos profissionais de saúde e dos gestores as características organizacionais e desempenho dos serviços de saúde (SS) que desenvolvem ações de controle da TB, abordando as dimensões: atenção individual (AI), enfoque familiar (EF) e orientação à comunitária (OC) na cidade de Ribeirão Preto, SP, Brasil. O estudo justifica-se pelo fato da TB ser um problema de saúde pública mundial com grande impacto no Brasil e também pela necessidade reorganização dos serviços de atenção primária à saúde (APS) considerando os aspectos da AI, EF e OC. Materiais e Métodos: O estudo epidemiológico, inquérito avaliativo-exploratório utilizou o instrumento Primary Care Assessment Tool (PCAT), adaptado e validado para a atenção à TB no Brasil. O PCAT foi aplicado a 100 doentes, 16 profissionais e três gestores que responderam cada questão de acordo com uma escala pré-determinada, (escala de Likert), variando de zero a cinco. Resultados: O desempenho dos SS foi considerado satisfatório em relação à AI pelos três atores. Em relação ao EF, houve discordância entre o padrão de respostas dos atores entrevistados. Em relação à OC, o desempenho dos SS pôde ser considerado como insatisfatórios pelos três atores. Após ter sido realizada a análise de variância, quatro indicadores apresentaram diferença estatística significante segundo a percepção dos doentes e os SS foram comparados utilizando o teste de Tukey. Alguns SS apresentaram médias superiores em relação aos demais SS, o que pode estar relacionado ao fato das equipes dos SS com as maiores médias atenderam um numero menor de doentes que a dos demais SS que apresentaram as menores médias. Conclusões: É necessário ampliar a visão das equipes dos SS afim de que a atenção à TB extrapole a AI e aborde também as ações que envolvam o EF e a OC, assim como a necessidade de redimensionamento das equipes ou a descentralização da atenção à TB para as unidades de APS próximas aos serviços com maior demanda de casos.
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Saúde mental na estratégia saúde da família: uma compreensão a partir da fenomenologia de Edith Stein / Saúde Mental na Estratégia Saúde da Família: uma compreensão a partir da Fenomenologia de Edith SteinNara Helena Lopes Pereira da Silva 29 August 2011 (has links)
SILVA, N. H. L. P. Saúde Mental na Estratégia Saúde da Família: uma compreensão a partir da Fenomenologia de Edith Stein. 2011, 210 f. Tese (Doutorado) - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Orientadora: Carmen Lucia Cardoso. RESUMO O incentivo ao desenvolvimento de ações de saúde mental direcionadas aos territórios e às comunidades é uma política mundial atual, resultante de transformações originárias da superação de modelos asilares. No Brasil, intensas mobilizações sociais provocaram aberturas para novas ações e políticas no âmbito da saúde mental. No que tange à atenção primária, a Estratégia Saúde da Família, visa à revisão de conceitos e práticas, ao incluir a possibilidade de ações que abarquem o cultural e as relações entre as pessoas. Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi compreender a saúde mental na Estratégia Saúde da Família (ESF) a partir de uma leitura fenomenológica. Temos, portanto, como referencial para analise a fenomenologia clássica pautada pelos estudos de E. Husserl e E. Stein. Realizamos 18 entrevistas abertas, sendo 12 com profissionais de duas equipes de Saúde da Família e com três usuários em sofrimento psíquico e seus familiares, vinculados às respectivas unidades. Solicitamos que cada participante descrevesse suas vivências de saúde mental, a partir da instrução norteadora. \"Você pode me contar um pouco sobre suas experiências de Saúde Mental?\". As entrevistas foram aúdio-gravadas, transcritas na íntegra e analisadas de acordo com a perspectiva adotada. Para o aprofundamento da análise, selecionamos oito entrevistas, considerando o envolvimento dos participantes e a riqueza dos conteúdos. Dividimos a análise em duas etapas: Na primeira, foi realizada uma descrição sintética dos relatos individuais, sinalizando alguns elementos centrais que se revelaram a nós. Mantivemos a ordem temporal das falas, no intuito de evidenciá-las evitando repetições e mostrando os recortes selecionados por meio de transcrições literais, na segunda etapa, confrontamos tais relatos com os fundamentos da fenomenologia de Stein, especificamente fizemos uma análise fenomenológica a partir das noções de indivíduo e de comunidade, procurando problematizar três aspectos: a vivência comunitária como potencialidade presente na ESF; a equipe de Saúde da Família enquanto comunidade; por fim, a ESF enquanto Comunidade Estatal. Tal percurso de análise revelou um importante caminho de discussão e compreensão da Saúde Mental na ESF no que diz respeito ao cuidado ás comunidades, á constituição da equipe, ao papel desta enquanto representante do estado. Desvelamos necessidades e potencialidades, como a importância de estabelecermos relações entre sujeitos, pautadas pelo respeito, pela liberdade e pela solidariedade e a legitimação da singularidade como uma característica inerente ao ser humano. Além disso, sinalizamos as contribuições da fenomenologia para as práticas e ações neste contexto, como a époque fenomenológica, as fundamentações a cerca do ato de empatia, da vivencia comunitária, da constituição dos valores e da formação da pessoa. Apontamos a necessidade de uma abordagem que legitime a dupla face do ser humano nos aspectos de individualidade e de comunidade, no ideal fenomenológico de Homem e de Comunidade, que expresse a potencialidade de um autêntico amor próprio e uma autêntico amor ao próximo, superando, assim, as lógicas individualistas assistencialistas e dicotômica, que generalizam e discriminam as diversidades existentes nas experiências humanas. (CAPES e FAPESP) / SILVA, N. H. L. P. Saúde Mental na Estratégia Saúde da Família: uma compreensão a partir da Fenomenologia de Edith Stein. 2011, 210 f. Tese (Doutorado) - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Orientadora: Carmen Lucia Cardoso. RESUMO O incentivo ao desenvolvimento de ações de saúde mental direcionadas aos territórios e às comunidades é uma política mundial atual, resultante de transformações originárias da superação de modelos asilares. No Brasil, intensas mobilizações sociais provocaram aberturas para novas ações e políticas no âmbito da saúde mental. No que tange à atenção primária, a Estratégia Saúde da Família, visa à revisão de conceitos e práticas, ao incluir a possibilidade de ações que abarquem o cultural e as relações entre as pessoas. Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi compreender a saúde mental na Estratégia Saúde da Família (ESF) a partir de uma leitura fenomenológica. Temos, portanto, como referencial para analise a fenomenologia clássica pautada pelos estudos de E. Husserl e E. Stein. Realizamos 18 entrevistas abertas, sendo 12 com profissionais de duas equipes de Saúde da Família e com três usuários em sofrimento psíquico e seus familiares, vinculados às respectivas unidades. Solicitamos que cada participante descrevesse suas vivências de saúde mental, a partir da instrução norteadora. \"Você pode me contar um pouco sobre suas experiências de Saúde Mental?\". As entrevistas foram aúdio-gravadas, transcritas na íntegra e analisadas de acordo com a perspectiva adotada. Para o aprofundamento da análise, selecionamos oito entrevistas, considerando o envolvimento dos participantes e a riqueza dos conteúdos. Dividimos a análise em duas etapas: Na primeira, foi realizada uma descrição sintética dos relatos individuais, sinalizando alguns elementos centrais que se revelaram a nós. Mantivemos a ordem temporal das falas, no intuito de evidenciá-las evitando repetições e mostrando os recortes selecionados por meio de transcrições literais, na segunda etapa, confrontamos tais relatos com os fundamentos da fenomenologia de Stein, especificamente fizemos uma análise fenomenológica a partir das noções de indivíduo e de comunidade, procurando problematizar três aspectos: a vivência comunitária como potencialidade presente na ESF; a equipe de Saúde da Família enquanto comunidade; por fim, a ESF enquanto Comunidade Estatal. Tal percurso de análise revelou um importante caminho de discussão e compreensão da Saúde Mental na ESF no que diz respeito ao cuidado ás comunidades, á constituição da equipe, ao papel desta enquanto representante do estado. Desvelamos necessidades e potencialidades, como a importância de estabelecermos relações entre sujeitos, pautadas pelo respeito, pela liberdade e pela solidariedade e a legitimação da singularidade como uma característica inerente ao ser humano. Além disso, sinalizamos as contribuições da fenomenologia para as práticas e ações neste contexto, como a époque fenomenológica, as fundamentações a cerca do ato de empatia, da vivencia comunitária, da constituição dos valores e da formação da pessoa. Apontamos a necessidade de uma abordagem que legitime a dupla face do ser humano nos aspectos de individualidade e de comunidade, no ideal fenomenológico de Homem e de Comunidade, que expresse a potencialidade de um autêntico amor próprio e uma autêntico amor ao próximo, superando, assim, as lógicas individualistas assistencialistas e dicotômica, que generalizam e discriminam as diversidades existentes nas experiências humanas. (CAPES e FAPESP)
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