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Aborto e violência sexual : o contexto de vulnerabilidade entre mulheres jovens

Pilecco, Flávia Bulegon January 2010 (has links)
Introdução No Brasil, o aborto destaca-se como um grave problema de saúde pública, à medida que é amplamente praticado, muitas vezes de forma insegura, dentro de um cenário de clandestinidade. A ilegalidade do aborto perpetua as iniquidades socioeconômicas em que é praticado e faz com que sua real magnitude seja desconhecida e as consequências para a saúde das mulheres obscurecidas. Assim como o aborto, a coerção sexual é outra questão silenciada. Esta categoria permite compreender a violência sexual enquanto um processo que se traduz na restrição da liberdade sexual individual, mediante constrangimentos como pressão verbal, social, chantagens e uso de violência física. Objetivo Investigar a relação entre a prática do aborto e as experiências de coerção sexual entre mulheres jovens. Metodologia Os dados analisados são provenientes da pesquisa GRAVAD, estudo transversal com amostra probabilística estratificada, realizado através de entrevistas domiciliares com jovens de 18 a 24 anos, nas cidades do Rio de Janeiro, Porto Alegre e Salvador. A amostra do presente estudo consiste em um conjunto de 870 entrevistas de mulheres jovens que declararam ter tido ao menos uma gravidez. Na análise estatística foi utilizada regressão de Poisson com variância robusta, incorporando-se a estrutura do delineamento e pesos amostrais. Resultados A maior prática do aborto mostrou-se associada ao relato de experiência de coerção sexual (RP 1,60; IC95% 1,04-2,44). O aborto encontrou-se ainda associado à maior escolaridade da jovem (RP 2,78; IC95% 1,77-4,36), ao maior número de parceiros sexuais (RP 2,21, IC95% 1,31-3,75), ao fato de não ter obtido as primeiras informações sobre relações sexuais com os pais (RP 1,90; IC95% 1,14-3,18) e a um maior número de gravidezes (RP 1,65; IC95% 1,40-1,94). A prevalência de coerção sexual entre mulheres jovens que tiveram ao menos uma gravidez encontrada neste estudo é de 22,8%. A prática do aborto é maior entre as jovens que declaram ter sofrido somente um evento de coerção sexual. As jovens cujas mães possuem maior escolaridade e que declararam mais de um evento de coerção tendem a não abortar. E embora seja pequena a parcela das jovens que relatou coerção praticada por desconhecidos, esta foi superior nas jovens que relataram aborto (13,9%) em comparação com as que não relataram (1,2%). Conclusão A associação entre o aborto e os determinantes socioculturais fica explícita na relação encontrada dessa prática com a declaração de ter sofrido coerção sexual uma vez na vida. Esse dado evidencia o quadro de vulnerabilidade de gênero no qual estas jovens estão inseridas onde a violência sexual aparece associada a outros fatores, como o recurso ao aborto, que denotam uma certa precariedade nas negociações em termos de sexualidade e reprodução. A falta de controle das condições em que têm relações sexuais, por parte das mulheres, aliada ao modelo cultural de dominação masculina ajuda a manter altas as taxas de gravidez não prevista e, consequentemente de abortos. / Introduction In Brazil, abortion stands out as a serious public health problem, as is widely practiced, often in unsafe, within an environment of secrecy. The illegality of abortion perpetuates the socioeconomic inequities that is practiced and makes its real magnitude is unknown and the consequences for the health of women obscured. Just as abortion, sexual coercion is another matter silenced. This category allows us to understand sexual violence as a process which results in restriction of individual sexual freedom, subject to constraints such as verbal pressure, social, blackmail and the use of physical violence. Objective To investigate the relationship between abortion and the experiences of sexual coercion among young women. Methodology The data analyzed came from the research GRAVAD, cross-sectional study with stratified random sample, obtained through household interviews with youths aged 18 to 24 years in the cities of Rio de Janeiro, Porto Alegre and Salvador. The sample of this study consists of a set of 870 interviews of young women who reported having had at least one pregnancy. The statistical analysis used Poisson regression with robust variance, incorporating the structure of the design and sample weights. Results Most abortion was associated with the reported experience of sexual coercion (PR=1.60, CI95% 1.04-2.44). Abortion is also found associated with higher education of the young (PR=2.78, CI95% 1.77-4.36), the largest number of sexual partners (PR=2.21, CI95% 1.31-3.75 ), the fact of not having obtained the first information about sex with parents (PR=1.90, CI95% 1.14-3.18) and a greater number of pregnancies (PR=1.65, CI95% 1.40 -1.94). The prevalence of sexual coercion among young women who had at least one pregnancy in this study is 22.8%. The practice of abortion is higher among people who claim to have suffered only one event of sexual coercion. Young women whose mothers have more education and who reported more than one event of coercion tend not to abort. And although a small allotment of people who reported coercion committed by strangers, this was higher in people who reported abortion (13.9%) compared with those not reported (1.2%). Conclusion The association between abortion and the sociocultural relationship is explicit in this practice found the statement to have suffered sexual coercion once in a lifetime. This shows the situation of vulnerability of its kind in which these young people are included where sexual violence is associated with other factors, such as abortion, which denote a certain precariousness in the negotiations in terms of sexuality and reproduction. The lack of control of the conditions in which they have sex, for women, combined with the cultural model of male domination helps to maintain high pregnancy rates not provided and therefore abortions.
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Aborto e violência sexual : o contexto de vulnerabilidade entre mulheres jovens

Pilecco, Flávia Bulegon January 2010 (has links)
Introdução No Brasil, o aborto destaca-se como um grave problema de saúde pública, à medida que é amplamente praticado, muitas vezes de forma insegura, dentro de um cenário de clandestinidade. A ilegalidade do aborto perpetua as iniquidades socioeconômicas em que é praticado e faz com que sua real magnitude seja desconhecida e as consequências para a saúde das mulheres obscurecidas. Assim como o aborto, a coerção sexual é outra questão silenciada. Esta categoria permite compreender a violência sexual enquanto um processo que se traduz na restrição da liberdade sexual individual, mediante constrangimentos como pressão verbal, social, chantagens e uso de violência física. Objetivo Investigar a relação entre a prática do aborto e as experiências de coerção sexual entre mulheres jovens. Metodologia Os dados analisados são provenientes da pesquisa GRAVAD, estudo transversal com amostra probabilística estratificada, realizado através de entrevistas domiciliares com jovens de 18 a 24 anos, nas cidades do Rio de Janeiro, Porto Alegre e Salvador. A amostra do presente estudo consiste em um conjunto de 870 entrevistas de mulheres jovens que declararam ter tido ao menos uma gravidez. Na análise estatística foi utilizada regressão de Poisson com variância robusta, incorporando-se a estrutura do delineamento e pesos amostrais. Resultados A maior prática do aborto mostrou-se associada ao relato de experiência de coerção sexual (RP 1,60; IC95% 1,04-2,44). O aborto encontrou-se ainda associado à maior escolaridade da jovem (RP 2,78; IC95% 1,77-4,36), ao maior número de parceiros sexuais (RP 2,21, IC95% 1,31-3,75), ao fato de não ter obtido as primeiras informações sobre relações sexuais com os pais (RP 1,90; IC95% 1,14-3,18) e a um maior número de gravidezes (RP 1,65; IC95% 1,40-1,94). A prevalência de coerção sexual entre mulheres jovens que tiveram ao menos uma gravidez encontrada neste estudo é de 22,8%. A prática do aborto é maior entre as jovens que declaram ter sofrido somente um evento de coerção sexual. As jovens cujas mães possuem maior escolaridade e que declararam mais de um evento de coerção tendem a não abortar. E embora seja pequena a parcela das jovens que relatou coerção praticada por desconhecidos, esta foi superior nas jovens que relataram aborto (13,9%) em comparação com as que não relataram (1,2%). Conclusão A associação entre o aborto e os determinantes socioculturais fica explícita na relação encontrada dessa prática com a declaração de ter sofrido coerção sexual uma vez na vida. Esse dado evidencia o quadro de vulnerabilidade de gênero no qual estas jovens estão inseridas onde a violência sexual aparece associada a outros fatores, como o recurso ao aborto, que denotam uma certa precariedade nas negociações em termos de sexualidade e reprodução. A falta de controle das condições em que têm relações sexuais, por parte das mulheres, aliada ao modelo cultural de dominação masculina ajuda a manter altas as taxas de gravidez não prevista e, consequentemente de abortos. / Introduction In Brazil, abortion stands out as a serious public health problem, as is widely practiced, often in unsafe, within an environment of secrecy. The illegality of abortion perpetuates the socioeconomic inequities that is practiced and makes its real magnitude is unknown and the consequences for the health of women obscured. Just as abortion, sexual coercion is another matter silenced. This category allows us to understand sexual violence as a process which results in restriction of individual sexual freedom, subject to constraints such as verbal pressure, social, blackmail and the use of physical violence. Objective To investigate the relationship between abortion and the experiences of sexual coercion among young women. Methodology The data analyzed came from the research GRAVAD, cross-sectional study with stratified random sample, obtained through household interviews with youths aged 18 to 24 years in the cities of Rio de Janeiro, Porto Alegre and Salvador. The sample of this study consists of a set of 870 interviews of young women who reported having had at least one pregnancy. The statistical analysis used Poisson regression with robust variance, incorporating the structure of the design and sample weights. Results Most abortion was associated with the reported experience of sexual coercion (PR=1.60, CI95% 1.04-2.44). Abortion is also found associated with higher education of the young (PR=2.78, CI95% 1.77-4.36), the largest number of sexual partners (PR=2.21, CI95% 1.31-3.75 ), the fact of not having obtained the first information about sex with parents (PR=1.90, CI95% 1.14-3.18) and a greater number of pregnancies (PR=1.65, CI95% 1.40 -1.94). The prevalence of sexual coercion among young women who had at least one pregnancy in this study is 22.8%. The practice of abortion is higher among people who claim to have suffered only one event of sexual coercion. Young women whose mothers have more education and who reported more than one event of coercion tend not to abort. And although a small allotment of people who reported coercion committed by strangers, this was higher in people who reported abortion (13.9%) compared with those not reported (1.2%). Conclusion The association between abortion and the sociocultural relationship is explicit in this practice found the statement to have suffered sexual coercion once in a lifetime. This shows the situation of vulnerability of its kind in which these young people are included where sexual violence is associated with other factors, such as abortion, which denote a certain precariousness in the negotiations in terms of sexuality and reproduction. The lack of control of the conditions in which they have sex, for women, combined with the cultural model of male domination helps to maintain high pregnancy rates not provided and therefore abortions.
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Aborto e violência sexual : o contexto de vulnerabilidade entre mulheres jovens

Pilecco, Flávia Bulegon January 2010 (has links)
Introdução No Brasil, o aborto destaca-se como um grave problema de saúde pública, à medida que é amplamente praticado, muitas vezes de forma insegura, dentro de um cenário de clandestinidade. A ilegalidade do aborto perpetua as iniquidades socioeconômicas em que é praticado e faz com que sua real magnitude seja desconhecida e as consequências para a saúde das mulheres obscurecidas. Assim como o aborto, a coerção sexual é outra questão silenciada. Esta categoria permite compreender a violência sexual enquanto um processo que se traduz na restrição da liberdade sexual individual, mediante constrangimentos como pressão verbal, social, chantagens e uso de violência física. Objetivo Investigar a relação entre a prática do aborto e as experiências de coerção sexual entre mulheres jovens. Metodologia Os dados analisados são provenientes da pesquisa GRAVAD, estudo transversal com amostra probabilística estratificada, realizado através de entrevistas domiciliares com jovens de 18 a 24 anos, nas cidades do Rio de Janeiro, Porto Alegre e Salvador. A amostra do presente estudo consiste em um conjunto de 870 entrevistas de mulheres jovens que declararam ter tido ao menos uma gravidez. Na análise estatística foi utilizada regressão de Poisson com variância robusta, incorporando-se a estrutura do delineamento e pesos amostrais. Resultados A maior prática do aborto mostrou-se associada ao relato de experiência de coerção sexual (RP 1,60; IC95% 1,04-2,44). O aborto encontrou-se ainda associado à maior escolaridade da jovem (RP 2,78; IC95% 1,77-4,36), ao maior número de parceiros sexuais (RP 2,21, IC95% 1,31-3,75), ao fato de não ter obtido as primeiras informações sobre relações sexuais com os pais (RP 1,90; IC95% 1,14-3,18) e a um maior número de gravidezes (RP 1,65; IC95% 1,40-1,94). A prevalência de coerção sexual entre mulheres jovens que tiveram ao menos uma gravidez encontrada neste estudo é de 22,8%. A prática do aborto é maior entre as jovens que declaram ter sofrido somente um evento de coerção sexual. As jovens cujas mães possuem maior escolaridade e que declararam mais de um evento de coerção tendem a não abortar. E embora seja pequena a parcela das jovens que relatou coerção praticada por desconhecidos, esta foi superior nas jovens que relataram aborto (13,9%) em comparação com as que não relataram (1,2%). Conclusão A associação entre o aborto e os determinantes socioculturais fica explícita na relação encontrada dessa prática com a declaração de ter sofrido coerção sexual uma vez na vida. Esse dado evidencia o quadro de vulnerabilidade de gênero no qual estas jovens estão inseridas onde a violência sexual aparece associada a outros fatores, como o recurso ao aborto, que denotam uma certa precariedade nas negociações em termos de sexualidade e reprodução. A falta de controle das condições em que têm relações sexuais, por parte das mulheres, aliada ao modelo cultural de dominação masculina ajuda a manter altas as taxas de gravidez não prevista e, consequentemente de abortos. / Introduction In Brazil, abortion stands out as a serious public health problem, as is widely practiced, often in unsafe, within an environment of secrecy. The illegality of abortion perpetuates the socioeconomic inequities that is practiced and makes its real magnitude is unknown and the consequences for the health of women obscured. Just as abortion, sexual coercion is another matter silenced. This category allows us to understand sexual violence as a process which results in restriction of individual sexual freedom, subject to constraints such as verbal pressure, social, blackmail and the use of physical violence. Objective To investigate the relationship between abortion and the experiences of sexual coercion among young women. Methodology The data analyzed came from the research GRAVAD, cross-sectional study with stratified random sample, obtained through household interviews with youths aged 18 to 24 years in the cities of Rio de Janeiro, Porto Alegre and Salvador. The sample of this study consists of a set of 870 interviews of young women who reported having had at least one pregnancy. The statistical analysis used Poisson regression with robust variance, incorporating the structure of the design and sample weights. Results Most abortion was associated with the reported experience of sexual coercion (PR=1.60, CI95% 1.04-2.44). Abortion is also found associated with higher education of the young (PR=2.78, CI95% 1.77-4.36), the largest number of sexual partners (PR=2.21, CI95% 1.31-3.75 ), the fact of not having obtained the first information about sex with parents (PR=1.90, CI95% 1.14-3.18) and a greater number of pregnancies (PR=1.65, CI95% 1.40 -1.94). The prevalence of sexual coercion among young women who had at least one pregnancy in this study is 22.8%. The practice of abortion is higher among people who claim to have suffered only one event of sexual coercion. Young women whose mothers have more education and who reported more than one event of coercion tend not to abort. And although a small allotment of people who reported coercion committed by strangers, this was higher in people who reported abortion (13.9%) compared with those not reported (1.2%). Conclusion The association between abortion and the sociocultural relationship is explicit in this practice found the statement to have suffered sexual coercion once in a lifetime. This shows the situation of vulnerability of its kind in which these young people are included where sexual violence is associated with other factors, such as abortion, which denote a certain precariousness in the negotiations in terms of sexuality and reproduction. The lack of control of the conditions in which they have sex, for women, combined with the cultural model of male domination helps to maintain high pregnancy rates not provided and therefore abortions.
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Abortamento legal : estudo de caso num hospital público do sul do país

Lima, Maria Cristina Dias de January 2017 (has links)
Orientadora: Profª. Drª. Liliana Müller Larocca / Coorientador: Prof. Dr. Dênis José do Nascimento / Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Defesa: Curitiba, 09/08/2017 / Inclui referências : f. 98-108 / Resumo: Pesquisa realizada em torno da temática do abortamento previsto em lei, tendo como participantes mulheres acima de 18 anos que solicitaram o abortamento, no período de 2009 a 2015, junto ao Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Trata-se de um estudo de caso, documental e descritivo, dividido em duas etapas: quantitativa e qualitativa. Teve por objetivos: conhecer a realidade objetiva dos casos de violência sexual contra mulheres que solicitaram o abortamento legal, notificados no Serviço de Epidemiologia Hospitalar no período de 2009 a 2015 e reconhecer os discursos expressos nos Termos de Relato Circunstanciado realizados na solicitação do abortamento legal, do mesmo período. Os dados foram coletados no período compreendido entre junho e dezembro de 2016. Na etapa quantitativa foram identificados 100 casos de violência sexual contra mulheres (que engravidaram) nas Fichas de Notificação Individual - Violência Interpessoal/Autoprovocada, tabulados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan, no Serviço de Epidemiologia do CHC. A etapa qualitativa foi desenvolvida junto aos Termos de Relato Circunstanciados, documento no qual as mulheres relatam a violência sofrida bem como afirmam o desejo por interromper a gestação. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva (etapa quantitativa) e pelo software webQDA (etapa qualitativa). Como resultados da primeira etapa destacamos: 91% das mulheres possuíam menos de 35 anos, 75% eram brancas, 52% solteiras. Em 42% dos casos a violência ocorreu no período das 19 às 23h, 51% das violências em via pública e em 75% dos casos o agressor era desconhecido. Na análise dos Termos de Relatos Circunstanciados,58 mulheres entregaram o documento, os quais foram digitados no software webQDA, possibilitando a identificação das 20 palavras mais frequentes encontradas nos relatos. A partir de tais palavras, foram elencadas frases em que se encontravam, representando as histórias de violência vividas pelas mulheres, bem como sentimentos, lembranças e temores. A literatura pesquisada subsidiou a discussão quanto a desigualdade histórica entre homens e mulheres e as relações em sociedade complexas e contraditórias. Conclui-se que a pesquisa trouxe uma importante reflexão quanto à violência sexual em mulheres, bem como sua relação com questões de gênero. Foi possível identificar a partir das falas destas mulheres, as relações de poder estabelecidas, interferindo diretamente nos comportamentos e condutas pós violência sexual, culminando em gestações indesejadas. As formas fortuitas de abordagem desses agressores, as ameaças perpetradas e a não procura destas mulheres por qualquer espécie de ajuda após a violência, demonstram o grande poder destes homens agressores, impactando nas decisões e encaminhamentos de tais situações. Os relatos destas mulheres sobre violência, o que sentiram, o que pensaram em fazer ou em não fazer, os temores que as assombraram, as lembranças, remetem a refletir a impossibilidade de julgamentos de situações tão complexas. Neste sentido, aos profissionais cabe o acolhimento, bem como o cuidado em não revitimizar as mulheres atendidas, por meio de condutas baseadas em suas percepções pessoais. O respeito por tais histórias e a prestação imediata da assistência como um todo nestes casos, é fundamental para minimizar as sequelas da violência. Descritores: delito sexual, violência contra a mulher, aborto, vigilância epidemiológica, exposição à violência. / Abstract:This study was carried out around the topic of abortion provided for by law with women over 18 years of age as participants, who requested abortions from 2009 to 2015 at the Clinics Hospital Complex (CHC) of the Federal University of Paraná. This is a documentary and descriptive case study divided into two stages: a quantitative one and a qualitative one. The objective of the study was to know the objective reality of cases of sexual violence against women who requested legal abortion which were notified at the Hospital Epidemiology Service from 2009 to 2015, and to acknowledge the speeches expressed in the Terms of Detailed Accounts made on the requests for legal abortion of the same period. The data were collected between June and December 2016. In the quantitative stage, 100 cases of sexual violence against women (who became pregnant) were identified in the Individual Notification Records - Interpersonal/Self-inflicted Violence, charted in the Information System of Injury Notifications (Sinan), at the CHC Epidemiology Service. The qualitative stage was developed alongside the Terms of Detailed Accounts, a document in which women report the violence suffered as well as state the desire to interrupt their pregnancy. The data were analyzed through descriptive statistics (quantitative stage) and by the webQDA software (qualitative stage). As a result of the first stage, we highlighted: 91% of women were under 35 years of age, 75% were white, 52% were single. In 42% of cases, violence occurred in the period from 7:00 p.m. to 11:00 p.m., 51% were in public places and in 75% the perpetrator was unknown. In the analysis of the Terms of Detailed Accounts, 58 women delivered the document, which were typed in webQDA, making it possible to identify the 20 most frequent words found in the reports. Having these words as a starting point, some sentences where they appeared were selected to represent the stories of violence experienced by the women, as well as their feelings, memories and fears. The researched literature supported the discussion of historical inequality between men and women, and their complex and contradictory relationships in society. It is concluded that the research brought important reflection on sexual violence toward women as well as its relation to gender issues. It was possible to identify from the statements of these women the established power relations that interfere directly on behaviors and actions after the sexual violence that culminate in unwanted pregnancies. The fortuitous ways of these aggressors approaches, the perpetrated threats and the lack of a call for any kind of help by these women after the violence demonstrate the great power of these male assaulters, who have an impact on the decisions and referrals of such situations. The reports of these women about violence, what they felt, what they thought of doing or not, the fears that haunted them and their memories remind us of the impossibility of judging such complex situations. In this sense, it is up to the professionals to provide a safe haven as well as to make sure women are not revictimized by conducts based on their own personal perceptions. Respect for such stories and immediate provision of assistance as a whole, in these cases, is key to minimize the consequences of violence. Keywords: Sex offenses, violence against woman, abortion, epidemiological surveillance, exposure to violence.
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A influência do vínculo parental na relação emocional ao trauma em vítimas de violência sexual

Hauck, Simone January 2005 (has links)
Fundamentação: A importância da relação da criança com seus pais na formação da personalidade é reconhecida desde os primórdios do estudo da mente humana. Diversas psicopatologias foram associadas a distúrbios nessa relação. No entanto, até onde sabemos não há estudos que investiguem o impacto desses vínculos no desenvolvimento de psicopatologia após a exposição a eventos traumáticos na vida adulta. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi investigar a associação entre a qualidade do vínculo percebido com os pais na infância e a resposta emocional ao trauma na vida adulta em pacientes vítimas de violência sexual. A hipótese de trabalho foi que esse vínculo seria um fator de risco e resiliência para o desenvolvimento de psicopatologia após o evento traumático. A associação poderia existir tanto por influir diretamente nas características do indivíduo como na qualidade das suas relações atuais e da rede social disponível. Como objetivo secundário foi realizada a adaptação transcultural do Parental Bonding Instrument (PBI), para viabilizar da forma mais fidedigna possível a investigação da percepção do vínculo com os pais na infância. Método: Após revisar a literatura sobre risco e resiliência em situações traumáticas, optou-se pelo uso do Parental Bonding Instrument (PBI) para investigar a percepção do vínculo com os pais até os 16 anos. Conseqüentemente, o primeiro passo do estudo consistiu na adaptação transcultural deste instrumento. As mulheres que participaram do estudo foram pacientes que denunciaram o estupro, tendo sido encaminhadas para tratamento no Núcleo de Estudos e Tratamento do Trauma Psíquico do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (NET-TRAUMA) em um período de nove meses. Os critérios de inclusão foram: não apresentar violência física que necessitasse de cuidados médicos específicos, além do atendimento ginecológico de rotina, e ter a primeira avaliação psicológica entre o 2º e o 29º dia após o estupro. Os critérios de exclusão foram retardo mental e sintomas psicóticos, que prejudicariam a compreensão dos instrumentos. Trinta mulheres preencheram os critérios e todas concordaram em participar, assinando consentimento informado. O estupro foi confirmado por perícia médica realizada no Instituto Médico Legal como parte da denúncia formal. Foi investigada a percepção sobre a qualidade do vínculo com os pais na infância através do PBI, a gravidade dos sintomas agudos de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) através da Davidson Trauma Scale (DTS), a gravidade clínica através da Clinical Global Impressions Severity of Illness Scale (CGI-S) e o diagnóstico de Transtorno de Estresse Agudo (TEA) segundo critérios do DSM-IV. Dados clínico-demográficos foram coletados ativamente através de entrevista semi-estruturada. Duas questões tipo Likert sobre a percepção de apoio após o trauma foram acrescentadas a entrevista. Resultados: A adaptação transcultural do PBI consistiu-se na equivalência conceitual, na equivalência dos itens, na equivalência semântica, na equivalência operacional e funcional, obtendo-se aprovação do autor do instrumento original da versão final do PBI para o português brasileiro. Quanto a percepção do vínculo com os pais na infância, a percepção de pais menos afetivos esteve diretamente correlacionada com gravidade (P<0,05), mesmo quando controlando para outros fatores através de modelos de análise hierárquica. Além disso, o diagnóstico de TEA foi mais freqüente em mulheres que perceberam seus pais como menos afetivos e mais controladores. Após a realização de modelos de regressão hierárquica, além do afeto, a qualidade do apoio percebido esteve inversamente correlacionada à gravidade dos sintomas de TEPT e a idade diretamente correlacionada à gravidade clínica. Conclusão: A adaptação transcultural do PBI alcançou os objetivos de equivalência, disponibilizando uma versão em português brasileiro de um instrumento que tem se mostrado muito útil em pesquisas de risco e resiliência nas últimas décadas. Os dados confirmando a hipótese do papel dos vínculos precoces como um importante fator em termos de risco e resiliência em situações traumáticas na vida adulta pode ser um aspecto importante no entendimento de como algumas características individuais influem na resposta ao trauma, levantando questões a serem exploradas em pesquisas futuras. / Background: The importance of parental-child relationship in personality development has been recognized since the primordial studies of human mind. Several psychopathologies have been associated with disturbances in this relationship. Nevertheless, there are no studies about the impact of these bonds in psychopathology development after traumatic situations in adulthood. Objective: The aim of this study was to examine the association of parental bonding perceived in childhood and the emotional response to trauma in adult rape victims. The study hypothesis was that parental bonding would be a resilience and/or a risk factor for psychopathology after rape. The association could exist both by influencing directly in individual characteristics and in the quality of current relationships and social network. A secondary objective was the cross-cultural adaptation of the Parental Bonding Instrument (PBI). Method: After reviewing the literature about risk and resilience in traumatic situations, we decided to use the Parental Bonding Instrument (PBI) to assess perceived parenting until the age of sixteen. Therefore, the first step consisted in the cross-cultural adaptation of this instrument. The subjects who took part in this study were women rape victims who had formally denounced rape and were referred to psychiatric care at the Hospital de Clínicas de Porto Alegre’s Trauma Unit Center during a ninth month period. The inclusion criteria were: women who did not have physical injuries that required medical attention other than routine gynecological assessment, and who had the first psychological evaluation between the 2o and the 29o days after rape. The exclusion criteria were mental retardation and psychotic symptoms, which would hamper the understanding of the research instruments. Thirty women met the criteria and all of them have agreed to be part of the study, and signed informed consent forms. The rape was confirmed by forensic examination as part of the formal legal process. The women were assessed regarding the perception of parental bonding in childhood by means of the PBI and concerning the severity of acute posttraumatic stress disorder (PTSD) symptoms through the Davidson Trauma Scale (DTS). Clinical severity was assessed by means of the Clinical Global Impressions Severity of Illness Scale (CGI-S). Clinical-demographic data were actively inquired by means of a semi-structured interview. Two Likert type questions were asked about the perceived support after the trauma. A semistructured interview, in accordance with the DSM-IV criteria, was done in order to diagnose Acute Stress Disorder. Results: Regarding the cross-cultural adaptation of PBI the following steps were performed: conceptual equivalence, item equivalence, semantic equivalence, operational equivalence, functional equivalence, and the approval of the final version by the author of the original instrument. Concerning the perception of parental bonds in childhood, the perception of having less affective parents was correlated with severity (P<0.05), even when controlling for other variables using a hierarchical multivariate step analysis. In addition ASD was more frequent in subjects with less affectionate and more controlling fathers. After the multivariate hierarchical analysis, besides affection, the perception of support was inversely correlated with PTSD symptoms severity and age was directly correlated with clinical impairment. Conclusions: The cross-cultural adaptation of PBI has reached the objectives of equivalence, offering a Brazilian Portuguese version of an instrument that has been proven very useful in risk and resilience studies in the last decades. The data confirming the hypothesis of early bonds as an important factor in risk and resilience in traumatic situations could be an important aspect in understanding how some individual characteristics influence the traumatic response, raising questions to be considered in further research.
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A influência do vínculo parental na relação emocional ao trauma em vítimas de violência sexual

Hauck, Simone January 2005 (has links)
Fundamentação: A importância da relação da criança com seus pais na formação da personalidade é reconhecida desde os primórdios do estudo da mente humana. Diversas psicopatologias foram associadas a distúrbios nessa relação. No entanto, até onde sabemos não há estudos que investiguem o impacto desses vínculos no desenvolvimento de psicopatologia após a exposição a eventos traumáticos na vida adulta. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi investigar a associação entre a qualidade do vínculo percebido com os pais na infância e a resposta emocional ao trauma na vida adulta em pacientes vítimas de violência sexual. A hipótese de trabalho foi que esse vínculo seria um fator de risco e resiliência para o desenvolvimento de psicopatologia após o evento traumático. A associação poderia existir tanto por influir diretamente nas características do indivíduo como na qualidade das suas relações atuais e da rede social disponível. Como objetivo secundário foi realizada a adaptação transcultural do Parental Bonding Instrument (PBI), para viabilizar da forma mais fidedigna possível a investigação da percepção do vínculo com os pais na infância. Método: Após revisar a literatura sobre risco e resiliência em situações traumáticas, optou-se pelo uso do Parental Bonding Instrument (PBI) para investigar a percepção do vínculo com os pais até os 16 anos. Conseqüentemente, o primeiro passo do estudo consistiu na adaptação transcultural deste instrumento. As mulheres que participaram do estudo foram pacientes que denunciaram o estupro, tendo sido encaminhadas para tratamento no Núcleo de Estudos e Tratamento do Trauma Psíquico do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (NET-TRAUMA) em um período de nove meses. Os critérios de inclusão foram: não apresentar violência física que necessitasse de cuidados médicos específicos, além do atendimento ginecológico de rotina, e ter a primeira avaliação psicológica entre o 2º e o 29º dia após o estupro. Os critérios de exclusão foram retardo mental e sintomas psicóticos, que prejudicariam a compreensão dos instrumentos. Trinta mulheres preencheram os critérios e todas concordaram em participar, assinando consentimento informado. O estupro foi confirmado por perícia médica realizada no Instituto Médico Legal como parte da denúncia formal. Foi investigada a percepção sobre a qualidade do vínculo com os pais na infância através do PBI, a gravidade dos sintomas agudos de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) através da Davidson Trauma Scale (DTS), a gravidade clínica através da Clinical Global Impressions Severity of Illness Scale (CGI-S) e o diagnóstico de Transtorno de Estresse Agudo (TEA) segundo critérios do DSM-IV. Dados clínico-demográficos foram coletados ativamente através de entrevista semi-estruturada. Duas questões tipo Likert sobre a percepção de apoio após o trauma foram acrescentadas a entrevista. Resultados: A adaptação transcultural do PBI consistiu-se na equivalência conceitual, na equivalência dos itens, na equivalência semântica, na equivalência operacional e funcional, obtendo-se aprovação do autor do instrumento original da versão final do PBI para o português brasileiro. Quanto a percepção do vínculo com os pais na infância, a percepção de pais menos afetivos esteve diretamente correlacionada com gravidade (P<0,05), mesmo quando controlando para outros fatores através de modelos de análise hierárquica. Além disso, o diagnóstico de TEA foi mais freqüente em mulheres que perceberam seus pais como menos afetivos e mais controladores. Após a realização de modelos de regressão hierárquica, além do afeto, a qualidade do apoio percebido esteve inversamente correlacionada à gravidade dos sintomas de TEPT e a idade diretamente correlacionada à gravidade clínica. Conclusão: A adaptação transcultural do PBI alcançou os objetivos de equivalência, disponibilizando uma versão em português brasileiro de um instrumento que tem se mostrado muito útil em pesquisas de risco e resiliência nas últimas décadas. Os dados confirmando a hipótese do papel dos vínculos precoces como um importante fator em termos de risco e resiliência em situações traumáticas na vida adulta pode ser um aspecto importante no entendimento de como algumas características individuais influem na resposta ao trauma, levantando questões a serem exploradas em pesquisas futuras. / Background: The importance of parental-child relationship in personality development has been recognized since the primordial studies of human mind. Several psychopathologies have been associated with disturbances in this relationship. Nevertheless, there are no studies about the impact of these bonds in psychopathology development after traumatic situations in adulthood. Objective: The aim of this study was to examine the association of parental bonding perceived in childhood and the emotional response to trauma in adult rape victims. The study hypothesis was that parental bonding would be a resilience and/or a risk factor for psychopathology after rape. The association could exist both by influencing directly in individual characteristics and in the quality of current relationships and social network. A secondary objective was the cross-cultural adaptation of the Parental Bonding Instrument (PBI). Method: After reviewing the literature about risk and resilience in traumatic situations, we decided to use the Parental Bonding Instrument (PBI) to assess perceived parenting until the age of sixteen. Therefore, the first step consisted in the cross-cultural adaptation of this instrument. The subjects who took part in this study were women rape victims who had formally denounced rape and were referred to psychiatric care at the Hospital de Clínicas de Porto Alegre’s Trauma Unit Center during a ninth month period. The inclusion criteria were: women who did not have physical injuries that required medical attention other than routine gynecological assessment, and who had the first psychological evaluation between the 2o and the 29o days after rape. The exclusion criteria were mental retardation and psychotic symptoms, which would hamper the understanding of the research instruments. Thirty women met the criteria and all of them have agreed to be part of the study, and signed informed consent forms. The rape was confirmed by forensic examination as part of the formal legal process. The women were assessed regarding the perception of parental bonding in childhood by means of the PBI and concerning the severity of acute posttraumatic stress disorder (PTSD) symptoms through the Davidson Trauma Scale (DTS). Clinical severity was assessed by means of the Clinical Global Impressions Severity of Illness Scale (CGI-S). Clinical-demographic data were actively inquired by means of a semi-structured interview. Two Likert type questions were asked about the perceived support after the trauma. A semistructured interview, in accordance with the DSM-IV criteria, was done in order to diagnose Acute Stress Disorder. Results: Regarding the cross-cultural adaptation of PBI the following steps were performed: conceptual equivalence, item equivalence, semantic equivalence, operational equivalence, functional equivalence, and the approval of the final version by the author of the original instrument. Concerning the perception of parental bonds in childhood, the perception of having less affective parents was correlated with severity (P<0.05), even when controlling for other variables using a hierarchical multivariate step analysis. In addition ASD was more frequent in subjects with less affectionate and more controlling fathers. After the multivariate hierarchical analysis, besides affection, the perception of support was inversely correlated with PTSD symptoms severity and age was directly correlated with clinical impairment. Conclusions: The cross-cultural adaptation of PBI has reached the objectives of equivalence, offering a Brazilian Portuguese version of an instrument that has been proven very useful in risk and resilience studies in the last decades. The data confirming the hypothesis of early bonds as an important factor in risk and resilience in traumatic situations could be an important aspect in understanding how some individual characteristics influence the traumatic response, raising questions to be considered in further research.
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La dinámica social e institucional del abuso sexual intrafamiliar, bajo la óptica de la atención, en el Instituto Nacional de Medicina Legal y Ciencias Forenses en Santa Fe de Bogotá, Colombia / The social and institutional dynamics of the intrafamiliar sexual abuse, under the optics of the attention, in the National Institute of Legal Medicine and Forenses Sciences in Santa Fe de Bogota, Colombia

Morales Rivera, Alvaro Enrique January 2003 (has links)
Made available in DSpace on 2012-09-05T18:24:12Z (GMT). No. of bitstreams: 2 license.txt: 1748 bytes, checksum: 8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33 (MD5) 159.pdf: 1013617 bytes, checksum: 363edcc91ac11ed601a9a8fa014e577a (MD5) Previous issue date: 2003 / Visa analisar o abuso sexual intrafamiliar em crianças e adolescentes, em Santa Fé de Bogotá, Colômbia. Realizou-se uma pesquisa qualitativa e quantitativa, exploratória, com abordagem no campo da investigação social. Os dados quantitativos foram obtidos das publicações do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF), que apresentam e analisam as informações dos laudos médico-legais no país inteiro. Os dados da análise qualitativa foram obtidos: a partir da leitura do laudo médico-legal do INMLCF, relatórios de gestão de instituições envolvidas no problema do abuso sexual em menores; entrevistas semiestruturadas individuais com os profissionais destas instituições e com familiares e/ou acompanhantes que compareceram duas ou mais vezes ao INMLCF para a realização do exame médico-legal. Constatou-se que 86 por cento das denúncias de delitos sexuais na Colômbia são de menores de idade, nos quais em 78 por cento os agressores eram pessoas conhecidas e, desses, 76 por cento eram familiares. Ao analisar o grupo etário encontramos, tanto no país quanto em Santa Fé de Bogotá, um predomínio do grupo etário de 5 a 14 anos com 68 por cento de casos recebidos, seguido pelo grupo etáreo de 15 a 17 anos com 17 por cento Realizou-se uma discussão sobre a dinâmica das famílias que apresentam o abuso sexual(...) O trabalho confirma que, enquanto o processo de investigação do abuso sexual intrafamiliar não unir o esforço das equipes multidisciplinares e interinstitucionais, trabalhando na atenção e na prevenção, será muito difícil avançar na solução.
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A influência do vínculo parental na relação emocional ao trauma em vítimas de violência sexual

Hauck, Simone January 2005 (has links)
Fundamentação: A importância da relação da criança com seus pais na formação da personalidade é reconhecida desde os primórdios do estudo da mente humana. Diversas psicopatologias foram associadas a distúrbios nessa relação. No entanto, até onde sabemos não há estudos que investiguem o impacto desses vínculos no desenvolvimento de psicopatologia após a exposição a eventos traumáticos na vida adulta. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi investigar a associação entre a qualidade do vínculo percebido com os pais na infância e a resposta emocional ao trauma na vida adulta em pacientes vítimas de violência sexual. A hipótese de trabalho foi que esse vínculo seria um fator de risco e resiliência para o desenvolvimento de psicopatologia após o evento traumático. A associação poderia existir tanto por influir diretamente nas características do indivíduo como na qualidade das suas relações atuais e da rede social disponível. Como objetivo secundário foi realizada a adaptação transcultural do Parental Bonding Instrument (PBI), para viabilizar da forma mais fidedigna possível a investigação da percepção do vínculo com os pais na infância. Método: Após revisar a literatura sobre risco e resiliência em situações traumáticas, optou-se pelo uso do Parental Bonding Instrument (PBI) para investigar a percepção do vínculo com os pais até os 16 anos. Conseqüentemente, o primeiro passo do estudo consistiu na adaptação transcultural deste instrumento. As mulheres que participaram do estudo foram pacientes que denunciaram o estupro, tendo sido encaminhadas para tratamento no Núcleo de Estudos e Tratamento do Trauma Psíquico do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (NET-TRAUMA) em um período de nove meses. Os critérios de inclusão foram: não apresentar violência física que necessitasse de cuidados médicos específicos, além do atendimento ginecológico de rotina, e ter a primeira avaliação psicológica entre o 2º e o 29º dia após o estupro. Os critérios de exclusão foram retardo mental e sintomas psicóticos, que prejudicariam a compreensão dos instrumentos. Trinta mulheres preencheram os critérios e todas concordaram em participar, assinando consentimento informado. O estupro foi confirmado por perícia médica realizada no Instituto Médico Legal como parte da denúncia formal. Foi investigada a percepção sobre a qualidade do vínculo com os pais na infância através do PBI, a gravidade dos sintomas agudos de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) através da Davidson Trauma Scale (DTS), a gravidade clínica através da Clinical Global Impressions Severity of Illness Scale (CGI-S) e o diagnóstico de Transtorno de Estresse Agudo (TEA) segundo critérios do DSM-IV. Dados clínico-demográficos foram coletados ativamente através de entrevista semi-estruturada. Duas questões tipo Likert sobre a percepção de apoio após o trauma foram acrescentadas a entrevista. Resultados: A adaptação transcultural do PBI consistiu-se na equivalência conceitual, na equivalência dos itens, na equivalência semântica, na equivalência operacional e funcional, obtendo-se aprovação do autor do instrumento original da versão final do PBI para o português brasileiro. Quanto a percepção do vínculo com os pais na infância, a percepção de pais menos afetivos esteve diretamente correlacionada com gravidade (P<0,05), mesmo quando controlando para outros fatores através de modelos de análise hierárquica. Além disso, o diagnóstico de TEA foi mais freqüente em mulheres que perceberam seus pais como menos afetivos e mais controladores. Após a realização de modelos de regressão hierárquica, além do afeto, a qualidade do apoio percebido esteve inversamente correlacionada à gravidade dos sintomas de TEPT e a idade diretamente correlacionada à gravidade clínica. Conclusão: A adaptação transcultural do PBI alcançou os objetivos de equivalência, disponibilizando uma versão em português brasileiro de um instrumento que tem se mostrado muito útil em pesquisas de risco e resiliência nas últimas décadas. Os dados confirmando a hipótese do papel dos vínculos precoces como um importante fator em termos de risco e resiliência em situações traumáticas na vida adulta pode ser um aspecto importante no entendimento de como algumas características individuais influem na resposta ao trauma, levantando questões a serem exploradas em pesquisas futuras. / Background: The importance of parental-child relationship in personality development has been recognized since the primordial studies of human mind. Several psychopathologies have been associated with disturbances in this relationship. Nevertheless, there are no studies about the impact of these bonds in psychopathology development after traumatic situations in adulthood. Objective: The aim of this study was to examine the association of parental bonding perceived in childhood and the emotional response to trauma in adult rape victims. The study hypothesis was that parental bonding would be a resilience and/or a risk factor for psychopathology after rape. The association could exist both by influencing directly in individual characteristics and in the quality of current relationships and social network. A secondary objective was the cross-cultural adaptation of the Parental Bonding Instrument (PBI). Method: After reviewing the literature about risk and resilience in traumatic situations, we decided to use the Parental Bonding Instrument (PBI) to assess perceived parenting until the age of sixteen. Therefore, the first step consisted in the cross-cultural adaptation of this instrument. The subjects who took part in this study were women rape victims who had formally denounced rape and were referred to psychiatric care at the Hospital de Clínicas de Porto Alegre’s Trauma Unit Center during a ninth month period. The inclusion criteria were: women who did not have physical injuries that required medical attention other than routine gynecological assessment, and who had the first psychological evaluation between the 2o and the 29o days after rape. The exclusion criteria were mental retardation and psychotic symptoms, which would hamper the understanding of the research instruments. Thirty women met the criteria and all of them have agreed to be part of the study, and signed informed consent forms. The rape was confirmed by forensic examination as part of the formal legal process. The women were assessed regarding the perception of parental bonding in childhood by means of the PBI and concerning the severity of acute posttraumatic stress disorder (PTSD) symptoms through the Davidson Trauma Scale (DTS). Clinical severity was assessed by means of the Clinical Global Impressions Severity of Illness Scale (CGI-S). Clinical-demographic data were actively inquired by means of a semi-structured interview. Two Likert type questions were asked about the perceived support after the trauma. A semistructured interview, in accordance with the DSM-IV criteria, was done in order to diagnose Acute Stress Disorder. Results: Regarding the cross-cultural adaptation of PBI the following steps were performed: conceptual equivalence, item equivalence, semantic equivalence, operational equivalence, functional equivalence, and the approval of the final version by the author of the original instrument. Concerning the perception of parental bonds in childhood, the perception of having less affective parents was correlated with severity (P<0.05), even when controlling for other variables using a hierarchical multivariate step analysis. In addition ASD was more frequent in subjects with less affectionate and more controlling fathers. After the multivariate hierarchical analysis, besides affection, the perception of support was inversely correlated with PTSD symptoms severity and age was directly correlated with clinical impairment. Conclusions: The cross-cultural adaptation of PBI has reached the objectives of equivalence, offering a Brazilian Portuguese version of an instrument that has been proven very useful in risk and resilience studies in the last decades. The data confirming the hypothesis of early bonds as an important factor in risk and resilience in traumatic situations could be an important aspect in understanding how some individual characteristics influence the traumatic response, raising questions to be considered in further research.
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El abuso sexual intrafamiliar en Santa Fe de Bogota, Colombia

Morales Rivera, Alvaro Enrique. January 2003 (has links) (PDF)
Doutor -- Escola Nacional de Saude Publica, Rio de Janeiro, 2003.
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Avaliação da contratransferência no atendimento inicial de pacientes vítimas de trauma psíquico

Eizirik, Mariana January 2007 (has links)
O conceito de contratransferência foi introduzido por Freud e ampliado por outros autores, sendo compreendido como as reações emocionais despertadas pelo paciente no terapeuta. Tem papel central na teoria e na técnica psicanalíticas atuais por ser uma importante ferramenta para o entendimento do mundo interno e das comunicações do paciente, com influência no desenvolvimento da relação terapêutica e no desfecho do tratamento. A partir do reconhecimento da importância da mente do terapeuta e do campo terapêutico, tem sido discutida a associação entre características da pessoa real do terapeuta e a forma como é estabelecida a relação com o paciente. Do mesmo modo, características específicas dos pacientes, como ter sido vítima de trauma psíquico, são consideradas potenciais desencadeadoras de padrões contratransferenciais similares. A relevância do estudo dos sentimentos contratransferenciais despertados no atendimento de vítimas de trauma psíquico se justifica pela grande intensidade destes e pelo potencial destas reações emocionais se tornarem barreiras para o sucesso do tratamento quando não compreendidas pelo terapeuta.Avaliar o padrão de expressão da contratransferência dos terapeutas durante o atendimento inicial de pacientes mulheres vítimas de trauma psíquico e a sua associação com características dos terapeutas e das pacientes, tais como o momento da consulta, o gênero do terapeuta, a natureza do trauma (violência sexual ou violência urbana) e o momento da violência sexual na vida das pacientes. Também foi investigada a associação entre o padrão contratransferencial e a presença de sintomas de Transtorno de Estresse Pós-Traumático e de sintomas depressivos atuais nas pacientes, escores em rastreamento para transtornos de personalidade e em escala de percepção da gravidade da doença nas pacientes e estilo defensivo utilizado pelas mesmas. Os estudos foram realizados no Núcleo de Estudos e Tratamento do Trauma Psíquico (NETTRAUMA), do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Brasil. Os terapeutas eram médicos residentes do segundo ano de Psiquiatria do HCPA. No primeiro estudo, foi conduzidauma avaliação qualitativa, a análise de conteúdo, associada a uma análise estatística, de 36 relatos de sentimentos contratransferenciais despertados no primeiro atendimento de pacientes mulheres, sendo13 vítimas de violência sexual na infância, 15 vítimas de violência sexual atual, e 8 vítimas de violência urbana. Os relatos foram classificados em 6 grupos, conforme o gênero do terapeuta e a natureza do trauma. O segundo estudo teve a participação de 26 terapeutas, 11 homens e 15 mulheres. Foram incluídas nesta amostra todas as pacientes mulheres vítimas de violência sexual, tanto na infância quanto na idade adulta, atendidas no NET-TRAUMA durante dois anos consecutivos, totalizando 40 pacientes. Após a primeira consulta com a paciente, era solicitado ao terapeuta que preenchesse a Escala para Avaliação da Contratransferência (EACT). Neste mesmo momento, era solicitado à paciente que preenchesse os instrumentos referentes aos fatores em estudo: a Escala Davidson de Trauma (EDT), a Standardized Assessment of Personality - Abbreviated Scale (SAPAS), o Inventário de Depressão de Beck (BDI), e a versão em português do Defense Style Questionaire (DSQ-40). A Escala de Impressão Clínica Global (CGI) era preenchida após a consulta de triagem. Na análise dos relatos redigidos pelos terapeutas, observou-se predomínio de sentimentos de aproximação nos terapeutas de ambos os gêneros no atendimento de vítimas de violência sexual. Entre terapeutas mulheres, a natureza do trauma (sexual ou urbano) não influenciou os padrões contratransferenciais. Entre os terapeutas homens, a natureza do trauma influenciou de forma significativa a contratransferência, havendo um número elevado de sentimentos de distanciamento nos relatos de atendimentos de vítimas de violência urbana em relação àqueles atendimentos a vítimas de violência sexual na infância (p=0,02). No segundo estudo, os terapeutas apresentaram, da mesma forma, mais sentimentos de proximidade em relação às pacientes, que foram maiores no meio e no final das consultas (p<0,001), sem influência do gênero do terapeuta. Em uma sub-amostra estratificada para pacientes atendidas por terapeutas mulheres, identificou-se associação significativa entre maiores escores obtidos pelas pacientes na SAPAS e menos sentimentos de proximidade das terapeutas (p=0,038).Estes estudos evidenciaram um predomínio de respostas contratransferenciais de proximidade em terapeutas jovens, no início da vida profissional, ao longo das primeiras consultas compacientes mulheres vítimas de violência sexual. Destaca-se a importância da utilização da contratransferência para a melhor compreensão dos pacientes, o que pode trazer benefícios ao tratamento e ao prognóstico destes, ressaltando-se a necessidade de que investigações continuadas sobre o tema sigam sendo desenvolvidas. / The concept of countertransference was introduced by Freud and expanded by other authors. It is understood as the emotional reactions triggered by the patient in the therapist. It is pivotal in the current psychoanalytic theory and technique since it is an important tool in understanding the patient’s internal world and reportings, influencing the therapeutic relationship and the outcome of the treatment. From the acknowledgement of the importance of the therapist’s mind and the therapeutic field, there has been a growing debate on the association between characteristics of the real person of the therapist and the way that the relationship with the patient is established. Likewise, specific characteristics of the patients, such as having been victim of a psychological trauma, have been considered potential triggers of similar patterns of countertransferential responses. The relevance of studying the countertransferential feelings triggered when seeing victims of psychological trauma is justified by their high intensity and by the possibility of such emotional reactions becoming barriers for a successful treatment when they are not understood by the therapist.To evaluate the therapists’ countertransference during the first visit of women victims of psychological trauma, and its association with therapists’ and patients’ characteristics, such as the moment within the visit, the gender of the therapist, the nature of the trauma (sexual violence or urban violence) and the time when sexual violence occurred in the patient’s life. The association between countertransference pattern and the presence of Post-Traumatic Stress Disorder symptoms and of depressive symptoms in the patients, scores in a screening of personality disorders and in a scale of perception of disease severity in the patients and the defensive style utilized by them were also investigated. The studies were conducted at the Center for the Study and Treatment of Psychological Trauma (NET-TRAUMA), of Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Brazil. The therapists were second-year Psychiatry residents of HCPA. On the first study, a qualitative evaluation, thecontent analysis, was performed, associated to a statistical analysis, of 36 reports of the countertransferential feelings aroused in the first visit of female patients. Thirteen patients were victims of sexual violence during childhood, 15 were victims of current sexual violence, and 8 were victims of urban violence. The reports were categorized into 6 groups according to the gender of the therapist and the nature of the trauma. Twenty-six therapists (11 males and 15 females) participated in the second study. All women victims of sexual violence, both during childhood and adulthood, seen at the NET-TRAUMA during two consecutive years were included in this sample, which totaled 40. After the patient’s first visit, the therapist was asked to complete the Assessment of Countertransference Scale (ACTS). On the same visit, the patient was asked to complete the instruments regarding the factors in study: the Davidson Trauma Scale (DTS), the Standardized Assessment of Personality - Abbreviated Scale (SAPAS), the Beck Depression Inventory (BDI), and the Brazilian Portuguese version of the Defense Style Questionnaire (DSQ-40). The Clinical Global Impressions Scale (CGI) was completed after the screening visit. In the analysis of the therapists’ reports, a predominance of feelings of closeness was observed in therapists of both genders when caring for victims of sexual violence. Among female therapists, the nature of the trauma (sexual or urban) did not influence the countertransferential pattern. Among male therapists, the nature of the trauma significantly influenced countertransference, with increased number of feelings of distance toward victims of urban violence compared to victims of sexual violence during childhood (p=0.02). On the second study, the therapists showed, likewise, more feelings of closeness toward the patients, which were higher in the midpoint and in the end of the visits (p<0.001), without influence of the therapists' gender. In a stratified sample of patients seen by female therapists, there was a significant association between higher patients’ SAPAS scores and less therapists’ feelings of closeness (p=0.038).These studies have showed a predominance of countertransferential reactions of closeness in young therapists, at the beginning of their professional lives, during the first visit of women victims of sexual violence. The importance of the use of countertransference for theunderstanding of the patients is emphasized, as it can be beneficial for their treatment and prognosis; further investigation on the matter is of interest.

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