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Integralidade da atenção básica à saúde bucal no Brasil : análise dos dados do PMAQ-ABNeves, Matheus January 2016 (has links)
No Brasil, desde a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), as três esferas de governo têm sido mobilizadas a buscar inovadoras e apropriadas formas de gestão em saúde. Para o cumprimento efetivo de tais aspirações políticas e gerenciais, a gestão eficiente e eficaz das ações e serviços de saúde deve subsidiar decisões que gerem bons resultados na produção de serviços, deve resultar em garantia da qualidade da atenção e, sobretudo, deve gerar impacto positivo na saúde. O objetivo desta tese foi verificar o desempenho das equipes de saúde bucal participantes do primeiro ciclo do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) de todo o território nacional, na provisão de cuidado integral em saúde bucal. Foram conduzidos dois estudos exploratórios com análise multinível, realizados a partir dos dados secundários do PMAQ-AB. O PMAQ-AB recebeu a adesão e contratualização de 3.972 municípios brasileiros (71,3%), observou condições de infraestrutura e ambiência na totalidade das Unidades Básicas de Saúde (38.811 – 100%), analisou 17.479 Equipes de Atenção Básica, dentre as quais 12.403 contavam com equipe de saúde bucal, de todas as macrorregiões brasileiras. Os dados do primeiro nível (equipe de saúde) são referentes às entrevistas estruturadas realizadas com os profissionais das equipes de saúde bucal e à disponibilidade de insumos odontológicos e os dados do segundo nível (contextual) dizem respeito às características dos municípios e aos indicadores dos sistemas de saúde locais. Regressão de Poisson Multinível foi utilizada para obtenção das razões de prevalências brutas e ajustadas em uma modelagem hierárquica. A prevalência de realização de procedimentos odontológicos preventivos, desfecho agrupado pela aplicação tópica de flúor somada à aplicação de selantes, à detecção de lesões bucais e ao acompanhamento de casos suspeitos ou confirmados de câncer de boca, tem-se que dentre as 10,334 equipes de saúde bucal avaliadas, 29,46% (3044/10334) (IC95% 28,57–30,33) realizaram o rol de procedimentos preventivos elencados. Já, a prevalência de realização de procedimentos odontológicos curativos, desfecho derivado da realização de restaurações de amálgama e resina; exodontias; raspagem, alisamento e polimento periodontal; curativo de demora e drenagem de abscesso dento-alveolar, foi de 69,51% (7906/11374) (IC95% 68,66 – 70,35). Com este estudo, foi possível explorar a distribuição desigual da realização de procedimentos odontológicos preventivos e curativos no Brasil, bem como seus condicionantes e o quão importante é o efeito contextual nessas iniquidades, principalmente em relação às diferenças macrorregionais. A promoção da saúde comprometida com o enfrentamento das inequidades intra e interregionais tem potência para fortalecer os princípios doutrinários e organizativos do SUS, além de qualificar a integralidade do cuidado em saúde bucal. / In Brazil, since the implementation of the Unified Health System (SUS), the three levels of government have been mobilized to seek innovative and appropriate forms of health management. For the effective implementation of such policies and managerial aspirations, efficient and effective management of the actions and health services should support decisions that generate good results in the production of services, result in ensuring the quality of care and, mainly, generate positive impact in health. The objective of this thesis was to evaluate the performance of oral health teams participating in the first cycle of the Program of Improvement of Access and Quality of Primary Care (PMAQ-AB) all over the country, in the provision of comprehensive oral health care. Two exploratory studies with multilevel analysis were conducted from secondary data of PMAQ-AB. The PMAQ-AB was contracted by 3,972 Brazilian municipalities (71.3%), with infrastructure and ambience conditions carried out in all Primary Care Services (38811-100%), and work processes in 17,479 Primary Care Teams, of which 12,403 had primary oral health care. Data from the first level (health staff) were obtained by in loco structured interviews conducted with professionals of oral health teams, while the availability of dental supplies and the data of the second level (contextual) are related to the characteristics of municipalities and health indicators of local systems. Multilevel Poisson regression was used to obtain the crude and adjusted prevalence ratios in a hierarchical modeling. The prevalence of performance of comprehensive preventive dental procedures, outcome represented by the provision by the team of topical fluoride, dental sealants and the detection of oral lesions and the monitoring of suspected or confirmed cases of oral cancer was 29.46% (3044/10334) (95% CI 28.57 to 30.33) among the 10,334 oral health teams assessed. However, the prevalence of performing comprehensive restorative dental procedures, represented by the provision by the team of amalgam and resin restorations, extractions, supragingival scaling, drainage of abscess and temporary endodontic dressing was 69,51% (7906/11374) (95% CI 68.66 to 70.35). Therefore, this study was important to explore the unequal distribution of the provision of comprehensive preventive and restorative dental procedures in Brazil, as well as their conditions and how important is the contextual effect on these inequities, especially in relation to macro-regional differences. Health promotion committed to tackling the intra and interregional inequalities have the power to strengthen the doctrinal and organizational principles of the SUS, in addition to qualifying the comprehensiveness of oral health care.
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Prevalência de hipertensão arterial sistêmica no brasil e manejo usual da doença na atenção primáriaPicon, Rafael da Veiga Chaves January 2012 (has links)
Introdução Hipertensão arterial sistêmica (HAS) é atualmente definida pela média de pressão arterial (PA) de consultório maior ou igual a 140/90 mmHg em ao menos duas aferições rea-lizadas em duas ou mais consultas. É conhecido fator de risco para doença cardiovascular, explicando cerca de metade dos casos de acidente vascular encefálico e de doença arterial coronariana. Também é notório contundente o acúmulo de evidências que apontam para correlação positiva entre os níveis pressóricos arteriais e o risco para eventos cardiovascula-res. Estimativas internacionais revelam o aumento na prevalência de HAS no mundo, apesar de, paradoxalmente, ter ocorrido aparente redução na média de PA sistólica nas úl-timas décadas. Segundo projeções publicadas, até 2025, 1,17 bilhão de pessoas serão por-tadoras de HAS, sendo que três quartos delas viverão em países em desenvolvimento e os idosos serão os mais acometidos. Mesmo assim, há carência de dados de prevalência da doença no mundo em desenvolvimento, inclusive no Brasil, e, sobretudo entre os idosos. Em nosso país, não existem estudos com amostras representativas da nação que tenham avaliado a frequência de HAS por meio de aferição de PA. O impacto da HAS sobre a saúde da população e seus desdobramentos econômicos, apesar de serem, presumivelmente, substanciais, nunca foram estimados de forma ampla assumindo a perspectiva do Sistema Único de Saúde (SUS). Existem estimações de custos diretos associados ao tratamento farmacológico da doença, provenientes de raras avalia-ções econômicas realizadas e de bancos de dados administrativos como o DATASUS. No entanto, as próprias análises de custo-efetividade se limitam ao estudo da eficiência do tra-tamento medicamentoso no controle ou redução da PA. Não há, portanto, conhecimento, no cenário nacional, a respeito da custo-efetividade das diferentes intervenções disponíveis no tratamento da HAS sobre prevenção de doença cardiovascular ou morte. Também não se conhece em profundidade o status quo do tratamento da HAS na atenção primária brasilei-ra, ou seja, as práticas usualmente empregadas no manejo ambulatorial dos pacientes hi-pertensos atendidos pelo SUS. O status quo é o caso-base contra o qual, idealmente, nas tecnologias ou programas de saúde deveriam ser comparados antes de se decidir pela sua incorporação, ou não, no Sistema. As dificuldades normalmente encontradas durante a realização de avaliações eco-nômicas em saúde – instrumento de pesquisa maior das avaliações de tecnologia em saúde – costumam ser fruto não do excesso, mas da escassez de informações necessárias para condução dessas análises. Com isso em mente, o presente trabalho pretende auxiliar na ampliação do conhecimento de parâmetro indispensável para o planejamento em saúde pública e estimativa de ônus econômico da HAS: a prevalência de doença; e ainda traçar um panorama da real assistência dispensada aos indivíduos hipertensos no âmbito da atenção primária brasileira. Métodos Três revisões sistemáticas foram delineadas para responder as seguintes questões de pesquisa: i) qual a prevalência nacional de HAS em adultos e o comportamento da mesma 14 nos últimos 30 anos? i) qual a prevalência nacional de HAS em idosos? iii) como os hiperten-sos são usualmente manejados na atenção primária brasileira? Foram empregadas as bases de dados do PubMed, Embase, Biblioteca Virtual em Saúde, LILACS, Scielo e o Banco de Teses da CAPES. Busca manual entre as referências dos artigos encontrados e busca por trabalhos publicados em congressos nacionais de cardiolo-gia também foram realizadas. Não se aplicou nenhuma restrição de língua. Estudos de coorte ou transversais de base populacional, realizados a partir de 1980 e realizados em amostras probabilísticas eram elegíveis para as análises. Para o estudo do manejo usual da HAS na atenção primária, trabalhos conduzidos com amostras oriundas de Unidades Básicas de Saúde e centros de referência ligados ao SUS também foram incluídos. Para as meta-análises, foi utilizado modelo de efeitos aleatórios. Meta-regressão foi usada para avaliar o comportamento da prevalência de HT ao longo do tempo. Resultados A prevalência de hipertensão arterial pelos critérios do JNC (BP ≥140/90 mmHg) em 1980, 1990 e 2000 foram 36,1 (IC 95% 28,7–44,2), 32,9% (29,9–36,0%) e 28,7% (26,2 – 31,4%), respectivamente (P <0,001). Em 2000, as estimativas de prevalência por autorrelato de hipertensão em inquéritos telefônicos foi de 20,6% (19,0–22,4%) e em inquéritos domici-liares foi de 25,2% (23,3–27,2%). Entre os idosos, a prevalência de HT para o período de 1980 a 2010, segundo os cri-térios JNC, foi 68,0% (65,1–69,4%). Em 2000, a prevalência pelos mesmos critérios foi de 68,9% (64.1–73.3%). Prevalência autorreferida através de visitas domiciliares foi 49,9% (46,8–51,2%) e por meio de inquéritos telefônicos foi 53,8% (44,8–62,6%). Indivíduos hipertensos tinham em média 2,6 consultas médicas por ano e metade afirmou ter usado os serviços do SUS na maioria das vezes. Três quartos estavam usando ao menos um anti-hipertensivo e um terço dos indivíduos estavam em uso de duas medicações. Diuréticos tiazídicos (18,2%) e inibidores de enzima conversora de angiotensina (16,2%) foram os medicamentos mais frequentemente utilizados em monoterapia e combi-nados um com o outro (14,9%). Aproximadamente um terço dos hipertensos foram subme-tidos a medidas de colesterol total, triglicerídeos, glicemia de jejum e creatinina sérica nos últimos 12 meses. Fumantes representaram 21,7% de indivíduos com hipertensão e 13,5% de hipertensos eram também diabéticos. Conclusões A prevalência de HAS no Brasil parece ter diminuído 6% nas últimas três décadas, mas ainda é aproximadamente 30%. Prevalência de hipertensão arterial é elevada entre os idosos, e há considerável subestimação da prevalência da doença através de avaliações por autorrelato. Nossa meta-análise foi uma maneira alternativa para estabelecer a prevalência de HAS no Brasil, é necessária para avaliar o ônus da doença e implantar programas de saú-de custo-efetivos. No entanto, estudo de prevalência com amostra representativa nacional é necessário para confirmar as estimativas e determinar prevalências mais precisas para populações específicas. Mais informações sobre manejo de hipertensão dentro da configuração brasileira de atenção primária são necessárias. No entanto, nossa revisão alcançou seus objetivos de des-crever aspectos relevantes da atenção primária usual no Brasil. Futuras avaliações econômi-cas são necessárias para analisar a custo-efetividade de futuras de diretrizes clínicas frente ao status quo. / Introduction Hypertension (HT) is currently defined by the mean office blood pressure (BP) of 140/90 mmHg or greater in at least two measurements made in two or more visits. It is known risk factor for cardiovascular disease (CVD), explaining about half of the cases of stroke and coronary artery disease. There is also a considerable body of evidence pointing to positive correlation between BP levels and the risk for cardiovascular events. International estimates reveal an increase in prevalence of HT in the world, although, paradoxically, there has been apparent reduction in average systolic BP in recent decades. According to published projections, until 2025, 1.17 billion people will have high blood pres-sure, three-quarters of those with HT will be living in developing countries, and the elderly will be the most affected. Even so, there is a lack of data on prevalence of the disease in the developing world, including in Brazil, and especially among the elderly. In our country, there are no studies with representative samples of the nation that have assessed the prevalence of HT through BP measurements. The impact of HT over the health of our population and its economic consequences, even though they are, presumably, substantial, were never broadly evaluated assuming the perspective of the Brazilian Unified Health System (SUS). There are estimates of direct costs associated with the pharmacological treatment of the disease from rare economic evalua-tions and administrative databases as the DATASUS. However, cost-effectiveness analyses were limited to the assessment of the efficiency of the medical therapy over BP reduction or control. Therefore there is no information, on a national basis, regarding the cost-effectiveness of various available interventions for HT treatment on CVD prevention and mortality. Also, there is no in-depth knowledge of the status quo of HT treatment in primary care, that is, the standard of care usually provided by the SUS in the outpatient manage-ment HT. The status quo is the base-case scenario against which, ideally, any new technolo-gy or health program should be compared before deciding for its incorporation, or not, into the healthcare system. The difficulties frequently encountered during the undertaken of health economic evaluations – the main research tool for health technology assessments – are the result not of excess, but of scarcity of information necessary to carry these analyses. Bearing that in mind, the present work aims to assist in the expansion of knowledge of an essential param-eter for public health planning and economic burden of disease estimation: the prevalence of HT; and still, draw a panorama of the real assistance provided to hypertensive subjects within the framework of primary health care. Methods Three systematic reviews were outlined to answer the following research questions: i) what is the national prevalence HT in adults and the trends of this prevalence over the last 30 years? i) what is the national prevalence of HT among the elderly? iii) how the hyperten-sive patients are usually managed in the primary care setting in Brazil? The PubMed, Embase, Virtual Health Library, LILACS, Scielo, and the CAPES Theses databases were employed for searches. Manual search inside references of the articles and search for works published in national cardiology meetings also were held. We did not apply any language restriction. Population-based cohort or cross-sectional studies with probabilistic samples were eligible for the analyses. For the usual management HAS in primary care study, works car-ried-out on samples from primary health units or reference centers affiliated to the SUS were also included. For the meta-analyses, random effects model was used. Meta-regression was used to evaluate the trends of HT prevalence over time. Results The prevalence of hypertension by the JNC criteria (BP ≥140/90 mmHg) in the 1980’s, 1990’s and 2000’s were 36.1% (95% CI 28.7–44.2%), 32.9% (29.9–36.0%), and 28.7% (26.2 – 31.4%), respectively (P <0.001). In the 2000’s, the pooled prevalence estimates of self-reported hypertension on telephone inquiries was 20.6% (19.0–22.4%), and of self-reported hypertension in home surveys was 25.2% (23.3–27.2%). Among the elderly, the prevalence of HT for the period from 1980 to 2010, according to the JNC criteria, was 68.0% (95% CI 65.1%–69.4%). In the 2000’s, prevalence following the same criteria was 68.9% (95% CI 64.1%–73.3%), whereas self-reported prevalence through household surveys was 49.0% (95% CI 46.8%–51.2%) and through telephone surveys was 53.8% (95% CI 44.8%–62.6%). Hypertensive individuals had on average 2.6 medical appointments per year and half stated using the Brazilian public healthcare services most of the time. Three quarters were using al least one blood pressure medication and a third of individuals were in use of two drugs. Thiazide type diuretics (18.2%) and angiotensin-converting enzyme inhibitors (16.2%) were the most often used medications in single-drug therapy and combined with each other (14.9%). Approximately one third of hypertensives were tested for total serum cholesterol, triglycer-ides, fasting plasma glucose, and serum creatinine in the last 12 months. Current smokers accounted for 21.7% of subjects with hypertension and 13.5% of hypertensives were also diabetics. Conclusions The prevalence of hypertension in Brazil seems to have diminished 6% in the last three decades, but it still is approximately 30%. Prevalence of hypertension is high among the elderly and there is considerable underestimation of disease prevalence through self-reported estimates. Our meta-analysis was an alternative way to establishing the hyperten-sion prevalence in Brazil, which is necessary to assess the hypertension burden and to im-plement cost-effective interventions. Nonetheless, a nationwide prevalence study is still needed to confirm the estimates and determine more accurate rates for specific popula-tions. More information on hypertension management inside the Brazilian primary care setting is still needed. Nonetheless, our assessment achieved its goals of describing relevant aspects of usual primary care in Brazil. Future economical evaluations are needed to assess forthcoming clinical guidelines’ cost-effectiveness over the status quo.
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Representações e Práticas Sociais Construídas por Médicos em Relação a Usuários com Sintomas Vagos e Difusos na Atenção Primária à SaúdeVESCOVI, R. G. L. 30 July 2014 (has links)
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Previous issue date: 2014-07-30 / O fenômeno dos sintomas vagos e difusos diz respeito a dores inespecíficas que não encontram associação direta com causa orgânica. Como fenômeno de difícil delimitação a ele são atribuídas outras denominações: somatização, Transtorno Somatoforme, Transtorno de Conversão, Transtorno Psicossomático, por exemplo. Destacamos a relevância da consideração desses sintomas para o contexto da Atenção Primária à Saúde (APS), uma vez que as queixas com tais características aparecem em grande número como demanda de usuários ao chegarem para o atendimento nesse contexto, em muitos países. Estes ainda se configuram como grande desafio para as equipes de saúde porque a forte referência que orienta o exercício profissional é o modelo da clínica tradicional, centrado na doença e não na pessoa que adoece, que não se revela eficaz para lidar com essas demandas. Com foco na APS, torna-se relevante investigar a clínica médica, as consultas, lócus de manejo desses casos de sintomas vagos e difusos pelo médico, com vistas a compreender como os interpretam e quais as terapêuticas desenvolvidas. A pesquisa realizada nesta dissertação teve o objetivo de compreender representações sociais e práticas sociais construídas por médicos da APS sobre usuários com sintomas vagos e difusos. Foram elaborados dois estudos: observação participante realizada em uma Unidade de Saúde da Família, dividida em duas etapas (uma no ambiente geral da Unidade e outra no ambiente dos consultórios médicos), a primeira delas compreendeu seis observações, a segunda foi realizada no período de três meses; entrevistas semiestruturadas com uma vinheta, das quais participaram os cinco médicos atuantes na mesma USF (Unidade de Saúde da Família) onde foi realizada a observação. Os dados obtidos, tanto com a observação participante quanto com as entrevistas, foram tratados a partir da análise de conteúdo temática. A observação participante verificou a construção de imagens dos usuários com sintomas vagos e difusos (SVD): tadinhos, casos difíceis, quase usuários e cansativos. Quanto ao aspecto afetivo, estiveram presentes impaciência e enfado diante de usuários SVD. Foram observadas práticas de caráter autoritário e centradas em um modelo clínico tradicional, opondo-se à Clínica ampliada. As entrevistas revelaram aspectos do campo representacional relacionado aos usuários SVD que incluiu ideias e imagens associadas a outros objetos de comunicação na USF: usuários em geral, o bom usuário, pessoa doente e população de classe social menos abastada. Destacaram-se como elementos de objetivação traduzidos pelas figuras construídas sobre usuários SVD: Meu posto, minha vida; Sócio da Unidade; Crônicos da Unidade. Os médicos também citaram temas afeitos à Clínica ampliada como: ação comunitária; práticas voltadas à prevenção de doenças e à promoção de saúde. Os dois estudos revelaram dissonâncias quanto às práticas dirigidas aos usuários SVD, nesse sentido entre o conteúdo observado durante as consultas e as condutas relatadas nas entrevistas. Destaca-se a hegemonia da clínica tradicional calcada em relações mais médico-centradas que usuário-centradas. Sugere-se a revisão de relações normativas entre trabalhadores de saúde e usuários SVD e de abertura para a cogestão destes na decisão sobre a condução de seu tratamento.
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Profissionais de Saúde da Família e Representações Sociais do AlcoolismoSOUZA, L. G. S. 28 May 2012 (has links)
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Previous issue date: 2012-05-28 / O uso problemático de álcool é frequente em todo o mundo. A Atenção Primária à Saúde (APS) tem importante papel na abordagem dos problemas com o álcool e do alcoolismo em específico. No Brasil, a Estratégia Saúde da Família apresenta potencial para melhorar a assistência a esses problemas e ao conjunto de questões de Saúde Mental. Torna-se relevante analisar como profissionais de APS constroem conhecimentos e condutas sobre o alcoolismo, sobre os usuários alcoolistas e sobre os objetos associados. A pesquisa relatada nesta tese teve o objetivo de investigar e analisar representações sociais e práticas sociais construídas por profissionais de Saúde da Família em um município do sudeste brasileiro sobre alcoolismo e usuários alcoolistas. Três estudos foram conduzidos: observação participante realizada em uma Unidade de Saúde da Família (USF) durante cerca de oito meses (84 participantes); entrevistas semiestruturadas (40 participantes de 11 USF); questionários com vinhetas (120 participantes de 16 USF). Dados da observação e das entrevistas foram tratados com análise de conteúdo temática. Falas dos entrevistados foram também submetidas ao programa ALCESTE. Dados dos questionários foram tratados com análises de variância (MANOVA, ANOVA) com auxílio do programa SPSS. A observação participante verificou a construção contextual de cinco Figuras do usuário alcoolista, por meio de processos de objetivação e ancoragem: alcoolista ausente; alcoolista como caso difícil; alcoolista presente e, no entanto, ausente; bêbado-cômico e bêbado-problema. Foram observadas práticas centradas no paradigma biomédico tradicional e práticas com sentido geral de exclusão física e simbólica do alcoolista. Verificou-se ênfase na atribuição de alteridade aos usuários em geral, alcoolistas e não-alcoolistas. As falas em entrevistas indicaram ambiguidade da apreensão do alcoolismo, simultaneamente representado como doença multifatorial a ser tratada de forma integral e problema social, relacionado à pobreza das comunidades. Para a atribuição de causas ao alcoolismo, notou-se a coexistência da racionalidade científica e de crenças sobre a cultura diferente das comunidades pobres e sobre suas famílias desestruturadas. As Unidades de Saúde da Família foram representadas simultaneamente como importantes e como impotentes para o tratamento do alcoolismo. Resultados dos questionários indicaram que o alcoolista era objetivado como usuário atípico e difícil, ao qual se dirigiam atitudes negativas e elementos sócio-cognitivos de estigmatização. As causas do alcoolismo foram identificadas nos âmbitos psicológico e social, em contraste com menor ênfase na determinação genética (biológica). O alcoolismo feminino foi possivelmente percebido como mais difícil de explicar, mas não necessariamente como mais difícil de tratar. Os resultados dos três estudos são integrados em plano analítico, gerando compreensão sobre o sistema representacional que orientava as práticas (também ambíguas). A construção das representações é analisada sob ponto de vista histórico. Ressalta-se a tradição higienista-coercitiva na relação entre profissionais de saúde e classes populares. Reflexões são feitas sobre determinantes psicossociais dos obstáculos para tratar o alcoolismo e sobre formas de superar esses obstáculos. A partir das análises, são sugeridas contribuições teóricas e metodológicas sobre práticas sociais e intervenção psicossocial.
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O Pacto dos Indicadores da Atenção Básica: Contando Experiências e Buscando Novas Possibilidades na Construção do Sus o Caso de Vitória/es.CASER, M. C. 11 December 2006 (has links)
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Previous issue date: 2006-12-11 / Essa pesquisa aborda o Pacto da Atenção Básica como instrumento de gestão
para as ações de Monitoramento e Avaliação da Atenção Primária à Saúde.
Constitui-se numa pesquisa qualitativa que busca identificar a contribuição dada por
este instrumento aos gestores municipais de saúde, visando à organização da
Atenção Primária à Saúde, no âmbito do Sistema Único de Saúde. Analisa por meio
de entrevista semi-estruturada com os atores envolvidos como tem se constituído
os processos de trabalho e os limites da participação da sociedade civil neste
processo. Os achados deste estudo identificaram que o Pacto tem sido entendido
como instrumento de gestão pelos atores envolvidos, porém mais efetivamente por
aqueles atores responsáveis com o processo de gestão do sistema municipal de
saúde, que são: o secretario de saúde, o coordenador municipal das equipes de
Saúde da Família e os coordenadores das Unidades de Saúde da Família. Desta
forma, percebe-se que a utilização do pacto como instrumento de gestão para o
Monitoramento e Avaliação das ações da Atenção Primária à Saúde no território
das equipes ainda não se efetivou. Há ensaio de aproximação com o tema, porém
esta articulação tem sido feita apenas com os gerentes das Unidades de Saúde da
Família. O Conselho Municipal de Saúde não tem participado do processo de
discussão do pacto. Desta forma, os achados deste estudo nos permitem afirmar
haver ainda um longo caminho a percorrer na institucionalização do processo de
monitoramento e avaliação para este nível de atenção.
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Prevalência da abstinência ao tabagismo em pacientes tratados nas unidades de saúde e fatores relacionadosSATTLER, A. C. 22 June 2011 (has links)
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Previous issue date: 2011-06-22 / Programas para combate ao tabagismo têm sido implementados com vistas à abstinência do
tabaco e à redução da morbimortalidade por doenças relacionadas com o uso regular do fumo.
O objetivo é investigar a abstinência do tabaco em pacientes tratados nos Grupos de Apoio
Terapêutico ao Tabagista (GATT) em unidades de saúde do município de Vitória ES, no
ano de 2009. Trata-se de estudo transversal com todos os participantes do GATT atendidos na
rede municipal em 2009, que participaram de três a quatro sessões em grupo, totalizando 160
sujeitos. Foi realizada entrevista estruturada por telefone com gravação simultânea, 9 a 20
meses após o tratamento e utilizados dados secundários do roteiro de entrevista inicial
proposto pelo INCA. As variáveis constituíram: sexo, idade, escolaridade, estado civil, nível
de dependência ao tabaco, tempo gasto para acender o primeiro cigarro do dia, tentativas
anteriores para parar de fumar, quantidade média de cigarros fumados por dia, comorbidades
e fármacos utilizados durante o tratamento. Na análise estatística, foram aplicados os testes
qui-quadrado, Fisher e Kruskal-Wallis. A significância estatística foi 5%. Predominou
mulheres (71,9%), idade média 50 anos, nível de dependência elevado e muito elevado
(52,5%), uma a três tentativas para parar de fumar (55%), consumo médio de 19 cigarros/dia,
farmacoterapia antitabagismo (80,6%), gastrite (50%) e distúrbios do humor (48,8%) como
comorbidade. Estavam abstinentes 28,7%, recaíram 51,9% e 19,4% não pararam de fumar.
Houve associação estatística entre os abstinentes, os que recaíram e os que não pararam de
fumar nas variáveis estado civil (0,039), tentativas anteriores para parar de fumar (0,029),
quantidade de cigarro fumados por dia (0,019), uso de fármacos (0,00) e sintomas de
ansiedade/depressão autorreferidos (0,040). Nos abstinentes houve mais casados, aqueles que
tentaram mais vezes parar de fumar, fumaram menos cigarros/dia e apresentaram menos
ansiedade/depressão. A abstinência foi modesta e o maior percentual de sujeitos recaiu.
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A dimensão técnico - pedagógica do matriciamento em saúde mentalSoares, Susana January 2015 (has links)
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Florianópolis, 2015. / Made available in DSpace on 2015-12-22T03:07:04Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2015 / Essa dissertação relata experiências de trabalho no apoio matricial em saúde mental na atenção primária à saúde em Florianópolis - Brasil, através dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família - NASF. Esta pesquisa foi realizada com abordagem qualitativa e os dados coletados através de entrevistas abertas. Os dados foram classificados em grupos temáticos e analisadas de acordo com a literatura disponível. Os resultados mostraram que os profissionais enfrentam desafios para colocar em prática o apoio matricial, especialmente as dificuldades de operacionalizar as ações pedagógicas devido a quantidade de pacientes que procuram o serviço, e a resistência de alguns profissionais por não adotarem a metodologia do matriciamento. Evidenciou-se entendimento dos profissionais entrevistados sobre a metodologia do trabalho em NASF. O apoio matricial e sua prática são novos aspectos do SUS, sendo que a produção de conhecimento acadêmico deve andar de mãos dadas com a prática profissional todos os dias para ajudar a melhorar a qualidade dos serviços oferecidos no âmbito do SUS.<br> / Abstract : It reports work experiences in mental health in primary health care in Florianopolis - Brazil, through the Family Health Support Nuclei - NASF. This research has qualitative approach and data were collected in interviews. The data were classified into thematic groups and analyzed according to the available literature. In this article we will approach the understanding of the professionals about the mental health care services offered in NASF. The results showed that for these professionals care involves more than the challenges to put such approach into practice, especially the difficulties in materializing pedagogical actions in the health field and the problems related to work relationships. It became clear for us that the rate of patients to professionals makes the latter to work perennially under pressure, always in a rush time. Matrix approach and its practice are new aspects of SUS, then, the production of academic knowledge must walk hand in hand with everyday professional practice to help improving the quality of services offered in the context of SUS.
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Atenção primária à saúde e a prevenção das complicações crônicas às pessoas com diabetes mellitus à luz da complexidadeSalci, Maria Aparecida January 2015 (has links)
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Florianópolis, 2015 / Made available in DSpace on 2016-02-09T03:08:32Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2015 / O objetivo do estudo foi avaliar a atenção à saúde das pessoas com diabetes mellitus desenvolvida pelos integrantes da Atenção Primária à Saúde na perspectiva da prevenção das complicações crônicas da doença. Estudo qualitativo, que utilizou o Pensamento Complexo como referencial teórico e a pesquisa avaliativa como referencial metodológico. A coleta de dados utilizou três técnicas: entrevista, observação e análise de prontuários. As entrevistas foram realizadas com 38 profissionais de saúde, que compuseram três grupos amostrais: o primeiro com profissionais que atuavam nas equipes de Saúde da Família; o segundo com integrantes do Núcleo de Apoio à Saúde da Família; e o terceiro com gestores. A observação teve participação moderada nas atividades coletivas e individuais que os profissionais realizavam com pessoas com diabetes. Foram analisados 25 prontuários de pessoas com diabetes que recebiam essa atenção. A triangulação subsidiou a análise dos dados. Foi utilizada parcialmente a técnica analítica da Grounded Theory, que compreendeu as etapas de codificação aberta e codificação axial. Para a organização e análise dos dados das entrevistas empregou-se o software ATLAS.ti. A análise foi dirigida com base nos documentos que compõem a política estabelecida pelo Ministério da Saúde que direciona a atenção às pessoas com diabetes na atenção primária, e, especificamente para a construção do terceiro manuscrito, também foi utilizado o Modelo de Atenção às Condições Crônicas proposto por Eugênio Vilaça Mendes. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina com Parecer de número 466.855. Como resultados do estudo, evidenciou-se que a assistência avaliada cumpria parcialmente com uma das principais exigências das políticas públicas para o diabetes mellitus, que é garantir o acesso ao serviço de saúde a essa população, e oferecer o tratamento contínuo nesse nível de atenção. Foram encontradas várias lacunas nessa atenção, com destaque para o vínculo, a escuta qualificada na proposta de humanização da assistência, a educação em saúde e a execução de práticas preventivas antecipatórias que almejassem conter a doença e evitar as complicações crônicas. A prevenção era vista mais em ações de abrangência geral e a assistência priorizava ações curativas às preventivas. Para as pessoas já em acompanhamento, não foram referidas ações específicas que possibilitassem, de maneira criativa, encontrar alternativas para as dificuldades de adesão ao tratamento, passando-se a culpabilizar as pessoas pela dificuldade de controle da doença. Os dados ressaltaram uma prática clínica situada no modelo biomédico, com ações centradas na unicausalidade, na queixa específica, no tratamento medicamentoso e no profissional médico. Havia um grande distanciamento daquilo que está proposto pelo modelo de atenção à saúde específico para a atenção às pessoas com doenças crônicas, que prevê a participação ativa e efetiva dos profissionais, das pessoas usuárias, suas famílias e comunidade, diante do processo saúde/doença e dos aspectos que envolvem as necessidades impressas na cronicidade. A assistência oferecida faz parte de um contexto complexo, dinâmico, interativo que necessita de mais envolvimento por parte dos profissionais e gestores. Ações unidirecionais não são capazes de suprir todas as demandas e as necessidades do processo saúde/doença das pessoas com Diabetes mellitus, deixando lacunas na prevenção das complicações crônicas da doença.<br> / Abstract : This study aimed to evaluate the health care of people with diabetes mellitus carried out by members of the Primary Health Care in the context of preventing the disease s chronic complications. It is a qualitative study that used the Complex Thought as its theoretical framework and the evaluative research as a methodological framework. We used three techniques for data collection: interview, observation, and analysis of medical records. Thirty-eight health professionals were interviewed and divided into three sample groups. The first consisted of professionals working in the Family Health teams, the second by members of Centre of Support to Family Health, and the third with managers. The observation of the individual and collective activities that these professionals held with diabetic people were moderate. Twenty-five medical records of diabetic people who received such attention were analyzed. Triangulation supported the data analysis. Grounded Theory was partially used as the analytical technique, which covered open and axial coding. ATLAS.ti software was used to organize and analyze the interviews. The analysis was based on documents from the Health Ministry that establish the policy guiding the care diabetic people receive at Primary Health Care, and specifically for our third paper, we used the Chronic Care Model proposed by Eugênio Vilaça Mendes. This project was approved by the Permanent Committee on Ethics in Research Involving Human Beings of the Federal University of Santa Catarina with Decision number 466.855. Our analyzes results showed that the assessed care only partially met a key demand of public policies for diabetes mellitus, which is to ensure access to health services to this population, and to provide continuous treatment at this level of attention. Several gaps were found regarding this care, specially regarding rapport, qualified listening for humanizing the care given, the health education, the implementation of anticipatory preventive practices that aimed at containing the disease and prevent chronic complications. Prevention was more observed in general scope activities, prioritizing curative to preventive actions. For those people already being treated, there were no specific actions that would enable them, in creative ways, to find alternatives to the difficulties of adherence to the treatment, henceforth, blaming people with diabetes sufferers for the difficulty in controlling the disease. Our data showed a clinical practice centered on the biomedical model, with actions focused on a single cause, on a specific complaint, on drug treatment, and on the physician. There was a sharp distancing from what is proposed by the Health Care model specifically for people with chronic diseases (which provides for the active and effective participation of health professionals, the people using health services, their families and community) in the face of the health/disease process and the aspects concerning the needs in chronicity. The care offered is part of a complex, dynamic, interactive context, which needs a deeper involvement from professionals and managers. One-way actions are not able to meet all the demands and needs of the health/disease process of diabetes mellitus sufferers, leaving gaps in the prevention of the disease chronic complications.
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Avaliação da vigilância em saúde do trabalhador na Estratégia de Saúde da Família em municípios integrantes da 6ª Secretaria de Desenvolvimento Regional de Santa CatarinaPioner, Lucas Mello January 2012 (has links)
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Florianópolis, 2012 / Made available in DSpace on 2013-06-25T23:53:04Z (GMT). No. of bitstreams: 1
314567.pdf: 1793001 bytes, checksum: e8e104cb7ffb5f086bc8176a18e29f85 (MD5) / As recentes diretrizes legais determinam que as ações de Saúde do Trabalhador, no Brasil, devem ser executadas em todas as instâncias e níveis de complexidade do Sistema Único de Saúde, a partir dos mesmos princípios e diretrizes desse sistema, e tendo a Atenção Básica como coordenadora do acesso. Contudo, a literatura especializada aponta que, na prática, essas ações costumam ficar restritas aos centros de referência, à exceção de algumas iniciativas isoladas, que funcionam como "ilhas autônomas". Nesse sentido, este estudo teve por objetivo avaliar as ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador realizadas pelas equipes de saúde da família que trabalham nos municípios que integram um Consórcio Intermunicipal de Saúde (CIS) localizado na região Oeste de Santa Catarina, marcada por níveis alarmantes de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais relacionadas, sobretudo, ao trabalho em frigoríficos de aves e suínos. Em termos metodológicos, utilizou-se a técnica denominada de Avaliação de Quarta Geração, com análise do material empírico de entrevistas individuais e grupos focais através do Círculo Hermenêutico Dialético. Adicionalmente, dados quantitativos permitiram estabelecer um perfil dos trabalhadores afastados do trabalho, vitimizados por doenças ocupacionais. Os resultados apontam para a existência de uma grande demanda por serviços de Saúde do Trabalhador na Atenção Básica, principalmente por patologias ortopédicas e psiquiátricas, permeada por inúmeras fragilidades na estrutura disponível e nos processos de trabalho das equipes. Ademais, a dependência econômica dos municípios em relação aos grandes frigoríficos limita a autonomia dos gestores e dos profissionais, ao mesmo tempo em que a falta de articulação intersetorial compromete a funcionalidade do CIS como um todo. Conclui-se que se faz urgentemente necessário promover uma nova cultura em Saúde do Trabalhador na região, a partir do fortalecimento do papel do Estado como regulador e fiscalizador das ações relativas ao trabalho e à saúde, e com participação direta dos trabalhadores e de seus representantes em todas as etapas desse processo.
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Movimento Atenção Primária à Saúde como um produto da hegemoniaLima, Rita de Cássia Gabrielli Souza January 2013 (has links)
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Florianópolis, 2013. / Made available in DSpace on 2014-08-06T17:07:53Z (GMT). No. of bitstreams: 1
325245.pdf: 2323475 bytes, checksum: c8a0762cfd9da08b09a1fe4f22333e5b (MD5)
Previous issue date: 2013 / A proposta deste estudo nasceu de uma insistente observação gerada em nossas experiências profissionais e acadêmicas: a inclinação social que condiciona a existência do hoje às incertezas do amanhã tem gerado nas ações de Atenção Primária à Saúde uma expressiva lógica de subordinação do sofrimento humano da concretude da vida à ordem moderna contemporânea de materialização da ideia de risco. Entendendo por sofrimento humano da concretude da vida os eventos que estão atuando no processo de viver das pessoas no tempo presente, ora objetivos, ora subjetivos, mas sempre históricos, e que para elas estão determinando e/ou condicionando o seu estar bem na vida. Tal observação nos mobilizou para buscar no "Movimento Atenção Primária à Saúde" (MAPS), protagonizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), no período compreendido entre 1948 e 1978, se e como a ideia de risco se apresentou naquele momento histórico. Para o desenvolvimento do estudo, utilizou-se como recurso metodológico a reconstrução etnográfica de abordagem ética na perspectiva demartiniana, a partir da relação com documentos originais das Assembleias Mundiais de Saúde (AMS) da OMS. A exposição do objeto e a análise dos dados foram conduzidas pelo aporte teórico de Gramsci, especialmente a sua análise da teoria da hegemonia. Defende-se a tese de que a ideia de risco está presente como um dispositivo simbólico para atuar no controle da cultura social coletiva nomeada Atenção Primária à Saúde, produzida nas relações hegemônicas da OMS, entre 1948 e 1978. Essa cultura se impôs como um componente estratégico para operar a hegemonia no cultivo de saúde como objeto de intervenção para o desenvolvimento econômico e social de sociedades com formação econômico-social capitalista. O Movimento que a encadeou, o MAPS, apresentou-se, no recorte eleito, como uma reforma setorial do pensamento em saúde, cujos fins se expressaram em três verbos: resistir e conservar para desenvolver. O estudo chama atenção para o fato de que as lutas para mudar as condições de existência seriam o recurso para reduzir, oxalá desconstruir, a atuação da ideia de risco como dispositivo simbólico e inserir a saúde nas ações de APS como bem comum, um direito não somente teórico. Nessa nova consciência social, a resistência e a conservação da invisibilidade da saúde concreta do tempo presente, observada nas ações impulsionadas pelo MAPS, entre 1948 e 1978, e propagadas internacionalmente, poderiam ser fraturadas.<br> / Abstract : The proposal of this study arose of an insistent observation generated in our professional and academic experiences: the social inclination that conditions today's existence to tomorrow's uncertainties has generated a subordination logic of the human suffering about the concreteness of living to the contemporaneous modern order of materialization of the notion of risk. For "human suffering about the concreteness of life", we understand the events that act in the process of people life in the present, sometimes objective, sometimes subjective, but always historical, and that for them are determining and/or conditioning their well-being in life. This observation mobilized us to seek in the "Primary Health Care Movement" (PHCM), effected by the World Health Organization (WHO), in the period of 1948-1978, if and how the idea of risk was presented in that historical moment. To develop this study, we used the ethnographic reconstruction with an ethical approach, in the Dematinian perspective, as the methodological resource, from original documents of WHO's World Health Assemblies (WHA). The object presentation and data analysis were conducted by the Gramschi theories, specially his analysis of hegemony. We hold the thesis that the risk idea is present as a symbolic device to act in the control of the colective social culture, produced in the WHO hegemonic relations, between 1948 and 1978, and named Primary Health Care. This culture was imposed as a strategic component to operate the hegemony in the health maintenance as an intervention object to the economic and social development of capitalist societies. The Movement that started it, PHCM, was presented, in our analysis, as a sectoral reform of health thinking, whose purposes were expressed in three verbs: resisting and conserving with the objective to develop. This study draws attention to the fact that the conflicts that aim changing the existence conditions would be the resource to decrease, or even deconstruct, the acting of the risk idea as a symbolic device, and insert health in the PHC actions as a common good, not only as a theoretical right. In this new social conscience, the resistence and conservation of the invisibility of concrete health of the present time, observed in the actions promoted by the PHCM, between 1948 and 1978, and internationally disseminated, could be disrupted.
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