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Das reformas sanitária e psiquiátrica à educação em saúde mental : saber técnico e compromisso ético com a saúde mental coletivaRadke, Mariane Brusque January 2017 (has links)
Este trabalho coteja as reformas sanitária e psiquiátrica vividas no Brasil e que enfocaram uma importante mudança no modelo tecnoassistencial em saúde mental, introduzindo, no caso dos transtornos mentais e sofrimento psíquico, as abordagens da reabilitação e da atenção psicossocial. Considerada a perspectiva de “mudança”, pode-se dizer, no mínimo, da prioridade à reversão dos paradigmas biomédico e manicomial em favor dos paradigmas da atenção básica e da saúde mental coletiva. Um projeto de mudança não se faz sem correspondente processo educativo e formativo, em que pese a resistência à mudança nos setores hegemonizados pela “racionalidade científica moderna” ou “razão médica” que dão guarida aos paradigmas sob necessária mutação. Esta dissertação ensejou, então, como temática, a busca de evidência ou não da presença de uma “educação em saúde mental” e seu lugar na política nacional de modo a verificar prioridade ou não à difusão do saber técnico e do compromisso ético com a saúde mental coletiva. A metodologia escolhida foi um ensaio sobre as reformas sanitária e psiquiátrica; a educação e ensino na saúde; e as políticas nacionais de atenção básica, saúde mental e educação permanente em saúde, culminando com a organização e exploração de um inventário das principais práticas educativas e formativas federais apresentadas no período de 15 anos da Lei da Reforma Psiquiátrica (abril 2001 – abril 2016). A conclusão documenta uma prática responsável do gestor federal da política de saúde mental do período quanto à expansão da rede de serviços substitutivos ao modelo biomédico e manicomial (da desinternação à rede de atenção psicossocial), com crescente oferta de cursos de especialização e qualificação; residências “médicas em psiquiatria” e “integradas multiprofissionais em saúde mental”; formação e práticas em apoio matricial e institucional; desenvolvimento da proposta de supervisão clínico-institucional e escolas de apoiadores e supervisores; formação para o assessoramento e educação em redução de danos; cursos para o pessoal de nível médio (auxiliares e técnicos em enfermagem e agentes comunitários de saúde) para a atenção em saúde mental, álcool e outras drogas; programas de reorientação da formação profissional e educação tutorial pelo trabalho, ambos com projetos em saúde mental; vivência-estágio na realidade do Sistema Único de Saúde (SUS) com presença na rede substitutiva e luta antimanicomial; projeto percursos formativos na rede de atenção psicossocial; atividades formativas na rede de escolas técnicas do SUS; além de iniciativas inovadoras envolvendo: Linha de Cuidado em Saúde Mental para o matriciamento, Gestão Autônoma da Medicação para a equipe de saúde e usuários, Acompanhamento Terapêutico para estudantes e profissionais de diferentes níveis de escolaridade, estratégia Telessaúde e dispositivo Comunidades de Prática. Considerado o inventário, verificou-se responsabilidade com a competência técnica e compromisso ético dos trabalhadores para com a implementação de uma política antimanicomial, o entrelaçamento saúde mental e atenção básica e um percurso de construção da atenção psicossocial ou saúde mental coletiva. A atenção psicossocial representa o paradigma contemporâneo que substitui as abordagens biomédicas e neuropsiquiátricas no tocante ao cuidado em saúde mental e, por meio da educação e formação, configura contingente estratégico na evidência de um propósito ético, técnico e político no cuidado em saúde mental, em liberdade. / This paper checks the sanitary and psychiatric reforms lived in Brazil and which have put focus on an important change in the mental health tecnoassistential model, introducing, in the case of mental disorders and psychic suffering, the approaches of rehabilitation and psychosocial care. Considering the outlook of "change", is possible to say, at least, about the priority of the reversion of the biomedical and asylum paradigms in favor of the basic attention and collective mental health paradigms. A project of change cannot be done without a corresponding educative and formative process, in spite of the resistance for changes in the hegemonized areas of the "modern scientific rationality" or the "medical reason" which supports the old paradigms under necessary mutation. This dissertation, therefore, is themed on the search of evidence on the presence of a "mental health education" and it's place in the national policy in order to verify priority, or not, to the diffusion of the technical knowledge and the ethical commitment with the collective mental health. The chosen methodology was an experiment about the psychiatric and sanitary reforms; the education and teachings in health; and the national policies of basic care, mental health and permanent education in health, culminating with the organization and exploration of an inventory on the main federal formatives and educational practices done on the 15 years of Psychiatric Reform Law (april/2001-april/2016). The finding documents a responsible practice by the federal manager on mental health policies on the time about an extension of the network of services surrogate to the asylum and biomedical models (from disinternation to the psychosocial care network), with increasing offer to qualification and specialization courses; Residencies in "medical psychiatry" and "integrated multiprofessional in mental health"; education and practices in Matrix and institutional support; development of the clinic-institution supervision proposal and schools of supervisors and supporters; education for advisory and education in damage reduction; courses for middle/technical level people (helpers, nursing technicians and communitarian agents of health) for the caring of mental health, alcohol and other drugs; programs of the professional reorientation and tutorial education through work, both with projects in mental health; internship-experience in the reality of the National Health System with a strong presence in the surrogate network and the Brazilian anti-asylum movement; The project of formative routes in the psychosocial attention network; formative activities in the technical school network; in addition to innovating initiatives involving: Mental Health Care Guide for Matrixing, Autonomous Management of Medication for the health workers and users, Therapeutic Monitoring for students and professionals from different scholarship levels, Telessaúde strategy and the Communities of Practice device. With the inventory considered, was possible to verify the responsibility with the technical competence and the ethical commitment of the workers on an anti-asylum policy implementation, the weaving of mental health and basic care and a course of construction in psychosocial care or collective mental health. The psychosocial care represents a contemporary paradigm that substitutes the biomedical and neuropsychiatric approaches in the mental health care and, by the means of education and formation, sets a strategic contingent in evidence for an ethical, technical and political purpose in the health care, in freedom.
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Saberes e fazeres em construção : etnografia sobre formação profissional e mobilização estudantil no contexto da Reforma Psiquiátrica no Rio Grande do SulSchweig, Graziele Ramos January 2009 (has links)
A recente emergência de movimentos sociais no campo da saúde, no Brasil, remonta a meados da década de 1970. Articulados às lutas pela abertura democrática no país, o Movimento Sanitário e a Luta Antimanicomial realizaram uma leitura "política" do fenômeno da saúde, e da saúde mental em específico. Assim, tendo em mente esse pano de fundo, o presente trabalho tem como foco compreender as relações que se tecem entre o processo de tornar-se profissional de saúde e engajar-se politicamente no contexto da Reforma Psiquiátrica e da construção do Sistema Único de Saúde, no estado do Rio Grande do Sul. Para tanto, realizo uma investigação etnográfica junto a um grupo de estudantes universitários de diferentes cursos de graduação que organizam um "estágio de vivência". Tal estágio consiste em uma "imersão" de quinze dias em serviços de saúde mental substitutivos ao hospital psiquiátrico, tendo por objetivo sensibilizar os estudantes para a defesa da Luta Antimanicomial e do Sistema Único de Saúde. Nesta etnografia, tenho por objetivo, portanto, compreender de que modo se relacionam a construção de entendimentos sobre saúde/saúde mental e a constituição de um envolvimento político com um movimento social da saúde. / The recent emergence of social movements among health field, in Brazil, retraces to the middle 1970's. Together with the struggle for democratic government, the Sanitarian and the Anti-asylum Movements carried out a "political reading" of health and mental health phenomena. Thus, considering this background, the present work aims to understand the relations between the process of becoming a health professional and the development of a political engagement in the context of Psychiatric Reform and of the construction of Single Health System, in the State of Rio Grande do Sul. For this, I carry out an ethnographic investigation among a group of college students who organize an "estágio de vivência" [training course on mental health care]. Such event consists of a fifteen-day "merge" in mental health services, which are substitutes for psychiatric hospital, having as its aim the students' sensitization for the defense of Anti-asylum struggle and Single Health System. Is this ethnography, therefore, I aim to perceive in which way the construction of understandings about health/mental health and the development of a political involvement with a health social movement are related.
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Águas da pedagogia da implicação : intercessões da educação para políticas públicas de saúdeFagundes, Sandra Maria Sales January 2006 (has links)
Esta dissertação reporta a construção e apresenta a defesa de uma pedagogia da implicação, proposta que configura o ensino-aprendizagem como a gestão de processos de mudança de si e dos entornos, detectada na realização de cursos de aperfeiçoamento e especialização componentes de um projeto político de saúde. A formação aparecia como eixo estrutural de uma inovadora e ousada política de saúde mental, mas, ao tempo em que rejeitava uma operação pedagógica da transmissão de informações e habilidades, inventava (punha em curso) singularizações e invenções. A organização e os métodos de educação escolhidos tornavam a ação de formação muito mais ousada que a habilitação de pessoas para uma prática técnica, política ou administrativa diferente, funcionavam como agregadores de coletivos, disparadores de desejo e ativadores de processos de mudança, mobilizando atos e estratégias políticas no interesse do acolhimento de pessoas em projetos de vida e de presente, da democracia, da cidadania e da autoria. Essa organização e métodos educacionais permitiram pensar e estudar a proposta de intercessão da educação para as políticas públicas de saúde, em especial, de saúde mental. Para o percurso da escrita, na procura de uma teoria, foi utilizada a imagem das águas e das navegações, coerente com o componente sensível da história, geografia e sentidos vividos pessoalmente, inventariados na realidade e examinados como produção de conhecimento; coerente, também, com uma ilustração metafórica aos aprendizados extraídos do estudo (nascentes, vertentes, cursos das águas, rotas de navegação, âncoras e carta náutica) e, por fim, coerente com as várias imagens que visitam a loucura em sua segregação e dessegregação: a gestação, a nau dos insensatos, o barco do Bispo do Rosário, a terceira margem do rio, a travessia de corredeiras e a nau da liberdade. Os grandes itinerários estão nos cursos de saúde mental coletiva e no "curso" da saúde mental coletiva em sua história, geografia e sentidos nas políticas públicas de saúde; no "curso" da educação permanente em saúde e no "curso" dos movimentos sociais que preenchem uma educação da cidadania. Esses "cursos" produziram a "correnteza" da saúde mental coletiva, modos coletivos de gestão e de atenção em saúde, processos de educação permanente em saúde e o Fórum Gaúcho de Saúde Mental. As âncoras de uma Pedagogia da Implicação são categorias analisadoras, conceitos caixa-de-ferramenta e o encontro com a invenção/criação de dispositivos operadores singulares, tendo em vista propiciar um poder-aprender-saber-fazer no cotidiano dos percursos, bem como na (re)definição das rotas. A saúde mental coletiva não existia antes desse percurso, ela se fez em percurso de desejo molhado pelas vidas singulares de trabalhadores, gestores, participantes e seus familiares e formadores implicados com a despsiquiatrização da loucura e com a gestão de processos de mudança de si e dos entornos. Somente uma pedagogia para dar sustentação a esse movimento, pelo seu caráter de coletivo, de cidade, de pensamento, de aprendizados. Não poderia ser a clínica individual de nossas aflições, porque esta não alcançaria o tempo mesclado dos coletivos, da cidade, dos pensamentos e dos aprendizados. A dissertação emite uma Carta Náutica ou uma carta-leitura das Intercessões da Educação para uma Política Pública de Saúde, com os traçados entrelaçados por matriciamentos e transversalizações, com pontos de sustentação, com vazios de incompletude, produtora de devir e com outras vontades de potência: convite à implicação. Uma carta náutica das transformações da Nau da Liberdade Saúde Mental Coletiva navegando nas águas da pedagogia da implicação. / This dissertation reports the construction and presents the defense of a pedagogy of implication. This proposal shapes the 'teaching-learning' as the management of processes of change in itself and in the environment. It can be detected in the accomplishment of qualification and specialization courses which are part of a political health project. The instruction appeared as a structural axis of an innovative and dared mental health policy, but, at the same it rejected a pedagogical operation of information and abilities transference, and it invented (kept going) singularizations and inventions. The organization and teaching methods chosen turned the action of educating much more daring than the qualification for a different technical, political or administrative practice. They worked aggregating groups, as desire 'triggers' and as activators of change processes, mobilizing acts and political strategies in order to welcome people in life projects related to their current lives, as well as projects of democracy, citizenship and authorship. This organization and educational methods made it possible to think and study the proposal of intercession of the education for the public health policies, especially, of mental health. For the course of the writing, in the search of a theory, I used images of the waters and navigations, and, coherent with the sensible components of history, geography and senses lived personally, inventoried in reality and examined as knowledge production. Coherently as well, I used metaphorical illustration of the learnings which were extracted from the study (nascent, slopes, courses of the waters, broken of navigation, anchors and nautical letter). Finally, consistently with the several images that visit the madness in its segregation and desegregation: the gestation, 'the nau of the senseless ones' , the ship of 'Bispo do Rosário', the third margin of the river, the crossing of rapids and the nau of the freedom. The great itineraries are in the courses of collective mental health, in the 'course' of collective mental health in its history, geography and senses in the public health policies, as well as in the 'course' of continuing health education and in the 'course' of the social movements that fulfill a citizenship education. These 'courses" produced the 'flow' of the collective mental health, collective modes of management and of health care, processes of continuing health education and the Forum 'Gaúcho' of Mental Health. The anchors of a pedagogy of the implication are analyzing categories, concepts, a 'box-of-tools' and also an encounter with the invention/raising of singular operating devices, in order to facilitate a 'being able to-learning-knowing-doing' in the everyday courses, as well as in the (re)definition of the routes. The collective mental health did not exist previously of this route, it was made during the route of desire through the singular lives of workers, managers, participants and their relatives, as well as the trainers involved with the 'despsiquiatrização' of the madness and with the management of change processes inside themselves and in the environment. A pedagogy was needed to give support to this movement, due to its qualities of city, of thinking and of apprenticeship. This could not come from the individual clinic of our afflictions, since it would not reach the mixed time of the collectives, of the city, of the thoughts and of the learnings. The dissertation issues a Nautical Charter or a letter-reading of the Intercessions of the Education for a Public Health Policy, with the layouts interlinked by matrices and transversals, with points of support, with vacuums of incompleteness, producer of devir and other wills of potency: an invitation to the implication. A nautical letter of the transformations of the 'Nau of Freedom of the Public Collective Mental Health' navigating in the waters of the pedagogy of implication. / La presente disertación se refiere a la construcción y presenta la defensa de una pedagogía de la implicación, propuesta que configura la enseñanza-aprendizaje como la gestión de procesos de cambios de sí mismo y de los entornos, detectada en la realización de cursos de perfeccionamento y especialización, componentes de un proyecto político de salud. La formación surgía como eje estructural de una innovadora y osada política de salud mental pero, a la vez que rechazaba una operación pedagógica de la transmisión de informaciones y habilidades, inventava (ponía en marcha) singularizaciones e invenciones. La organización y los métodos de educación elegidos hacían la acción de formación mucho más osada que la habilitación de personas para una práctica técnica, política o administrativa distinta. Las personas se desempañaban como agregadores de colectivos, disparadores de deseo y activadores de procesos de cambio, poniendo en marcha actos y estrategias políticas en el interés de la acogida de personas en proyectos de vida y de presente, de la democracia, de la ciudadanía y de la autoría. Esa organización y métodos educacionales han permitido pensar y estudiar la propuesta de intercesión de la educación para las políticas públicas de salud y, en especial, de salud mental. Para el recorrido de la escrita, en la búsqueda de una teoría, se utilizó la imagen de las águas y de las navegaciones, en sintonía con el componente sensible de la historia, geografía y los sentidos vividos personalmente, inventariados en la realidad y examinados como producción de conocimiento; en sintonía, también, con una ilustración metafórica a los aprendizajes extraídos del estudio (nacientes, vertientes, cursos de águas, rutas de navegación, anclas y cartas náuticas) y, por ende, en sintonía con las variadas imágenes que visitan la locura en su segregación y disegregación (rescatado de la segregación): la gestación, la nave de los locos (stultífera navis), el barco de Bispo do Rosario, la tercera margen del rio, la travesía de correderas y la nave de la libertad. Los grandes itinerarios se encuentran en los cursos de salud mental colectiva y en el "curso" de la salud mental colectiva en su historia, geografía y sentidos en las políticas públicas de salud; en el "curso" de la educación permanente en salud y en el "curso" de los movimientos sociales que rellenan una educación de la ciudadanía. Esos "cursos" han producido la "corriente" de la salud mental colectiva, modalidades colectivas de gestión y de atención en salud, procesos de educación permanente en salud y el Fórum Gaúcho de Salud Mental. Las anclas de una Pedagogía de la Implicación son categorías de análise, conceptos caja-de-herramientas y el encuentro con la invención/creación de dispositivos operadores singulares, teniendo en cuenta proporcionar un poder-aprender-saber-hacer en el cotidiano de los trayectos así como en la redefinición de las rutas. La salud mental colectiva no existía antes de esa puesta en marcha. Ella se hizo en recorridos de deseo, mojado por las vidas singulares de trabajadores, gestores, participantes y sus familiares y formadores comprometidos con la despsiquiatrización de la locura y con la gestión de procesos de cambio de sí mismos y de los entornos. Solamente podría ser una pedagogía que diera sustentación a ese movimiento, por su carácter de colectivo, de ciudad, de pensamiento, de aprendizajes. No podría ser la clínica individual de nuestros sufrimientos porque esa no alcanzaría el tiempo mezclado de los colectivos, de la ciudad, de los pensamientos y de los aprendizajes. La disertación produce una Carta Náutica o una carta-lectura de las Intercesiones de la Educación para una Política Pública de Salud, con cruces entrelazados por construcción de matrices y transversalizaciones, con puntos de apoyatura, con vacíos de incompletud, productora de devenires y con otras voluntades de potencia: invitación a la implicación. Una carta náutica de las transformaciones de la Nave de la Libertad Salud Mental Colectiva navegando en las águas de la pedagogía de la implicación.
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Das reformas sanitária e psiquiátrica à educação em saúde mental : saber técnico e compromisso ético com a saúde mental coletivaRadke, Mariane Brusque January 2017 (has links)
Este trabalho coteja as reformas sanitária e psiquiátrica vividas no Brasil e que enfocaram uma importante mudança no modelo tecnoassistencial em saúde mental, introduzindo, no caso dos transtornos mentais e sofrimento psíquico, as abordagens da reabilitação e da atenção psicossocial. Considerada a perspectiva de “mudança”, pode-se dizer, no mínimo, da prioridade à reversão dos paradigmas biomédico e manicomial em favor dos paradigmas da atenção básica e da saúde mental coletiva. Um projeto de mudança não se faz sem correspondente processo educativo e formativo, em que pese a resistência à mudança nos setores hegemonizados pela “racionalidade científica moderna” ou “razão médica” que dão guarida aos paradigmas sob necessária mutação. Esta dissertação ensejou, então, como temática, a busca de evidência ou não da presença de uma “educação em saúde mental” e seu lugar na política nacional de modo a verificar prioridade ou não à difusão do saber técnico e do compromisso ético com a saúde mental coletiva. A metodologia escolhida foi um ensaio sobre as reformas sanitária e psiquiátrica; a educação e ensino na saúde; e as políticas nacionais de atenção básica, saúde mental e educação permanente em saúde, culminando com a organização e exploração de um inventário das principais práticas educativas e formativas federais apresentadas no período de 15 anos da Lei da Reforma Psiquiátrica (abril 2001 – abril 2016). A conclusão documenta uma prática responsável do gestor federal da política de saúde mental do período quanto à expansão da rede de serviços substitutivos ao modelo biomédico e manicomial (da desinternação à rede de atenção psicossocial), com crescente oferta de cursos de especialização e qualificação; residências “médicas em psiquiatria” e “integradas multiprofissionais em saúde mental”; formação e práticas em apoio matricial e institucional; desenvolvimento da proposta de supervisão clínico-institucional e escolas de apoiadores e supervisores; formação para o assessoramento e educação em redução de danos; cursos para o pessoal de nível médio (auxiliares e técnicos em enfermagem e agentes comunitários de saúde) para a atenção em saúde mental, álcool e outras drogas; programas de reorientação da formação profissional e educação tutorial pelo trabalho, ambos com projetos em saúde mental; vivência-estágio na realidade do Sistema Único de Saúde (SUS) com presença na rede substitutiva e luta antimanicomial; projeto percursos formativos na rede de atenção psicossocial; atividades formativas na rede de escolas técnicas do SUS; além de iniciativas inovadoras envolvendo: Linha de Cuidado em Saúde Mental para o matriciamento, Gestão Autônoma da Medicação para a equipe de saúde e usuários, Acompanhamento Terapêutico para estudantes e profissionais de diferentes níveis de escolaridade, estratégia Telessaúde e dispositivo Comunidades de Prática. Considerado o inventário, verificou-se responsabilidade com a competência técnica e compromisso ético dos trabalhadores para com a implementação de uma política antimanicomial, o entrelaçamento saúde mental e atenção básica e um percurso de construção da atenção psicossocial ou saúde mental coletiva. A atenção psicossocial representa o paradigma contemporâneo que substitui as abordagens biomédicas e neuropsiquiátricas no tocante ao cuidado em saúde mental e, por meio da educação e formação, configura contingente estratégico na evidência de um propósito ético, técnico e político no cuidado em saúde mental, em liberdade. / This paper checks the sanitary and psychiatric reforms lived in Brazil and which have put focus on an important change in the mental health tecnoassistential model, introducing, in the case of mental disorders and psychic suffering, the approaches of rehabilitation and psychosocial care. Considering the outlook of "change", is possible to say, at least, about the priority of the reversion of the biomedical and asylum paradigms in favor of the basic attention and collective mental health paradigms. A project of change cannot be done without a corresponding educative and formative process, in spite of the resistance for changes in the hegemonized areas of the "modern scientific rationality" or the "medical reason" which supports the old paradigms under necessary mutation. This dissertation, therefore, is themed on the search of evidence on the presence of a "mental health education" and it's place in the national policy in order to verify priority, or not, to the diffusion of the technical knowledge and the ethical commitment with the collective mental health. The chosen methodology was an experiment about the psychiatric and sanitary reforms; the education and teachings in health; and the national policies of basic care, mental health and permanent education in health, culminating with the organization and exploration of an inventory on the main federal formatives and educational practices done on the 15 years of Psychiatric Reform Law (april/2001-april/2016). The finding documents a responsible practice by the federal manager on mental health policies on the time about an extension of the network of services surrogate to the asylum and biomedical models (from disinternation to the psychosocial care network), with increasing offer to qualification and specialization courses; Residencies in "medical psychiatry" and "integrated multiprofessional in mental health"; education and practices in Matrix and institutional support; development of the clinic-institution supervision proposal and schools of supervisors and supporters; education for advisory and education in damage reduction; courses for middle/technical level people (helpers, nursing technicians and communitarian agents of health) for the caring of mental health, alcohol and other drugs; programs of the professional reorientation and tutorial education through work, both with projects in mental health; internship-experience in the reality of the National Health System with a strong presence in the surrogate network and the Brazilian anti-asylum movement; The project of formative routes in the psychosocial attention network; formative activities in the technical school network; in addition to innovating initiatives involving: Mental Health Care Guide for Matrixing, Autonomous Management of Medication for the health workers and users, Therapeutic Monitoring for students and professionals from different scholarship levels, Telessaúde strategy and the Communities of Practice device. With the inventory considered, was possible to verify the responsibility with the technical competence and the ethical commitment of the workers on an anti-asylum policy implementation, the weaving of mental health and basic care and a course of construction in psychosocial care or collective mental health. The psychosocial care represents a contemporary paradigm that substitutes the biomedical and neuropsychiatric approaches in the mental health care and, by the means of education and formation, sets a strategic contingent in evidence for an ethical, technical and political purpose in the health care, in freedom.
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Saberes e fazeres em construção : etnografia sobre formação profissional e mobilização estudantil no contexto da Reforma Psiquiátrica no Rio Grande do SulSchweig, Graziele Ramos January 2009 (has links)
A recente emergência de movimentos sociais no campo da saúde, no Brasil, remonta a meados da década de 1970. Articulados às lutas pela abertura democrática no país, o Movimento Sanitário e a Luta Antimanicomial realizaram uma leitura "política" do fenômeno da saúde, e da saúde mental em específico. Assim, tendo em mente esse pano de fundo, o presente trabalho tem como foco compreender as relações que se tecem entre o processo de tornar-se profissional de saúde e engajar-se politicamente no contexto da Reforma Psiquiátrica e da construção do Sistema Único de Saúde, no estado do Rio Grande do Sul. Para tanto, realizo uma investigação etnográfica junto a um grupo de estudantes universitários de diferentes cursos de graduação que organizam um "estágio de vivência". Tal estágio consiste em uma "imersão" de quinze dias em serviços de saúde mental substitutivos ao hospital psiquiátrico, tendo por objetivo sensibilizar os estudantes para a defesa da Luta Antimanicomial e do Sistema Único de Saúde. Nesta etnografia, tenho por objetivo, portanto, compreender de que modo se relacionam a construção de entendimentos sobre saúde/saúde mental e a constituição de um envolvimento político com um movimento social da saúde. / The recent emergence of social movements among health field, in Brazil, retraces to the middle 1970's. Together with the struggle for democratic government, the Sanitarian and the Anti-asylum Movements carried out a "political reading" of health and mental health phenomena. Thus, considering this background, the present work aims to understand the relations between the process of becoming a health professional and the development of a political engagement in the context of Psychiatric Reform and of the construction of Single Health System, in the State of Rio Grande do Sul. For this, I carry out an ethnographic investigation among a group of college students who organize an "estágio de vivência" [training course on mental health care]. Such event consists of a fifteen-day "merge" in mental health services, which are substitutes for psychiatric hospital, having as its aim the students' sensitization for the defense of Anti-asylum struggle and Single Health System. Is this ethnography, therefore, I aim to perceive in which way the construction of understandings about health/mental health and the development of a political involvement with a health social movement are related.
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Águas da pedagogia da implicação : intercessões da educação para políticas públicas de saúdeFagundes, Sandra Maria Sales January 2006 (has links)
Esta dissertação reporta a construção e apresenta a defesa de uma pedagogia da implicação, proposta que configura o ensino-aprendizagem como a gestão de processos de mudança de si e dos entornos, detectada na realização de cursos de aperfeiçoamento e especialização componentes de um projeto político de saúde. A formação aparecia como eixo estrutural de uma inovadora e ousada política de saúde mental, mas, ao tempo em que rejeitava uma operação pedagógica da transmissão de informações e habilidades, inventava (punha em curso) singularizações e invenções. A organização e os métodos de educação escolhidos tornavam a ação de formação muito mais ousada que a habilitação de pessoas para uma prática técnica, política ou administrativa diferente, funcionavam como agregadores de coletivos, disparadores de desejo e ativadores de processos de mudança, mobilizando atos e estratégias políticas no interesse do acolhimento de pessoas em projetos de vida e de presente, da democracia, da cidadania e da autoria. Essa organização e métodos educacionais permitiram pensar e estudar a proposta de intercessão da educação para as políticas públicas de saúde, em especial, de saúde mental. Para o percurso da escrita, na procura de uma teoria, foi utilizada a imagem das águas e das navegações, coerente com o componente sensível da história, geografia e sentidos vividos pessoalmente, inventariados na realidade e examinados como produção de conhecimento; coerente, também, com uma ilustração metafórica aos aprendizados extraídos do estudo (nascentes, vertentes, cursos das águas, rotas de navegação, âncoras e carta náutica) e, por fim, coerente com as várias imagens que visitam a loucura em sua segregação e dessegregação: a gestação, a nau dos insensatos, o barco do Bispo do Rosário, a terceira margem do rio, a travessia de corredeiras e a nau da liberdade. Os grandes itinerários estão nos cursos de saúde mental coletiva e no "curso" da saúde mental coletiva em sua história, geografia e sentidos nas políticas públicas de saúde; no "curso" da educação permanente em saúde e no "curso" dos movimentos sociais que preenchem uma educação da cidadania. Esses "cursos" produziram a "correnteza" da saúde mental coletiva, modos coletivos de gestão e de atenção em saúde, processos de educação permanente em saúde e o Fórum Gaúcho de Saúde Mental. As âncoras de uma Pedagogia da Implicação são categorias analisadoras, conceitos caixa-de-ferramenta e o encontro com a invenção/criação de dispositivos operadores singulares, tendo em vista propiciar um poder-aprender-saber-fazer no cotidiano dos percursos, bem como na (re)definição das rotas. A saúde mental coletiva não existia antes desse percurso, ela se fez em percurso de desejo molhado pelas vidas singulares de trabalhadores, gestores, participantes e seus familiares e formadores implicados com a despsiquiatrização da loucura e com a gestão de processos de mudança de si e dos entornos. Somente uma pedagogia para dar sustentação a esse movimento, pelo seu caráter de coletivo, de cidade, de pensamento, de aprendizados. Não poderia ser a clínica individual de nossas aflições, porque esta não alcançaria o tempo mesclado dos coletivos, da cidade, dos pensamentos e dos aprendizados. A dissertação emite uma Carta Náutica ou uma carta-leitura das Intercessões da Educação para uma Política Pública de Saúde, com os traçados entrelaçados por matriciamentos e transversalizações, com pontos de sustentação, com vazios de incompletude, produtora de devir e com outras vontades de potência: convite à implicação. Uma carta náutica das transformações da Nau da Liberdade Saúde Mental Coletiva navegando nas águas da pedagogia da implicação. / This dissertation reports the construction and presents the defense of a pedagogy of implication. This proposal shapes the 'teaching-learning' as the management of processes of change in itself and in the environment. It can be detected in the accomplishment of qualification and specialization courses which are part of a political health project. The instruction appeared as a structural axis of an innovative and dared mental health policy, but, at the same it rejected a pedagogical operation of information and abilities transference, and it invented (kept going) singularizations and inventions. The organization and teaching methods chosen turned the action of educating much more daring than the qualification for a different technical, political or administrative practice. They worked aggregating groups, as desire 'triggers' and as activators of change processes, mobilizing acts and political strategies in order to welcome people in life projects related to their current lives, as well as projects of democracy, citizenship and authorship. This organization and educational methods made it possible to think and study the proposal of intercession of the education for the public health policies, especially, of mental health. For the course of the writing, in the search of a theory, I used images of the waters and navigations, and, coherent with the sensible components of history, geography and senses lived personally, inventoried in reality and examined as knowledge production. Coherently as well, I used metaphorical illustration of the learnings which were extracted from the study (nascent, slopes, courses of the waters, broken of navigation, anchors and nautical letter). Finally, consistently with the several images that visit the madness in its segregation and desegregation: the gestation, 'the nau of the senseless ones' , the ship of 'Bispo do Rosário', the third margin of the river, the crossing of rapids and the nau of the freedom. The great itineraries are in the courses of collective mental health, in the 'course' of collective mental health in its history, geography and senses in the public health policies, as well as in the 'course' of continuing health education and in the 'course' of the social movements that fulfill a citizenship education. These 'courses" produced the 'flow' of the collective mental health, collective modes of management and of health care, processes of continuing health education and the Forum 'Gaúcho' of Mental Health. The anchors of a pedagogy of the implication are analyzing categories, concepts, a 'box-of-tools' and also an encounter with the invention/raising of singular operating devices, in order to facilitate a 'being able to-learning-knowing-doing' in the everyday courses, as well as in the (re)definition of the routes. The collective mental health did not exist previously of this route, it was made during the route of desire through the singular lives of workers, managers, participants and their relatives, as well as the trainers involved with the 'despsiquiatrização' of the madness and with the management of change processes inside themselves and in the environment. A pedagogy was needed to give support to this movement, due to its qualities of city, of thinking and of apprenticeship. This could not come from the individual clinic of our afflictions, since it would not reach the mixed time of the collectives, of the city, of the thoughts and of the learnings. The dissertation issues a Nautical Charter or a letter-reading of the Intercessions of the Education for a Public Health Policy, with the layouts interlinked by matrices and transversals, with points of support, with vacuums of incompleteness, producer of devir and other wills of potency: an invitation to the implication. A nautical letter of the transformations of the 'Nau of Freedom of the Public Collective Mental Health' navigating in the waters of the pedagogy of implication. / La presente disertación se refiere a la construcción y presenta la defensa de una pedagogía de la implicación, propuesta que configura la enseñanza-aprendizaje como la gestión de procesos de cambios de sí mismo y de los entornos, detectada en la realización de cursos de perfeccionamento y especialización, componentes de un proyecto político de salud. La formación surgía como eje estructural de una innovadora y osada política de salud mental pero, a la vez que rechazaba una operación pedagógica de la transmisión de informaciones y habilidades, inventava (ponía en marcha) singularizaciones e invenciones. La organización y los métodos de educación elegidos hacían la acción de formación mucho más osada que la habilitación de personas para una práctica técnica, política o administrativa distinta. Las personas se desempañaban como agregadores de colectivos, disparadores de deseo y activadores de procesos de cambio, poniendo en marcha actos y estrategias políticas en el interés de la acogida de personas en proyectos de vida y de presente, de la democracia, de la ciudadanía y de la autoría. Esa organización y métodos educacionales han permitido pensar y estudiar la propuesta de intercesión de la educación para las políticas públicas de salud y, en especial, de salud mental. Para el recorrido de la escrita, en la búsqueda de una teoría, se utilizó la imagen de las águas y de las navegaciones, en sintonía con el componente sensible de la historia, geografía y los sentidos vividos personalmente, inventariados en la realidad y examinados como producción de conocimiento; en sintonía, también, con una ilustración metafórica a los aprendizajes extraídos del estudio (nacientes, vertientes, cursos de águas, rutas de navegación, anclas y cartas náuticas) y, por ende, en sintonía con las variadas imágenes que visitan la locura en su segregación y disegregación (rescatado de la segregación): la gestación, la nave de los locos (stultífera navis), el barco de Bispo do Rosario, la tercera margen del rio, la travesía de correderas y la nave de la libertad. Los grandes itinerarios se encuentran en los cursos de salud mental colectiva y en el "curso" de la salud mental colectiva en su historia, geografía y sentidos en las políticas públicas de salud; en el "curso" de la educación permanente en salud y en el "curso" de los movimientos sociales que rellenan una educación de la ciudadanía. Esos "cursos" han producido la "corriente" de la salud mental colectiva, modalidades colectivas de gestión y de atención en salud, procesos de educación permanente en salud y el Fórum Gaúcho de Salud Mental. Las anclas de una Pedagogía de la Implicación son categorías de análise, conceptos caja-de-herramientas y el encuentro con la invención/creación de dispositivos operadores singulares, teniendo en cuenta proporcionar un poder-aprender-saber-hacer en el cotidiano de los trayectos así como en la redefinición de las rutas. La salud mental colectiva no existía antes de esa puesta en marcha. Ella se hizo en recorridos de deseo, mojado por las vidas singulares de trabajadores, gestores, participantes y sus familiares y formadores comprometidos con la despsiquiatrización de la locura y con la gestión de procesos de cambio de sí mismos y de los entornos. Solamente podría ser una pedagogía que diera sustentación a ese movimiento, por su carácter de colectivo, de ciudad, de pensamiento, de aprendizajes. No podría ser la clínica individual de nuestros sufrimientos porque esa no alcanzaría el tiempo mezclado de los colectivos, de la ciudad, de los pensamientos y de los aprendizajes. La disertación produce una Carta Náutica o una carta-lectura de las Intercesiones de la Educación para una Política Pública de Salud, con cruces entrelazados por construcción de matrices y transversalizaciones, con puntos de apoyatura, con vacíos de incompletud, productora de devenires y con otras voluntades de potencia: invitación a la implicación. Una carta náutica de las transformaciones de la Nave de la Libertad Salud Mental Colectiva navegando en las águas de la pedagogía de la implicación.
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Das reformas sanitária e psiquiátrica à educação em saúde mental : saber técnico e compromisso ético com a saúde mental coletivaRadke, Mariane Brusque January 2017 (has links)
Este trabalho coteja as reformas sanitária e psiquiátrica vividas no Brasil e que enfocaram uma importante mudança no modelo tecnoassistencial em saúde mental, introduzindo, no caso dos transtornos mentais e sofrimento psíquico, as abordagens da reabilitação e da atenção psicossocial. Considerada a perspectiva de “mudança”, pode-se dizer, no mínimo, da prioridade à reversão dos paradigmas biomédico e manicomial em favor dos paradigmas da atenção básica e da saúde mental coletiva. Um projeto de mudança não se faz sem correspondente processo educativo e formativo, em que pese a resistência à mudança nos setores hegemonizados pela “racionalidade científica moderna” ou “razão médica” que dão guarida aos paradigmas sob necessária mutação. Esta dissertação ensejou, então, como temática, a busca de evidência ou não da presença de uma “educação em saúde mental” e seu lugar na política nacional de modo a verificar prioridade ou não à difusão do saber técnico e do compromisso ético com a saúde mental coletiva. A metodologia escolhida foi um ensaio sobre as reformas sanitária e psiquiátrica; a educação e ensino na saúde; e as políticas nacionais de atenção básica, saúde mental e educação permanente em saúde, culminando com a organização e exploração de um inventário das principais práticas educativas e formativas federais apresentadas no período de 15 anos da Lei da Reforma Psiquiátrica (abril 2001 – abril 2016). A conclusão documenta uma prática responsável do gestor federal da política de saúde mental do período quanto à expansão da rede de serviços substitutivos ao modelo biomédico e manicomial (da desinternação à rede de atenção psicossocial), com crescente oferta de cursos de especialização e qualificação; residências “médicas em psiquiatria” e “integradas multiprofissionais em saúde mental”; formação e práticas em apoio matricial e institucional; desenvolvimento da proposta de supervisão clínico-institucional e escolas de apoiadores e supervisores; formação para o assessoramento e educação em redução de danos; cursos para o pessoal de nível médio (auxiliares e técnicos em enfermagem e agentes comunitários de saúde) para a atenção em saúde mental, álcool e outras drogas; programas de reorientação da formação profissional e educação tutorial pelo trabalho, ambos com projetos em saúde mental; vivência-estágio na realidade do Sistema Único de Saúde (SUS) com presença na rede substitutiva e luta antimanicomial; projeto percursos formativos na rede de atenção psicossocial; atividades formativas na rede de escolas técnicas do SUS; além de iniciativas inovadoras envolvendo: Linha de Cuidado em Saúde Mental para o matriciamento, Gestão Autônoma da Medicação para a equipe de saúde e usuários, Acompanhamento Terapêutico para estudantes e profissionais de diferentes níveis de escolaridade, estratégia Telessaúde e dispositivo Comunidades de Prática. Considerado o inventário, verificou-se responsabilidade com a competência técnica e compromisso ético dos trabalhadores para com a implementação de uma política antimanicomial, o entrelaçamento saúde mental e atenção básica e um percurso de construção da atenção psicossocial ou saúde mental coletiva. A atenção psicossocial representa o paradigma contemporâneo que substitui as abordagens biomédicas e neuropsiquiátricas no tocante ao cuidado em saúde mental e, por meio da educação e formação, configura contingente estratégico na evidência de um propósito ético, técnico e político no cuidado em saúde mental, em liberdade. / This paper checks the sanitary and psychiatric reforms lived in Brazil and which have put focus on an important change in the mental health tecnoassistential model, introducing, in the case of mental disorders and psychic suffering, the approaches of rehabilitation and psychosocial care. Considering the outlook of "change", is possible to say, at least, about the priority of the reversion of the biomedical and asylum paradigms in favor of the basic attention and collective mental health paradigms. A project of change cannot be done without a corresponding educative and formative process, in spite of the resistance for changes in the hegemonized areas of the "modern scientific rationality" or the "medical reason" which supports the old paradigms under necessary mutation. This dissertation, therefore, is themed on the search of evidence on the presence of a "mental health education" and it's place in the national policy in order to verify priority, or not, to the diffusion of the technical knowledge and the ethical commitment with the collective mental health. The chosen methodology was an experiment about the psychiatric and sanitary reforms; the education and teachings in health; and the national policies of basic care, mental health and permanent education in health, culminating with the organization and exploration of an inventory on the main federal formatives and educational practices done on the 15 years of Psychiatric Reform Law (april/2001-april/2016). The finding documents a responsible practice by the federal manager on mental health policies on the time about an extension of the network of services surrogate to the asylum and biomedical models (from disinternation to the psychosocial care network), with increasing offer to qualification and specialization courses; Residencies in "medical psychiatry" and "integrated multiprofessional in mental health"; education and practices in Matrix and institutional support; development of the clinic-institution supervision proposal and schools of supervisors and supporters; education for advisory and education in damage reduction; courses for middle/technical level people (helpers, nursing technicians and communitarian agents of health) for the caring of mental health, alcohol and other drugs; programs of the professional reorientation and tutorial education through work, both with projects in mental health; internship-experience in the reality of the National Health System with a strong presence in the surrogate network and the Brazilian anti-asylum movement; The project of formative routes in the psychosocial attention network; formative activities in the technical school network; in addition to innovating initiatives involving: Mental Health Care Guide for Matrixing, Autonomous Management of Medication for the health workers and users, Therapeutic Monitoring for students and professionals from different scholarship levels, Telessaúde strategy and the Communities of Practice device. With the inventory considered, was possible to verify the responsibility with the technical competence and the ethical commitment of the workers on an anti-asylum policy implementation, the weaving of mental health and basic care and a course of construction in psychosocial care or collective mental health. The psychosocial care represents a contemporary paradigm that substitutes the biomedical and neuropsychiatric approaches in the mental health care and, by the means of education and formation, sets a strategic contingent in evidence for an ethical, technical and political purpose in the health care, in freedom.
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Saberes e fazeres em construção : etnografia sobre formação profissional e mobilização estudantil no contexto da Reforma Psiquiátrica no Rio Grande do SulSchweig, Graziele Ramos January 2009 (has links)
A recente emergência de movimentos sociais no campo da saúde, no Brasil, remonta a meados da década de 1970. Articulados às lutas pela abertura democrática no país, o Movimento Sanitário e a Luta Antimanicomial realizaram uma leitura "política" do fenômeno da saúde, e da saúde mental em específico. Assim, tendo em mente esse pano de fundo, o presente trabalho tem como foco compreender as relações que se tecem entre o processo de tornar-se profissional de saúde e engajar-se politicamente no contexto da Reforma Psiquiátrica e da construção do Sistema Único de Saúde, no estado do Rio Grande do Sul. Para tanto, realizo uma investigação etnográfica junto a um grupo de estudantes universitários de diferentes cursos de graduação que organizam um "estágio de vivência". Tal estágio consiste em uma "imersão" de quinze dias em serviços de saúde mental substitutivos ao hospital psiquiátrico, tendo por objetivo sensibilizar os estudantes para a defesa da Luta Antimanicomial e do Sistema Único de Saúde. Nesta etnografia, tenho por objetivo, portanto, compreender de que modo se relacionam a construção de entendimentos sobre saúde/saúde mental e a constituição de um envolvimento político com um movimento social da saúde. / The recent emergence of social movements among health field, in Brazil, retraces to the middle 1970's. Together with the struggle for democratic government, the Sanitarian and the Anti-asylum Movements carried out a "political reading" of health and mental health phenomena. Thus, considering this background, the present work aims to understand the relations between the process of becoming a health professional and the development of a political engagement in the context of Psychiatric Reform and of the construction of Single Health System, in the State of Rio Grande do Sul. For this, I carry out an ethnographic investigation among a group of college students who organize an "estágio de vivência" [training course on mental health care]. Such event consists of a fifteen-day "merge" in mental health services, which are substitutes for psychiatric hospital, having as its aim the students' sensitization for the defense of Anti-asylum struggle and Single Health System. Is this ethnography, therefore, I aim to perceive in which way the construction of understandings about health/mental health and the development of a political involvement with a health social movement are related.
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Águas da pedagogia da implicação : intercessões da educação para políticas públicas de saúdeFagundes, Sandra Maria Sales January 2006 (has links)
Esta dissertação reporta a construção e apresenta a defesa de uma pedagogia da implicação, proposta que configura o ensino-aprendizagem como a gestão de processos de mudança de si e dos entornos, detectada na realização de cursos de aperfeiçoamento e especialização componentes de um projeto político de saúde. A formação aparecia como eixo estrutural de uma inovadora e ousada política de saúde mental, mas, ao tempo em que rejeitava uma operação pedagógica da transmissão de informações e habilidades, inventava (punha em curso) singularizações e invenções. A organização e os métodos de educação escolhidos tornavam a ação de formação muito mais ousada que a habilitação de pessoas para uma prática técnica, política ou administrativa diferente, funcionavam como agregadores de coletivos, disparadores de desejo e ativadores de processos de mudança, mobilizando atos e estratégias políticas no interesse do acolhimento de pessoas em projetos de vida e de presente, da democracia, da cidadania e da autoria. Essa organização e métodos educacionais permitiram pensar e estudar a proposta de intercessão da educação para as políticas públicas de saúde, em especial, de saúde mental. Para o percurso da escrita, na procura de uma teoria, foi utilizada a imagem das águas e das navegações, coerente com o componente sensível da história, geografia e sentidos vividos pessoalmente, inventariados na realidade e examinados como produção de conhecimento; coerente, também, com uma ilustração metafórica aos aprendizados extraídos do estudo (nascentes, vertentes, cursos das águas, rotas de navegação, âncoras e carta náutica) e, por fim, coerente com as várias imagens que visitam a loucura em sua segregação e dessegregação: a gestação, a nau dos insensatos, o barco do Bispo do Rosário, a terceira margem do rio, a travessia de corredeiras e a nau da liberdade. Os grandes itinerários estão nos cursos de saúde mental coletiva e no "curso" da saúde mental coletiva em sua história, geografia e sentidos nas políticas públicas de saúde; no "curso" da educação permanente em saúde e no "curso" dos movimentos sociais que preenchem uma educação da cidadania. Esses "cursos" produziram a "correnteza" da saúde mental coletiva, modos coletivos de gestão e de atenção em saúde, processos de educação permanente em saúde e o Fórum Gaúcho de Saúde Mental. As âncoras de uma Pedagogia da Implicação são categorias analisadoras, conceitos caixa-de-ferramenta e o encontro com a invenção/criação de dispositivos operadores singulares, tendo em vista propiciar um poder-aprender-saber-fazer no cotidiano dos percursos, bem como na (re)definição das rotas. A saúde mental coletiva não existia antes desse percurso, ela se fez em percurso de desejo molhado pelas vidas singulares de trabalhadores, gestores, participantes e seus familiares e formadores implicados com a despsiquiatrização da loucura e com a gestão de processos de mudança de si e dos entornos. Somente uma pedagogia para dar sustentação a esse movimento, pelo seu caráter de coletivo, de cidade, de pensamento, de aprendizados. Não poderia ser a clínica individual de nossas aflições, porque esta não alcançaria o tempo mesclado dos coletivos, da cidade, dos pensamentos e dos aprendizados. A dissertação emite uma Carta Náutica ou uma carta-leitura das Intercessões da Educação para uma Política Pública de Saúde, com os traçados entrelaçados por matriciamentos e transversalizações, com pontos de sustentação, com vazios de incompletude, produtora de devir e com outras vontades de potência: convite à implicação. Uma carta náutica das transformações da Nau da Liberdade Saúde Mental Coletiva navegando nas águas da pedagogia da implicação. / This dissertation reports the construction and presents the defense of a pedagogy of implication. This proposal shapes the 'teaching-learning' as the management of processes of change in itself and in the environment. It can be detected in the accomplishment of qualification and specialization courses which are part of a political health project. The instruction appeared as a structural axis of an innovative and dared mental health policy, but, at the same it rejected a pedagogical operation of information and abilities transference, and it invented (kept going) singularizations and inventions. The organization and teaching methods chosen turned the action of educating much more daring than the qualification for a different technical, political or administrative practice. They worked aggregating groups, as desire 'triggers' and as activators of change processes, mobilizing acts and political strategies in order to welcome people in life projects related to their current lives, as well as projects of democracy, citizenship and authorship. This organization and educational methods made it possible to think and study the proposal of intercession of the education for the public health policies, especially, of mental health. For the course of the writing, in the search of a theory, I used images of the waters and navigations, and, coherent with the sensible components of history, geography and senses lived personally, inventoried in reality and examined as knowledge production. Coherently as well, I used metaphorical illustration of the learnings which were extracted from the study (nascent, slopes, courses of the waters, broken of navigation, anchors and nautical letter). Finally, consistently with the several images that visit the madness in its segregation and desegregation: the gestation, 'the nau of the senseless ones' , the ship of 'Bispo do Rosário', the third margin of the river, the crossing of rapids and the nau of the freedom. The great itineraries are in the courses of collective mental health, in the 'course' of collective mental health in its history, geography and senses in the public health policies, as well as in the 'course' of continuing health education and in the 'course' of the social movements that fulfill a citizenship education. These 'courses" produced the 'flow' of the collective mental health, collective modes of management and of health care, processes of continuing health education and the Forum 'Gaúcho' of Mental Health. The anchors of a pedagogy of the implication are analyzing categories, concepts, a 'box-of-tools' and also an encounter with the invention/raising of singular operating devices, in order to facilitate a 'being able to-learning-knowing-doing' in the everyday courses, as well as in the (re)definition of the routes. The collective mental health did not exist previously of this route, it was made during the route of desire through the singular lives of workers, managers, participants and their relatives, as well as the trainers involved with the 'despsiquiatrização' of the madness and with the management of change processes inside themselves and in the environment. A pedagogy was needed to give support to this movement, due to its qualities of city, of thinking and of apprenticeship. This could not come from the individual clinic of our afflictions, since it would not reach the mixed time of the collectives, of the city, of the thoughts and of the learnings. The dissertation issues a Nautical Charter or a letter-reading of the Intercessions of the Education for a Public Health Policy, with the layouts interlinked by matrices and transversals, with points of support, with vacuums of incompleteness, producer of devir and other wills of potency: an invitation to the implication. A nautical letter of the transformations of the 'Nau of Freedom of the Public Collective Mental Health' navigating in the waters of the pedagogy of implication. / La presente disertación se refiere a la construcción y presenta la defensa de una pedagogía de la implicación, propuesta que configura la enseñanza-aprendizaje como la gestión de procesos de cambios de sí mismo y de los entornos, detectada en la realización de cursos de perfeccionamento y especialización, componentes de un proyecto político de salud. La formación surgía como eje estructural de una innovadora y osada política de salud mental pero, a la vez que rechazaba una operación pedagógica de la transmisión de informaciones y habilidades, inventava (ponía en marcha) singularizaciones e invenciones. La organización y los métodos de educación elegidos hacían la acción de formación mucho más osada que la habilitación de personas para una práctica técnica, política o administrativa distinta. Las personas se desempañaban como agregadores de colectivos, disparadores de deseo y activadores de procesos de cambio, poniendo en marcha actos y estrategias políticas en el interés de la acogida de personas en proyectos de vida y de presente, de la democracia, de la ciudadanía y de la autoría. Esa organización y métodos educacionales han permitido pensar y estudiar la propuesta de intercesión de la educación para las políticas públicas de salud y, en especial, de salud mental. Para el recorrido de la escrita, en la búsqueda de una teoría, se utilizó la imagen de las águas y de las navegaciones, en sintonía con el componente sensible de la historia, geografía y los sentidos vividos personalmente, inventariados en la realidad y examinados como producción de conocimiento; en sintonía, también, con una ilustración metafórica a los aprendizajes extraídos del estudio (nacientes, vertientes, cursos de águas, rutas de navegación, anclas y cartas náuticas) y, por ende, en sintonía con las variadas imágenes que visitan la locura en su segregación y disegregación (rescatado de la segregación): la gestación, la nave de los locos (stultífera navis), el barco de Bispo do Rosario, la tercera margen del rio, la travesía de correderas y la nave de la libertad. Los grandes itinerarios se encuentran en los cursos de salud mental colectiva y en el "curso" de la salud mental colectiva en su historia, geografía y sentidos en las políticas públicas de salud; en el "curso" de la educación permanente en salud y en el "curso" de los movimientos sociales que rellenan una educación de la ciudadanía. Esos "cursos" han producido la "corriente" de la salud mental colectiva, modalidades colectivas de gestión y de atención en salud, procesos de educación permanente en salud y el Fórum Gaúcho de Salud Mental. Las anclas de una Pedagogía de la Implicación son categorías de análise, conceptos caja-de-herramientas y el encuentro con la invención/creación de dispositivos operadores singulares, teniendo en cuenta proporcionar un poder-aprender-saber-hacer en el cotidiano de los trayectos así como en la redefinición de las rutas. La salud mental colectiva no existía antes de esa puesta en marcha. Ella se hizo en recorridos de deseo, mojado por las vidas singulares de trabajadores, gestores, participantes y sus familiares y formadores comprometidos con la despsiquiatrización de la locura y con la gestión de procesos de cambio de sí mismos y de los entornos. Solamente podría ser una pedagogía que diera sustentación a ese movimiento, por su carácter de colectivo, de ciudad, de pensamiento, de aprendizajes. No podría ser la clínica individual de nuestros sufrimientos porque esa no alcanzaría el tiempo mezclado de los colectivos, de la ciudad, de los pensamientos y de los aprendizajes. La disertación produce una Carta Náutica o una carta-lectura de las Intercesiones de la Educación para una Política Pública de Salud, con cruces entrelazados por construcción de matrices y transversalizaciones, con puntos de apoyatura, con vacíos de incompletud, productora de devenires y con otras voluntades de potencia: invitación a la implicación. Una carta náutica de las transformaciones de la Nave de la Libertad Salud Mental Colectiva navegando en las águas de la pedagogía de la implicación.
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