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O enigma do espelho. A retórica do silêncio nas Confissões de Agostinho de Hipona / The Enigma of the Mirror: The Rhetoric of Silence in the Confessions of Augustine of HippoTaurisano, Ricardo Reali 19 September 2014 (has links)
Três eram as principais tarefas da retórica clássica: instruir, deleitar e mover as almas à ação. Nas Confissões, contudo, percebe-se que elas são excedidas por um emprego nada convencional dos recursos da ars, de que rhetor Agostinho era mestre, a fim de perse-guir finalidade filosófica ulterior: dizer o indizível. Trata-se do uso duma palavra retórica que se quer circular, tautócrona, oblíqua, poética, oracular e paradoxal, em sua eloquência silenciosa. Numa primeira parte, pretende-se ressaltar a circularidade e tautocronia dessa palavra retórica que quer invocar, louvar e conhecer o incognoscível, mas que não prescinde da fé, tampouco da inteligência daquilo em que pretende crer e que quer apregoar, o que se faz por meio duma leitura analítica dos dois primeiros parágrafos do livro inaugural (Conf. 1,1,1-2). Na sequência, procura-se analisar os mecanismos elocutórios, de modo especial o oximoro, da palavra retórica com que Agostinho pretende dar conta da própria Palavra divina, Verbum que se fez carne. De duas maneiras se destacam essas ferramentas retóricas. Primeiro, por sua obliquidade, própria a uma linguagem que busca incessantemente extrapolar seus limites, encontrando um certo modo novo de dizer com arte, segundo a definição de figura de Quintiliano. Depois, por seu inusitado silêncio, próprio dum dizer que nada diz, em sua pretensão de exprimir o inexprimível, e que nesse não dizer diz mais do que se tivesse dito muito. Trata-se, pois, duma retórica do silêncio, que não se conforma em não dizer o indizível, pretendendo superar os limites impostos por um discurso de gênero redutor, que nega qualquer possibilidade de dizer aquilo que se tem por inefável, o Ser supremo, ainda que se veja reduzida a fazê-lo através dum espelho, em enigma (1Cor 13,12). Lo-go, desenvolve-se neste trabalho um estudo filosófico das técnicas retóricas utilizadas pelo pensador de Hipona, de modo especial as figuras de elocução, que se utilizam como meio de ultrapassar os limites duma linguagem estritamente apofática, a fim de que se cumprisse a missão cristã da pregação do Verbo encarnado. / Three were the main tasks of classical rhetoric: instruct, delight and move souls to action. In the Confessions, however, one realizes that they are exceeded by an uncon-ventional application of the arss resources, of which the rhetor Augustine was master, in order to pursue a further philosophical purpose: saying the unsayable. This is done primarily by the use of a rhetoric word that pretends to be circular, simultaneous, oblique, poetic, oracular and paradoxical, in its silent eloquence. Firstly it is intended to emphasize the circularity and simultaneity of this rhetoric word that wants to invoke, praise and know the unknowable, but that neither prescinds from faith nor from the un-derstanding of what it wants to believe in and proclaim, what is done by means of an analytical reading of the first two paragraphs of the opening book (Conf. 1.1.1-2). Sub-sequently, with an special emphasis on the oxymoron, the elocution mechanisms are analyzed: the rhetoric word with which Augustine gives an account of the divine Word, the Verbum that was made flesh. These rhetorical tools stand out in two ways. First, by their obliquity, peculiar to a language that ceaselessly seeks to extrapolate its limits, finding a certain new way to say with art, according to Quintilians definition of figure. Then, by its unaccustomed silence, peculiar to a saying that nothing says, in its aspira-tion to express the inexpressible, and by not saying it says more than if it had much said. And that is what is named a rhetoric of silence: one that does not resign itself to not saying the unsayable and intends to overcome the limits imposed by a reductive gender of discourse which denies any possibility of saying what is considered to be ineffable, the Supreme Being, even if it sees itself obliged to perform it through a mirror, in a riddle (1Cor 13,12). Therefore, it is developed in this work a philosophical study of the rhetorical techniques utilized by the thinker of Hippo, especially the figures of speech, which are put to use as a means to overcome the limits of a strictly apophatic language, so that the Christian mission could be fulfilled, preaching the Incarnate Word.
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O enigma do espelho. A retórica do silêncio nas Confissões de Agostinho de Hipona / The Enigma of the Mirror: The Rhetoric of Silence in the Confessions of Augustine of HippoRicardo Reali Taurisano 19 September 2014 (has links)
Três eram as principais tarefas da retórica clássica: instruir, deleitar e mover as almas à ação. Nas Confissões, contudo, percebe-se que elas são excedidas por um emprego nada convencional dos recursos da ars, de que rhetor Agostinho era mestre, a fim de perse-guir finalidade filosófica ulterior: dizer o indizível. Trata-se do uso duma palavra retórica que se quer circular, tautócrona, oblíqua, poética, oracular e paradoxal, em sua eloquência silenciosa. Numa primeira parte, pretende-se ressaltar a circularidade e tautocronia dessa palavra retórica que quer invocar, louvar e conhecer o incognoscível, mas que não prescinde da fé, tampouco da inteligência daquilo em que pretende crer e que quer apregoar, o que se faz por meio duma leitura analítica dos dois primeiros parágrafos do livro inaugural (Conf. 1,1,1-2). Na sequência, procura-se analisar os mecanismos elocutórios, de modo especial o oximoro, da palavra retórica com que Agostinho pretende dar conta da própria Palavra divina, Verbum que se fez carne. De duas maneiras se destacam essas ferramentas retóricas. Primeiro, por sua obliquidade, própria a uma linguagem que busca incessantemente extrapolar seus limites, encontrando um certo modo novo de dizer com arte, segundo a definição de figura de Quintiliano. Depois, por seu inusitado silêncio, próprio dum dizer que nada diz, em sua pretensão de exprimir o inexprimível, e que nesse não dizer diz mais do que se tivesse dito muito. Trata-se, pois, duma retórica do silêncio, que não se conforma em não dizer o indizível, pretendendo superar os limites impostos por um discurso de gênero redutor, que nega qualquer possibilidade de dizer aquilo que se tem por inefável, o Ser supremo, ainda que se veja reduzida a fazê-lo através dum espelho, em enigma (1Cor 13,12). Lo-go, desenvolve-se neste trabalho um estudo filosófico das técnicas retóricas utilizadas pelo pensador de Hipona, de modo especial as figuras de elocução, que se utilizam como meio de ultrapassar os limites duma linguagem estritamente apofática, a fim de que se cumprisse a missão cristã da pregação do Verbo encarnado. / Three were the main tasks of classical rhetoric: instruct, delight and move souls to action. In the Confessions, however, one realizes that they are exceeded by an uncon-ventional application of the arss resources, of which the rhetor Augustine was master, in order to pursue a further philosophical purpose: saying the unsayable. This is done primarily by the use of a rhetoric word that pretends to be circular, simultaneous, oblique, poetic, oracular and paradoxical, in its silent eloquence. Firstly it is intended to emphasize the circularity and simultaneity of this rhetoric word that wants to invoke, praise and know the unknowable, but that neither prescinds from faith nor from the un-derstanding of what it wants to believe in and proclaim, what is done by means of an analytical reading of the first two paragraphs of the opening book (Conf. 1.1.1-2). Sub-sequently, with an special emphasis on the oxymoron, the elocution mechanisms are analyzed: the rhetoric word with which Augustine gives an account of the divine Word, the Verbum that was made flesh. These rhetorical tools stand out in two ways. First, by their obliquity, peculiar to a language that ceaselessly seeks to extrapolate its limits, finding a certain new way to say with art, according to Quintilians definition of figure. Then, by its unaccustomed silence, peculiar to a saying that nothing says, in its aspira-tion to express the inexpressible, and by not saying it says more than if it had much said. And that is what is named a rhetoric of silence: one that does not resign itself to not saying the unsayable and intends to overcome the limits imposed by a reductive gender of discourse which denies any possibility of saying what is considered to be ineffable, the Supreme Being, even if it sees itself obliged to perform it through a mirror, in a riddle (1Cor 13,12). Therefore, it is developed in this work a philosophical study of the rhetorical techniques utilized by the thinker of Hippo, especially the figures of speech, which are put to use as a means to overcome the limits of a strictly apophatic language, so that the Christian mission could be fulfilled, preaching the Incarnate Word.
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Episteme do Inefável: razões da irracionalidade na univocidade mística / "Episteme of the Ineffable: reasons of irrationality in the mystical univocity"Altran, José 12 September 2014 (has links)
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Previous issue date: 2014-09-12 / The dissertation suggests that an epistemology that listen to irrationality is relevant to face perennial obstacles in the philosophy of science, against which many objects collide. This seems to be an especially useful alternative in the sciences of religion, where we see ourselves immobilized by rationality when engaging researches that are related to their typically unspeakable phenomena. The mystical experience, often taken as the basis of religion, is a scenario that often brings amid its ineffability a sense of univocity - which is, precisely, the horizon of academic making. Would this ineffable hold an episteme? Following the publications of Marcelo Dascal, Henri Bergson and others, it is argued that, overcoming asymmetric impositions of epistemic legitimacy that inhibit controversies, we could find in bergsonian intuitionism a way toward these subjects as elusive as dangerous, since they put the rationality as a functional pillar for science and irrationality as a metaphysical pillar to reality itself. The transformations that the mystics brought to the world throughout history could be taken as signs that not only the irrationality was their compass, but also that it can bring extremely desirable outcomes for humanity, althought impelled by unspeakable epiphanies. Our aim is to gradually create lucid foundations for the study of alleged mystical univocities that invariably would become relative under the eyes of reason / A dissertação sugere que uma epistemologia que dê ouvidos à irracionalidade é pertinente para enfrentarmos entraves perenes na filosofia da ciência, frente aos quais muitos objetos colidem. Esta parece uma alternativa especialmente útil nas ciências da religião, onde nos vemos imobilizados pela racionalidade ao nos engajarmos em pesquisas que guardam relação com seus fenômenos tipicamente indizíveis. A experiência mística, tantas vezes tida como base das religiões, é cenário que frequentemente traz em meio à sua inefabilidade uma sensação de univocidade - justamente o horizonte do fazer acadêmico. Moraria neste inefável uma episteme? Por meio de Marcelo Dascal, Henri Bergson e outros, argumenta-se que, superadas imposições assimétricas de legitimidade epistêmica que inibem controvérsias, poderíamos encontrar no intuicionismo bergsoniano um caminho a seguir frente a esses assuntos tão fugidios quanto delicados, uma vez que coloca a racionalidade como pilar funcional para a ciência, e a irracionalidade como pilar metafísico para a realidade em si. As transformações que os místicos trouxeram ao mundo ao longo da história servem como indício de que não só foi a irracionalidade sua diretriz, como que ela pode trazer resultados objetivos e extremamente desejáveis para a humanidade, mesmo impelidas por epifanias indizíveis. Pretende-se, assim, aos poucos, criar fundamentos lúcidos para o estudo de supostas univocidades místicas que invariavelmente se tornariam relativas sob o domínio da razão
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Em busca do "não lugar": a linguagem mística de Plotino, Jâmblico e Damáscio à luz do "Parmênides" de PlatãoBal, Gabriela 27 October 2010 (has links)
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Previous issue date: 2010-10-27 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / This Doctoral Dissertation seeks to find the No-Where , starting and finishing
point whence the Neoplatonic philosophers - Plotinus, Iamblichus and Damascius - wrote,
when faced with the Ineffable Presence of That One which attracts us with Its Silence and
Who, instead of silencing, becomes loquacious indicators of that which hides behind that
which is said and that which no language is able to contemplate without betraying itself. We
will start by investigating, in Part I, Plotinus Cataphatic and Apophatic languages (Chapters
One and Two, respectively) from the exegesis of Plato s Parmenides, especially its first
hypotheses. Departing from Plotinus One we will analyze the enigmatic aspect of mystical
language until we understand, with Plotinus, that it is just another manner for seeing that
which those who contemplate the highest and whose mystical language alludes to, through
grammar resources, such as the adverbs of place and superlatives, embodied through the
language of Love, whose breach opens cracks through which we communicate something that
is possible by means of images, metaphors and analogies, until we are forced to use the so
called negative, apophatic or aphairetic language. Plato s Parmenides, as a turning point,
united at a distance - the perspectives of our interlocutors weaving thus, in an invisible
woof, the same we supposed existed from the very beginning, but whose name we did not
know, but which revealed itself to us in a simple and instantaneous manner, because it was
there, present, in each one of them, its own way. In Part II of this work, we will work the
language of Transcendence. The very specific way each one of them developed a personal
philosophical corpus departing from the hypotheses of Plato s Parmenides reveals that very
thing that the dialog intends to arouse: the ascetic course both of the disciple (for Plotinus)
and of the pilgrim (for Iamblichus). In its limit, the aporia brings about, in Damascius
discourse (Chapter Three), an inversion, by means of which language twist and turns itself
until it becomes utterly exausted when, leaving everything that had been aggregated to
thought, we find ourselves all alone, faced with our nothingness. With nothing left, before the
abyss, in this instant , hurled forward because we still had not found the No-Where , we
meet Iamblichus (Chapter Four), which presents us with the chance of returning, no more by
means of our own efforts, but, inspired by the Caldaic Oracles, through Teurgy as
complement to Philosophy and not in opposition to it, having reached the limit to which the
latter had led us, in the dialog with Plato s Parmenides, it promotes a shift in Plato s
Parmenidean paradigm, revealing that which it was supposed to give birth to, and which was
beforehand veiled, and which is up to the instant to reveal / Esta tese de doutorado busca encontrar o Não-lugar , ponto de partida e de
chegada a partir do qual escreveram os filósofos neoplatônicos Plotino, Jâmblico e Damáscio,
ao se depararem com a Presença Inefável Daquele que nos atrai com o seu Silêncio e que, ao
invés de se calarem, tornam-se loquazes indicadores do que se esconde por trás do que é dito
e que linguagem alguma consegue contemplar sem trair a si própria. Começaremos por
investigar, na primeira parte deste estudo, a linguagem catafática e apofática de Plotino (1º e
2º Capítulos, respectivamente) a partir da exegese do Parmênides de Platão, especialmente a
primeira hipótese. A partir do Um de Plotino vislumbraremos o aspecto enigmático da
linguagem mística até entendermos, com Plotino, tratar-se de outra maneira de ver aquela de
quem contempla o mais alto e que a linguagem mística alude através de recursos gramaticais,
tais como os advérbios de lugar e superlativos, e que se concretizam através da linguagem do
Amor, cuja brecha abre fendas por meio das quais nos comunicamos, o que é possível por
meio de imagens, metáforas e analogias até sermos forçados a utilizar a linguagem negativa,
apofática e afairética. O Parmênides de Platão, como um divisor de águas, aproximou - à
distância - as perspectivas de nossos interlocutores tecendo uma trama invisível, a mesma que
vislumbrávamos existir desde o início, mas que desconhecíamos o nome, que veio a se revelar
a nós de modo simples e instantâneo, porque estava ali presente, em cada um deles, à sua
maneira. Na segunda parte deste estudo trabalharemos a linguagem da Transcendência. A
maneira muito particular como cada um deles desenvolveu um corpo filosófico próprio, a
partir das hipóteses do Parmênides, revela aquilo mesmo que o diálogo pretende suscitar: o
percurso ascético tanto do discípulo (para Plotino) quanto do peregrino (para Jâmblico). Em
seu limite, a aporia realiza, no discurso de Damáscio (3º capítulo), uma inversão, por meio da
qual a linguagem se contorce e inverte até a mais completa exaustão quando, abandonando
tudo o que havíamos agregado ao pensar, nos encontramos sós e diante de nosso nada. Sem
mais nada, diante do abismo, neste instante , arremeçados adiante porque ainda não
havíamos encontrado o Não-lugar encontramos Jâmblico (4º capítulo), que nos brinda com
a possibilidade de retorno, não mais através de nossos esforços, mas, inspirado pelos
Oráculos Caldáicos, na teurgia como complemento da filosofia e não em oposição à mesma,
tendo ido até o extremo em que esta pode nos conduzir, no diálogo com o Parmênides de
Platão, promove uma mudança do paradigma parmenideano de Platão, revelando aquilo que
lhe coube trazer à luz e que estava antes encoberto, o que só o instante pode revelar
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