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Aquém dos limites do sentido : um estudo acerca do papel da afecção na explicação Kantiana da experiênciaTechio, Jônadas January 2005 (has links)
O presente estudo pretende fornecer um esclarecimento acerca do idealismo transcendental de Kant, através da análise de um problema específico e recorrente no âmbito de sua interpretação: o chamado “problema da afecção” (aqui compreendido como a dificuldade de se compatibilizar (i) a tese da incognoscibilidade das coisas em si mesmas e (ii) a tese de que coisas existentes independentemente de nós nos afetam). A relevância da análise desse problema para a compreensão da posição kantiana reside na ligação mantida entre as duas teses litigiosas que o constituem e dois aspectos gerais e absolutamente fundamentais do idealismo transcendental, que são, respectivamente, seu aspecto idealista e seu aspecto realista. Essa ligação também explica porque mal-entendidos acerca da macro-estrutura da posição de Kant (i.e., acerca de seu caráter “realista” e/ou “idealista”), podem ter sido responsáveis por interpretações equivocadas do papel das duas teses pontuais que constituem o problema em pauta — e isso tanto por parte dos seus críticos, quanto por parte dos seus presuntivos “defensores”, como tentarei mostrar através da análise de alguns casos exemplares. A convicção que move o presente estudo ´e a de que, para impedir tais mal-entendidos, faz-se necessário um esforço reflexivo que priorize a natureza peculiar do procedimento argumentativo de Kant, o qual prescinde e mesmo se opõe a qualquer modelo intuitivo que possamos ter acerca das relações entre “sujeito” e “objeto”, “mente” e “mundo”, exigindo, consequentemente, para sua melhor compreensão, que se proceda a uma inversão completa da “imagem” que guia nossas especulações acerca dessas relações — exatamente como nos pede o autor da Crítica ao apresentar sua proposta de “revolução copernicana”. Como resultado, defenderei que o “problema da afecção” só constitui um “problema” legítimo se supusermos uma determinada compreensão da macro-estrutura do idealismo transcendental, e, por conseguinte, dissolve-se quando a abandonarmos em prol de uma compreensão alternativa, fundamentada em um novo modelo de explicação da cognição humana, no qual o sujeito assume um papel central, sem prejuízo do ponto realista expresso pela tese da afecção. O que tentarei mostrar ´e que esse “realismo” não é de fato uma posição filosófica: ele não ´e o resultado de nenhum argumento — como, per contra, o é o “realismo empírico” — nem tampouco é assumido dogmaticamente no ponto de partida da análise — como faria o defensor do “realismo transcendental”, guiado por um modelo da cognição posto em cheque por Kant. O que este último autor pretende contemplar, no nível filosófico da análise da cognição, ao afirmar a necessidade da afecção, é simplesmente o que se poderia chamar de atitude realista “ordinária”, “pré-reflexiva”, da qual todos n´os compartilhamos, e que pode ser expressa linguisticamente pelo dito: “experimentar não é inventar”. Ao contemplar essa atitude, Kant d´a um passo em sua análise que não é passível de justificação — pelo menos no sentido do fornecimento de uma “prova” — mas que tampouco pode ser posto em dúvida, uma vez que a própria pergunta que deveria expressar essa dúvida exige que se fale acerca daquilo que está aquém dos limites do sentido, e, por isso mesmo, não pode ser formulada (com sentido). / The present study aims to offer a clarification of Kant’s transcendental idealism, fo- cusing the analysis on a specific and recurrent problem of his interpretation: the so called “problem of affection” (understood here as the difficulty of making compatible (i) the thesis of the incognoscibility of the things in themselves, and (ii) the thesis that things existing independently of us affect us). The relevance of the analysis of this problem, in order to understand Kant’s position, lays in the connection between the two litigious theses which constitute it and two general and absolutely fundamental aspects of the transcendental idealism, viz., respectively, the idealist and the realist ones. Attending to this connection may also help to explain why misunderstandings concerning the ma- crostructure of Kant’s position (i.e., concerning its “realist” and/or “idealist” character) could have been responsible for mistaken interpretations of the role of the two theses which constitute the problem of affection — and this both from the side of his critics and of his presumptive “defenders”, as I shall show through the analysis of some exemplary cases. The conviction which moves the present study is that, to prevent such misunders- tandings, a reflective effort must be done in order to understand the peculiar nature of Kant’s argumentative procedure, which does without and even opposes any intuitive mo- del which we can have concerning the relations between “subject” and “object”, “mind” and “world”, demanding, therefore, for its better comprehension, that we proceed to a complete inversion of the “picture” which guides our speculations about these relations — as it is required by the author of the Critique himself, when presenting his proposal of a “Copernican revolution”. The main result is that the “problem of affection” only constitutes a legitimate “problem” if we assume a specific understanding of the macros- tructure of transcendental idealism, and, consequently, it dissolves when we replace that understanding by an alternative one based on a newmodel of explanation of the human cognition, in which the subject assumes a central role, without damaging the realist point expressed by the affection thesis. What I shall defend is that this “realism” is not in fact a philosophical position: it is not a result of any argument — as, per contra, it is Kant’s “empirical realism” — neither it is assumed dogmatically at the starting point of the analysis — as a “transcendental realist” would do, guided by a model of the cognition which Kant wants to replace. What it is intended by Kant, in the philosophical level of the analysis of cognition, when affirming the necessity of affection, is simply what we would call the “ordinary”, “pre-reflexive”, realist attitude, which we all share and which can be linguistically expressed by the dictum: “to experiment is not to invent”. When addressing this attitude, Kant takes a step in his analysis which is not capable of justification — at least in the sense of having to receive a “proof” — but which we are equally not capable of doubting — given that the question itself, which should express that doubt, requires that one speaks about that which is prior to the bounds of the sense, and, therefore, cannot be formulated (with sense).
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Aquém dos limites do sentido : um estudo acerca do papel da afecção na explicação Kantiana da experiênciaTechio, Jônadas January 2005 (has links)
O presente estudo pretende fornecer um esclarecimento acerca do idealismo transcendental de Kant, através da análise de um problema específico e recorrente no âmbito de sua interpretação: o chamado “problema da afecção” (aqui compreendido como a dificuldade de se compatibilizar (i) a tese da incognoscibilidade das coisas em si mesmas e (ii) a tese de que coisas existentes independentemente de nós nos afetam). A relevância da análise desse problema para a compreensão da posição kantiana reside na ligação mantida entre as duas teses litigiosas que o constituem e dois aspectos gerais e absolutamente fundamentais do idealismo transcendental, que são, respectivamente, seu aspecto idealista e seu aspecto realista. Essa ligação também explica porque mal-entendidos acerca da macro-estrutura da posição de Kant (i.e., acerca de seu caráter “realista” e/ou “idealista”), podem ter sido responsáveis por interpretações equivocadas do papel das duas teses pontuais que constituem o problema em pauta — e isso tanto por parte dos seus críticos, quanto por parte dos seus presuntivos “defensores”, como tentarei mostrar através da análise de alguns casos exemplares. A convicção que move o presente estudo ´e a de que, para impedir tais mal-entendidos, faz-se necessário um esforço reflexivo que priorize a natureza peculiar do procedimento argumentativo de Kant, o qual prescinde e mesmo se opõe a qualquer modelo intuitivo que possamos ter acerca das relações entre “sujeito” e “objeto”, “mente” e “mundo”, exigindo, consequentemente, para sua melhor compreensão, que se proceda a uma inversão completa da “imagem” que guia nossas especulações acerca dessas relações — exatamente como nos pede o autor da Crítica ao apresentar sua proposta de “revolução copernicana”. Como resultado, defenderei que o “problema da afecção” só constitui um “problema” legítimo se supusermos uma determinada compreensão da macro-estrutura do idealismo transcendental, e, por conseguinte, dissolve-se quando a abandonarmos em prol de uma compreensão alternativa, fundamentada em um novo modelo de explicação da cognição humana, no qual o sujeito assume um papel central, sem prejuízo do ponto realista expresso pela tese da afecção. O que tentarei mostrar ´e que esse “realismo” não é de fato uma posição filosófica: ele não ´e o resultado de nenhum argumento — como, per contra, o é o “realismo empírico” — nem tampouco é assumido dogmaticamente no ponto de partida da análise — como faria o defensor do “realismo transcendental”, guiado por um modelo da cognição posto em cheque por Kant. O que este último autor pretende contemplar, no nível filosófico da análise da cognição, ao afirmar a necessidade da afecção, é simplesmente o que se poderia chamar de atitude realista “ordinária”, “pré-reflexiva”, da qual todos n´os compartilhamos, e que pode ser expressa linguisticamente pelo dito: “experimentar não é inventar”. Ao contemplar essa atitude, Kant d´a um passo em sua análise que não é passível de justificação — pelo menos no sentido do fornecimento de uma “prova” — mas que tampouco pode ser posto em dúvida, uma vez que a própria pergunta que deveria expressar essa dúvida exige que se fale acerca daquilo que está aquém dos limites do sentido, e, por isso mesmo, não pode ser formulada (com sentido). / The present study aims to offer a clarification of Kant’s transcendental idealism, fo- cusing the analysis on a specific and recurrent problem of his interpretation: the so called “problem of affection” (understood here as the difficulty of making compatible (i) the thesis of the incognoscibility of the things in themselves, and (ii) the thesis that things existing independently of us affect us). The relevance of the analysis of this problem, in order to understand Kant’s position, lays in the connection between the two litigious theses which constitute it and two general and absolutely fundamental aspects of the transcendental idealism, viz., respectively, the idealist and the realist ones. Attending to this connection may also help to explain why misunderstandings concerning the ma- crostructure of Kant’s position (i.e., concerning its “realist” and/or “idealist” character) could have been responsible for mistaken interpretations of the role of the two theses which constitute the problem of affection — and this both from the side of his critics and of his presumptive “defenders”, as I shall show through the analysis of some exemplary cases. The conviction which moves the present study is that, to prevent such misunders- tandings, a reflective effort must be done in order to understand the peculiar nature of Kant’s argumentative procedure, which does without and even opposes any intuitive mo- del which we can have concerning the relations between “subject” and “object”, “mind” and “world”, demanding, therefore, for its better comprehension, that we proceed to a complete inversion of the “picture” which guides our speculations about these relations — as it is required by the author of the Critique himself, when presenting his proposal of a “Copernican revolution”. The main result is that the “problem of affection” only constitutes a legitimate “problem” if we assume a specific understanding of the macros- tructure of transcendental idealism, and, consequently, it dissolves when we replace that understanding by an alternative one based on a newmodel of explanation of the human cognition, in which the subject assumes a central role, without damaging the realist point expressed by the affection thesis. What I shall defend is that this “realism” is not in fact a philosophical position: it is not a result of any argument — as, per contra, it is Kant’s “empirical realism” — neither it is assumed dogmatically at the starting point of the analysis — as a “transcendental realist” would do, guided by a model of the cognition which Kant wants to replace. What it is intended by Kant, in the philosophical level of the analysis of cognition, when affirming the necessity of affection, is simply what we would call the “ordinary”, “pre-reflexive”, realist attitude, which we all share and which can be linguistically expressed by the dictum: “to experiment is not to invent”. When addressing this attitude, Kant takes a step in his analysis which is not capable of justification — at least in the sense of having to receive a “proof” — but which we are equally not capable of doubting — given that the question itself, which should express that doubt, requires that one speaks about that which is prior to the bounds of the sense, and, therefore, cannot be formulated (with sense).
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Aquém dos limites do sentido : um estudo acerca do papel da afecção na explicação Kantiana da experiênciaTechio, Jônadas January 2005 (has links)
O presente estudo pretende fornecer um esclarecimento acerca do idealismo transcendental de Kant, através da análise de um problema específico e recorrente no âmbito de sua interpretação: o chamado “problema da afecção” (aqui compreendido como a dificuldade de se compatibilizar (i) a tese da incognoscibilidade das coisas em si mesmas e (ii) a tese de que coisas existentes independentemente de nós nos afetam). A relevância da análise desse problema para a compreensão da posição kantiana reside na ligação mantida entre as duas teses litigiosas que o constituem e dois aspectos gerais e absolutamente fundamentais do idealismo transcendental, que são, respectivamente, seu aspecto idealista e seu aspecto realista. Essa ligação também explica porque mal-entendidos acerca da macro-estrutura da posição de Kant (i.e., acerca de seu caráter “realista” e/ou “idealista”), podem ter sido responsáveis por interpretações equivocadas do papel das duas teses pontuais que constituem o problema em pauta — e isso tanto por parte dos seus críticos, quanto por parte dos seus presuntivos “defensores”, como tentarei mostrar através da análise de alguns casos exemplares. A convicção que move o presente estudo ´e a de que, para impedir tais mal-entendidos, faz-se necessário um esforço reflexivo que priorize a natureza peculiar do procedimento argumentativo de Kant, o qual prescinde e mesmo se opõe a qualquer modelo intuitivo que possamos ter acerca das relações entre “sujeito” e “objeto”, “mente” e “mundo”, exigindo, consequentemente, para sua melhor compreensão, que se proceda a uma inversão completa da “imagem” que guia nossas especulações acerca dessas relações — exatamente como nos pede o autor da Crítica ao apresentar sua proposta de “revolução copernicana”. Como resultado, defenderei que o “problema da afecção” só constitui um “problema” legítimo se supusermos uma determinada compreensão da macro-estrutura do idealismo transcendental, e, por conseguinte, dissolve-se quando a abandonarmos em prol de uma compreensão alternativa, fundamentada em um novo modelo de explicação da cognição humana, no qual o sujeito assume um papel central, sem prejuízo do ponto realista expresso pela tese da afecção. O que tentarei mostrar ´e que esse “realismo” não é de fato uma posição filosófica: ele não ´e o resultado de nenhum argumento — como, per contra, o é o “realismo empírico” — nem tampouco é assumido dogmaticamente no ponto de partida da análise — como faria o defensor do “realismo transcendental”, guiado por um modelo da cognição posto em cheque por Kant. O que este último autor pretende contemplar, no nível filosófico da análise da cognição, ao afirmar a necessidade da afecção, é simplesmente o que se poderia chamar de atitude realista “ordinária”, “pré-reflexiva”, da qual todos n´os compartilhamos, e que pode ser expressa linguisticamente pelo dito: “experimentar não é inventar”. Ao contemplar essa atitude, Kant d´a um passo em sua análise que não é passível de justificação — pelo menos no sentido do fornecimento de uma “prova” — mas que tampouco pode ser posto em dúvida, uma vez que a própria pergunta que deveria expressar essa dúvida exige que se fale acerca daquilo que está aquém dos limites do sentido, e, por isso mesmo, não pode ser formulada (com sentido). / The present study aims to offer a clarification of Kant’s transcendental idealism, fo- cusing the analysis on a specific and recurrent problem of his interpretation: the so called “problem of affection” (understood here as the difficulty of making compatible (i) the thesis of the incognoscibility of the things in themselves, and (ii) the thesis that things existing independently of us affect us). The relevance of the analysis of this problem, in order to understand Kant’s position, lays in the connection between the two litigious theses which constitute it and two general and absolutely fundamental aspects of the transcendental idealism, viz., respectively, the idealist and the realist ones. Attending to this connection may also help to explain why misunderstandings concerning the ma- crostructure of Kant’s position (i.e., concerning its “realist” and/or “idealist” character) could have been responsible for mistaken interpretations of the role of the two theses which constitute the problem of affection — and this both from the side of his critics and of his presumptive “defenders”, as I shall show through the analysis of some exemplary cases. The conviction which moves the present study is that, to prevent such misunders- tandings, a reflective effort must be done in order to understand the peculiar nature of Kant’s argumentative procedure, which does without and even opposes any intuitive mo- del which we can have concerning the relations between “subject” and “object”, “mind” and “world”, demanding, therefore, for its better comprehension, that we proceed to a complete inversion of the “picture” which guides our speculations about these relations — as it is required by the author of the Critique himself, when presenting his proposal of a “Copernican revolution”. The main result is that the “problem of affection” only constitutes a legitimate “problem” if we assume a specific understanding of the macros- tructure of transcendental idealism, and, consequently, it dissolves when we replace that understanding by an alternative one based on a newmodel of explanation of the human cognition, in which the subject assumes a central role, without damaging the realist point expressed by the affection thesis. What I shall defend is that this “realism” is not in fact a philosophical position: it is not a result of any argument — as, per contra, it is Kant’s “empirical realism” — neither it is assumed dogmatically at the starting point of the analysis — as a “transcendental realist” would do, guided by a model of the cognition which Kant wants to replace. What it is intended by Kant, in the philosophical level of the analysis of cognition, when affirming the necessity of affection, is simply what we would call the “ordinary”, “pre-reflexive”, realist attitude, which we all share and which can be linguistically expressed by the dictum: “to experiment is not to invent”. When addressing this attitude, Kant takes a step in his analysis which is not capable of justification — at least in the sense of having to receive a “proof” — but which we are equally not capable of doubting — given that the question itself, which should express that doubt, requires that one speaks about that which is prior to the bounds of the sense, and, therefore, cannot be formulated (with sense).
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Do idealismo transcendental ao idealismo absolutoSalvadori, Mateus January 2010 (has links)
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Previous issue date: 2010 / This thesis aims to investigate the overcoming of the kantian transcendental idealism held by the hegelian absolute idealism. The arguments in favor of hegelian overcoming the dualism between thing in itself and the phenomenon will be detailed and tested. As Kant points out that metaphysics as a science is impossible, ie the objects that denote the transcendental ideas are beyond space and time, since there are no corresponding object in the sensible world to her and therefore can not be known, because not affect the sensitivity, Hegel presents the reality as subject and denies any form of division between being and thinking. / Esta dissertação tem como objetivo investigar a superação do idealismo transcendental kantiano realizada pelo idealismo absoluto hegeliano. Os argumentos hegelianos em prol da superação do dualismo entre coisa-em-si e fenômeno serão detalhados e postos à prova. Enquanto Kant salienta que a metafísica como ciência é impossível, ou seja, os objetos que as Idéias transcendentais denotam estão além do espaço e do tempo, não existindo nenhum objeto no mundo sensível correspondentes a ela e, portanto, não podem ser conhecidas, pois não afetam a sensibilidade, Hegel apresenta a realidade como sujeito e nega qualquer forma de cisão entre o ser e o pensar.
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A matemática como propedêutica da “razão pura”: Platão e o lugar da matemática na crítica da razão puraSODRÉ, Felipe Arruda 07 May 2010 (has links)
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Previous issue date: 2010-05-07 / Capes / A pergunta central dessa tese é: qual o sentido da Matemática na Crítica da Razão Pura? Assim, antes de tudo, é preciso deixar claro que na própria pergunta está implícita a informação de que esse é um problema de Metafísica que vai ser tratado ao modo kantiano. Nesse contexto, apresentar o sentido propedêutico da Matemática representa o resgate de um tema metafísico que, apesar de presente, parece que permaneceu latente e inexplorado, pelo menos na forma como o apresentamos nessa tese. Assim, no primeiro capítulo, o nosso tema é definido e resgatado a partir de uma breve história das interpretações da filosofia de Kant. Isso, por sua vez, projeta a nossa investigação no horizonte da tradição filosófica, conduzindo-nos até Platão, através do neokantismo de Cohen. Contudo, a leitura cientificista de Cohen joga sombra sobre o nosso tema. Por isso, o nosso distanciamento de Cohen permite, ao mesmo tempo, que a nossa investigação incida diretamente sobre os Diálogos de Platão, especificamente a República. O recurso a Platão revela a estratégia argumentativa capaz de subordinar o sentido epistemológico da Matemática ao seu sentido metafísico. Isso determina um modelo interpretativo que sem comprometer-se com os princípios filosóficos de Platão serve para mostrar, no segundo capítulo, como a Matemática, ao ser submetida ao crivo da filosofia crítica, impulsiona a razão na sua totalidade a se reposicionar voltando-se sobre si mesma. O idealismo crítico da Matemática descreve o primeiro impulso propedêutico do pensamento em direção ao interior da razão pura. Portanto, no último capítulo, mostramos como o sentido metafísico da Matemática para Kant não pode servir como método para a Metafísica, mas, ao contrário, determina uma legislação negativa para a razão pura. Essa é, precisamente, a centralidade da Matemática no Idealismo Transcendental de Kant: a crítica da Matemática desencadeia o processo de educação da razão, regulando o seu uso teórico e esclarecendo o caminho metodológico da própria Filosofia. / The central question of this thesis is: what is the meaning of Mathematics in the Critique of Pure Reason? So, first of all, it must make it clear that is implicit the information in this question that this is a problem of metaphysics that will be treated to the Kantian way. In this context, to show the propaedeutic sense of the Mathematics represents to regain a metaphysical theme that, despite to be present, it appears that remained latent and unexplored, at least in the way we presented in this thesis. Thus, in the first chapter, our theme is defined and regained from a brief history of the interpretations of Kant's philosophy. This, at its turn, projects our investigation into the horizon of the philosophical tradition, leading us back to Plato, through Cohen's neo-Kantianism. However, the Cohen’s scientistic reading throws shadow over our theme. Therefore, at the same time, our detachment of Cohen allows our research focuses directly on Plato´s Dialogues, particularly the Republic. The use of Plato reveals the argumentative strategy capable of subordinate the epistemological sense of mathematics to its metaphysical sense. This determines an interpretive model that - without compromising it with the philosophical principles of Plato - goes to show, in the second chapter, how the mathematics, when submitted to the appraisement of critical philosophy, gives impulse to the reason in its totality to reposition itself coming back to itself. The critical idealism of Mathematics describes the first propaedeutic impulse of thought into the direction of the pure reason interior. So in the last chapter, we show how the metaphysical sense of Mathematics for Kant can not serve as method for Metaphysics, but rather, determines a negative legislation to the pure reason. This is precisely the centrality of Mathematics in Kant's Transcendental Idealism: a critique of mathematics triggers the education process of the reason, that regulate its theoretical use and that clarify the methodological way of the philosophy itself.
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IDEALISMO TRANSCENDENTAL E A GÊNESE DA IDÉIA DE LIBERDADE NA CRÍTICA DA RAZÃO PURA DE KANT / TRANSCENDENTAL IDEALISM AND THE GENESIS OF THE IDEA OF FREEDOM IN KANT S CRITIQUE OF PURE REASONMallmann, Rafael Barasuol 10 August 2007 (has links)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / The present dissertation has the purpose of exploring the conflict between natural causality and causality through freedom in the Critique of Pure Reason. More specifically from the Transcendental Dialectic, where the conflict is presented as an Antinomy of Reason, and from the Transcendental Doctrine of Method, where the notion of freedom is regarded as the nucleus of his moral thinking. Kant s critical reflection points out to a distinction which is essential for this work: the distinction between noumenon and phenomenon, that is, the distinction between things as existing by themselves, independently from our faculty of knowing, and things such as they present themselves in the exercise of this faculty. Such distinction is the central thesis of the doctrine of Kantian Transcendental Idealism and provides a solution to the impasse of reason in the trial of making compatible the natural necessity (without which Science is not possible), with the possibility of an spontaneous causality, which would provide the genesis of the transcendental idea of freedom, and under which is founded freedom in a practical sense (without which moral is not possible). The central point of the present analysis indicates what Kant claims in the preface to the Second Edition of the Critique of Pure Reason that conflict between nature and freedom does not exist, as the natural necessity belongs to the phenomenical ambit and the freedom (belongs) to the noumenal ambit. / A presente dissertação tem como proposta explorar o conflito entre causalidade natural e causalidade por liberdade na Crítica da Razão Pura. Mais precisamente a partir da Dialética Transcendental, onde o conflito é apresentado como uma Antinomia da Razão, e da Doutrina Transcendental do Método, onde a noção de liberdade é anunciada como núcleo do seu pensamento moral. A reflexão crítica de Kant aponta para uma distinção fundamental, que é essencial expor neste trabalho: a distinção entre númeno e fenômeno, isto é, entre os entes tal como existem por si mesmos, independentemente de nossa faculdade de conhecer, e os entes tal como se apresentam no exercício dessa faculdade. Tal distinção é a tese central da doutrina do idealismo transcendental kantiano e proporciona a solução para o impasse da razão na tentativa de compatibilizar a necessidade natural (sem a qual não é possível ciência), com a possibilidade de uma causalidade espontânea, que proporcionaria a gênese da idéia transcendental de liberdade e sob a qual estaria fundada a liberdade em sentido prático (sem a qual não é possível a moral). O núcleo da presente análise indica o que Kant postula no prefácio à segunda edição da CRP, de que o conflito entre natureza e liberdade é inexistente, já que a necessidade natural (antítese) pertence ao âmbito fenomênico e a liberdade (tese) ao campo numênico.
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A IDEIA DA LIBERDADE EM KANT: O PERCURSO DA CRÍTICA DA RAZÃO PURA À FUNDAMENTAÇÃO DA METAFÍSICA DOS COSTUMES / THE IDEA OF FREEDOM IN KANT: THE COURSE OF THE CRITIQUE OF PURE REASON TO THE GROUNDWORK OF THE METAPHYSIC OF MORALSSilveira, Gefferson Silva da 25 April 2014 (has links)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / In this work we intend to develop an analysis about the concept of freedom in Kant. For that, we propose running the way since the Critical of Pure Reason to the Groundwork of the Metaphysic of Morals, looking for rebuilt the Kant argument in some of its aspects. The concept of freedom appears in the Critical of Pure Reason in a cosmologic conflict that intends to decide if in the world all the casualty is only natural or if together with the natural casualty can be admitted a casualty for freedom. In this sense, Kant characterizes the transcendental idea of freedom as a spontaneity that is able to begin a series of events that occurs on nature. Conceiving the transcendental idea of freedom is problematic, because the ideas, for Kant, are creations of the reason, when it doesn t find out the solution to its tie-ups. The reason necessarily looks for a condition of the condition until the unconditioned, that would complete its knowledge. The problem is that the unconditioned and, therefore, the ideas, are out of the field of the possible knowledge. Based on the transcendental idealism doctrine, Kant comes to the conclusion that the conflict between freedom and nature is only apparent, and there is no contradiction about thinking in these two kinds of casualty working at the same time. The transcendental idea of freedom, although doesn t work to enlarge the knowledge in a constitutive way, it works as a regulation principle that establishes the architecture of the reason. The reason has a particularly interest about seeing a guaranteed idea of transcendental freedom because comes from it the possibility of thinking in a practical sense of freedom, that is related to the actions of the human beings. The Groundwork of the Metaphysic of Morals presents the concept of transcendental freedom as a key of explanation for the autonomy of the will of the human beings or for the practical freedom. Conceiving the will as autonomy reveals the formula of the categorical imperative, the principle for the excellence in morality. The freedom of will has no other principle than acting on the maximum of having itself as the object for the universal law. This statement identifies free will and the will submitted to the law as one and same thing. The freedom must be presupposed as property of the will of all the thinking beings. Thus, the human being is capable to take the morality as a law while rational being. The determined concept of morality must be related to the idea of freedom without it can be showed as something real, but only implied to think about a rational being, conscious of the casualty of its actions. The trouble that it shows, for Kant, is that freedom and morality don t match to the human being, that is affected by the inclinations of the sensibility. Kant presents as a solution to this tie-up, the doctrine of the double point of view under what the human being should be considered. / Neste trabalho pretendemos desenvolver uma análise acerca do conceito de liberdade em Kant. Para isso, nos propomos percorrer o caminho desde a Crítica da Razão Pura até a Fundamentação da Metafísica dos Costumes, buscando reconstruir a argumentação kantiana em alguns de seus aspectos. O conceito de liberdade aparece na Crítica da Razão Pura no interior de um conflito cosmológico que pretende decidir se no mundo toda causalidade é somente natural ou se junto com a causalidade natural pode ser admitida uma causalidade por liberdade. Nesse sentido, Kant caracteriza a ideia transcendental da liberdade como uma espontaneidade capaz de dar início a uma série de eventos que se desenrola na natureza. Conceber a ideia transcendental de liberdade é problemático, pois as ideias, para Kant, são criações da razão, quando esta não encontra solução para seus impasses. A razão necessariamente procura a condição da condição até o incondicionado que lhe completaria o saber. O problema é que o incondicionado, e, assim, as ideias estão fora do campo do possível conhecimento. Com base na doutrina do idealismo transcendental, Kant chega à conclusão de que o conflito entre liberdade e natureza é apenas aparente, e que não existe contradição em pensar esses dois tipos de causalidade atuando ao mesmo tempo. A ideia transcendental da liberdade, embora não sirva para alargar o saber constitutivamente, serve como princípio regulativo que estabelece organizadamente a arquitetura da razão. A razão tem um interesse particular em ver garantida a ideia transcendental da liberdade, pois, advém daí a possibilidade para se pensar num sentido prático de liberdade, que diz respeito às ações dos seres humanos. A Fundamentação da Metafísica dos Costumes apresenta o conceito de liberdade transcendental como chave de explicação para a autonomia da vontade dos seres humanos, ou seja, para a liberdade prática. Conceber a vontade como autonomia revela a fórmula do imperativo categórico, o princípio por excelência da moralidade. A liberdade da vontade não tem outro princípio senão o de agir segundo a máxima de ter a si mesma por objeto como lei universal. Essa declaração identifica vontade livre e vontade submetida à lei como uma e mesma coisa. A liberdade deve ser pressuposta como propriedade da vontade de todos os seres racionais. Pois, o ser humano é capaz de tomar a moralidade como lei somente enquanto ser racional. O conceito determinado da moralidade deve ser relacionado à ideia da liberdade, sem que esta possa ser demonstrada como algo real, mas tão somente pressuposta para se pensar um ser racional consciente da causalidade das suas ações. O problema que se apresenta, para Kant, é que liberdade e moralidade não coincidem para o ser humano que é contingentemente afetado pelas inclinações da sensibilidade. Kant apresenta como solução para esse impasse a doutrina do duplo ponto de vista sob o qual o ser humano deve ser considerado.
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Perspectivísmo e verdade em Nietzsche. Da apropriação de Kant ao confronto com o relativismo / Perspectivism and truth in Nietzsche. From the appropriation of Kant to the confrontation with relativismLima, Márcio José Silveira 02 July 2010 (has links)
Esta tese de doutorado estuda o perspectivismo na obra de Nietzsche, bem como o confronto com a verdade que ele representa. Para tanto, procuramos mostrar que esse confronto atravessa toda a obra de Nietzsche, pois já os seus escritos iniciais investigam as condições para o surgimento da crença na verdade, além dos interesses a que ela atendia. Expondo que Nietzsche, apropriando-se do legado crítico de Kant em suas primeiras obras, ensaia uma destruição completa da verdade, pretendemos demonstrar que ele falha em seus objetivos porque a radicalidade de seus argumentos destruiria os próprios pressupostos em que estão baseados, ou seja, os do idealismo transcendental kantiano. Nesse momento em que circunscrevemos nossa análise aos escritos inicias, tentamos demonstrar que Nietzsche limita-se a refutar a noção de verdade como adequação com a coisa-em-si, mas falha ao querer ampliar esse refutação além desses limites. Por isso, analisando a maneira pela qual o combate à verdade se posiciona a partir dos escritos da década de 80, defendemos que neles o perspectivismo se torna decisivo para os problemas enfrentados inicialmente por Nietzsche. Interpretando o perspectivismo como um fenomenalismo da consciência e um interpretacionismo, investigamos, no decorrer deste trabalho, a forma pela qual Nietzsche re-elabora a crítica à verdade em seus escritos tardios. Considerando essa crítica ainda a partir da apropriação de Kant, buscamos demonstrar que ela atinge os fins perseguidos por Nietzsche sem, contudo, ficar preso aos impasses das primeiras 5 obras. Isso implica mostrar que Nietzsche vai recusar não apenas a noção de verdade como adequação com a coisa-em-si, mas também a concepção moderna de verdade como certeza e fundamento para o conhecimento. Eis por que Nietzsche alveja a noção cartesiana do eu penso como a primeira verdade, assim como a concepção kantiana de verdade expressa nos juízos lógicos. Sustentamos, assim, que o fenomenalismo da consciência refuta a noção de unidade, pressuposto fundamental às filosofias cartesiana e kantiana. Em seguida, analisamos como Nietzsche, apropriando-se da ideia kantiana de princípios regulativos, afirma que todas as visões com que avaliamos o mundo são ficções, erros, ótica-de-perspectivas da vida com valor regulativo para a existência. Defendemos, por fim, que embora se posicione radicalmente contra a verdade a partir da luta de interpretações, o perspectivismo não se torna um relativismo, na medida em que se liga à teoria da vontade de potência, a qual é o critério para avaliar as perspectivas e ela mesma apresentada como interpretação. / This Doctoral Thesis studies perspectivism on the work of Nietzsche, as well as the confrontation with the truth it represents. In order to do so, we try to show that this confrontation pervades Nietzsche\'s work, as his former writings investigate the conditions for the emergence of the belief in the truth, beyond the interests to which it served. By expounding that Nietzsche, borrowing Kant\'s critical legacy in his early works, starts out a complete destruction of truth, we intend to demonstrate that he fails in his objectives. This occurs because the radicalism of his arguments would destroy the very foundations which they are based upon, that is, Kantian transcendental idealism. At the moment we circumscribe our analysis to the early writings, we intend to demonstrate that Nietzsche limits himself to refuting the notion of truth as an adequacy to the thing-in-itself, but fails to widen this refutation beyond these limits. Therefore, we analyze the means of the fight against the truth, as presented in his writings from the 80`s. We defend that, in these writings, perspectivism becomes decisive in relation to the problems formerly faced by Nietzsche. By interpreting perspectivism as a phenomenalism of the conscience and interpretationism, we investigate the means by which Nietzsche re-elaborates the critique of truth in his late writings. Through the understanding of this critique as an appropriation of Kant\'s ideas, we try to demonstrate that it reaches the goals set by Nietzsche. Therefore it bypasses the impasses of his early work. This is to show that Nietzsche declines not only the notion of truth as adequacy to the thing-in-itself, but also the modern concept of truth as certainty and foundation of knowledge. That is 7 why Nietzsche aims at the Cartesian notion of \"I think\" as the first truth, as well as the Kantian conception of truth as expressed in logical judgments. Therefore, we sustain that phenomenalism of the conscience refutes the notion of unity, fundamental presupposition to Cartesian and Kantian philosophies. Additionally, we analyze the way Nietzsche, appropriating the Kantian idea of regulative principles, asserts that every vision we take to evaluate the world is fiction, a mistake, a perspectives-optic of life with a regulative value to existence. We defend, finally, that, even perspectivism radically stands against the truth - understood as strife of interpretations. It does not become relativism, since it is connected to the Theory of the Will to Power, which is the criterion to evaluate perspectives and which is itself presented as interpretation.
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A não espacialidade das coisas em si mesmas à luz da interpretação de Henry AllisonFalkenbach, Tiago Fonseca January 2006 (has links)
A presente dissertação consiste em um exame do argumento que Kant apresenta na ‘Estética Transcendental’ (Crítica da Razão Pura, A26/B42) em defesa da não espacialidade das coisas em si mesmas. Esse exame está amplamente baseado na interpretação de Henry Allison, seja por assimilar algumas de suas teses interpretativas centrais, seja por insistir no diálogo com os textos do intérprete nos momentos em que deles se distancia ou diverge. São dois os eixos principais da leitura desenvolvida na dissertação. O primeiro é a compreensão da distinção transcendental entre coisas em si mesmas e aparições [Erscheinungen] conforme a assim chamada “teoria dos dois aspectos”. Fruto dos trabalhos de Gerold Prauss e de Allison, essa tese de interpretação reza que a distinção transcendental deve ser entendida não como uma oposição entre reinos disjuntos de entidades, mas como uma distinção de aspectos. O segundo pilar da leitura proposta é a defesa de uma concepção moderada da tese da não espacialidade. Nessa versão moderada, diversamente da formulação mais forte à qual a maioria dos intérpretes costuma aderir, a tese kantiana não estabeleceria que as coisas em si mesmas seriam não-espacias em todo e qualquer sentido que se pudesse conferir ao adjetivo ‘espacial’. Os primeiros capítulos da dissertação concentram-se em averiguar a solidez da teoria dos dois aspectos, em especial, em demonstrar sua compatibilidade com duas importantes teses kantianas, a afirmação que as aparições do sentido externo são espaciais e a referida tese da não espacialidade. O trabalho de conciliação resume-se a esclarecer como é possível afirmar, sem contradição, que aparições e coisas em si mesmas são as mesmas coisas (conquanto consideradas sob aspectos distintos) e que aparições possuem certas propriedades (determinações espaciais) que as coisas em si mesmas não possuem.A solução dessa dificuldade resultou na identificação de duas premissas fundamentais que uma caridosa interpretação baseada na teoria dos aspectos deveria reconhecer no argumento kantiano: de um lado, o princípio do caráter constitutivo da relação cognitiva, de outro, a admissão de uma estrutura judicativa peculiar: o juízo reduplicativo. O terceiro capítulo trata, por fim, do sentido da tese da não espacialidade. Em primeiro lugar, procurou-se desqualificar aquelas interpretações que pretendem fortalecer o peso lógico da tese. Essencial para essa fase crítica da argumentação foi a discussão de dois paradoxos recorrentes na literatura secundária: a célebre objeção suscitada por A. Trendelenburg (a alternativa negligenciada) e a dificuldade de conciliação entre as afirmações da não espacialidade e da incognoscibilidade das coisas em si mesmas. Em um segundo momento, buscou-se apresentar os fundamentos conceituais e exegéticos em favor de uma versão mais fraca da tese kantiana. Em síntese, a investigação pretendeu confirmar a proposição segundo a qual a não espacialidade das coisas em si mesmas, ainda que baseada nas condições ontológicas do representado, estaria prioritariamente fundada nas condições de representação, i.e., nas condições de atribuição dos conteúdos de uma representação consciente objetiva (cognição) ao representado.
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Objetividade e espacialidade : Kant e a refutação do idealismoFalkenbach, Tiago Fonseca January 2012 (has links)
No presente trabalho, apresentamos uma reconstrução do argumento kantiano em favor da tese que objetividade implica espacialidade. O argumento é exposto na Crítica da Razão Pura (e parcialmente reformulado em algumas Reflexões que integram o Nachlass). Kant, no entanto, é extremamente conciso em alguns de seus passos fundamentais. Para contornar essa dificuldade, recorremos ao trabalho de outros filósofos que defenderam a mesma tese, notadamente, L.Wittgenstein, P.F.Strawson e Gareth Evans. Mesmo nas ocasiões em que nos distanciamos da letra de Kant, porém, buscamos preservar sua estratégia de prova, a saber, fundamentar o vínculo entre as noções de objetividade e espacialidade a partir de sua relação com a noção de temporalidade. A ‘Refutação do Idealismo (problemático)’, acrescentada na segunda edição da Crítica, desempenha um papel central nessa estratégia. Sendo assim, procuramos razões para a afirmação que a representação objetiva de uma existência no tempo – a representação da existência de um sujeito de consciência, para tomar o caso destacado por Kant – pressupõe a representação de objetos espaciais e independentes da mente. Argumentamos que a melhor defesa da validade da Refutação kantiana é uma doutrina da cognição de inspiração wittgensteiniana, mais exatamente, da concepção de conceitos como regras cuja aplicação requer padrões de correção (também denominados, pelo próprio Wittgenstein, de ‘paradigmas’). Segundo essa concepção, padrões devem ser objetos permanentes, existentes no espaço, independentes da mente e usados como paradigmas da aplicação correta de conceitos. Para que sejam usados dessa maneira, devem ser conhecidos pelo sujeito de pensamentos, isto é, por aquele que emprega conceitos e, portanto, segue regras. No primeiro capítulo, é discutida a teoria kantiana da cognição. Isso inclui o esclarecimento da noção de objetividade, assim como da tese que toda cognição requer conceitos. O segundo capítulo trata da relação entre objetividade e temporalidade. Há duas etapas principais nessa discussão. A primeira é uma análise da estrutura diacrônica da atividade conceitual. Nessa parte, examinamos as noções kantianas de juízo e de sujeito de pensamentos, especialmente como expostas na ‘Analítica dos Conceitos’. A segunda etapa é uma análise do argumento em favor da tese que a representação objetiva do tempo requer a representação de um objeto permanente. Kant desenvolve esse argumento na ‘Primeira Analogia (da Experiência)’. O segundo capítulo encerra, assim, com uma interpretação desse texto. Finalmente, no terceiro capítulo, consideramos a relação entre representação objetiva do tempo e espacialidade. Nessa parte, são examinadas duas vias de reconstrução do argumento da ‘Refutação do Idealismo’. A primeira é caracterizada pelo fato de não pressupor uma leitura forte da tese que cognição implica conceitos. Essa é a reconstrução que deve ser adotada pelo não-conceitualista. A segunda, ao contrário, admite a leitura forte da tese, bem como a concepção de conceitos como dependentes do conhecimento de padrões de correção. Defendemos que a segunda reconstrução é, das duas, a que está mais próxima de alcançar o resultado pretendido. / In this work we offer a reconstruction of Kant’s argument for the thesis that objectivity implies spatiality. The argument is presented in the Critique of Pure Reason (and further articulated in the so-called ‘Reflexionen’), but Kant's rendering of some of its fundamental steps is extremely laconic, to say the least. In our attempt to fill up the gaps in Kant's presentation, we make use of the work of other philosophers who defended the same thesis, most notably L.Wittgenstein, P.F.Strawson and Gareth Evans. Kant’s main strategy of proof is carefully preserved nevertheless: we try to establish, following Kant's lead, the link between the notions of objectivity and spatiality through the way the two notions a related to that of temporality. Kant's ‘Refutation of (problematic) Idealism’ plays a central role in this strategy. Accordingly, we undertake to show that the objective representation of something as existing in time – the representation, to take Kant's own privileged case, of the existence of a subject of consciousness – presupposes the representation of spatial objects which subsist independently of the representing mind. We argue that the best available defense of the validity of Kant’s Refutation makes use of a theory of cognition strongly inspired by Wittgenstein’s notion of concepts, in particular by his view of concepts as rules whose application is essentially dependent on concrete standards of correctness (also called, by Wittgenstein himself, paradigms). According to this view, standards must be permanent objects existing in space, which are used as paradigms of the correct application of concepts and which must, in order to be so used, be epistemically accessible to the thinking, concept-using, rule-following subject. In the first chapter, we discuss Kant’s theory of cognition. This involves clarifying his notion of objectivity, as well as his thesis that all cognition requires concepts. The second chapter examines the relation between objectivity and temporality. There are two main stages in this discussion. The first is an analysis of the diachronic structure of conceptual activity. At this stage we offer an examination of the Kantian notions of a judgment and of a subject of thoughts, especially as these are presented in the ‘Analytic of Concepts’. The second stage is the analysis of the argument for the thesis that the objective representation of time requires the representation of a permanent object. Kant's argument for that thesis is presented in the ‘First Analogy (of Experience)’. So, we finish the second chapter with our reading of that text. Finally, in the third chapter, we consider the relation between the objective representation of time and spatiality. Here we consider two ways of reconstructing the argument of the ‘Refutation’. The first one does not presuppose what we call a strong reading of the thesis that cognition implies concepts. That is the reconstruction which should be adopted by the nonconceptualist. The second, on the contrary, accepts the strong reading of the thesis, combining it with the idea of concepts as dependent on standards for correct application. We argue that the second reconstruction is the one which is more likely to achieve the intended result.
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