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"O privilégio de reinventar a poesia" : vanguarda pop e reestruturação do tempo histórico na arte em New York nas décadas de 1960 e 1970

Araujo, Marina Corrêa da Silva de January 2015 (has links)
O presente trabalho tem o objetivo de analisar uma cena de poesia experimental desenvolvida em Nova York, na parte sul de Manhattan, especificamente o East Village, entre meados dos anos 1960 e meados dos anos 1970. Neste contexto, surgiram algumas comunidades poéticas que se caracterizavam por experimentalismos linguísticos, valorização da vida cotidiana na lírica poética, projetos de leitura e performance poética e formalismo linguístico, que visava alcançar uma nova vanguarda literária. Esta análise divide-se em três momentos, que procuram abarcar este fenômeno histórico: em primeiro lugar, trato dos primeiros movimentos desta cena de poesia, conhecido como New York School of Poets, que se organizou, ainda no final dos anos 1950, em torno dos poetas John Ashberry, Frank O´Hara, Kenneth Koch e James Schuyler, que organizaram a primeira revista independente e mimeografada, chamada Locus Solus, entre 1961 e 1962. Esta geração de poetas, seguindo o estilo francês do início do século, aproximava-se esteticamente da escola de pintores em voga da época, que no caso nova-iorquino, era o expressionismo abstrato. O segundo momento trata de meados dos anos 1960 até o final desta década, quando a comunidade de poetas localizados à margem do mainstream das publicações estabelecidas, multiplicou-se no East Village. Esta geração, leitora ávida dos poetas da New York School, auto-intitulou-se Second Generation New York School of Poets. Liderados pela poeta Anne Waldman e contando com a participação de poetas consagrados como Tom Clark (editor da revista Paris Review), formalistas, como Clark Coolidge e experimentais como Vito Acconci e Bernadette Mayer, esta geração teve um impacto definidor no que seria considerado como a poesia eminentemente nova-iorquina dos anos 1960. Embora tivessem relação com poetas beats que viviam ou frequentavam Nova York neste período, como Allen Ginsberg e William Burroughs, a segunda geração de poetas nova-iorquinos não compartilhava dos pressupostos estéticos e políticos dos beats. Não se alinhava aos valores hippies, não era adepta ao uso de drogas alucinógenas, e não acreditava em uma espécie de transcendência que pudesse modificar a realidade capitalista, massificada e envolta na guerra fria deste período. A poesia da escola de Nova York era urbana, cotidiana, desencantada em relação ao futuro e ácida e cínica com qualquer tipo de utopias ou novas formas de consciência. O artista plástico Andy Warhol estava no ápice do desenvolvimento da pop art neste momento em Nova York, criticando veladamente a sociedade de consumo e tensionando ao máximo a capacidade de entretenimento que o cinema, as celebridades, o rock and roll etc poderiam proporcionar. A Factory, seu mitológico estúdio, era repleto de superstars que beiravam o puro sarcasmo: travestis, junkies, modelos decadentes, poetas famintos etc. Nesse contexto de virada dos anos 1960 e 1970, surge em Nova York uma nova personagem, um quase herói dandy no sentido de Baudelaire de Benjamin. São jovens poetas que, confrontados com o estabelecimento da poesia em Nova York, veem a oportunidade (e obrigação) de fazer uma nova poesia, como quer a tradição modernista e vanguardista. A segunda geração dos poetas nova-iorquinos é fechada, por laços comunitários e de amizade, reunida em torno do St. Mark’s Church Poetry Project, onde poucos e selecionados poetas são escolhidos para as disputadas readings. Para publicar nas revistas, é necessário o mesmo estatuto simbólico. Há uma geração mais nova que, a partir do ano de 1968, não necessariamente acha que a posição mais vanguardista é publicar na revista Angel Hair, de Waldman, The World, do St. Mark Church Project, ou na 0-9, de Bernadette Mayer. Para eles, a vanguarda mais radical a ser feita na produção da poesia, política e esteticamente, é mesclar lírica poética com performance pop. Essa, portanto, é a terceira parte do meu estudo. Elegi quatro poetas que se dedicaram a produzir poesia que tivesse traços e genética pop. Ou que a própria performance pop fosse uma manifestação poética. E entendo aqui performance pop como um show de rock and roll, uma dança sado masoquista em um happening de Andy Warhol, o modo de vestir-se, o uso de drogas (e a escolha de drogas – no caso de Nova York, heroína e cocaína ao invés de alucinógenos) etc. Os poetas escolhidos neste trabalhos são, portanto: Richard Hell, nascido Richard Meyers, poeta e criador de revistas e livros de poesia antes de tornar-se músico de bandas de rock and roll e idealizador do estilo punk no início dos anos 1970; Patti Smith, poeta e performer nos 1970 e música e criadora de uma das primeiras bandas de punk rock nos anos 1970; Gerard Malanga, poeta ligado à segunda geração de poetas nova-iorquinos desde os anos 1960, assistente de Andy Warhol em seus filmes experimentais, “superstar dançarino” em seus hapennings e talentoso fotógrafo de estrelas de rock and roll; e Jim Carroll, poeta também ligado às publicações de Anne Walman nos anos 1960 e assistente de Andy Warhol nos mais diversos projetos e autor de dois diários aclamados sobre a vida junkie em Nova York nos anos 1960 e 1970. Trato aqui destes poetas a partir dos termos vanguarda pop e presentismo para analisar suas escolhas artísticas a partir da ótica da inovação vanguardista surgida a partir da mudança de uma concepção de tempo histórico. Estes poetas queriam colocar-se no limiar da revolução das artes, e para isso utilizaram-se da cultura pop, massificada. Para eles, essa era a nova e mais legítima vanguarda. Isso explica-se por um sentimento presentista, ou seja, uma sensação de que passado e futuro foram incorporados no presente: o passado não ensina nada, não serve de exemplo; no máximo, de ornamento. O futuro é apocalíptico. A única forma de representar esta sensação é com o imediatismo da performance. / This thesis analyses a specifically experimental poetry scene in East Village, Southern Manhattan, between the 1960´s and 70´s. In this context, some poetic communities were born, characterized by linguistic experimentalisms, the value of the daily life in the poetic lyric, reading projects and poetic performance and linguistic formalism, which aimed to reach a new literary vanguard. This analysis is divided in three moments, aiming to embrace that historical phenomenon: initially, the first movements in this poetry scene, known as New York School of Poets, organized in the end of the 1950´s, surrounded poets John Ashberry, Frank O’Hara, Kenneth Koch and James Schuyler, who organized the first independent and mimeographed magazine, called Locus Solus, between 1961 and 1962. This generation of poets, following the French style from the beginning of the century, was esthetically close to the famous painters from that time, which in the New Yorker case, was the abstract expressionism. The second moment discusses the mid 1960´s until the end of the decade, when the outsider community of poets boomed in the East Village. This generation, voracious readers of the poets from the New York School, was self-entitled Second Generation New York School of Poets. Lead by the poet Anne Waldman and with the participation of famous poets like Tom Clark (editor of the Paris Review magazine), formalists like Clark Coolidge and experimental ones like Vito Acconci and Bernadette Mayer, this generation had a serious impact in which would be considered the prominently New York poetry from the 1960´s. Although they had had some connections to the beat poets who lived in New York at that time, like Allen Ginsberg and William Burroughs, the second generation of New Yorker poets didn´t share the esthetically and political assumptions of the beats. They didn´t have the hippie values, they weren´t into hallucinogens type of drugs and didn´t believe in a kind of transcendence that could change the capitalist, massive and smashing cold war reality from that period. The poetry from the New York School was urban, ordinary, disenchanted in relation to the future, acid and cynical with any type of utopias or new forms of conscience. The artist Andy Warhol was in the apex of the pop art development in that moment in New York, criticizing surreptitiously the consumer society and exploring entertainment potential of movies, celebrities and rock and roll to a greater degree. The Factory, his mythological studio, was full of superstars who were on the brink of pure sarcasm: travesties, junkies, decadent models, hungry poets etc. In the turn of the 1960´s to the 70´s, a new character arises in New York, almost a dandy hero in the sense of Baudelaire or Walter Benjamin. They were very young poets who, when confronted with the establishment of the poetry in New York, saw the opportunity (and obligation) to make new poetry, according to the needs of the modernist tradition. The second generation of New Yorkers poets was closed in a community of friendship ties, united around St. Mark´s Church Poetry Project, where few and selected poets were chosen for the disputed readings. To publish in the magazines, it was necessary the same symbolic status. There was a younger generation that, from 1968 on, didn´t think the most avant garde position was to publish in Waldman´s Angel Hair, St. Mark Church Project´s The World, or in Bernadette Mayer´s 0-9 Magazines. For them, the most extreme vanguard to be seen in the poetry production, not only politically as esthetically, was mixing poetic lyric with pop performance. So, this is the third part of my study. I chose four poets who dedicated themselves to make poetry that had pop traces and genetics. Better yet, the pop performance on its own was a poetic manifestation. And pop performance, in that context, would be a rock concert, a Sadomasochist dance or an Andy Warhol´s happening, the way of dressing, the drug use ( and the drugs of choice, in the case of New York, was heroin and cocaine instead of hallucinogens) etc. The chosen poets for this paper are: Richard Hell, born Richard Meyers, poet and creator of poetry magazine and books before becoming a rock and roll musician and mastermind of the punk style in the beginning of the 1970´s; Patti Smith, poet and performer in the 1970´s, musician and creator of one of the first punk rock bands in the 70´s; Gerald Malanga, poet connected to the second generation of New Yorker poets since 1960´s, Andy Warhol´s assistant in his experimental movies, “superstar dancer” in his happenings and talented photographer of rock stars; and Jim Carroll, poet also connected to Anne Waldman´s publications in the 1960´s and 70´s, Warhol´s assistant in several projects and author of two acclaimed diaries about the junkie life in New York during that time. When talking about these poets, I use terms as pop avant garde and presentism to analyze their artistic choices from the eyes of the vanguard innovation born from a conception of historical time. These poets would like to be on the arts revolution threshold, and to that end, used pop massive culture. To them, this was the new and realest vanguard. This is explained in the context of a very peculiar presentism feeling, a sensation that the past and future were incorporated in the present; the past teaches nothing, it is not an example, maybe only an ornament. The future is apocalyptical. The only way to represent this feeling is with the performance immediacy.
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"O privilégio de reinventar a poesia" : vanguarda pop e reestruturação do tempo histórico na arte em New York nas décadas de 1960 e 1970

Araujo, Marina Corrêa da Silva de January 2015 (has links)
O presente trabalho tem o objetivo de analisar uma cena de poesia experimental desenvolvida em Nova York, na parte sul de Manhattan, especificamente o East Village, entre meados dos anos 1960 e meados dos anos 1970. Neste contexto, surgiram algumas comunidades poéticas que se caracterizavam por experimentalismos linguísticos, valorização da vida cotidiana na lírica poética, projetos de leitura e performance poética e formalismo linguístico, que visava alcançar uma nova vanguarda literária. Esta análise divide-se em três momentos, que procuram abarcar este fenômeno histórico: em primeiro lugar, trato dos primeiros movimentos desta cena de poesia, conhecido como New York School of Poets, que se organizou, ainda no final dos anos 1950, em torno dos poetas John Ashberry, Frank O´Hara, Kenneth Koch e James Schuyler, que organizaram a primeira revista independente e mimeografada, chamada Locus Solus, entre 1961 e 1962. Esta geração de poetas, seguindo o estilo francês do início do século, aproximava-se esteticamente da escola de pintores em voga da época, que no caso nova-iorquino, era o expressionismo abstrato. O segundo momento trata de meados dos anos 1960 até o final desta década, quando a comunidade de poetas localizados à margem do mainstream das publicações estabelecidas, multiplicou-se no East Village. Esta geração, leitora ávida dos poetas da New York School, auto-intitulou-se Second Generation New York School of Poets. Liderados pela poeta Anne Waldman e contando com a participação de poetas consagrados como Tom Clark (editor da revista Paris Review), formalistas, como Clark Coolidge e experimentais como Vito Acconci e Bernadette Mayer, esta geração teve um impacto definidor no que seria considerado como a poesia eminentemente nova-iorquina dos anos 1960. Embora tivessem relação com poetas beats que viviam ou frequentavam Nova York neste período, como Allen Ginsberg e William Burroughs, a segunda geração de poetas nova-iorquinos não compartilhava dos pressupostos estéticos e políticos dos beats. Não se alinhava aos valores hippies, não era adepta ao uso de drogas alucinógenas, e não acreditava em uma espécie de transcendência que pudesse modificar a realidade capitalista, massificada e envolta na guerra fria deste período. A poesia da escola de Nova York era urbana, cotidiana, desencantada em relação ao futuro e ácida e cínica com qualquer tipo de utopias ou novas formas de consciência. O artista plástico Andy Warhol estava no ápice do desenvolvimento da pop art neste momento em Nova York, criticando veladamente a sociedade de consumo e tensionando ao máximo a capacidade de entretenimento que o cinema, as celebridades, o rock and roll etc poderiam proporcionar. A Factory, seu mitológico estúdio, era repleto de superstars que beiravam o puro sarcasmo: travestis, junkies, modelos decadentes, poetas famintos etc. Nesse contexto de virada dos anos 1960 e 1970, surge em Nova York uma nova personagem, um quase herói dandy no sentido de Baudelaire de Benjamin. São jovens poetas que, confrontados com o estabelecimento da poesia em Nova York, veem a oportunidade (e obrigação) de fazer uma nova poesia, como quer a tradição modernista e vanguardista. A segunda geração dos poetas nova-iorquinos é fechada, por laços comunitários e de amizade, reunida em torno do St. Mark’s Church Poetry Project, onde poucos e selecionados poetas são escolhidos para as disputadas readings. Para publicar nas revistas, é necessário o mesmo estatuto simbólico. Há uma geração mais nova que, a partir do ano de 1968, não necessariamente acha que a posição mais vanguardista é publicar na revista Angel Hair, de Waldman, The World, do St. Mark Church Project, ou na 0-9, de Bernadette Mayer. Para eles, a vanguarda mais radical a ser feita na produção da poesia, política e esteticamente, é mesclar lírica poética com performance pop. Essa, portanto, é a terceira parte do meu estudo. Elegi quatro poetas que se dedicaram a produzir poesia que tivesse traços e genética pop. Ou que a própria performance pop fosse uma manifestação poética. E entendo aqui performance pop como um show de rock and roll, uma dança sado masoquista em um happening de Andy Warhol, o modo de vestir-se, o uso de drogas (e a escolha de drogas – no caso de Nova York, heroína e cocaína ao invés de alucinógenos) etc. Os poetas escolhidos neste trabalhos são, portanto: Richard Hell, nascido Richard Meyers, poeta e criador de revistas e livros de poesia antes de tornar-se músico de bandas de rock and roll e idealizador do estilo punk no início dos anos 1970; Patti Smith, poeta e performer nos 1970 e música e criadora de uma das primeiras bandas de punk rock nos anos 1970; Gerard Malanga, poeta ligado à segunda geração de poetas nova-iorquinos desde os anos 1960, assistente de Andy Warhol em seus filmes experimentais, “superstar dançarino” em seus hapennings e talentoso fotógrafo de estrelas de rock and roll; e Jim Carroll, poeta também ligado às publicações de Anne Walman nos anos 1960 e assistente de Andy Warhol nos mais diversos projetos e autor de dois diários aclamados sobre a vida junkie em Nova York nos anos 1960 e 1970. Trato aqui destes poetas a partir dos termos vanguarda pop e presentismo para analisar suas escolhas artísticas a partir da ótica da inovação vanguardista surgida a partir da mudança de uma concepção de tempo histórico. Estes poetas queriam colocar-se no limiar da revolução das artes, e para isso utilizaram-se da cultura pop, massificada. Para eles, essa era a nova e mais legítima vanguarda. Isso explica-se por um sentimento presentista, ou seja, uma sensação de que passado e futuro foram incorporados no presente: o passado não ensina nada, não serve de exemplo; no máximo, de ornamento. O futuro é apocalíptico. A única forma de representar esta sensação é com o imediatismo da performance. / This thesis analyses a specifically experimental poetry scene in East Village, Southern Manhattan, between the 1960´s and 70´s. In this context, some poetic communities were born, characterized by linguistic experimentalisms, the value of the daily life in the poetic lyric, reading projects and poetic performance and linguistic formalism, which aimed to reach a new literary vanguard. This analysis is divided in three moments, aiming to embrace that historical phenomenon: initially, the first movements in this poetry scene, known as New York School of Poets, organized in the end of the 1950´s, surrounded poets John Ashberry, Frank O’Hara, Kenneth Koch and James Schuyler, who organized the first independent and mimeographed magazine, called Locus Solus, between 1961 and 1962. This generation of poets, following the French style from the beginning of the century, was esthetically close to the famous painters from that time, which in the New Yorker case, was the abstract expressionism. The second moment discusses the mid 1960´s until the end of the decade, when the outsider community of poets boomed in the East Village. This generation, voracious readers of the poets from the New York School, was self-entitled Second Generation New York School of Poets. Lead by the poet Anne Waldman and with the participation of famous poets like Tom Clark (editor of the Paris Review magazine), formalists like Clark Coolidge and experimental ones like Vito Acconci and Bernadette Mayer, this generation had a serious impact in which would be considered the prominently New York poetry from the 1960´s. Although they had had some connections to the beat poets who lived in New York at that time, like Allen Ginsberg and William Burroughs, the second generation of New Yorker poets didn´t share the esthetically and political assumptions of the beats. They didn´t have the hippie values, they weren´t into hallucinogens type of drugs and didn´t believe in a kind of transcendence that could change the capitalist, massive and smashing cold war reality from that period. The poetry from the New York School was urban, ordinary, disenchanted in relation to the future, acid and cynical with any type of utopias or new forms of conscience. The artist Andy Warhol was in the apex of the pop art development in that moment in New York, criticizing surreptitiously the consumer society and exploring entertainment potential of movies, celebrities and rock and roll to a greater degree. The Factory, his mythological studio, was full of superstars who were on the brink of pure sarcasm: travesties, junkies, decadent models, hungry poets etc. In the turn of the 1960´s to the 70´s, a new character arises in New York, almost a dandy hero in the sense of Baudelaire or Walter Benjamin. They were very young poets who, when confronted with the establishment of the poetry in New York, saw the opportunity (and obligation) to make new poetry, according to the needs of the modernist tradition. The second generation of New Yorkers poets was closed in a community of friendship ties, united around St. Mark´s Church Poetry Project, where few and selected poets were chosen for the disputed readings. To publish in the magazines, it was necessary the same symbolic status. There was a younger generation that, from 1968 on, didn´t think the most avant garde position was to publish in Waldman´s Angel Hair, St. Mark Church Project´s The World, or in Bernadette Mayer´s 0-9 Magazines. For them, the most extreme vanguard to be seen in the poetry production, not only politically as esthetically, was mixing poetic lyric with pop performance. So, this is the third part of my study. I chose four poets who dedicated themselves to make poetry that had pop traces and genetics. Better yet, the pop performance on its own was a poetic manifestation. And pop performance, in that context, would be a rock concert, a Sadomasochist dance or an Andy Warhol´s happening, the way of dressing, the drug use ( and the drugs of choice, in the case of New York, was heroin and cocaine instead of hallucinogens) etc. The chosen poets for this paper are: Richard Hell, born Richard Meyers, poet and creator of poetry magazine and books before becoming a rock and roll musician and mastermind of the punk style in the beginning of the 1970´s; Patti Smith, poet and performer in the 1970´s, musician and creator of one of the first punk rock bands in the 70´s; Gerald Malanga, poet connected to the second generation of New Yorker poets since 1960´s, Andy Warhol´s assistant in his experimental movies, “superstar dancer” in his happenings and talented photographer of rock stars; and Jim Carroll, poet also connected to Anne Waldman´s publications in the 1960´s and 70´s, Warhol´s assistant in several projects and author of two acclaimed diaries about the junkie life in New York during that time. When talking about these poets, I use terms as pop avant garde and presentism to analyze their artistic choices from the eyes of the vanguard innovation born from a conception of historical time. These poets would like to be on the arts revolution threshold, and to that end, used pop massive culture. To them, this was the new and realest vanguard. This is explained in the context of a very peculiar presentism feeling, a sensation that the past and future were incorporated in the present; the past teaches nothing, it is not an example, maybe only an ornament. The future is apocalyptical. The only way to represent this feeling is with the performance immediacy.
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"O privilégio de reinventar a poesia" : vanguarda pop e reestruturação do tempo histórico na arte em New York nas décadas de 1960 e 1970

Araujo, Marina Corrêa da Silva de January 2015 (has links)
O presente trabalho tem o objetivo de analisar uma cena de poesia experimental desenvolvida em Nova York, na parte sul de Manhattan, especificamente o East Village, entre meados dos anos 1960 e meados dos anos 1970. Neste contexto, surgiram algumas comunidades poéticas que se caracterizavam por experimentalismos linguísticos, valorização da vida cotidiana na lírica poética, projetos de leitura e performance poética e formalismo linguístico, que visava alcançar uma nova vanguarda literária. Esta análise divide-se em três momentos, que procuram abarcar este fenômeno histórico: em primeiro lugar, trato dos primeiros movimentos desta cena de poesia, conhecido como New York School of Poets, que se organizou, ainda no final dos anos 1950, em torno dos poetas John Ashberry, Frank O´Hara, Kenneth Koch e James Schuyler, que organizaram a primeira revista independente e mimeografada, chamada Locus Solus, entre 1961 e 1962. Esta geração de poetas, seguindo o estilo francês do início do século, aproximava-se esteticamente da escola de pintores em voga da época, que no caso nova-iorquino, era o expressionismo abstrato. O segundo momento trata de meados dos anos 1960 até o final desta década, quando a comunidade de poetas localizados à margem do mainstream das publicações estabelecidas, multiplicou-se no East Village. Esta geração, leitora ávida dos poetas da New York School, auto-intitulou-se Second Generation New York School of Poets. Liderados pela poeta Anne Waldman e contando com a participação de poetas consagrados como Tom Clark (editor da revista Paris Review), formalistas, como Clark Coolidge e experimentais como Vito Acconci e Bernadette Mayer, esta geração teve um impacto definidor no que seria considerado como a poesia eminentemente nova-iorquina dos anos 1960. Embora tivessem relação com poetas beats que viviam ou frequentavam Nova York neste período, como Allen Ginsberg e William Burroughs, a segunda geração de poetas nova-iorquinos não compartilhava dos pressupostos estéticos e políticos dos beats. Não se alinhava aos valores hippies, não era adepta ao uso de drogas alucinógenas, e não acreditava em uma espécie de transcendência que pudesse modificar a realidade capitalista, massificada e envolta na guerra fria deste período. A poesia da escola de Nova York era urbana, cotidiana, desencantada em relação ao futuro e ácida e cínica com qualquer tipo de utopias ou novas formas de consciência. O artista plástico Andy Warhol estava no ápice do desenvolvimento da pop art neste momento em Nova York, criticando veladamente a sociedade de consumo e tensionando ao máximo a capacidade de entretenimento que o cinema, as celebridades, o rock and roll etc poderiam proporcionar. A Factory, seu mitológico estúdio, era repleto de superstars que beiravam o puro sarcasmo: travestis, junkies, modelos decadentes, poetas famintos etc. Nesse contexto de virada dos anos 1960 e 1970, surge em Nova York uma nova personagem, um quase herói dandy no sentido de Baudelaire de Benjamin. São jovens poetas que, confrontados com o estabelecimento da poesia em Nova York, veem a oportunidade (e obrigação) de fazer uma nova poesia, como quer a tradição modernista e vanguardista. A segunda geração dos poetas nova-iorquinos é fechada, por laços comunitários e de amizade, reunida em torno do St. Mark’s Church Poetry Project, onde poucos e selecionados poetas são escolhidos para as disputadas readings. Para publicar nas revistas, é necessário o mesmo estatuto simbólico. Há uma geração mais nova que, a partir do ano de 1968, não necessariamente acha que a posição mais vanguardista é publicar na revista Angel Hair, de Waldman, The World, do St. Mark Church Project, ou na 0-9, de Bernadette Mayer. Para eles, a vanguarda mais radical a ser feita na produção da poesia, política e esteticamente, é mesclar lírica poética com performance pop. Essa, portanto, é a terceira parte do meu estudo. Elegi quatro poetas que se dedicaram a produzir poesia que tivesse traços e genética pop. Ou que a própria performance pop fosse uma manifestação poética. E entendo aqui performance pop como um show de rock and roll, uma dança sado masoquista em um happening de Andy Warhol, o modo de vestir-se, o uso de drogas (e a escolha de drogas – no caso de Nova York, heroína e cocaína ao invés de alucinógenos) etc. Os poetas escolhidos neste trabalhos são, portanto: Richard Hell, nascido Richard Meyers, poeta e criador de revistas e livros de poesia antes de tornar-se músico de bandas de rock and roll e idealizador do estilo punk no início dos anos 1970; Patti Smith, poeta e performer nos 1970 e música e criadora de uma das primeiras bandas de punk rock nos anos 1970; Gerard Malanga, poeta ligado à segunda geração de poetas nova-iorquinos desde os anos 1960, assistente de Andy Warhol em seus filmes experimentais, “superstar dançarino” em seus hapennings e talentoso fotógrafo de estrelas de rock and roll; e Jim Carroll, poeta também ligado às publicações de Anne Walman nos anos 1960 e assistente de Andy Warhol nos mais diversos projetos e autor de dois diários aclamados sobre a vida junkie em Nova York nos anos 1960 e 1970. Trato aqui destes poetas a partir dos termos vanguarda pop e presentismo para analisar suas escolhas artísticas a partir da ótica da inovação vanguardista surgida a partir da mudança de uma concepção de tempo histórico. Estes poetas queriam colocar-se no limiar da revolução das artes, e para isso utilizaram-se da cultura pop, massificada. Para eles, essa era a nova e mais legítima vanguarda. Isso explica-se por um sentimento presentista, ou seja, uma sensação de que passado e futuro foram incorporados no presente: o passado não ensina nada, não serve de exemplo; no máximo, de ornamento. O futuro é apocalíptico. A única forma de representar esta sensação é com o imediatismo da performance. / This thesis analyses a specifically experimental poetry scene in East Village, Southern Manhattan, between the 1960´s and 70´s. In this context, some poetic communities were born, characterized by linguistic experimentalisms, the value of the daily life in the poetic lyric, reading projects and poetic performance and linguistic formalism, which aimed to reach a new literary vanguard. This analysis is divided in three moments, aiming to embrace that historical phenomenon: initially, the first movements in this poetry scene, known as New York School of Poets, organized in the end of the 1950´s, surrounded poets John Ashberry, Frank O’Hara, Kenneth Koch and James Schuyler, who organized the first independent and mimeographed magazine, called Locus Solus, between 1961 and 1962. This generation of poets, following the French style from the beginning of the century, was esthetically close to the famous painters from that time, which in the New Yorker case, was the abstract expressionism. The second moment discusses the mid 1960´s until the end of the decade, when the outsider community of poets boomed in the East Village. This generation, voracious readers of the poets from the New York School, was self-entitled Second Generation New York School of Poets. Lead by the poet Anne Waldman and with the participation of famous poets like Tom Clark (editor of the Paris Review magazine), formalists like Clark Coolidge and experimental ones like Vito Acconci and Bernadette Mayer, this generation had a serious impact in which would be considered the prominently New York poetry from the 1960´s. Although they had had some connections to the beat poets who lived in New York at that time, like Allen Ginsberg and William Burroughs, the second generation of New Yorker poets didn´t share the esthetically and political assumptions of the beats. They didn´t have the hippie values, they weren´t into hallucinogens type of drugs and didn´t believe in a kind of transcendence that could change the capitalist, massive and smashing cold war reality from that period. The poetry from the New York School was urban, ordinary, disenchanted in relation to the future, acid and cynical with any type of utopias or new forms of conscience. The artist Andy Warhol was in the apex of the pop art development in that moment in New York, criticizing surreptitiously the consumer society and exploring entertainment potential of movies, celebrities and rock and roll to a greater degree. The Factory, his mythological studio, was full of superstars who were on the brink of pure sarcasm: travesties, junkies, decadent models, hungry poets etc. In the turn of the 1960´s to the 70´s, a new character arises in New York, almost a dandy hero in the sense of Baudelaire or Walter Benjamin. They were very young poets who, when confronted with the establishment of the poetry in New York, saw the opportunity (and obligation) to make new poetry, according to the needs of the modernist tradition. The second generation of New Yorkers poets was closed in a community of friendship ties, united around St. Mark´s Church Poetry Project, where few and selected poets were chosen for the disputed readings. To publish in the magazines, it was necessary the same symbolic status. There was a younger generation that, from 1968 on, didn´t think the most avant garde position was to publish in Waldman´s Angel Hair, St. Mark Church Project´s The World, or in Bernadette Mayer´s 0-9 Magazines. For them, the most extreme vanguard to be seen in the poetry production, not only politically as esthetically, was mixing poetic lyric with pop performance. So, this is the third part of my study. I chose four poets who dedicated themselves to make poetry that had pop traces and genetics. Better yet, the pop performance on its own was a poetic manifestation. And pop performance, in that context, would be a rock concert, a Sadomasochist dance or an Andy Warhol´s happening, the way of dressing, the drug use ( and the drugs of choice, in the case of New York, was heroin and cocaine instead of hallucinogens) etc. The chosen poets for this paper are: Richard Hell, born Richard Meyers, poet and creator of poetry magazine and books before becoming a rock and roll musician and mastermind of the punk style in the beginning of the 1970´s; Patti Smith, poet and performer in the 1970´s, musician and creator of one of the first punk rock bands in the 70´s; Gerald Malanga, poet connected to the second generation of New Yorker poets since 1960´s, Andy Warhol´s assistant in his experimental movies, “superstar dancer” in his happenings and talented photographer of rock stars; and Jim Carroll, poet also connected to Anne Waldman´s publications in the 1960´s and 70´s, Warhol´s assistant in several projects and author of two acclaimed diaries about the junkie life in New York during that time. When talking about these poets, I use terms as pop avant garde and presentism to analyze their artistic choices from the eyes of the vanguard innovation born from a conception of historical time. These poets would like to be on the arts revolution threshold, and to that end, used pop massive culture. To them, this was the new and realest vanguard. This is explained in the context of a very peculiar presentism feeling, a sensation that the past and future were incorporated in the present; the past teaches nothing, it is not an example, maybe only an ornament. The future is apocalyptical. The only way to represent this feeling is with the performance immediacy.
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Breve História da Literatura brasileira, de Erico Verissimo: do contador de histórias ao historiador da Literatura

Maciel, Samuel Albuquerque January 2010 (has links)
Submitted by Josiane ribeiro (josiane.caic@gmail.com) on 2015-05-05T18:12:48Z No. of bitstreams: 1 SAMUEL ALBUQUERQUE MACIEL.pdf: 940660 bytes, checksum: 60fad18acddf0c208932f4eee0910675 (MD5) / Approved for entry into archive by Vitor de Carvalho (vitor_carvalho_im@hotmail.com) on 2015-05-19T18:05:34Z (GMT) No. of bitstreams: 1 SAMUEL ALBUQUERQUE MACIEL.pdf: 940660 bytes, checksum: 60fad18acddf0c208932f4eee0910675 (MD5) / Made available in DSpace on 2015-05-19T18:05:34Z (GMT). No. of bitstreams: 1 SAMUEL ALBUQUERQUE MACIEL.pdf: 940660 bytes, checksum: 60fad18acddf0c208932f4eee0910675 (MD5) Previous issue date: 2010 / Esta pesquisa está vinculada ao projeto “A historiografia literária de autoria sulina”, de responsabilidade do professor Carlos Alexandre Baumgarten. Nesse sentido, desenvolve-se a análise, com base nos pressupostos da Teoria da História da Literatura, de Breve história da literatura brasileira, texto escrito por Erico Verissimo na década de 40 do século XX. Embora tenha sido editado em 1945 pela The Macmilhan Company e depois reeditado em 1969 pela Greenwood Press, a obra foi lançada no Brasil apenas na década de 90, a partir de um trabalho de tradução realizado por um grupo de pesquisadoras da PUCRS, sob a coordenação da professora Maria da Glória Bordini. A análise da historiografia literária em questão enfoca, primeiramente, a imprescindibilidade de salientar a importância que estudos da História da Literatura vêm ganhando, especialmente a partir do final dos anos 60 do século passado. Seu exame também se torna fundamental justamente por resgatar e divulgar uma produção historiográfica que, a despeito de sua importância, tem alcançado raras pesquisas no campo dos estudos literários. Nesse sentido, torna-se imperioso realizar esta investigação sobre material significativo para a compreensão do processo de escrita da história da literatura brasileira e regional. Na sequência, busca-se investigar a visão que Erico Verissimo tem da literatura brasileira do período colonial e, posteriormente, daquela produzida no Brasil independente, demonstrando as transformações históricas, políticas e, sobretudo, sociais, cujos reflexos na literatura nacional motivaram uma preocupação maior nos autores modernistas, o que contribuiu para a literatura brasileira, segundo Erico, alcançar sua maioridade. Além de todas as determinações da elaboração dos critérios apresentados, este trabalho preocupou-se em revelar a simpatia do autor gaúcho em questão pelos aspectos sociais evidentes na literatura, já que principalmente estes teriam uma importância maior, pelo fato de funcionarem como uma ferramenta para a compreensão de um tempo difícil na humanidade. 7 Apesar de o trabalho de Erico não chegar a se constituir em uma inovadora história da literatura brasileira, ele acaba revelando uma textura histórica inusitada, se forem levadas em consideração as marcas de um tempo difícil da estrutura social brasileira e mundial. Além disso, sua criatividade, seu colóquio singular e sua consciência literária vislumbram um novo horizonte em nossa historiografia literária, abrindo, desse modo, espaço para novas e interessantes reflexões e debates acerca da literatura de nosso País. / This research is linked to the project entitled “The literary historiography of southern authorship”, coordinated by Professor Dr. Carlos Alexandre Baumgarten. In this sense, the analysis of Brief history of the Brazilian literature, a text written by Erico Verissimo in the 1940’s, is developed based on the principles of the Theory of History of Literature. Although it was edited in 1945 by The Macmilhan Company, and, some time later, reissued in 1969 by Greenwood Press, the book was released in Brazil only in the 1990’s from a translation made by a group of researchers from PUCRS, under orientation of Professor Dr. Maria da Glória Bordini. The analysis of the literary historiography in question focuses, firstly, how essential it is to emphasize the importance that studies in the History of Literature field have been achieving, especially since the late 1960's. Research in this perspective also become elementary precisely for recovering and disseminating a historiographical production which, despite its importance, have spread through few researches in the literary studies field. Moreover, it is vital to perform an investigation on significant material to understand the process of writing the history of Brazilian and regional literature. After this, the vision that Erico Verissimo has of the Brazilian literature from the colonial period is investigated, and, also, what he thinks about the country after its independence from Portugal. The historical, political and, above all, social transformations that then occurred are discussed. Their reflection on the national literature have motivated a wider concern on modern authors, which has contributed for the Brazilian literature to achieve its full growth, according to Erico. In addition to all the determinations listed, this work is concerned in revealing the gaucho author's sympathy for social aspects evident in the literature, because they would have a wider importance, since they work as an instrument to the understanding of a difficult time in humanity. Although Erico's reflections do not constitute a new history of the Brazilian literature, they reveal an unusual historical texture, if the marks of a difficult time in the Brazilian and world's social structure are taken into consideration. Furthermore, his creativity, his unique conversation, and his literary consciousness envision a new horizon in our literary historiography, opening, therefore, space for innovative and interesting ideas and debates concerning the literature of our country.
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De rio-grandense a gaúcho : o triunfo do avesso : um processo de representação regional na literatura do século xix (1847-1877)

Gomes, Carla Renata Antunes de Souza January 2006 (has links)
Este estudo quer, através do cruzamento de várias manifestações literárias sobre o Rio Grande do Sul do século XIX, acompanhar o percurso dos termos “rio-grandense” e “gaúcho”, principalmente, na Literatura regional e de viagem, buscando observar as alternâncias de sentido nas formas de designar o habitante do Rio Grande do Sul, iniciando em 1847 com José Antonio do Vale Caldre e Fião e o romance “A Divina Pastora”, que inaugura o gênero regionalista, estendendo-se até “O vaqueano”, de 1872, além de outros contos de Apolinário Porto Alegre. Assim, o problema central desta pesquisa foi descobrir quando e porquê o ser social “riograndense” assimila e é convertido no ser cultural denominado “gaúcho” e que circunstâncias históricas contribuem para esta transformação, que intenções contribuíram para a construção da imagem do gaúcho tal como a conhecemos hoje e como esta fabricação foi iniciada e se perpetuou ao longo da história.Tendo em vista que o capital cultural dos rio-grandenses é fruto de uma construção histórica, assentada em guerras e lutas que não foram fabricadas, nem imaginadas pelos homens das “belas letras”, foram, isto sim, representadas em prosa e verso, reconstituídas e embelezadas, recontadas à sua maneira, no firme propósito de perpetuação de uma memória, o que, sem embargo, exige um perseverante culto ao passado através de uma sempre seletiva memória histórica, pois se à historiografia cabe evidenciar e trazer à tona determinados fatos, também não é menos verdadeiro que quem a escreve também pode calar quando for conveniente. Considerando, portanto, que na Província do Rio Grande de São Pedro, o século XIX viera e se fora sob o signo da guerra, onde sob constante fogo cruzado se estabeleceram os parâmetros identitários dos rio-grandenses, e que nestas lutas alguns deles entraram como “monarcas” e “gaúchos”, outros se enfrentaram como “luso-brasileiros” e “hispano-platinos” e entre uns e outros surgiram os “gaúchos brasileiros”. E constatando ainda que a Literatura do período tratará com igual fervor este estado de permanente atuação militar, em que restará consagrada pela pena dos autores, a grande revolução de 1835, mas sem embargo da autoridade histórica deste fato, não foram de somenos importância as inúmeras guerras de manutenção das fronteiras, assim como a Guerra do Paraguai (1865 a 1870) e ainda, a Federalista (1893 a 1895), que constituíram os momentos mais tensos do processo de afirmação política nacional e regional, registrando na memória coletiva sul-riograndense o cheiro de pólvora e sangue que permeou um século de história do extremo sul do Brasil. De modo que a História forneceu os subsídios necessários à fabricação do estilo riograndense de ser e à Literatura coube forjar um caráter, um comportamento e um nome, num processo contínuo de construção cultural, que aderiu de tal modo ao imaginário social, que hoje é praticamente impensável outra denominação aos habitantes do Rio Grande do Sul, que não seja a de gaúchos, e que, todavia, não são caricaturas nem de guascas da cidade, nem de janotas do campo. / This study aims at, through crossing different literary expressions on Rio Grande do Sul in the XIXth Century, following the course of terms “rio-grandense” and “gaucho”, mainly in regional and journey literature. By doing this, I intend to find changes in meaning of calling the inhabitants of Rio Grande do Sul, from 1847, with José Antonio de Vale Caldre Fião, the author of novel “A Divina Pastora”, which opens regional genre, to “O Vaqueano” and other stories by Apolinário Porto Alegre, in 1872. Thus, the main question of this research was to find when and why “rio-grandense” social being incorporates and is converted into a cultural being called “gaucho”, and which historical circumstances contribute to that change, which intentions guided the construction of the gaucho’s image as seen nowadays and how this making of has began and persisted along history.This rio-grandense’s cultural capital is the result of a historical construction, founded in struggles and fights nor produced neither conceived before by men of “belles lettres”, but rather represented in prose and verse, restored and embellished, retold according to their own visions in order to perpetuate memory. Nevertheless, it demands a constant cult to the past through a historical selective memory, once if historiography must bring some facts into light, it’s also true that those who write history can also be silent when necessary. Considering that in Província do Rio Grande de São Pedro the XIXth Century has come and gone under the spell of war, when constant crossfire was a backcloth to establishing of people’s identities, and that some of them were “monarchs” or “gauchos”, otheres fought as “Lusitanian-Brazilians” or “Hispanic-Platines”, and others were “Braziliangauchos”; and considering that Literature at that time deals with this continuous warlike condition in which the history of 1835’s Great Revolution will be acclaimed by the author’s writings in spite of historic authority, the many struggles for border maintainance like Paraguay War (1865-1870) and Federalism War (1893-1895) were relevant likewise. These were the most tense facts in the process of regional and national political assertion, recording in sul-rio-grandenses’ colective memory the smell of gun powder which pervaded the history of deep South of Brazil. Thus, History provided the necessary instruments to constitution of rio-grandenses’ way of being, and it’s a task for Literature to shape character, behavior and a name, in a continuous process of cultural constitution so attached to social imaginary, that today another name is unthinkable to call “gauchos” the inhabitants of Rio Grande do Sul. These “gauchos” are not caricatures of neither natives from the city, nor fops from the country.
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"Fémina inquieta y andariega" : valores e símbolos da literatura caveleiresca nos escritos da Santa Terasa de Jesus (1515-1582)

Santos, Luciana Lopes dos January 2006 (has links)
Este estudo tem como objetivo investigar as possíveis influências e relações entre o simbolismo e ideário cavaleiresco e a obra de Santa Teresa de Jesus, também conhecida como Santa Teresa de Ávila, monja carmelita que viveu entre 1515 e 1582 na Espanha. Isto é demonstrado a partir da análise de suas leituras e da recepção por parte de Teresa dos livros de cavalarias, gênero literário muito conhecido na época. A pesquisa está dividida em três capítulos. O primeiro capítulo é sobre algumas imagens construídas ao longo do tempo sobre a personagem de Santa Teresa, constituindo uma espécie de revisão bibliográfica. O segundo propõe estudar as relações entre Teresa e suas leituras, bem como a visão criada pela escritora sobre os valores da honra e da nobreza, temas recorrentes na literatura cavaleiresca. O terceiro capítulo tem como objetivo discutir sobre as influências que pode ter sofrido Santa Teresa ao escrever “Moradas del Castillo Interior”, enfatizando, neste sentido, os livros de cavalarias espanhóis. / This study has as aim to investigate the possibilities of influences and connections between the symbolism and chivalry ideas’ values and the work of Saint Teresa of Jesus, a.k.a. Saint Teresa of Avila, carmelite nun who lived since 1515 until 1582 at Spain. It is demonstrated from the analysis of her lectures and the reception by Teresa of the books of chivalry, literary genre well known at that period. The search is divided on three chapters. The first chapter is about some images constructed by the pass of the years about the person of Saint Teresa, constituting a bibliographical revision. The second one intends to study the connections between Teresa and her lectures, as much as the vision created by the writer about the values of honor and nobility, recurrent themes on chivalry literature. The third chapter has as aim to discuss about the influences that must be suffered Saint Teresa on writing “Moradas del Castillo Interior”, emphasizing on the Spanish books of chivalry.
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De rio-grandense a gaúcho : o triunfo do avesso : um processo de representação regional na literatura do século xix (1847-1877)

Gomes, Carla Renata Antunes de Souza January 2006 (has links)
Este estudo quer, através do cruzamento de várias manifestações literárias sobre o Rio Grande do Sul do século XIX, acompanhar o percurso dos termos “rio-grandense” e “gaúcho”, principalmente, na Literatura regional e de viagem, buscando observar as alternâncias de sentido nas formas de designar o habitante do Rio Grande do Sul, iniciando em 1847 com José Antonio do Vale Caldre e Fião e o romance “A Divina Pastora”, que inaugura o gênero regionalista, estendendo-se até “O vaqueano”, de 1872, além de outros contos de Apolinário Porto Alegre. Assim, o problema central desta pesquisa foi descobrir quando e porquê o ser social “riograndense” assimila e é convertido no ser cultural denominado “gaúcho” e que circunstâncias históricas contribuem para esta transformação, que intenções contribuíram para a construção da imagem do gaúcho tal como a conhecemos hoje e como esta fabricação foi iniciada e se perpetuou ao longo da história.Tendo em vista que o capital cultural dos rio-grandenses é fruto de uma construção histórica, assentada em guerras e lutas que não foram fabricadas, nem imaginadas pelos homens das “belas letras”, foram, isto sim, representadas em prosa e verso, reconstituídas e embelezadas, recontadas à sua maneira, no firme propósito de perpetuação de uma memória, o que, sem embargo, exige um perseverante culto ao passado através de uma sempre seletiva memória histórica, pois se à historiografia cabe evidenciar e trazer à tona determinados fatos, também não é menos verdadeiro que quem a escreve também pode calar quando for conveniente. Considerando, portanto, que na Província do Rio Grande de São Pedro, o século XIX viera e se fora sob o signo da guerra, onde sob constante fogo cruzado se estabeleceram os parâmetros identitários dos rio-grandenses, e que nestas lutas alguns deles entraram como “monarcas” e “gaúchos”, outros se enfrentaram como “luso-brasileiros” e “hispano-platinos” e entre uns e outros surgiram os “gaúchos brasileiros”. E constatando ainda que a Literatura do período tratará com igual fervor este estado de permanente atuação militar, em que restará consagrada pela pena dos autores, a grande revolução de 1835, mas sem embargo da autoridade histórica deste fato, não foram de somenos importância as inúmeras guerras de manutenção das fronteiras, assim como a Guerra do Paraguai (1865 a 1870) e ainda, a Federalista (1893 a 1895), que constituíram os momentos mais tensos do processo de afirmação política nacional e regional, registrando na memória coletiva sul-riograndense o cheiro de pólvora e sangue que permeou um século de história do extremo sul do Brasil. De modo que a História forneceu os subsídios necessários à fabricação do estilo riograndense de ser e à Literatura coube forjar um caráter, um comportamento e um nome, num processo contínuo de construção cultural, que aderiu de tal modo ao imaginário social, que hoje é praticamente impensável outra denominação aos habitantes do Rio Grande do Sul, que não seja a de gaúchos, e que, todavia, não são caricaturas nem de guascas da cidade, nem de janotas do campo. / This study aims at, through crossing different literary expressions on Rio Grande do Sul in the XIXth Century, following the course of terms “rio-grandense” and “gaucho”, mainly in regional and journey literature. By doing this, I intend to find changes in meaning of calling the inhabitants of Rio Grande do Sul, from 1847, with José Antonio de Vale Caldre Fião, the author of novel “A Divina Pastora”, which opens regional genre, to “O Vaqueano” and other stories by Apolinário Porto Alegre, in 1872. Thus, the main question of this research was to find when and why “rio-grandense” social being incorporates and is converted into a cultural being called “gaucho”, and which historical circumstances contribute to that change, which intentions guided the construction of the gaucho’s image as seen nowadays and how this making of has began and persisted along history.This rio-grandense’s cultural capital is the result of a historical construction, founded in struggles and fights nor produced neither conceived before by men of “belles lettres”, but rather represented in prose and verse, restored and embellished, retold according to their own visions in order to perpetuate memory. Nevertheless, it demands a constant cult to the past through a historical selective memory, once if historiography must bring some facts into light, it’s also true that those who write history can also be silent when necessary. Considering that in Província do Rio Grande de São Pedro the XIXth Century has come and gone under the spell of war, when constant crossfire was a backcloth to establishing of people’s identities, and that some of them were “monarchs” or “gauchos”, otheres fought as “Lusitanian-Brazilians” or “Hispanic-Platines”, and others were “Braziliangauchos”; and considering that Literature at that time deals with this continuous warlike condition in which the history of 1835’s Great Revolution will be acclaimed by the author’s writings in spite of historic authority, the many struggles for border maintainance like Paraguay War (1865-1870) and Federalism War (1893-1895) were relevant likewise. These were the most tense facts in the process of regional and national political assertion, recording in sul-rio-grandenses’ colective memory the smell of gun powder which pervaded the history of deep South of Brazil. Thus, History provided the necessary instruments to constitution of rio-grandenses’ way of being, and it’s a task for Literature to shape character, behavior and a name, in a continuous process of cultural constitution so attached to social imaginary, that today another name is unthinkable to call “gauchos” the inhabitants of Rio Grande do Sul. These “gauchos” are not caricatures of neither natives from the city, nor fops from the country.
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A gargalhada mostra os dentes : o riso como instrumento de crítica em Campos de Carvalho

Heck, Caroline Rafaela January 2007 (has links)
Este trabalho trata da abordagem de duas obras literárias como fonte de conhecimento histórico e as implicações dessa forma de olhar para a história e para a literatura. A lua vem da Ásia e O púcaro Búlgaro, obras do escritor mineiro Campos de Carvalho, são vistas sob a perspectiva de obras que, analisadas dentro de seu contexto histórico, são lentes através das quais podemos ver o que pensava o seu autor sobre a realidade que questionava, sem, no entanto, associar-se a nenhuma linha de pensamento pré-determinada, razão esta que fez com que seus livros desaparecessem das prateleiras e das análises de críticos especializados, numa época em que o engajamento político direto era condição determinante para ser lido. A análise da crítica social mordaz de Campos de Carvalho é feita através da perspectiva do riso e do risível nos dois romances analisados. O riso é visto como uma forma de apontar as falhas da sociedade massificante, consumista e belicosa que criticava. Os narradores de Campos de Carvalho podem ser lidos como gêmeos: “noite”/“dia”, revelam seu descontentamento com o mundo através do controle das narrativas, respectivamente, de A lua vem da Ásia e O púcaro búlgaro, e apontam, de formas diferentes, sua desesperança frente ao mundo. A questão da interdisciplinaridade também é discutida neste trabalho, num momento em que as diversas áreas de conhecimento dialogam entre si para se enriquecer mutuamente, uma vez que, de narrativas ficcionais, se podem extrair informações válidas para a pesquisa em história. / This work deals with the approach of two literary compositions as source of historical knowledge and the implications in that way of looking for the history and literature. A lua vem da Ásia and O púcaro Búlgaro, works of Campos de Carvalho, are seen under the perspective of works that, analyzed inside of its historical context, they are lenses through which we can see what its author thought about the reality that questioned, however, without to associate it to any line of daily opinion. This reason that did whit their books disappeared of the shelves and the analyses of specialized critics, at a time where the direct political engagement was decisive condition to be read. The analysis of mordacious social critic of Campos de Carvalho is made through the perspective of the laughter and of the laughable in the two analyzed romances. The laughter is seen as a form of pointing the imperfections of the society homogeneously, consumerist and belligerent that criticized. The narrators of Campos de Carvalho can be read as twins: "night"/"day", they reveal his dissatisfaction with the world through the control of the narratives, A lua vem da Ásia e O púcaro búlgaro, respectively, and they appear, in different ways its hopelessness front to the world. The interdisciplinarity is also discussed in this work, at a moment where distincts areas of knowledge dialogue amongst itself to enrich mutually. From fictions narratives can be extracted valid information for history investigation.
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Labirintos de uma memória citadina: leituras e caminhos em Sesmaria, de Myriam Fraga

Paz, Vilma Santos da 22 February 2013 (has links)
125 f. / Submitted by Cynthia Nascimento (cyngabe@ufba.br) on 2013-02-22T13:25:28Z No. of bitstreams: 1 Vilma Santos da Paz.pdf: 1737482 bytes, checksum: 95d7ec663bde36e4af76d946ba91afe4 (MD5) / Approved for entry into archive by Valdinéia Ferreira(neiabf@ufba.br) on 2013-02-22T15:53:10Z (GMT) No. of bitstreams: 1 Vilma Santos da Paz.pdf: 1737482 bytes, checksum: 95d7ec663bde36e4af76d946ba91afe4 (MD5) / Made available in DSpace on 2013-02-22T15:53:10Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Vilma Santos da Paz.pdf: 1737482 bytes, checksum: 95d7ec663bde36e4af76d946ba91afe4 (MD5) / O presente trabalho busca refletir sobre as representações da Cidade da Bahia no livro Sesmaria, de Myriam Fraga. Neste livro, para dar voz à cidade do presente, a escritora recuará ao período da edificação da cidade (século XVI), em que a história da construção da cidade se confundirá, por vezes, com a própria história nacional. O estudo analisa as representações da cidade, a partir de imagens que se inter-relacionam: a fortaleza, a cidade mítica, a cidade das aparências e a ilha, vinculadas, do mesmo modo, ao contexto no qual está inserido o livro. O estudo investe ainda na releitura da memória coletiva, reavaliando a versão consagrada de alguns acontecimentos históricos, editados sobre a cidade e sobre o país, a partir das personagens históricas que reconstituem suas trajetórias e a trajetória do lugar. Tocar no corpo da cidade é também tocar no corpo dos sujeitos que fizeram e que fazem parte do seu palimpsesto citadino, assim a pretensa fortaleza e seu corpo social formam um só, um entrelaçamento de histórias. / Universidade Federal da Bahia. Instituto de Letras. Salvador-Ba, 2011.
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De rio-grandense a gaúcho : o triunfo do avesso : um processo de representação regional na literatura do século xix (1847-1877)

Gomes, Carla Renata Antunes de Souza January 2006 (has links)
Este estudo quer, através do cruzamento de várias manifestações literárias sobre o Rio Grande do Sul do século XIX, acompanhar o percurso dos termos “rio-grandense” e “gaúcho”, principalmente, na Literatura regional e de viagem, buscando observar as alternâncias de sentido nas formas de designar o habitante do Rio Grande do Sul, iniciando em 1847 com José Antonio do Vale Caldre e Fião e o romance “A Divina Pastora”, que inaugura o gênero regionalista, estendendo-se até “O vaqueano”, de 1872, além de outros contos de Apolinário Porto Alegre. Assim, o problema central desta pesquisa foi descobrir quando e porquê o ser social “riograndense” assimila e é convertido no ser cultural denominado “gaúcho” e que circunstâncias históricas contribuem para esta transformação, que intenções contribuíram para a construção da imagem do gaúcho tal como a conhecemos hoje e como esta fabricação foi iniciada e se perpetuou ao longo da história.Tendo em vista que o capital cultural dos rio-grandenses é fruto de uma construção histórica, assentada em guerras e lutas que não foram fabricadas, nem imaginadas pelos homens das “belas letras”, foram, isto sim, representadas em prosa e verso, reconstituídas e embelezadas, recontadas à sua maneira, no firme propósito de perpetuação de uma memória, o que, sem embargo, exige um perseverante culto ao passado através de uma sempre seletiva memória histórica, pois se à historiografia cabe evidenciar e trazer à tona determinados fatos, também não é menos verdadeiro que quem a escreve também pode calar quando for conveniente. Considerando, portanto, que na Província do Rio Grande de São Pedro, o século XIX viera e se fora sob o signo da guerra, onde sob constante fogo cruzado se estabeleceram os parâmetros identitários dos rio-grandenses, e que nestas lutas alguns deles entraram como “monarcas” e “gaúchos”, outros se enfrentaram como “luso-brasileiros” e “hispano-platinos” e entre uns e outros surgiram os “gaúchos brasileiros”. E constatando ainda que a Literatura do período tratará com igual fervor este estado de permanente atuação militar, em que restará consagrada pela pena dos autores, a grande revolução de 1835, mas sem embargo da autoridade histórica deste fato, não foram de somenos importância as inúmeras guerras de manutenção das fronteiras, assim como a Guerra do Paraguai (1865 a 1870) e ainda, a Federalista (1893 a 1895), que constituíram os momentos mais tensos do processo de afirmação política nacional e regional, registrando na memória coletiva sul-riograndense o cheiro de pólvora e sangue que permeou um século de história do extremo sul do Brasil. De modo que a História forneceu os subsídios necessários à fabricação do estilo riograndense de ser e à Literatura coube forjar um caráter, um comportamento e um nome, num processo contínuo de construção cultural, que aderiu de tal modo ao imaginário social, que hoje é praticamente impensável outra denominação aos habitantes do Rio Grande do Sul, que não seja a de gaúchos, e que, todavia, não são caricaturas nem de guascas da cidade, nem de janotas do campo. / This study aims at, through crossing different literary expressions on Rio Grande do Sul in the XIXth Century, following the course of terms “rio-grandense” and “gaucho”, mainly in regional and journey literature. By doing this, I intend to find changes in meaning of calling the inhabitants of Rio Grande do Sul, from 1847, with José Antonio de Vale Caldre Fião, the author of novel “A Divina Pastora”, which opens regional genre, to “O Vaqueano” and other stories by Apolinário Porto Alegre, in 1872. Thus, the main question of this research was to find when and why “rio-grandense” social being incorporates and is converted into a cultural being called “gaucho”, and which historical circumstances contribute to that change, which intentions guided the construction of the gaucho’s image as seen nowadays and how this making of has began and persisted along history.This rio-grandense’s cultural capital is the result of a historical construction, founded in struggles and fights nor produced neither conceived before by men of “belles lettres”, but rather represented in prose and verse, restored and embellished, retold according to their own visions in order to perpetuate memory. Nevertheless, it demands a constant cult to the past through a historical selective memory, once if historiography must bring some facts into light, it’s also true that those who write history can also be silent when necessary. Considering that in Província do Rio Grande de São Pedro the XIXth Century has come and gone under the spell of war, when constant crossfire was a backcloth to establishing of people’s identities, and that some of them were “monarchs” or “gauchos”, otheres fought as “Lusitanian-Brazilians” or “Hispanic-Platines”, and others were “Braziliangauchos”; and considering that Literature at that time deals with this continuous warlike condition in which the history of 1835’s Great Revolution will be acclaimed by the author’s writings in spite of historic authority, the many struggles for border maintainance like Paraguay War (1865-1870) and Federalism War (1893-1895) were relevant likewise. These were the most tense facts in the process of regional and national political assertion, recording in sul-rio-grandenses’ colective memory the smell of gun powder which pervaded the history of deep South of Brazil. Thus, History provided the necessary instruments to constitution of rio-grandenses’ way of being, and it’s a task for Literature to shape character, behavior and a name, in a continuous process of cultural constitution so attached to social imaginary, that today another name is unthinkable to call “gauchos” the inhabitants of Rio Grande do Sul. These “gauchos” are not caricatures of neither natives from the city, nor fops from the country.

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