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O discurso de resistência em meio à espetacularização do Festival Folclórico de Parintins

Cardoso, Jorcemara Matos 29 February 2016 (has links)
Submitted by Izabel Franco (izabel-franco@ufscar.br) on 2016-10-05T17:47:15Z No. of bitstreams: 1 DissJMC.pdf: 3069445 bytes, checksum: 30f0a8030fcaf9c746e889fa99d8c3e6 (MD5) / Approved for entry into archive by Marina Freitas (marinapf@ufscar.br) on 2016-10-20T14:00:53Z (GMT) No. of bitstreams: 1 DissJMC.pdf: 3069445 bytes, checksum: 30f0a8030fcaf9c746e889fa99d8c3e6 (MD5) / Approved for entry into archive by Marina Freitas (marinapf@ufscar.br) on 2016-10-20T14:01:02Z (GMT) No. of bitstreams: 1 DissJMC.pdf: 3069445 bytes, checksum: 30f0a8030fcaf9c746e889fa99d8c3e6 (MD5) / Made available in DSpace on 2016-10-20T14:01:10Z (GMT). No. of bitstreams: 1 DissJMC.pdf: 3069445 bytes, checksum: 30f0a8030fcaf9c746e889fa99d8c3e6 (MD5) Previous issue date: 2016-02-29 / Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) / In Brazil, since the outbreak of the Modern Art Week in 1922, has been drawing a quest to discover which are the characteristic points that make the subject is Brazilian, feel belonging to a Brazilianness. It is true that throughout history, with its discontinuous points (Foucault, 1995), emerge speeches that make this identification is aflore in different ways. One would be the intense mass media of the manifestations of popular culture, this has increasingly been seen as an emblem of Brazilianness, as forms of identification of a people, starting from regional to a national identity (CRUZ, 2005). The 1990s will break in the Amazon making emerging parties like Ciranda in Manacapuru-AM; Çairé in Alter do Chão-PA; Bumba-meu-boi in São Luís, the Parintins Folklore Festival etc., to be seen and "potentiated" a local setting regional identity representations and, why not say, part of the national identity diversity. The identities before seen as solid, are now placed with malleable identities (Bauman, 2005). In particular, the Parintins Festival, now FFP, entering the field of visibility, we are moving in many more mídiuns, numerous shapes and positions on this folkloric manifestation, causing disputes, influencing saying, representations and memories. Put another way, it begins to be seen and constructed as a spectacle, in the sense that Debord (1997) gives this concept. The year 2013 emerges as a discursive event, with regard to the centenary of bumbás Parintins, celebrated on the 48th Festival of Parintins, in which we see the refresh memories, producing different effects of meaning. Therefore, believing that the identity and memory worked at the party are made, molded to the show, we made the following question: to what extent can see a resistance discourse amid the spectacle of the 48th Folkloric Festival of Parintins? Thus, we used a discourse analysis entitled French from Pêcheux (1998; 2007; 2009; 2010; 2012), which gives us the theme, mainly to reflect about ideological processes, materiality, linguistics, contradiction, which in our view is an important step to realize the strength of speech, as the speech another with which the subjects (for / against) identify which emerges in the official discourse, is marked on the tongue, causing updates , repetitions, silences. We bring to this dialogue, Michel Foucault (1995; 1999; 2004; 2010; 2014), especially regarding the perception of utterance, enunciation function, discursive formation, file, power relations which are the basis of its archaeological phase, showing -We do not the representation of discourse, but as the statements constitute speeches. It is this dialogue between Pêcheux and Foucault we build our analysis base. Another author important for our research is Courtine, which mobilized mainly their formulations about discursive memory both in his 1981 text, as its current reflections (2008, 2014) on the mobilization of memory and discursive formation. During the research, we found that: i) the effects of meaning production processes, about the ox-bumbá, are regulated by silences imposed by social relations involving the party today, as requirements of the cultural industry; ii) the feast of the manifestation of space, followed by the production and handling of identity and memory, gives rise to discourses of resistance, which show the spectacle of folkloric festival of Parintins; iii) the marginalized voices (Indian and black, above) existing power relations in the party auto start from the same place and are taking different paths due to the agency on the valuation of a culture on the other, making a reach upward as focus and the other being relegated to carnivalization; iv) space and be the party are built in this relationship between the assemblages in which the party is immersed and the constitution of these as objects of history; v) as memory production space, documentaries, media reports and advertisements glosses of a molded memory, producing not only a history of the horse, but also an identity connected to this memory. Understanding this folkloric manifestation by discursive bias, it was necessary, therefore, to see it as building speech taken as true at a time, in the area of your body, in the succession of events that brings out the speech / memory and not another ( a) instead of that subject, identity and memory are in a relationship of power, knowledge and strength being (re / in) meanings within the FFP. / No Brasil, desde a eclosão da Semana de Arte Moderna em 1922, vem se desenhando uma busca por descobrir quais são os pontos característicos que fazem o sujeito ser brasileiro, se sentir pertencente a uma brasilidade. É certo que no decorrer da história, com seus pontos descontínuos (FOUCAULT, 1995), emergem discursos que fazem com que essa identificação se aflore de diversas formas. Uma delas seria a intensa massificação midiática das manifestações da cultura popular, esta que tem cada vez mais sido vista como emblema de brasilidade, como formas de identificação de um povo, partindo do regional para uma identidade nacional (CRUZ, 2005). A década de 1990 irá romper na Amazônia fazendo emergir festas como a Ciranda, em Manacapuru-AM; Çairé, em Alter do Chão-PA; Bumba-meu-boi, em São Luís-MA, o Festival Folclórico de Parintins etc., para serem vistas e “potencializadas” de um cenário local a representações de identidade regional e, porque não dizer, fazer parte da diversidade identitária nacional. As identidades antes vistas como sólidas, agora são postas com identidades maleáveis (BAUMAN, 2005). Em particular, o Festival Folclórico de Parintins, doravante FFP, entrando no campo da visibilidade,vemos circularem nos mais diversos mídiuns, inúmeras formas e posições acerca dessa manifestação folclórica, provocando litígios, influenciando dizeres, representações e memórias. Dizendo de outro modo, começa a ser vista e construída como um espetáculo, no sentido que Debord (1997) dá este conceito. O ano de 2013, emerge como acontecimento discursivo, no que diz respeito ao centenário dos bumbás de Parintins, comemorado no 48º Festival de Parintins, em que vemos a atualização de memórias, produzindo diferentes efeitos de sentido. Diante disso, acreditando que a identidade e memória trabalhadas na festa são fabricadas, moldadas para o espetáculo, fizemos a seguinte pergunta: em que medida pode-se ver um discurso de resistência em meio à espetacularização do 48º Festival folclórico de Parintins? Dessa forma, lançamos mão de uma Análise de Discurso intitulada francesa, a partir de Michel Pêcheux (1998; 2007; 2009; 2010; 2012), o qual nos dá o mote, principalmente, para refletir acerca de processos ideológicos, materialidade, linguística, contradição, o que a nosso ver é um passo importante para percebemos o discurso de resistência, uma vez que o discurso outro com os quais os sujeitos se (de/contra)identificam, que emerge no discurso oficial, é marcado na língua, provocando atualizações, repetições, silenciamentos. Trazemos para esse diálogo, Michel Foucault (1995; 1999; 2004; 2010; 2014), especialmente no que tange a percepção de enunciado, função enunciativa, formação discursiva, arquivo, relação de poder os quais estão na base de sua fase arqueológica, mostrando-nos não a representação dos discursos, mas como os enunciados se constituem em discursos. É nesse diálogo entre Pêcheux e Foucault que construímos nosso base de análise. Outro autor importante para a nossa pesquisa é Courtine, do qual mobilizamos, principalmente, as suas formulações acerca de memória discursiva tanto em seu texto de 1981, quanto suas atuais reflexões (2008; 2014) acerca da mobilização da memória e da formação discursiva. No decorrer da pesquisa, pudemos constatar que: i) os processos de produção de efeitos de sentido, a respeito do boi-bumbá, são regulados por silenciamentos impostos pelas relações sociais que envolvem a festa na atualidade, como exigências da indústria cultural; ii) o espaço de manifestação da festa, seguido pela produção e manipulação de identidade e memória, faz com que surjam discursos de resistências, que colocam em evidência a espetacularização do festival folclórico de Parintins; iii) as vozes marginalizadas (índio e negro, sobretudo) existentes nas relações de poder no auto da festa partem do mesmo lugar e vão tomando percursos diferentes, devido ao agenciamento sobre a valorização de uma cultura sobre a outra, fazendo uma alçar-se como foco e a outra ficando relegada à carnavalização; iv) o espaço e o ser da festa são construídos nessa relação entre os agenciamentos, nos quais a festa está imersa e a constituição destes como objetos da história; v) como espaço de produção de memória, os documentários, as reportagens e as propagandas servem de mote para uma memória moldada, produzindo não só uma história dos bois, mas também uma identidade ligada a essa memória. Nesses mesmo lugares, também, pudemos ver, diante de todo esse processo, como a resistência emerge em meio à memória que é construída para ser a memória oficial. Compreender essa manifestação folclórica pelo viés discursivo, mostrou-se necessário, portanto, para percebê-la como construção do discurso tomado como verdadeiro numa época, no domínio de sua instância, na sucessão de acontecimentos que faz emergir esse discurso/memória e não outro(a) em seu lugar, de que sujeito, identidade e memória estão numa relação de poder, saberes e força sendo (re/in)significados no espaço do FFP.

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