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O PONTO E A ENCRUZILHADA: A POESIA NEGRA RASURANDO A MEMÓRIA, A HISTÓRIA E A LITERATURA OFICIAL ATRAVÉS DA INTERTEXTUALIDADE

Freitas, Ivana Silva January 2015 (has links)
Submitted by Roberth Novaes (roberth.novaes@live.com) on 2018-07-11T15:12:50Z No. of bitstreams: 1 Tese de Doutorado - Ivana Freitas.pdf: 1684150 bytes, checksum: 2daf3ac0a027902a8b98b6677bb7862d (MD5) / Approved for entry into archive by Setor de Periódicos (per_macedocosta@ufba.br) on 2018-07-11T16:57:11Z (GMT) No. of bitstreams: 1 Tese de Doutorado - Ivana Freitas.pdf: 1684150 bytes, checksum: 2daf3ac0a027902a8b98b6677bb7862d (MD5) / Made available in DSpace on 2018-07-11T16:57:11Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Tese de Doutorado - Ivana Freitas.pdf: 1684150 bytes, checksum: 2daf3ac0a027902a8b98b6677bb7862d (MD5) / Este trabalho é fruto do desenvolvimento de pesquisas realizadas durante a graduação, o mestrado e o curso de doutorado, visando a análise de como a poética negra brasileira, através da intertextualidade, instaura pontos de rasuras e fraturas na memória, na história e na literatura oficial através do conflito e do reconhecimento do espaço poético como uma arena. Pesquisar sobre a intertextualidade paródica entre a poesia negra e a memória, a história e a Literatura reconhecida como cânone no Brasil, consiste não somente questionar os processos de consagração e exclusão de textos literários, mas também refletir sobre os desafios para a implementação de uma educação anti-racista. Para tanto, a partir do entrelaçamento das contribuições dos estudos literários, históricos e culturais, foram levantados e analisados mais de 70 poemas negros brasileiros, de diferentes épocas, que constituem intertextualidade crítica com memórias, histórias e literaturas historicamente consagradas. A partir dessa análise, foi possível afirmar que a intertextualidade é uma constante discursiva da Literatura negra utilizada no sentido de rasurar o discurso hegemônico, instaurando o conflito de memórias e fazendo emergir outras memórias e histórias nas quais a população negra assume a condição de sujeito. Dessa forma, a poética negra brasileira configura-se também como um instrumento de luta contra o racismo, inclusive o racismo disseminado na própria literatura reconhecida como cânone no Brasil. / This work is the result of the development of research effected during graduation, masters and doctorate studies; it aimed at analyzing how the Brazilian black poetic, through intertextuality, establishes points of blots and fractures in memory, history and official literature through conflict and recognition of the poetic space like an arena. Researching on the parodic intertextuality between black poetry and memory, history and literature recognized as canon in Brazil, it does not only consist in questioning about the emancipation processes and exclusion of literary texts, but also reflect on the challenges unto the implementation of an education non-racist. Therefore, from the interweaving of the contributions of literary, historical and cultural studies, more than 70 Brazilian black poems from different times, were collected and analyzed, which constitute critical intertextuality with memories, stories and literature historically emancipated. According to this analysis, it has been possible state that intertextuality is a constant discourse of black literature used in order to erase the hegemonic discourse, establishing the conflict of memories and giving rise to other memories and stories in which the black population assumes the condition of individual. Thus, the Brazilian black poetic also sets itself as an instrument of struggle against racism, especially racism which is disseminated even in literature recognized as canon in Brazil.
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Poesia negra brasileira: o desmantelar das grilhetas da Sciencia do Século XIX

Souza, Alan Fernandes de 19 June 2009 (has links)
Made available in DSpace on 2015-05-14T12:40:06Z (GMT). No. of bitstreams: 1 arquivototal.pdf: 1026174 bytes, checksum: e51de75f544e0a6bde0905f771d5bc31 (MD5) Previous issue date: 2009-06-19 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES / The present study focuses the representation of racial relations in Brazilian Black poetry. Thus, we elected as our research object samples of the poetic production of two different moments: the first, implying the period generally referred to as Brazilian Modernism. The second, the poetic production of the 1950ies until contemporary times which, we call Late Modernism. Such poetic productions were selected as our corpus with the intention to indicate, by the analysis of the simbology and allegories implicit, the mimetic representation of different forms through which stereotypes and prejudices come into form, a racism deeply rooted in the collective imaginary of Brazilian society, having as its basis the racial theories of the 19th Century. Thus, we revise the history of Brazilian racial myths, the ideological and cultural basis on which those myths are founded, the historiography of Brazilian Black poetry, the process of elaboration of the mimesis and the literary project that such poetry implemented in the country. Our decision to deal with Brazilian Black poetry as our corpus is basically connected to our passion to poetry in general, and to Black poetry, in particular; we also decided for this focus based on our political and social option to struggle against racism and its expressions. We also believe we can interrogate discussions and perspectives on Black poetry we disagree with, despite their frequent presence in academic debates; we understand this as an opportunity to analyze the tensions in the academic institutional sphere in a broader sense. Besides, our research tries to deconstruct the idea that texts permeated by revolt or denounce of racism cannot have literary quality. On the contrary, the political tone of Black poetry, as we see it, is part of its structure, of its theme. Some critics defend that the political tone of Black poetry is responsible for the reduced number of its readers. We believe this statement has to be revised and reexamined in the specific context of Brazil. In this sense, we analyze literary texts making use of interdisciplinary theoretical and methodological support, which allows us to develop a reading that points to the existing relation between literary text and the socio-cultural context in which it is inserted. So, we articulate the poetic text with other discourses of social sciences, especially with the historical and sociological discourses, without forgetting that our attention should concentrate on the analyzed poetry. We also intend to follow the critical attitude defended by Antonio Candido (1985), when he states that social factors should be observed as elements which assume the role of structuring the piece of work. So, poetry and society present themselves as inseparable elements of our study, which propose to free Brazilian Black poetry of reductionist or de-contextualized readings, responsible for the maintenance of racism in the literary canon and in its critics. / O presente estudo enfoca a representação das relações raciais na poesia negra brasileira. Assim, elegemos como objeto de investigação exemplos da produção poética de dois momentos históricos desta literatura: o primeiro abrange o período que convencionalmente foi denominado e classificado como modernismo brasileiro. O segundo abarca a produção poética da década de 1950 até a contemporaneidade, que tratamos como produções literárias do modernismo tardio. Estas produções poéticas foram selecionadas para nosso corpus com o intuito de flagrar, em suas simbologias e alegorias, a representação mimética das diferentes formas através das quais se manifestam atitudes preconceituosas e estereotipadas, marcadas pelo racismo, e sedimentadas no imaginário coletivo do povo brasileiro, com base nas teorias raciais do século XIX. Com este intuito, não nos furtaremos de revisar a história dos mitos raciais brasileiros, o alicerce ideológico e cultural sobre o qual tais mitos repousam, a historiografia da poesia negra brasileira, o processo de elaboração de sua mimesis e o projeto literário que tal poesia implementou no país. Nossa escolha pela poesia negra brasileira para nosso corpus se deve, basicamente à paixão pela poesia em geral, e pela poesia negra, em particular; também optamos por tal objeto de pesquisa por uma opção de política pessoal e social pautada na luta contra o racismo e suas expressões. Acreditamos, também, poder colaborar com discussões e perspectivas sobre a poesia negra das quais discordamos, mesmo sendo freqüentes no universo acadêmico, o que interpretamos como uma oportunidade ou um convite à analise das tensões encontradas nesta esfera institucional. Além disso, nossa pesquisa busca exatamente desconstruir a idéia de que criar narrativas ou poéticas permeadas por fios de revolta e denúncia faria com que tais textos perdessem sua literariedade. Ao contrário, o tom muitas vezes político da poesia negra, a nosso ver, faz parte de sua estrutura, de seu tema e da tessitura desta poética. Mesmo que alguns críticos literários defendam que tal tom político, bem como o discurso de vitimização do negro teria sido responsável por uma redução no número de leitores de tal poesia, acreditamos que estas afirmativas devem ser revistas e reexaminadas dentro do contexto nacional. Desta forma, procedemos à análise dos textos literários utilizando um suporte teórico-metodológico interdisciplinar que nos permite desenvolver uma leitura que aponta para a relação existente entre o fato literário e o contexto sócio-cultural que o informa. Assim, além da teoria literária, nos articularemos com outros discursos das ciências sociais, de modo especial com o discurso histórico, o sociológico e o antropológico, sem perder de foco a poesia a ser analisada. Buscamos, enfim, ao longo de nosso estudo trilhar o caminho apontado por Antonio Candido (1985), quando este defende que os fatores sociais devem ser observados como elementos que desempenham o papel de formadores da estrutura da obra . Portanto, poesia e sociedade se apresentam como elementos inseparáveis do estudo que ora propomos, que se propõe a libertar a poesia negra brasileira de leituras reducionistas ou descontextualizadas responsáveis pela manutenção de um racismo verificável nos cânones literários e na crítica nacional.
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[pt] SLAM DAS MINAS RJ: CENAS E CRÔNICAS DE UMA ESCUTA / [es] SLAM DAS MINAS RJ: ESCENAS Y CRÓNICAS DE UNA ESCUCHA / [en] SLAM DAS MINAS RJ: SCENES AND CHRONICLES OF A LISTENING SESSION

MARINA IVO DE ARAUJO LIMA 28 October 2024 (has links)
[pt] Slam das Minas RJ: cenas e crônicas de uma escuta é um estudo analítico descritivo sobre a coletiva que organiza batalhas poéticas no Rio de Janeiro. Tem início na etapa final no Largo do Machado, zona sul da cidade, em 2017, atravessa a pandemia de Covid-19, e se encerra com o primeiro evento presencial após a pandemia, em março de 2022. O texto mergulha na descrição dos eventos – sejam presenciais e virtuais – e nas questões que surgem a partir dessa observação. Apresenta ainda recortes de falas – recolhidas no total de 535 minutos de entrevistas realizadas com cada integrante – no intuito de mapear essas vozes poéticas, suas personalidades, interesses e histórias como parte importante do movimento de Slam Poetry no Brasil. As principais questões dessa investigação são: O que ocorre quando a poesia do Slam das Minas RJ toma as ruas? Quais as saídas encontradas quando a pandemia impossibilita os encontros presenciais? E como os eventos virtuais permitem novas formas de escuta? Quais as questões que inquietam es poetes durante a pandemia?” Por fim: O que está em jogo quando o Slam das Minas RJ acolhe poetas trans e celebra o amor erótico dos desobedientes de gênero em praça pública? Para discutir tais temas, a presente investigação dialoga, principalmente, com a escritora brasileira Conceição Evaristo, a poeta e pensadora (fundadora do primeiro Slam das Minas) Tatiana Nascimento, a pensadora argentina e teórica da performance Marcela A. Fuentes e o pensador espanhol Paul B. Preciado. / [en] Slam das Minas RJ: scenes and chronicles of a listening is a descriptive analytical study about a collective responsible for organizing poetic battles in Rio de Janeiro. It begins in the final stage at Largo do Machado, south of the city, in 2017, runs through the Covid-19 pandemic, and ends with the first in-person event after the pandemic, in March 2022. The text delves into the description of the events – whether face-to-face or virtual – and the questions that arise from this observation. It also presents excerpts of discussions – collected from a total of 535 minutes of interviews carried out with each member – with the aim of mapping these poetic voices, their personalities, interests and stories as an important part of the Slam Poetry movement in Brazil. The main queries of this investigation are: What happens when the poetry of Slam das Minas RJ takes to the streets? What solutions were found when the pandemic made face-to-face meetings impossible? And how do virtual events allow for new ways of listening? What issues concern poets during the pandemic? Finally: What is at stake when Slam das Minas RJ welcomes trans poets and celebrates the erotic love of gender disobedient people in the public scene? To discuss such themes, this investigation converses mainly with the Brazilian writer Conceição Evaristo, the poet and thinker (founder of the first Slam das Minas) Tatiana Nascimento, the argentine thinker and performance theorist Marcela A. Fuentes and the Spanish thinker Paul B. Preciado. / [es] Slam das Minas RJ: Escenas y crónicas de una escucha es un estudio analítico descriptivo sobre el colectivo que organiza batallas poéticas en Río de Janeiro. Comienza en la etapa final en el Largo do Machado, zona sur de la ciudad, en 2017, atraviesa la pandemia de COVID-19, y cierra con el primer evento presencial tras la pandemia, en marzo de 2022. El texto se sumerge en la descripción de los eventos –ya sean presenciales o virtuales– y en las inquietudes que surgen a partir de esa observación. Presenta además extractos de charlas –recopilados en el total de 535 minutos de entrevistas realizadas con cada integrante– con la intención de mapear estas voces poéticas, sus personalidades, intereses e historias como parte importante del movimiento de Slam Poetry en Brasil. Los principales interrogantes de esta investigación son: Qué ocurre cuando la poesía del Slam das Minas RJ toma las calles? Qué soluciones se encuentran cuando la pandemia imposibilita los encuentros presenciales? Y cómo los eventos virtuales permiten nuevas formas de escucha y cuáles son los interrogantes que inquietan a estes poetas durante la pandemia? Finalmente: Qué está en juego cuando el Slam das Minas RJ acoge a poetas trans y celebra el amor erótico de los desobedientes de género en plaza pública? Para discutir tales temas, la presente investigación dialoga, sobre todo, con la escritora brasileña Conceição Evaristo, la poeta y pensadora (fundadora del primer Slam das Minas) Tatiana Nascimento, la pensadora argentina y teórica de la performance Marcela A. Fuentes y el pensador español Paul B. Preciado.
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Os Blues Poems de Langston Hughes: por uma tradução musicada / Langston Hughess Blues Poems: a musical translation

Oliveira, Pedro Tomé de Castro 02 June 2017 (has links)
Se a tradução envolve leitura e reescrita, nós poderíamos questionar o modo como se lê antes de questionar o modo como se reescreve. A tradução de poesia parece continuamente lidar com problemas de ritmo, rima, sintaxe, sentido, registro linguístico. Mas e se o tradutor, entendendo a leitura como performance, recolocar tais questões sob a perspectiva de outra mídia, que possa libertá-lo das restrições da escrita? O pesquisador Peter Low (2003) provoca os tradutores de poesia a se questionarem se desejam que seus textos sejam vocalizados (recitados, musicados etc.), e não apenas lidos silenciosamente. Haveria, então, uma alteração funcional e, consequentemente, um texto de chegada com um skopos diferente (REISS e VERMEER, 1996). Trata-se de trabalhar com a força latente da voz no texto; com uma possibilidade de performance inscrita na mídia escrita: a vocalidade, como coloca Paul Zumthor (1993). O poeta negro estadunidense Langston Hughes (1902-67) escrevia poemas semelhantes a letras de blues e recitava seus versos no ato da criação, o que pode sugerir algo a respeito de um possível modo de ler, absorver e recriar sua poesia em outra língua. Nosso objetivo, portanto, é traduzir seus poemas de blues ao cantá-los e tocá-los no violão. As canções de blues resultantes, em português, estão registradas em CD que foi inserido como apêndice da tese. Nosso método consiste em musicá-los enquanto os traduzimos, pois a simultaneidade dos processos é precisamente aquilo que interfere nas escolhas linguísticas, influenciando aspectos de ritmo, sintaxe, sentido etc. Nossa hipótese envolve, então, a questão de como os modos de dizer da canção popular, numa dada língua-cultura, determinariam o resultado da tradução. Essa experimentação deve, segundo esperamos, contribuir para os Estudos da Tradução por redimensionar alguns aspectos do texto de acordo com a dinâmica da vocalização. Esses resultados são tanto acadêmicos, em termos da discussão sobre a própria tradução, quanto artísticos, como música de blues composta para o público brasileiro, apresentando Langston Hughes, relativamente pouco conhecido e traduzido no Brasil, na forma de um gênero musical que é amplamente disseminado por aqui. / If translation involves reading and rewriting, we might question how we read a text before questioning the rewriting. Poetry translation seems to continually deal with problems of rhythm, rhyme, syntax, meaning, register. What if the translator understands reading as performance in order to reconceive all those issues within the perspective of another medium, which could free him from the constraints of writing? Researcher Peter Low (2003) suggests that poetry translators ask themselves whether they would like their texts to be recited, set to music etc., rather than just silently read. There would be, then, a functional alteration, and the target text would have a different skopos (REISS and VERMEER, 1996). We propose working with the latent force of the voice in the text; with a possibility of performance inscribed in the written medium: the vocality of Paul Zumthor (1993). The Afro-American poet Langston Hughes (1902-67) wrote poems very similar to blues lyrics and knowingly spoke (or even sung) his lines while creating them. That might suggest something about a way to read, absorb and recreate his poetry in another language. Our goal, therefore, is to translate his blues poems while singing and playing them on the guitar. The resulting blues songs in Portuguese are registered on a CD attached to this thesis. Our method is to set them to music while translating them, because the simultaneity of the processes is exactly what might interfere in the linguistic choices, influencing aspects of rhythm, meaning etc. Our hypothesis involves, then, the discussion of how the modes of expression of the popular song, in a given system of language-culture, would determine the results of the translation. That sort of experimentation will hopefully contribute to the Translation Studies by rearranging certain aspects of the text according to the dynamics of vocalization. These results are both academic, in terms of the discussion about translation itself; and artistic, as blues music composed for the Brazilian audience, presenting Langston Hughes, relatively unknown and non-translated in Brazil, in the form of a musical genre which is widely disseminated here.
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Os Blues Poems de Langston Hughes: por uma tradução musicada / Langston Hughess Blues Poems: a musical translation

Pedro Tomé de Castro Oliveira 02 June 2017 (has links)
Se a tradução envolve leitura e reescrita, nós poderíamos questionar o modo como se lê antes de questionar o modo como se reescreve. A tradução de poesia parece continuamente lidar com problemas de ritmo, rima, sintaxe, sentido, registro linguístico. Mas e se o tradutor, entendendo a leitura como performance, recolocar tais questões sob a perspectiva de outra mídia, que possa libertá-lo das restrições da escrita? O pesquisador Peter Low (2003) provoca os tradutores de poesia a se questionarem se desejam que seus textos sejam vocalizados (recitados, musicados etc.), e não apenas lidos silenciosamente. Haveria, então, uma alteração funcional e, consequentemente, um texto de chegada com um skopos diferente (REISS e VERMEER, 1996). Trata-se de trabalhar com a força latente da voz no texto; com uma possibilidade de performance inscrita na mídia escrita: a vocalidade, como coloca Paul Zumthor (1993). O poeta negro estadunidense Langston Hughes (1902-67) escrevia poemas semelhantes a letras de blues e recitava seus versos no ato da criação, o que pode sugerir algo a respeito de um possível modo de ler, absorver e recriar sua poesia em outra língua. Nosso objetivo, portanto, é traduzir seus poemas de blues ao cantá-los e tocá-los no violão. As canções de blues resultantes, em português, estão registradas em CD que foi inserido como apêndice da tese. Nosso método consiste em musicá-los enquanto os traduzimos, pois a simultaneidade dos processos é precisamente aquilo que interfere nas escolhas linguísticas, influenciando aspectos de ritmo, sintaxe, sentido etc. Nossa hipótese envolve, então, a questão de como os modos de dizer da canção popular, numa dada língua-cultura, determinariam o resultado da tradução. Essa experimentação deve, segundo esperamos, contribuir para os Estudos da Tradução por redimensionar alguns aspectos do texto de acordo com a dinâmica da vocalização. Esses resultados são tanto acadêmicos, em termos da discussão sobre a própria tradução, quanto artísticos, como música de blues composta para o público brasileiro, apresentando Langston Hughes, relativamente pouco conhecido e traduzido no Brasil, na forma de um gênero musical que é amplamente disseminado por aqui. / If translation involves reading and rewriting, we might question how we read a text before questioning the rewriting. Poetry translation seems to continually deal with problems of rhythm, rhyme, syntax, meaning, register. What if the translator understands reading as performance in order to reconceive all those issues within the perspective of another medium, which could free him from the constraints of writing? Researcher Peter Low (2003) suggests that poetry translators ask themselves whether they would like their texts to be recited, set to music etc., rather than just silently read. There would be, then, a functional alteration, and the target text would have a different skopos (REISS and VERMEER, 1996). We propose working with the latent force of the voice in the text; with a possibility of performance inscribed in the written medium: the vocality of Paul Zumthor (1993). The Afro-American poet Langston Hughes (1902-67) wrote poems very similar to blues lyrics and knowingly spoke (or even sung) his lines while creating them. That might suggest something about a way to read, absorb and recreate his poetry in another language. Our goal, therefore, is to translate his blues poems while singing and playing them on the guitar. The resulting blues songs in Portuguese are registered on a CD attached to this thesis. Our method is to set them to music while translating them, because the simultaneity of the processes is exactly what might interfere in the linguistic choices, influencing aspects of rhythm, meaning etc. Our hypothesis involves, then, the discussion of how the modes of expression of the popular song, in a given system of language-culture, would determine the results of the translation. That sort of experimentation will hopefully contribute to the Translation Studies by rearranging certain aspects of the text according to the dynamics of vocalization. These results are both academic, in terms of the discussion about translation itself; and artistic, as blues music composed for the Brazilian audience, presenting Langston Hughes, relatively unknown and non-translated in Brazil, in the form of a musical genre which is widely disseminated here.

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