Hoje em dia o conhecimento relacionado à aids é maior do que no início da epidemia no Brasil, na década de 80. Ao longo dos anos, as campanhas de prevenção em relação às infecções sexualmente transmissíveis têm insistido quanto ao uso do preservativo como a única forma de evitar doenças, especialmente a aids. No entanto, a divulgação deste conhecimento parece não ser suficiente para uma mudança de posição em relação à prevenção. Algumas pessoas, embora conhecedoras dos riscos, acabam mantendo relações sexuais sem o uso da camisinha, em uma prática conhecida como barebacking. Essa atividade sexual, conhecida mais comumente como sexo anal desprotegido, surgiu na década de 90 entre a população homossexual dos Estados Unidos, mas difundiu-se para outros países, chegando ao Brasil. Assim, o objetivo deste trabalho foi buscar compreender a exposição ao risco de contrair aids por meio de uma atividade que tem como proposta a retirada da camisinha. Nosso interesse era entender que aspectos psicológicos estariam por trás do comportamento de risco neste contexto da aids e das relações sexuais sem preservativo. Para a coleta do material realizamos entrevistas abertas com 5 rapazes homossexuais praticantes do sexo bare. As análises dos dados nos fizeram pensar no barebacking como uma prática transgressiva que fomenta a onipotência narcísica do sujeito. Como transgressão, o barebacking representa uma sexualidade de acesso ilimitado ao prazer, justamente pela retirada da camisinha. O risco, nestes casos, é parte importante da diversão por encarnar a possibilidade de jogar entre o cuidado e o perigo, recuperando o erotismo como espaço de soberania do sujeito / Nowadays, the knowledge about aids is bigger than it was in the begining of this epidemic in Brazil, in the 80s. Over the years, prevention campaigns related to sexual diseases have insisted about using condoms to prevent diseases, especially aids. However, the propagation of this knowledge is not enough to make people really act cautiously. Some people, even knowing the risks, keep sexual intercourse without condom, in a practice known as barebacking. This sexual activity, known commonly as desprotected anal intercourse, emerged in the 90s among homossexuals in the United States, but spread to other countries including Brazil. The aim of this paper was to understand the risk exposure to aids by an activity that propose not to use condom. The interest was to comprehend which psychological aspects were behind the risk behaviour on the context of aids and sexual intercourse without preservative. To do so, we interviewed 5 homossexual boys that practice the bare sex. This review led us to think on barebacking as a transgressive practice that encourages the narcisic omnipotence on subject. As transgression, barebacking represents a sexuality of unlimited access to pleasure, precisely by the removal of condom. The risk, in these cases, is an important part of the fun by representing the possibility to play between care and danger, recovering eroticism as the subjects sovereignty space

Hoje em dia o conhecimento relacionado à aids é maior do que no início da epidemia no Brasil, na década de 80. Ao longo dos anos, as campanhas de prevenção em relação às infecções sexualmente transmissíveis têm insistido quanto ao uso do preservativo como a única forma de evitar doenças, especialmente a aids. No entanto, a divulgação deste conhecimento parece não ser suficiente para uma mudança de posição em relação à prevenção. Algumas pessoas, embora conhecedoras dos riscos, acabam mantendo relações sexuais sem o uso da camisinha, em uma prática conhecida como barebacking. Essa atividade sexual, conhecida mais comumente como sexo anal desprotegido, surgiu na década de 90 entre a população homossexual dos Estados Unidos, mas difundiu-se para outros países, chegando ao Brasil. Assim, o objetivo deste trabalho foi buscar compreender a exposição ao risco de contrair aids por meio de uma atividade que tem como proposta a retirada da camisinha. Nosso interesse era entender que aspectos psicológicos estariam por trás do comportamento de risco neste contexto da aids e das relações sexuais sem preservativo. Para a coleta do material realizamos entrevistas abertas com 5 rapazes homossexuais praticantes do sexo bare. As análises dos dados nos fizeram pensar no barebacking como uma prática transgressiva que fomenta a onipotência narcísica do sujeito. Como transgressão, o barebacking representa uma sexualidade de acesso ilimitado ao prazer, justamente pela retirada da camisinha. O risco, nestes casos, é parte importante da diversão por encarnar a possibilidade de jogar entre o cuidado e o perigo, recuperando o erotismo como espaço de soberania do sujeito / Nowadays, the knowledge about aids is bigger than it was in the begining of this epidemic in Brazil, in the 80s. Over the years, prevention campaigns related to sexual diseases have insisted about using condoms to prevent diseases, especially aids. However, the propagation of this knowledge is not enough to make people really act cautiously. Some people, even knowing the risks, keep sexual intercourse without condom, in a practice known as barebacking. This sexual activity, known commonly as desprotected anal intercourse, emerged in the 90s among homossexuals in the United States, but spread to other countries including Brazil. The aim of this paper was to understand the risk exposure to aids by an activity that propose not to use condom. The interest was to comprehend which psychological aspects were behind the risk behaviour on the context of aids and sexual intercourse without preservative. To do so, we interviewed 5 homossexual boys that practice the bare sex. This review led us to think on barebacking as a transgressive practice that encourages the narcisic omnipotence on subject. As transgression, barebacking represents a sexuality of unlimited access to pleasure, precisely by the removal of condom. The risk, in these cases, is an important part of the fun by representing the possibility to play between care and danger, recovering eroticism as the subjects sovereignty space

Made available in DSpace on 2018-06-04T19:14:32Z (GMT). No. of bitstreams: 0 Previous issue date: 2017-06-28 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) / O termo barebacking é utilizado pela comunidade gay internacional para nomear o sexo anal desprotegido intencional entre homens que tem sexo com outros homens (HSH). Dado transitar na contramão das políticas de prevenção ao HIV/aids e, mesmo da ideia de cuidados de si tão comum à sociedade atual, pode-se enquadrar o barebacking no que Bourdieu (2010) vai chamar de estilos de vida, ou seja, um conjunto de ações e comportamentos que afrontam o habitus instituído. Nesse sentido, frente ao cenário atual da epidemia de aids, o estudo do barebacking se faz urgente, especialmente através da economia linguística dispensada por seus adeptos. É na internet, através de sites e blogs de pornografia, seguido da própria indústria pornográfica, que o barebacking encontra seu maior meio de expressão, ao passo que ambos os veículos constituem espaços profícuos de pesquisa. Assim, partindo da compreensão do barebacking como um estilo de vida (Bourdieu, 2010) o presente trabalho teve por objetivo investigar os sentidos da exposição ao HIV/aids na perspectiva da prática. Compôs o material de análise os registros escritos efetuados por seguidores de um blog de barebacking sex direcionado a HSH, imagens e símbolos comuns à prática. Os dados foram analisados a partir da economia das trocas linguísticas conforme proposto por Bourdieu (2000) e discutidos sob o olhar de diferentes autores. Os resultados apontam a internet como um importante disseminador das falas que confrontam os discursos instituídos sobre o HIV/aids, a junção entre risco, prazer e perigo na constituição das identidades e do erotismo, a exposição ao HIV/aids como inerente/consciente à prática do barebacking, bem como aspecto importante nos jogos de poder das masculinidades envolvidas na prática, e a importância da pornografia na expressividade do barebacking seja como meio onde temos acesso à maneira como a prática se organiza, seja no jogo entre fetiche e identidade. Conclui-se que, em sua maneira mais singular, o barebacking constitui um estilo de vida que impõe as políticas voltadas ao HIV/aids grandes desafios, sobretudo quando deixam de considerar em suas formulações que o erótico e a sexualidade constituem-se com base em aspectos que fogem a uma regra mais geral de comportamentos esperados e/ou instituídos. / The term Barebacking is used by the international gay community to name intentional unprotected anal sex among men who have sex with men (MSM). A practice which goes against HIV / AIDS prevention policies and even the idea of self-awareness, so common in today's society. Barebacking can be categorized into what Bourdieu (2010) refers to as Lifestyles, that is, a set of actions and behavior that go against the institutionalized habitus. In this sense, facing the current situation of the AIDS epidemic, the study of Barebacking is urgent, especially through the linguistic economy dismissed by its adherents. It is on the Internet, through pornography websites and blogs followed by the pornographic industry itself, that Barebacking finds its greatest means of expression, with both vehicles being a lucrative source of research. Thus, based on the understanding of Barebacking as a lifestyle (BOURDIEU, 2010), the present work aims to investigate the meaning of exposure to HIV / AIDS from a practice perspective. The material for analysis was composed of written records by followers of a Barebacking Sex blog aimed at MSM, as well as images and symbols common to the practice. The data were analyzed based on the economics of linguistic exchanges as proposed by Bourdieu (2000) and discussed by different authors. The results point to: the Internet as an important linguistic market in the expression that confronts the institutionalized discourse on HIV / AIDS; the junction between risk, pleasure and danger in the constitution of identities and eroticism; exposure to HIV / AIDS as inherent / conscious to the practice of Barebacking, as well as an important aspect of the masculinity power games involved in the practice; and the importance of pornography in the expression of Barebacking, as a means where we have access to the way the practice is organized, or in the relationship between fetish and identity. In conclusion, we note that in its most singular way, Barebacking constitutes a lifestyle that imposes great challenges to the HIV / AIDS prevention policies, especially when eroticism and sexuality are not taken into account and are based on aspects that go against a more general rule of expected and / or institutionalized behaviors. / BV UNIFESP: Teses e dissertações

Epidemiologic evidence shows that the incidence of HIV among men who have sex with men (MSM) is on the rise. high-risk sexual behaviors are the primary mode of transmission and are responsible for increased rates of infection. a growing body of evidence suggests that endorsement of normative beliefs and values regarding manhood and masculinity, or masculinity ideology, may help to explain certain high-risk sexual behaviors. this study investigated the associations between a measure of masculinity ideology and sexual risk taking among a sample of MSM. in addition, indirect pathways in which masculinity ideology may lead to sexual risk taking were explored, including the use of the internet to meet sex partners and the use of drugs during sexual encounters. a cross-sectional, web-based survey was used to collect data from participants recruited via the internet (n=907) Correlation and multiple regression analysis supported the hypotheses that masculinity ideology was positively associated with the number of sexual partners and frequency of unprotected anal intercourse in the previous six months. Higher endorsement of masculinity ideology was also positively associated with greater intentions for unprotected anal sex. This study adds to the growing body of literature on the subject of gender ideologies and sexual behavior and offers additional avenues for public health research.

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