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Avaliação da contratransferência no atendimento inicial de pacientes vítimas de trauma psíquicoEizirik, Mariana January 2007 (has links)
O conceito de contratransferência foi introduzido por Freud e ampliado por outros autores, sendo compreendido como as reações emocionais despertadas pelo paciente no terapeuta. Tem papel central na teoria e na técnica psicanalíticas atuais por ser uma importante ferramenta para o entendimento do mundo interno e das comunicações do paciente, com influência no desenvolvimento da relação terapêutica e no desfecho do tratamento. A partir do reconhecimento da importância da mente do terapeuta e do campo terapêutico, tem sido discutida a associação entre características da pessoa real do terapeuta e a forma como é estabelecida a relação com o paciente. Do mesmo modo, características específicas dos pacientes, como ter sido vítima de trauma psíquico, são consideradas potenciais desencadeadoras de padrões contratransferenciais similares. A relevância do estudo dos sentimentos contratransferenciais despertados no atendimento de vítimas de trauma psíquico se justifica pela grande intensidade destes e pelo potencial destas reações emocionais se tornarem barreiras para o sucesso do tratamento quando não compreendidas pelo terapeuta.Avaliar o padrão de expressão da contratransferência dos terapeutas durante o atendimento inicial de pacientes mulheres vítimas de trauma psíquico e a sua associação com características dos terapeutas e das pacientes, tais como o momento da consulta, o gênero do terapeuta, a natureza do trauma (violência sexual ou violência urbana) e o momento da violência sexual na vida das pacientes. Também foi investigada a associação entre o padrão contratransferencial e a presença de sintomas de Transtorno de Estresse Pós-Traumático e de sintomas depressivos atuais nas pacientes, escores em rastreamento para transtornos de personalidade e em escala de percepção da gravidade da doença nas pacientes e estilo defensivo utilizado pelas mesmas. Os estudos foram realizados no Núcleo de Estudos e Tratamento do Trauma Psíquico (NETTRAUMA), do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Brasil. Os terapeutas eram médicos residentes do segundo ano de Psiquiatria do HCPA. No primeiro estudo, foi conduzidauma avaliação qualitativa, a análise de conteúdo, associada a uma análise estatística, de 36 relatos de sentimentos contratransferenciais despertados no primeiro atendimento de pacientes mulheres, sendo13 vítimas de violência sexual na infância, 15 vítimas de violência sexual atual, e 8 vítimas de violência urbana. Os relatos foram classificados em 6 grupos, conforme o gênero do terapeuta e a natureza do trauma. O segundo estudo teve a participação de 26 terapeutas, 11 homens e 15 mulheres. Foram incluídas nesta amostra todas as pacientes mulheres vítimas de violência sexual, tanto na infância quanto na idade adulta, atendidas no NET-TRAUMA durante dois anos consecutivos, totalizando 40 pacientes. Após a primeira consulta com a paciente, era solicitado ao terapeuta que preenchesse a Escala para Avaliação da Contratransferência (EACT). Neste mesmo momento, era solicitado à paciente que preenchesse os instrumentos referentes aos fatores em estudo: a Escala Davidson de Trauma (EDT), a Standardized Assessment of Personality - Abbreviated Scale (SAPAS), o Inventário de Depressão de Beck (BDI), e a versão em português do Defense Style Questionaire (DSQ-40). A Escala de Impressão Clínica Global (CGI) era preenchida após a consulta de triagem. Na análise dos relatos redigidos pelos terapeutas, observou-se predomínio de sentimentos de aproximação nos terapeutas de ambos os gêneros no atendimento de vítimas de violência sexual. Entre terapeutas mulheres, a natureza do trauma (sexual ou urbano) não influenciou os padrões contratransferenciais. Entre os terapeutas homens, a natureza do trauma influenciou de forma significativa a contratransferência, havendo um número elevado de sentimentos de distanciamento nos relatos de atendimentos de vítimas de violência urbana em relação àqueles atendimentos a vítimas de violência sexual na infância (p=0,02). No segundo estudo, os terapeutas apresentaram, da mesma forma, mais sentimentos de proximidade em relação às pacientes, que foram maiores no meio e no final das consultas (p<0,001), sem influência do gênero do terapeuta. Em uma sub-amostra estratificada para pacientes atendidas por terapeutas mulheres, identificou-se associação significativa entre maiores escores obtidos pelas pacientes na SAPAS e menos sentimentos de proximidade das terapeutas (p=0,038).Estes estudos evidenciaram um predomínio de respostas contratransferenciais de proximidade em terapeutas jovens, no início da vida profissional, ao longo das primeiras consultas compacientes mulheres vítimas de violência sexual. Destaca-se a importância da utilização da contratransferência para a melhor compreensão dos pacientes, o que pode trazer benefícios ao tratamento e ao prognóstico destes, ressaltando-se a necessidade de que investigações continuadas sobre o tema sigam sendo desenvolvidas. / The concept of countertransference was introduced by Freud and expanded by other authors. It is understood as the emotional reactions triggered by the patient in the therapist. It is pivotal in the current psychoanalytic theory and technique since it is an important tool in understanding the patient’s internal world and reportings, influencing the therapeutic relationship and the outcome of the treatment. From the acknowledgement of the importance of the therapist’s mind and the therapeutic field, there has been a growing debate on the association between characteristics of the real person of the therapist and the way that the relationship with the patient is established. Likewise, specific characteristics of the patients, such as having been victim of a psychological trauma, have been considered potential triggers of similar patterns of countertransferential responses. The relevance of studying the countertransferential feelings triggered when seeing victims of psychological trauma is justified by their high intensity and by the possibility of such emotional reactions becoming barriers for a successful treatment when they are not understood by the therapist.To evaluate the therapists’ countertransference during the first visit of women victims of psychological trauma, and its association with therapists’ and patients’ characteristics, such as the moment within the visit, the gender of the therapist, the nature of the trauma (sexual violence or urban violence) and the time when sexual violence occurred in the patient’s life. The association between countertransference pattern and the presence of Post-Traumatic Stress Disorder symptoms and of depressive symptoms in the patients, scores in a screening of personality disorders and in a scale of perception of disease severity in the patients and the defensive style utilized by them were also investigated. The studies were conducted at the Center for the Study and Treatment of Psychological Trauma (NET-TRAUMA), of Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Brazil. The therapists were second-year Psychiatry residents of HCPA. On the first study, a qualitative evaluation, thecontent analysis, was performed, associated to a statistical analysis, of 36 reports of the countertransferential feelings aroused in the first visit of female patients. Thirteen patients were victims of sexual violence during childhood, 15 were victims of current sexual violence, and 8 were victims of urban violence. The reports were categorized into 6 groups according to the gender of the therapist and the nature of the trauma. Twenty-six therapists (11 males and 15 females) participated in the second study. All women victims of sexual violence, both during childhood and adulthood, seen at the NET-TRAUMA during two consecutive years were included in this sample, which totaled 40. After the patient’s first visit, the therapist was asked to complete the Assessment of Countertransference Scale (ACTS). On the same visit, the patient was asked to complete the instruments regarding the factors in study: the Davidson Trauma Scale (DTS), the Standardized Assessment of Personality - Abbreviated Scale (SAPAS), the Beck Depression Inventory (BDI), and the Brazilian Portuguese version of the Defense Style Questionnaire (DSQ-40). The Clinical Global Impressions Scale (CGI) was completed after the screening visit. In the analysis of the therapists’ reports, a predominance of feelings of closeness was observed in therapists of both genders when caring for victims of sexual violence. Among female therapists, the nature of the trauma (sexual or urban) did not influence the countertransferential pattern. Among male therapists, the nature of the trauma significantly influenced countertransference, with increased number of feelings of distance toward victims of urban violence compared to victims of sexual violence during childhood (p=0.02). On the second study, the therapists showed, likewise, more feelings of closeness toward the patients, which were higher in the midpoint and in the end of the visits (p<0.001), without influence of the therapists' gender. In a stratified sample of patients seen by female therapists, there was a significant association between higher patients’ SAPAS scores and less therapists’ feelings of closeness (p=0.038).These studies have showed a predominance of countertransferential reactions of closeness in young therapists, at the beginning of their professional lives, during the first visit of women victims of sexual violence. The importance of the use of countertransference for theunderstanding of the patients is emphasized, as it can be beneficial for their treatment and prognosis; further investigation on the matter is of interest.
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Avaliação da contratransferência no atendimento inicial de pacientes vítimas de trauma psíquicoEizirik, Mariana January 2007 (has links)
O conceito de contratransferência foi introduzido por Freud e ampliado por outros autores, sendo compreendido como as reações emocionais despertadas pelo paciente no terapeuta. Tem papel central na teoria e na técnica psicanalíticas atuais por ser uma importante ferramenta para o entendimento do mundo interno e das comunicações do paciente, com influência no desenvolvimento da relação terapêutica e no desfecho do tratamento. A partir do reconhecimento da importância da mente do terapeuta e do campo terapêutico, tem sido discutida a associação entre características da pessoa real do terapeuta e a forma como é estabelecida a relação com o paciente. Do mesmo modo, características específicas dos pacientes, como ter sido vítima de trauma psíquico, são consideradas potenciais desencadeadoras de padrões contratransferenciais similares. A relevância do estudo dos sentimentos contratransferenciais despertados no atendimento de vítimas de trauma psíquico se justifica pela grande intensidade destes e pelo potencial destas reações emocionais se tornarem barreiras para o sucesso do tratamento quando não compreendidas pelo terapeuta.Avaliar o padrão de expressão da contratransferência dos terapeutas durante o atendimento inicial de pacientes mulheres vítimas de trauma psíquico e a sua associação com características dos terapeutas e das pacientes, tais como o momento da consulta, o gênero do terapeuta, a natureza do trauma (violência sexual ou violência urbana) e o momento da violência sexual na vida das pacientes. Também foi investigada a associação entre o padrão contratransferencial e a presença de sintomas de Transtorno de Estresse Pós-Traumático e de sintomas depressivos atuais nas pacientes, escores em rastreamento para transtornos de personalidade e em escala de percepção da gravidade da doença nas pacientes e estilo defensivo utilizado pelas mesmas. Os estudos foram realizados no Núcleo de Estudos e Tratamento do Trauma Psíquico (NETTRAUMA), do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Brasil. Os terapeutas eram médicos residentes do segundo ano de Psiquiatria do HCPA. No primeiro estudo, foi conduzidauma avaliação qualitativa, a análise de conteúdo, associada a uma análise estatística, de 36 relatos de sentimentos contratransferenciais despertados no primeiro atendimento de pacientes mulheres, sendo13 vítimas de violência sexual na infância, 15 vítimas de violência sexual atual, e 8 vítimas de violência urbana. Os relatos foram classificados em 6 grupos, conforme o gênero do terapeuta e a natureza do trauma. O segundo estudo teve a participação de 26 terapeutas, 11 homens e 15 mulheres. Foram incluídas nesta amostra todas as pacientes mulheres vítimas de violência sexual, tanto na infância quanto na idade adulta, atendidas no NET-TRAUMA durante dois anos consecutivos, totalizando 40 pacientes. Após a primeira consulta com a paciente, era solicitado ao terapeuta que preenchesse a Escala para Avaliação da Contratransferência (EACT). Neste mesmo momento, era solicitado à paciente que preenchesse os instrumentos referentes aos fatores em estudo: a Escala Davidson de Trauma (EDT), a Standardized Assessment of Personality - Abbreviated Scale (SAPAS), o Inventário de Depressão de Beck (BDI), e a versão em português do Defense Style Questionaire (DSQ-40). A Escala de Impressão Clínica Global (CGI) era preenchida após a consulta de triagem. Na análise dos relatos redigidos pelos terapeutas, observou-se predomínio de sentimentos de aproximação nos terapeutas de ambos os gêneros no atendimento de vítimas de violência sexual. Entre terapeutas mulheres, a natureza do trauma (sexual ou urbano) não influenciou os padrões contratransferenciais. Entre os terapeutas homens, a natureza do trauma influenciou de forma significativa a contratransferência, havendo um número elevado de sentimentos de distanciamento nos relatos de atendimentos de vítimas de violência urbana em relação àqueles atendimentos a vítimas de violência sexual na infância (p=0,02). No segundo estudo, os terapeutas apresentaram, da mesma forma, mais sentimentos de proximidade em relação às pacientes, que foram maiores no meio e no final das consultas (p<0,001), sem influência do gênero do terapeuta. Em uma sub-amostra estratificada para pacientes atendidas por terapeutas mulheres, identificou-se associação significativa entre maiores escores obtidos pelas pacientes na SAPAS e menos sentimentos de proximidade das terapeutas (p=0,038).Estes estudos evidenciaram um predomínio de respostas contratransferenciais de proximidade em terapeutas jovens, no início da vida profissional, ao longo das primeiras consultas compacientes mulheres vítimas de violência sexual. Destaca-se a importância da utilização da contratransferência para a melhor compreensão dos pacientes, o que pode trazer benefícios ao tratamento e ao prognóstico destes, ressaltando-se a necessidade de que investigações continuadas sobre o tema sigam sendo desenvolvidas. / The concept of countertransference was introduced by Freud and expanded by other authors. It is understood as the emotional reactions triggered by the patient in the therapist. It is pivotal in the current psychoanalytic theory and technique since it is an important tool in understanding the patient’s internal world and reportings, influencing the therapeutic relationship and the outcome of the treatment. From the acknowledgement of the importance of the therapist’s mind and the therapeutic field, there has been a growing debate on the association between characteristics of the real person of the therapist and the way that the relationship with the patient is established. Likewise, specific characteristics of the patients, such as having been victim of a psychological trauma, have been considered potential triggers of similar patterns of countertransferential responses. The relevance of studying the countertransferential feelings triggered when seeing victims of psychological trauma is justified by their high intensity and by the possibility of such emotional reactions becoming barriers for a successful treatment when they are not understood by the therapist.To evaluate the therapists’ countertransference during the first visit of women victims of psychological trauma, and its association with therapists’ and patients’ characteristics, such as the moment within the visit, the gender of the therapist, the nature of the trauma (sexual violence or urban violence) and the time when sexual violence occurred in the patient’s life. The association between countertransference pattern and the presence of Post-Traumatic Stress Disorder symptoms and of depressive symptoms in the patients, scores in a screening of personality disorders and in a scale of perception of disease severity in the patients and the defensive style utilized by them were also investigated. The studies were conducted at the Center for the Study and Treatment of Psychological Trauma (NET-TRAUMA), of Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Brazil. The therapists were second-year Psychiatry residents of HCPA. On the first study, a qualitative evaluation, thecontent analysis, was performed, associated to a statistical analysis, of 36 reports of the countertransferential feelings aroused in the first visit of female patients. Thirteen patients were victims of sexual violence during childhood, 15 were victims of current sexual violence, and 8 were victims of urban violence. The reports were categorized into 6 groups according to the gender of the therapist and the nature of the trauma. Twenty-six therapists (11 males and 15 females) participated in the second study. All women victims of sexual violence, both during childhood and adulthood, seen at the NET-TRAUMA during two consecutive years were included in this sample, which totaled 40. After the patient’s first visit, the therapist was asked to complete the Assessment of Countertransference Scale (ACTS). On the same visit, the patient was asked to complete the instruments regarding the factors in study: the Davidson Trauma Scale (DTS), the Standardized Assessment of Personality - Abbreviated Scale (SAPAS), the Beck Depression Inventory (BDI), and the Brazilian Portuguese version of the Defense Style Questionnaire (DSQ-40). The Clinical Global Impressions Scale (CGI) was completed after the screening visit. In the analysis of the therapists’ reports, a predominance of feelings of closeness was observed in therapists of both genders when caring for victims of sexual violence. Among female therapists, the nature of the trauma (sexual or urban) did not influence the countertransferential pattern. Among male therapists, the nature of the trauma significantly influenced countertransference, with increased number of feelings of distance toward victims of urban violence compared to victims of sexual violence during childhood (p=0.02). On the second study, the therapists showed, likewise, more feelings of closeness toward the patients, which were higher in the midpoint and in the end of the visits (p<0.001), without influence of the therapists' gender. In a stratified sample of patients seen by female therapists, there was a significant association between higher patients’ SAPAS scores and less therapists’ feelings of closeness (p=0.038).These studies have showed a predominance of countertransferential reactions of closeness in young therapists, at the beginning of their professional lives, during the first visit of women victims of sexual violence. The importance of the use of countertransference for theunderstanding of the patients is emphasized, as it can be beneficial for their treatment and prognosis; further investigation on the matter is of interest.
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Abuso sexual de meninos: estudo das conseqüências psicossexuais na adolescência / Sexual abuse of boys: study of psychosexual damages in adolescenceOliveira, Mery Pureza Candido de 15 March 2010 (has links)
INTRODUÇÃO: Diante da complexidade e da escassez de pesquisas sobre o abuso sexual de meninos no Brasil, e dada à gravidade dos danos psíquicos e sexuais possíveis de ocorrer em vítimas de abuso, surge à necessidade de estudos sistematizados quanto ao perfil psicológico e sexual de adolescentes com histórico de abuso na infância, para embasar as propostas terapêuticas e para a prevenção dos possíveis riscos de disfunções e transtornos da sexualidade, incluindo o risco de que a vítima passe a assumir o papel de agressor. O objetivo desse estudo foi investigar as características psicológicas e sexuais de adolescentes do sexo masculino que foram, enquanto crianças, vítimas de abuso sexual. METODOS: Trata-se de um estudo exploratório, retrospectivo e seccional realizado no Programa de Psiquiatria e Psicologia Forense (NUFOR) do IPq- HC-FMUSP e na Fundação Casa, para menores em medida socioeducativa. Foram formados três grupos de participantes sendo 20 de adolescentes de 16 a 18 anos, internos da Fundação (GA), com histórico de abuso sexual, 06 de adolescentes de 16 a 18 anos (GC), com o mesmo histórico, que procuraram tratamento psicológico no ambulatório NUFOR e 21 adolescentes, sem histórico de abuso, na mesma faixa etária e escolaridade, que formaram o grupo controle (GB). Avaliou-se o desempenho cognitivo quanto às funções de recuperação da memória (de curto e longo prazo), o nível de estresse, impulsividade, nível de neuroticismo e estabilidade emocional, além do comportamento sexual dos adolescentes. RESULTADOS: Os resultados da comparação entre as variáveis dos grupos A e B apontaram diferenças significativas no que se refere ao processo de recuperação total da memória (p= ,004), na recuperação consistente (p=,000) e inconsistente (p=,004). Houve significância também, quanto à estabilidade emocional, no fator Desajustamento Psicossocial, (p=,002) que contem itens relacionados a comportamentos sexuais de risco ou atípicos. Os achados da análise qualitativa, com relação ao comportamento sexual atual, revelaram que 50% dos adolescentes com ou sem transgressões legais, assumiram a prática de sexo com crianças, com uma ou mais vítimas. Quanto às características do abuso sofrido, a violência intrafamiliar, unida ao maior tempo de duração, revelou-se como fator de gravidade no modus operandi do comportamento agressor. CONCLUSÕES: História de abuso sexual em meninos pode ser um dos fatores de risco para posteriores déficits de acessibilidade da memória e pode estar associado com a repetição e a gravidade do comportamento sexualmente agressivo na adolescência / INTRODUCTION: Facing the complexity and lack of researches on sexual abuse of young boys in Brazil and the seriousness of possible psychosexual damages to occur in abused victims, the necessity of systemized studies is required, both to psychosexual profile of adolescents that have a historical of sexual abuse in childhood to base therapeutic proposals and to prevent possible risks of dysfunction and sexual disturbances including the risk the victim might assume the aggressor´s role. The aim of this study was to investigate psychological and sexual profiles of male adolescents, who were victms of sexual abuse in their younger days. METHODS: It is an exploitative, retrospective and sectional study, accomplished at Psychiatric and Psychologic Forensic Program (NUFOR) of the so - called Ipq Hospital das Clinicas Psychiatric Institute (FMUSP) and the so - called Fundação Casa, correctional system for underage boys and girls who are serving a sentence, in social and educational measures. Three groups of participants were formed by 20 adolescents from 16 to 18 years old, with sexual abuse report who are in the Fundação (GA), 06 adolescents, with the same story from 16 to 18 years old, (GC) who looked for psychological treatment at Nufor Ambulatory and 21 adolescents with no historical abuse at same age and educational level who formed the control group (GB). Cognitive performance was assessed concerning memory recoverings (short and long terms), stress level, impulsiveness, neuroticism level and emotional stability, besides their sexual behavior. RESULTS: The results between the variable´s comparision of the groups A and B showed significant differences, referring total recovering of memory process (p= ,004), in consistent recovering (p= ,000) and inconsistent (p= ,004). There also a significance regarding in emotional stability in Psychosocial Disagreement factor, (p= ,002) with related items to atypical or risky sexual behaviours. The findings of the qualitative analysis, related to the present sexual behaviour, showed 50% of adolescents with or without legal transgressions, admitted sex with children, with one or more victims. Concerning the features of the experienced abuse, the intrafamiliar violence plus the most time of duration, became as the gravity factor in modus operandi of the aggressor´s behaviour. CONCLUSIONS: Historical of sexual abuse in childhood of young boys can be a risky factor to posterior deficits of memory acessibility and that can be related to the repetition and the serious nature of sexually agressive behavior in younghood
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Cuidado integral a vítimas de violência sexual em serviço de referência de São Paulo: caracterização de usuários atendidos em até 72 horas após a agressão, adesão à profilaxia pós-exposição da infecção por HIV e retenção no cuidado / Comprehensive care of sexual violence victims in a reference centre in São Paulo: characterization of patients admitted within 72 hours after the violence episode, adherence to HIV post-exposure prophylaxis and retention in careNisida, Isabelle Vera Vichr 01 March 2019 (has links)
O cuidado integral a vítimas de violência sexual (VVS) é política pública no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e estrutura-se no acolhimento das VVS em serviços de referência, onde recebem aconselhamento, intervenções para redução de danos à saúde mental, medicação para prevenção pós-exposição não ocupacional da infecção por HIV (nPEP) e medidas de prevenção de outras infecções sexualmente transmissíveis (IST) e da gestação não desejada. Embora se reconheça que a adesão à nPEP entre VVS e sua retenção no cuidado após o agravo representem desafios, os preditores de adesão e retenção nessas circunstâncias não foram esclarecidos. Objetivos: Este estudo visa caracterizar as VVS admitidas em serviço de referência da cidade de São Paulo em até 72 horas após o episódio de violência e identificar preditores de adesão à nPEP e de retenção no cuidado por seis meses. Métodos: Para esta coorte retrospectiva selecionaram-se VVS admitidas em até 72 horas após o episódio de violência no Núcleo da Atendimento a Vítimas de Violência Sexual (NAVIS) do principal hospital de referência em São Paulo, no período de 2001 a 2013 (156 meses). Os pacientes elegíveis receberam nPEP, profilaxia para IST bacterianas, bem como contracepção de emergência, quando aplicável. A triagem sorológica para infecção por HIV, hepatites B e C e sífilis foi realizada na admissão, e no 90o e 180o dias de seguimento. Com base em revisão de prontuários a amostra foi caracterizada no tocante às características do episódio de VS, achados clínicos à admissão no serviço e intervenções realizadas, de acordo com sexo e idade da vítima. Os preditores de adesão à nPEP por 28 dias e retenção no cuidado até 180 dias após a admissão foram investigados em análise univariada e multivariada por modelos de regressão logística. Resultados: Estudaram-se 199 episódios de VS, acometendo 197 vítimas. Destes, 167 foram elegíveis para indicação de nPEP e em 160 (96%) a medicação foi de fato prescrita. A coorte foi constituída predominantemente por vítimas do sexo feminino (160, 80%), autodeclaradas brancas (149, 75%), com mediana de idade de 22 anos (intervalo interquartis (IIQ) de 15-29) e escolaridade de 9 anos (IIQ, 6-11). As VVS do sexo masculino foram significantemente mais jovens que as do sexo feminino 23 (mediana de idade 17, IIQ 14-32 para homens versus 23, IIQ 17-29 para mulheres) (p=0,002). Os episódios de VS mais frequentemente ocorreram no trajeto da vítima ao trabalho ou escola (n=110, 55%), foram perpetrados por um só agressor (n=180, 90%) e sob coerção (n=158, 79%). O tempo mediano entre o episódio de VS e a admissão ao serviço foi de 1 dia (IIQ 0,5-1,5). Em 20% dos episódios havia sido lavrado boletim de ocorrência policial. Destaca-se que apenas 101 (51%) VVS apresentavam algum achado clínico genital ou extragenital à admissão no serviço. Entre vítimas com menos de 14 anos de idade, de ambos os sexos, o relato de VS por perpetrador conhecido (feminino < 0,001; masculino p=0,001) e de agressão ocorrida no domicílio ou entorno (feminino < 0,001; masculino p=0,002) foi mais frequente, em relação ao de vítimas com 14 anos ou mais. As VVS masculinas com 14 anos ou mais relataram mais frequentemente ter sido agredidas por mais de um perpetrador (p < 0,001) e apresentaram maior intensidade de lesão física, medida pelos escores NISS (p=0,0084) e ISS (p=0,0172), quando comparadas às do sexo feminino da mesma faixa etária. Houve menor indicação de nPEP para VS menores de 14 anos (feminino p < 0,001 e masculino p=0,001). As profilaxias para HIV e IST mostraram-se efetivas para as VVS retidas no cuidado por 180 dias. No que tange aos desfechos principais do estudo, 104/160 (65%, IC95% 57-72%) VVS apresentaram adesão à nPEP até 28 dias e 89/199 (45%, IC95% 38-52%) foram retidas no cuidado por 180 dias. À análise multivariada, verificou-se que ter realizado ao menos uma consulta psicológica (n = 126) foi preditor independente de adesão à nPEP (OR ajustado = 8,32; IC95% 3,0-23,03) e de retenção no cuidado (OR ajustado = 40,33; IC95% 8,33-195,3). Conclusões: O presente estudo aponta para características distintas da violência sexual entre VVS admitidas ao serviço em até 72 horas após o episódio, a depender do sexo e categoria etária da vítima (idade inferior a 14 anos versus 14 ou mais). Adicionalmente, o atendimento psicológico mostrou-se elemento essencial do manejo da VS, predizendo a adesão à nPEP e à retenção das vítimas no cuidado por seis meses / Comprehensive care of sexual violence victims (SVV) is a public policy provided by the Brazilian Unified Health System (SUS). It is set up based on reception of SVV in reference centres, where they receive counselling, interventions to reduce mental health harm, medication for HIV nonoccupational post-exposure prophylaxis (nPEP) and prevention measures of other sexually-transmitted infections (STI) and unwanted pregnancies. Although studies have shown that adherence to nPEP among SVV and their retention in care after SV represent significant challenges, predictors of adherence and retention in these difficult circumstances remain unclear. Objectives: This study aimed at characterizing SVV admitted to a reference centre in São Paulo within 72 hours after the violence episode and at identifying predictors of adherence to nPEP and of retention in care for 6-month follow-up among SVV. Methods: For this retrospective cohort study, we selected SVV admitted to the SV unit (NAVIS) of the main reference hospital in Sao Paulo within 72 hours after the SV episode from 2001 to 2013. Eligible patients received nPEP, screening, prevention and management for other STI, as well as emergency contraception, when applicable. Serological screening for HIV infection, hepatitis B and C, and syphilis was carried out at baseline and on days 90 and 180 of follow-up. Based on chart review we compared characteristics of the SV episode, clinical findings at admission and prescribed interventions according to victims\' sex and age. Predictors of adherence to nPEP for 28 days and of retention in care until discharge at 180 days after admission were sought after by univariate and multivariate logistic regression analyses. Results: A total of 199 SV episodes in 197 victims were recorded over 156 months. Of those, 167 were eligible to receive nPEP and 160 (96%) actually received a prescription. Victims were predominantly female (160, 80%), self-reportedly white (149, 75%), with median age of 22 (interquartile range (IQR) 15-29) and 9 years of schooling (IQR, 6-11). Male victims were significantly younger than their female counterparts (17 years old, IQR 14-32 vs. 23, IQR 17-29) (p=0.002). The SV episodes most often occurred on the victims\' way to work or school (n=110, 55%), were perpetrated by a single aggressor (n=180, 90%) and under coercion (n=158, 79%). Median time between the SV episode and admission to the unit was 1 day (IQR 0.5-1.5). Only 20% of episodes had been reported to police authorities. We highlight that clinical findings in the genital or extragenital areas were found in just 101 (51%) victims at admission. Victims aged under 14 of both sexes more often reported having been assaulted by a known aggressor (females, p < 0.001; males, p=0.001) and that the aggression occurred at or near home (females, p < 0.001; males, p=0.002). Male victims aged 14 or over more often reported having had more than one aggressor (p < 0.001) and presented more severe physical trauma at admission, assessed by the NISS (p=0.0084) and ISS (p=0.0172) scores, as compared to female victims of the same age category. Moreover, victims aged less than 14 were less likely to be prescribed nPEP (females p < 0.001; males p=0.001). Prophylaxis for HIV infection and other STI were shown effective for SVV who completed 180-day follow-up. Overall 104/160 (65%, 95CI% 57-72%) SVV were fully adherent to nPEP up to 28 days, whereas 89/199 (45%, 95%CI 38-52%) were retained in care for 180 days following admission. In multivariate analysis, patients undergoing at least one psychological consultation (n=126) were more likely to adhere to nPEP (adjusted OR=8.32; 95%CI: 3.0-23.3) and to be retained in care for 6 months (adjusted OR=44.76; 95%CI: 9.09-220.37), as compared to patients not having received psychological support. Conclusions: This study highlights significantly different features of SV depending on victims\' gender and age category (under 14 vs 14 or over). In addition, provision of psychological consultation was shown an essential element in the management of SV, being associated with enhanced adherence to nPEP and to retention in care
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Fatores associados à duração e severidade do abuso sexual infantil em São Paulo-Brasil / Factors associated with length and severity of childhood sexual abuse in São Paulo-BrazilVertamatti, Maria Auxiliadora Figueredo 06 December 2017 (has links)
Introdução: O Abuso Sexual em Crianças (ASC) é uma grave violação de direitos humanos. Pode causar sequelas psíquicas e somatizações, como dores de cabeça, dores abdominais, enurese, comportamentos sexualizados, masturbação em público, queda do rendimento escolar, que podem aparecer ainda durante a infância e adolescência. Outros quadros podem manifestar-se apenas na idade adulta, mais comumente disfunções sexuais, ansiedade, depressão, disfunções gastrointestinais, dor pélvica crônica, e até indução ao uso de substâncias psicoativas e tendências suicidas. A literatura indica, no entanto, que a idade precoce de início dos abusos, sua longa duração e a concomitância de contato físico íntimo, como penetração, pode acarretar sequelas psicológicas ainda mais severas. Até recentemente, a literatura sobre violência contra a criança consistiu, desproporcionalmente, em adultos relembrando fatos passados. Uma vez que as diretrizes para o tratamento de sobreviventes na infância são difíceis de extrapolar a partir de estudos de adultos, a pesquisa focada em crianças parece ser de grande relevância. Ela tem importante papel na avaliação de como as crianças processam o trauma, e de como o trauma se expressa em vários estágios de desenvolvimento. Este estudo se propõe a conhecer as crianças que sofreram abuso sexual no momento em que tiveram seu primeiro contato com o serviço de saúde de referência, e analisar a correlação entre as características da violência e a duração e a gravidade dos contatos físicos relatados e/ou constatados. Método: Foi conduzido um estudo transversal das crianças até dez anos de idade, que entre os anos de 2004 e 2013 foram atendidas pelo Programa de Atenção a Violência e Abuso Sexual, programa especializado em violência sexual na região metropolitana de São Paulo, Brasil. A duração e a gravidade dos abusos tiveram testada a sua associação com as variáveis ligadas à violência através do teste de quiquadrado, seguido pelo modelo de regressão de Poisson com variância robusta para o cálculo de Razão de Prevalência (RP). Resultados: Crianças cujos pais genéticos tiveram oito ou mais anos de educação formal experimentaram maior duração (RP mãe:4,55/pai:6,67) e gravidade (RP mãe:1,65) da violência. A maioria das crianças vivia com parentes ou amigos como cortesia (45 por cento ), o que em geral resultou em atraso na denúncia das agressões (RP: 1,64). O ASC foi menos frequente entre as crianças do sexo masculino (28 por cento ), mas estes foram expostos a abusos mais prolongados (RP: 1,28) e fisicamente agressivos (RP: 4,55). As denúncias foram mais precoces quando realizadas pelos serviços de saúde (RP: 0,63) e os abusos foram menos severos quando denunciados pela escola (RP: 0,22) ou pelos serviços de saúde (RP: 0,27). Discussão e conclusões: As crianças do sexo masculino sofreram abusos mais graves e prolongados. A associação entre abuso sexual de meninos e homossexualidade não apenas implica em vergonha e estigma social, mas também em motivo para o número reduzido de denúncias e a pouca informação disponível. Crianças cujos pais biológicos possuíam maior nível de escolaridade sofreram abusos mais prolongados e mais severos. Lembrando que pais biológicos são abusadores frequentes, suas habilidades intelectuais podem facilitar as barganhas psicológicas com as vítimas. A maioria das crianças vivia em casas de parentes como cortesia, e estiveram sujeitas à demora na denúncia de seus casos. Crianças são mais vulneráveis nestas condições por terem, muitas vezes, que tolerar abusos em troca da moradia. Os fatores que determinaram maior duração e gravidade dos abusos sexuais parecem estar relacionados, portanto, à melhor administração do segredo pelos envolvidos. As denúncias foram mais precoces quando realizadas pelos serviços de saúde e os abusos foram menos severos quando denunciados pela escola ou pelos serviços de saúde / Introduction: Child Sexual Abuse (CSA) is a serious violation of human rights. It can cause psychological sequelae and somatizations, such as headaches, abdominal pains, enuresis, sexualized behaviors, public masturbation, poor school performance, which may appear even during childhood and adolescence. Other conditions may manifest only in adulthood, most commonly sexual dysfunctions, anxiety, depression, gastrointestinal dysfunctions, chronic pelvic pain, and even use of psychoactive substances and suicidal tendencies. The literature indicates, however, that the early age of onset of abuse, its long duration and the concomitance of intimate physical contact, such as penetration, can lead to even more severe psychological sequels. Until recently, the literature on violence against children consisted, disproportionately, on adults recalling past events. Since guidelines for the treatment of childhood survivors are difficult to extrapolate from adult studies, research focused on children seems to be very relevant. It plays an important role in assessing how children process trauma, and how trauma manifests at various stages of development. This study aims to understand the children who suffered sexual abuse when they first arrive to the health facilitie, and to analyze the association between the characteristics of the violence and the length and severity of the physical contacts reported and/or verified. Method: It was conducted a cross-sectional study of children up to ten years of age, who between 2004 and 2013 were referred to a specialty program on childhood sexual abuse in São Paulo, Brazil. Length and severity of the abuse were tested for its association with variables related to the abuse using a Chi-square test, followed by the Poisson regression model with robust variance for prevalence ratio (PR). Results: Children whose biological parents had eight or more years of formal education experienced longer (PR mother: 4.55 / father: 6.67) and more aggressive abuse (mother PR: 1.65). Most children lived with relatives or friends as a courtesy (45 per cent ), which in general resulted in a delay in reporting the aggression (PR: 1.64). CSA was less frequent among males (28 per cent ), but they were more likely to be abused longer (PR: 1.28) and physically more aggressive (PR: 4.55). Reporting to the authorities were earlier when performed by the health services (PR: 0.63) and abuses were less severe when reported by the school (PR: 0.22) or health services (PR: 0.27). Discussion and conclusions: Males have suffered more severe and prolonged abuse. The association between sexual abuse of boys and homosexuality not only implies shame and social stigma, but also a reason for the small number of police reports and the few information available. Children whose biological parents had higher levels of schooling suffered longer and more aggressive abuses. Recalling that biological fathers are frequent perpetrators, their intellectual abilities can facilitate psychological bargains with the victims. Children living in relatives\' homes as a courtesy were subject to longer sexual abuse. They are more vulnerable under these conditions because they often have to tolerate abuses in return for housing. Factors that determined the longer duration and severity of sexual abuse seem to be related, therefore, to the better secret management by those involved. Health agencies reported cases most quickly and cases reported by school and health agencies were less severe
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Abuso sexual de meninos: estudo das conseqüências psicossexuais na adolescência / Sexual abuse of boys: study of psychosexual damages in adolescenceMery Pureza Candido de Oliveira 15 March 2010 (has links)
INTRODUÇÃO: Diante da complexidade e da escassez de pesquisas sobre o abuso sexual de meninos no Brasil, e dada à gravidade dos danos psíquicos e sexuais possíveis de ocorrer em vítimas de abuso, surge à necessidade de estudos sistematizados quanto ao perfil psicológico e sexual de adolescentes com histórico de abuso na infância, para embasar as propostas terapêuticas e para a prevenção dos possíveis riscos de disfunções e transtornos da sexualidade, incluindo o risco de que a vítima passe a assumir o papel de agressor. O objetivo desse estudo foi investigar as características psicológicas e sexuais de adolescentes do sexo masculino que foram, enquanto crianças, vítimas de abuso sexual. METODOS: Trata-se de um estudo exploratório, retrospectivo e seccional realizado no Programa de Psiquiatria e Psicologia Forense (NUFOR) do IPq- HC-FMUSP e na Fundação Casa, para menores em medida socioeducativa. Foram formados três grupos de participantes sendo 20 de adolescentes de 16 a 18 anos, internos da Fundação (GA), com histórico de abuso sexual, 06 de adolescentes de 16 a 18 anos (GC), com o mesmo histórico, que procuraram tratamento psicológico no ambulatório NUFOR e 21 adolescentes, sem histórico de abuso, na mesma faixa etária e escolaridade, que formaram o grupo controle (GB). Avaliou-se o desempenho cognitivo quanto às funções de recuperação da memória (de curto e longo prazo), o nível de estresse, impulsividade, nível de neuroticismo e estabilidade emocional, além do comportamento sexual dos adolescentes. RESULTADOS: Os resultados da comparação entre as variáveis dos grupos A e B apontaram diferenças significativas no que se refere ao processo de recuperação total da memória (p= ,004), na recuperação consistente (p=,000) e inconsistente (p=,004). Houve significância também, quanto à estabilidade emocional, no fator Desajustamento Psicossocial, (p=,002) que contem itens relacionados a comportamentos sexuais de risco ou atípicos. Os achados da análise qualitativa, com relação ao comportamento sexual atual, revelaram que 50% dos adolescentes com ou sem transgressões legais, assumiram a prática de sexo com crianças, com uma ou mais vítimas. Quanto às características do abuso sofrido, a violência intrafamiliar, unida ao maior tempo de duração, revelou-se como fator de gravidade no modus operandi do comportamento agressor. CONCLUSÕES: História de abuso sexual em meninos pode ser um dos fatores de risco para posteriores déficits de acessibilidade da memória e pode estar associado com a repetição e a gravidade do comportamento sexualmente agressivo na adolescência / INTRODUCTION: Facing the complexity and lack of researches on sexual abuse of young boys in Brazil and the seriousness of possible psychosexual damages to occur in abused victims, the necessity of systemized studies is required, both to psychosexual profile of adolescents that have a historical of sexual abuse in childhood to base therapeutic proposals and to prevent possible risks of dysfunction and sexual disturbances including the risk the victim might assume the aggressor´s role. The aim of this study was to investigate psychological and sexual profiles of male adolescents, who were victms of sexual abuse in their younger days. METHODS: It is an exploitative, retrospective and sectional study, accomplished at Psychiatric and Psychologic Forensic Program (NUFOR) of the so - called Ipq Hospital das Clinicas Psychiatric Institute (FMUSP) and the so - called Fundação Casa, correctional system for underage boys and girls who are serving a sentence, in social and educational measures. Three groups of participants were formed by 20 adolescents from 16 to 18 years old, with sexual abuse report who are in the Fundação (GA), 06 adolescents, with the same story from 16 to 18 years old, (GC) who looked for psychological treatment at Nufor Ambulatory and 21 adolescents with no historical abuse at same age and educational level who formed the control group (GB). Cognitive performance was assessed concerning memory recoverings (short and long terms), stress level, impulsiveness, neuroticism level and emotional stability, besides their sexual behavior. RESULTS: The results between the variable´s comparision of the groups A and B showed significant differences, referring total recovering of memory process (p= ,004), in consistent recovering (p= ,000) and inconsistent (p= ,004). There also a significance regarding in emotional stability in Psychosocial Disagreement factor, (p= ,002) with related items to atypical or risky sexual behaviours. The findings of the qualitative analysis, related to the present sexual behaviour, showed 50% of adolescents with or without legal transgressions, admitted sex with children, with one or more victims. Concerning the features of the experienced abuse, the intrafamiliar violence plus the most time of duration, became as the gravity factor in modus operandi of the aggressor´s behaviour. CONCLUSIONS: Historical of sexual abuse in childhood of young boys can be a risky factor to posterior deficits of memory acessibility and that can be related to the repetition and the serious nature of sexually agressive behavior in younghood
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Fatores associados à duração e severidade do abuso sexual infantil em São Paulo-Brasil / Factors associated with length and severity of childhood sexual abuse in São Paulo-BrazilMaria Auxiliadora Figueredo Vertamatti 06 December 2017 (has links)
Introdução: O Abuso Sexual em Crianças (ASC) é uma grave violação de direitos humanos. Pode causar sequelas psíquicas e somatizações, como dores de cabeça, dores abdominais, enurese, comportamentos sexualizados, masturbação em público, queda do rendimento escolar, que podem aparecer ainda durante a infância e adolescência. Outros quadros podem manifestar-se apenas na idade adulta, mais comumente disfunções sexuais, ansiedade, depressão, disfunções gastrointestinais, dor pélvica crônica, e até indução ao uso de substâncias psicoativas e tendências suicidas. A literatura indica, no entanto, que a idade precoce de início dos abusos, sua longa duração e a concomitância de contato físico íntimo, como penetração, pode acarretar sequelas psicológicas ainda mais severas. Até recentemente, a literatura sobre violência contra a criança consistiu, desproporcionalmente, em adultos relembrando fatos passados. Uma vez que as diretrizes para o tratamento de sobreviventes na infância são difíceis de extrapolar a partir de estudos de adultos, a pesquisa focada em crianças parece ser de grande relevância. Ela tem importante papel na avaliação de como as crianças processam o trauma, e de como o trauma se expressa em vários estágios de desenvolvimento. Este estudo se propõe a conhecer as crianças que sofreram abuso sexual no momento em que tiveram seu primeiro contato com o serviço de saúde de referência, e analisar a correlação entre as características da violência e a duração e a gravidade dos contatos físicos relatados e/ou constatados. Método: Foi conduzido um estudo transversal das crianças até dez anos de idade, que entre os anos de 2004 e 2013 foram atendidas pelo Programa de Atenção a Violência e Abuso Sexual, programa especializado em violência sexual na região metropolitana de São Paulo, Brasil. A duração e a gravidade dos abusos tiveram testada a sua associação com as variáveis ligadas à violência através do teste de quiquadrado, seguido pelo modelo de regressão de Poisson com variância robusta para o cálculo de Razão de Prevalência (RP). Resultados: Crianças cujos pais genéticos tiveram oito ou mais anos de educação formal experimentaram maior duração (RP mãe:4,55/pai:6,67) e gravidade (RP mãe:1,65) da violência. A maioria das crianças vivia com parentes ou amigos como cortesia (45 por cento ), o que em geral resultou em atraso na denúncia das agressões (RP: 1,64). O ASC foi menos frequente entre as crianças do sexo masculino (28 por cento ), mas estes foram expostos a abusos mais prolongados (RP: 1,28) e fisicamente agressivos (RP: 4,55). As denúncias foram mais precoces quando realizadas pelos serviços de saúde (RP: 0,63) e os abusos foram menos severos quando denunciados pela escola (RP: 0,22) ou pelos serviços de saúde (RP: 0,27). Discussão e conclusões: As crianças do sexo masculino sofreram abusos mais graves e prolongados. A associação entre abuso sexual de meninos e homossexualidade não apenas implica em vergonha e estigma social, mas também em motivo para o número reduzido de denúncias e a pouca informação disponível. Crianças cujos pais biológicos possuíam maior nível de escolaridade sofreram abusos mais prolongados e mais severos. Lembrando que pais biológicos são abusadores frequentes, suas habilidades intelectuais podem facilitar as barganhas psicológicas com as vítimas. A maioria das crianças vivia em casas de parentes como cortesia, e estiveram sujeitas à demora na denúncia de seus casos. Crianças são mais vulneráveis nestas condições por terem, muitas vezes, que tolerar abusos em troca da moradia. Os fatores que determinaram maior duração e gravidade dos abusos sexuais parecem estar relacionados, portanto, à melhor administração do segredo pelos envolvidos. As denúncias foram mais precoces quando realizadas pelos serviços de saúde e os abusos foram menos severos quando denunciados pela escola ou pelos serviços de saúde / Introduction: Child Sexual Abuse (CSA) is a serious violation of human rights. It can cause psychological sequelae and somatizations, such as headaches, abdominal pains, enuresis, sexualized behaviors, public masturbation, poor school performance, which may appear even during childhood and adolescence. Other conditions may manifest only in adulthood, most commonly sexual dysfunctions, anxiety, depression, gastrointestinal dysfunctions, chronic pelvic pain, and even use of psychoactive substances and suicidal tendencies. The literature indicates, however, that the early age of onset of abuse, its long duration and the concomitance of intimate physical contact, such as penetration, can lead to even more severe psychological sequels. Until recently, the literature on violence against children consisted, disproportionately, on adults recalling past events. Since guidelines for the treatment of childhood survivors are difficult to extrapolate from adult studies, research focused on children seems to be very relevant. It plays an important role in assessing how children process trauma, and how trauma manifests at various stages of development. This study aims to understand the children who suffered sexual abuse when they first arrive to the health facilitie, and to analyze the association between the characteristics of the violence and the length and severity of the physical contacts reported and/or verified. Method: It was conducted a cross-sectional study of children up to ten years of age, who between 2004 and 2013 were referred to a specialty program on childhood sexual abuse in São Paulo, Brazil. Length and severity of the abuse were tested for its association with variables related to the abuse using a Chi-square test, followed by the Poisson regression model with robust variance for prevalence ratio (PR). Results: Children whose biological parents had eight or more years of formal education experienced longer (PR mother: 4.55 / father: 6.67) and more aggressive abuse (mother PR: 1.65). Most children lived with relatives or friends as a courtesy (45 per cent ), which in general resulted in a delay in reporting the aggression (PR: 1.64). CSA was less frequent among males (28 per cent ), but they were more likely to be abused longer (PR: 1.28) and physically more aggressive (PR: 4.55). Reporting to the authorities were earlier when performed by the health services (PR: 0.63) and abuses were less severe when reported by the school (PR: 0.22) or health services (PR: 0.27). Discussion and conclusions: Males have suffered more severe and prolonged abuse. The association between sexual abuse of boys and homosexuality not only implies shame and social stigma, but also a reason for the small number of police reports and the few information available. Children whose biological parents had higher levels of schooling suffered longer and more aggressive abuses. Recalling that biological fathers are frequent perpetrators, their intellectual abilities can facilitate psychological bargains with the victims. Children living in relatives\' homes as a courtesy were subject to longer sexual abuse. They are more vulnerable under these conditions because they often have to tolerate abuses in return for housing. Factors that determined the longer duration and severity of sexual abuse seem to be related, therefore, to the better secret management by those involved. Health agencies reported cases most quickly and cases reported by school and health agencies were less severe
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Estudo sobre o efeito mediador de sintomas de ansiedade e depressão quanto à gravidade do comportamento sexual compulsivo e hipersexual nos homens que referiram história de abuso sexual na infância/adolescência / Study on the mediating effect of anxiety and depression and the severity of sexual compulsivity and hypersexuality in men who reported a history of sexual abuse in childhood/adolescenceReis, Sirlene Caramello dos 15 August 2018 (has links)
INTRODUÇÃO: O abuso sexual infantil pode influenciar na vulnerabilidade para os transtornos mentais na vida adulta, incluindo alterações do humor e exacerbação do comportamento sexual. Nos últimos anos têm surgido evidências de conexões entre os estados negativos do humor e a compulsividade sexual. Porém, faltava investigar se os estados de ansiedade e depressão poderiam ser mediadores da gravidade da compulsão sexual, em homens que referiram abuso sexual na infância/adolescência (ASI/ASA). OBJETIVOS: Investigar a prevalência de ASI/ASA em homens com comportamento sexual compulsivo (CSC); a associação entre o ASI/ASA e depressão/ansiedade; e o efeito mediador da ansiedade e depressão em relação a gravidade dos sintomas de compulsividade sexual e hipersexualidade daqueles que referiram ASI/ASA. MÉTODO: Estudo observacional, transversal e analítico, realizado com 222 homens que buscaram tratamento para o CSC no Ambulatório de Impulso Sexual Excessivo e de Prevenção aos Desfechos Negativos Associados ao Comportamento Sexual do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, de outubro de 2010 a dezembro de 2017. Os participantes, com idades acima de 18 anos, preencheram o critério para apetite sexual excessivo (CID-10: F52.7) e dependência de sexo, e não preencherem diagnóstico para transtorno de preferência (CID-10 F65), identidade sexual (CID-10 F64), esquizofrenia (CID-10 F20), quadros psicóticos devido a lesão ou doença física (CID-10 F0.6). Eles participaram de entrevistas diagnóstica e investigativa dos aspectos sociodemográficos e preencheram os instrumentos: \"Escala de Compulsividade Sexual\", \"Inventário de Triagem do Transtorno Hipersexual\", \"Inventário de Ansiedade de Beck\", \"Inventário de Depressão de Beck\", \"Questionário Sobre Traumas na Infância\", \"Instrumento para Caracterização de Experiências Sexuais Vivenciadas na Infância e Adolescência\". Foram considerados como tendo ASI/ASA aqueles que atingiram o ponto de corte (= 6) para abuso sexual no Questionário Sobre Traumas na Infância. Foi utilizada a análise estatística de mediação. RESULTADOS: A prevalência de ASI/ASA foi de 57% (n = 127), sendo que os participantes que referiram ASI/ASA apresentaram menor número médio de anos de educação (p = 0,008) e menor mediana de renda familiar mensal (p = 0,009), comparados aos que não referiram. Os participantes que referiram ASI/ASA apresentaram maior gravidade de compulsividade sexual (p = 0,004), hipersexualidade (p = 0,007), depressão (p = 0,005) e ansiedade (p = 0,004), comparados com os que não referiram. Os sintomas de ansiedade e depressão confirmaram todos os pressupostos como fatores mediadores para a variável dependente hipersexualidade e os sintomas de ansiedade para a variável dependente compulsividade sexual. Em relação as características do ASI/ASA, a maioria foi abusada por múltiplos abusadores, que geralmente eram pessoas conhecidas de seu convívio social e familiar. CONCLUSÕES: O estudo confirmou a alta prevalência de ASI/ASA em homens com CSC, os quais demonstraram maior gravidade dos sintomas depressivos, ansiosos, compulsivos sexuais e hipersexuais, comparados aos que não referiram ASI/ASA. Os sintomas de ansiedade e depressão apresentaram efeito mediador para a maior gravidade da hipersexualidade, bem como os sintomas de ansiedade apresentaram efeito mediador para a maior gravidade da compulsividade sexual nos que referiram ASI/ASA / INTRODUCTION: Childhood sexual abuse may influence the vulnerability to mental disorders in adult life, including mood alterations, and exacerbation of sexual behavior. In recent years has emerged evidence of connections between negative mood states and sexual compulsivity. But still lacking to investigate whether anxiety and depression could mediate the severity of sexual compulsion, in men who have suffered child/adolescence sexual abuse (CSA/ASA). OBJECTIVE: We investigate the prevalence of CSA/ASA in men with compulsive sexual behavior (CSB); the association between CSA/ASA and depression/anxiety; the mediating effect of anxiety and depression with respect to the severity of symptoms of sexual compulsivity and hypersexuality of those who reported CSA/ASA. METHOD: Observational, cross-sectional and analytical study conducted with 222 men who sought treatment for CSB, in the Ambulatório de Impulso Sexual Excessivo e de Prevenção aos Desfechos Negativos Associados ao Comportamento Sexual do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, from October 2010 to December 2017. Participants with ages over 18 years, who met criteria for excessive sexual drive (ICD-10: F52.7) and sex addiction, and did not meet diagnostic criteria for preference (ICD-10 F65), sexual identity disorder (CID-10 F64), schizophrenia (ICD-10 F20), psychotic disorders due to injury or physical disease (ICD-10 F0.6) were included. They underwent to diagnostic and sociodemographic investigative interviews and fulfilled: \"Sexual Compulsivity Scale\"; \"Hypersexual Disorder Screening Inventory\"; \"Beck Anxiety Inventory\"; \"Beck Depression Inventory\"; \"Childhood Trauma Questionnaire\"; \"Instrument for Characterization of Experiences Experienced in Childhood and Adolescence\". Those who reached the cutoff point (= 6) of the Childhood Trauma Questionnaire were considered as having CSA/ASA. The statistical analysis of mediation was used. RESULTS: The prevalence of CSA/ASA was 57% (n = 127), and the group of participants who reported CSA/ASA had a lower average number of years of education (p = 0.008), and lower Median of monthly family income (p = 0.009), compared to the group that did not report. Participants who reported CSA / ASA presented greater severity of sexual compulsivity (p = 0.004), hypersexuality (p = 0.007), depression (p = 0.005) and anxiety (p = 0.004), compared with those who did not. The symptoms of anxiety and depression confirmed all the assumptions as mediating factors for the dependent variable hypersexuality, and the symptoms of anxiety for the dependent variable sexual compulsivity. Regarding CSA/ASA characteristics, the majority were abused by multiple abusers, who were generally known people from their social and family life. CONCLUSIONS: The study confirmed the high prevalence of CSA/ASA in men with CSB, which showed a greater severity of depressive, anxious, sexually compulsive, hypersexual symptoms, compared to those who did not reported CSA/ASA. Symptoms of anxiety and depression showed mediating effect for the severity of the hypersexuality, as well as the symptoms of anxiety showed mediating effect for the severity of sexual compulsivity of those who reported CSA/ASA
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Estudo sobre o efeito mediador de sintomas de ansiedade e depressão quanto à gravidade do comportamento sexual compulsivo e hipersexual nos homens que referiram história de abuso sexual na infância/adolescência / Study on the mediating effect of anxiety and depression and the severity of sexual compulsivity and hypersexuality in men who reported a history of sexual abuse in childhood/adolescenceSirlene Caramello dos Reis 15 August 2018 (has links)
INTRODUÇÃO: O abuso sexual infantil pode influenciar na vulnerabilidade para os transtornos mentais na vida adulta, incluindo alterações do humor e exacerbação do comportamento sexual. Nos últimos anos têm surgido evidências de conexões entre os estados negativos do humor e a compulsividade sexual. Porém, faltava investigar se os estados de ansiedade e depressão poderiam ser mediadores da gravidade da compulsão sexual, em homens que referiram abuso sexual na infância/adolescência (ASI/ASA). OBJETIVOS: Investigar a prevalência de ASI/ASA em homens com comportamento sexual compulsivo (CSC); a associação entre o ASI/ASA e depressão/ansiedade; e o efeito mediador da ansiedade e depressão em relação a gravidade dos sintomas de compulsividade sexual e hipersexualidade daqueles que referiram ASI/ASA. MÉTODO: Estudo observacional, transversal e analítico, realizado com 222 homens que buscaram tratamento para o CSC no Ambulatório de Impulso Sexual Excessivo e de Prevenção aos Desfechos Negativos Associados ao Comportamento Sexual do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, de outubro de 2010 a dezembro de 2017. Os participantes, com idades acima de 18 anos, preencheram o critério para apetite sexual excessivo (CID-10: F52.7) e dependência de sexo, e não preencherem diagnóstico para transtorno de preferência (CID-10 F65), identidade sexual (CID-10 F64), esquizofrenia (CID-10 F20), quadros psicóticos devido a lesão ou doença física (CID-10 F0.6). Eles participaram de entrevistas diagnóstica e investigativa dos aspectos sociodemográficos e preencheram os instrumentos: \"Escala de Compulsividade Sexual\", \"Inventário de Triagem do Transtorno Hipersexual\", \"Inventário de Ansiedade de Beck\", \"Inventário de Depressão de Beck\", \"Questionário Sobre Traumas na Infância\", \"Instrumento para Caracterização de Experiências Sexuais Vivenciadas na Infância e Adolescência\". Foram considerados como tendo ASI/ASA aqueles que atingiram o ponto de corte (= 6) para abuso sexual no Questionário Sobre Traumas na Infância. Foi utilizada a análise estatística de mediação. RESULTADOS: A prevalência de ASI/ASA foi de 57% (n = 127), sendo que os participantes que referiram ASI/ASA apresentaram menor número médio de anos de educação (p = 0,008) e menor mediana de renda familiar mensal (p = 0,009), comparados aos que não referiram. Os participantes que referiram ASI/ASA apresentaram maior gravidade de compulsividade sexual (p = 0,004), hipersexualidade (p = 0,007), depressão (p = 0,005) e ansiedade (p = 0,004), comparados com os que não referiram. Os sintomas de ansiedade e depressão confirmaram todos os pressupostos como fatores mediadores para a variável dependente hipersexualidade e os sintomas de ansiedade para a variável dependente compulsividade sexual. Em relação as características do ASI/ASA, a maioria foi abusada por múltiplos abusadores, que geralmente eram pessoas conhecidas de seu convívio social e familiar. CONCLUSÕES: O estudo confirmou a alta prevalência de ASI/ASA em homens com CSC, os quais demonstraram maior gravidade dos sintomas depressivos, ansiosos, compulsivos sexuais e hipersexuais, comparados aos que não referiram ASI/ASA. Os sintomas de ansiedade e depressão apresentaram efeito mediador para a maior gravidade da hipersexualidade, bem como os sintomas de ansiedade apresentaram efeito mediador para a maior gravidade da compulsividade sexual nos que referiram ASI/ASA / INTRODUCTION: Childhood sexual abuse may influence the vulnerability to mental disorders in adult life, including mood alterations, and exacerbation of sexual behavior. In recent years has emerged evidence of connections between negative mood states and sexual compulsivity. But still lacking to investigate whether anxiety and depression could mediate the severity of sexual compulsion, in men who have suffered child/adolescence sexual abuse (CSA/ASA). OBJECTIVE: We investigate the prevalence of CSA/ASA in men with compulsive sexual behavior (CSB); the association between CSA/ASA and depression/anxiety; the mediating effect of anxiety and depression with respect to the severity of symptoms of sexual compulsivity and hypersexuality of those who reported CSA/ASA. METHOD: Observational, cross-sectional and analytical study conducted with 222 men who sought treatment for CSB, in the Ambulatório de Impulso Sexual Excessivo e de Prevenção aos Desfechos Negativos Associados ao Comportamento Sexual do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, from October 2010 to December 2017. Participants with ages over 18 years, who met criteria for excessive sexual drive (ICD-10: F52.7) and sex addiction, and did not meet diagnostic criteria for preference (ICD-10 F65), sexual identity disorder (CID-10 F64), schizophrenia (ICD-10 F20), psychotic disorders due to injury or physical disease (ICD-10 F0.6) were included. They underwent to diagnostic and sociodemographic investigative interviews and fulfilled: \"Sexual Compulsivity Scale\"; \"Hypersexual Disorder Screening Inventory\"; \"Beck Anxiety Inventory\"; \"Beck Depression Inventory\"; \"Childhood Trauma Questionnaire\"; \"Instrument for Characterization of Experiences Experienced in Childhood and Adolescence\". Those who reached the cutoff point (= 6) of the Childhood Trauma Questionnaire were considered as having CSA/ASA. The statistical analysis of mediation was used. RESULTS: The prevalence of CSA/ASA was 57% (n = 127), and the group of participants who reported CSA/ASA had a lower average number of years of education (p = 0.008), and lower Median of monthly family income (p = 0.009), compared to the group that did not report. Participants who reported CSA / ASA presented greater severity of sexual compulsivity (p = 0.004), hypersexuality (p = 0.007), depression (p = 0.005) and anxiety (p = 0.004), compared with those who did not. The symptoms of anxiety and depression confirmed all the assumptions as mediating factors for the dependent variable hypersexuality, and the symptoms of anxiety for the dependent variable sexual compulsivity. Regarding CSA/ASA characteristics, the majority were abused by multiple abusers, who were generally known people from their social and family life. CONCLUSIONS: The study confirmed the high prevalence of CSA/ASA in men with CSB, which showed a greater severity of depressive, anxious, sexually compulsive, hypersexual symptoms, compared to those who did not reported CSA/ASA. Symptoms of anxiety and depression showed mediating effect for the severity of the hypersexuality, as well as the symptoms of anxiety showed mediating effect for the severity of sexual compulsivity of those who reported CSA/ASA
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