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(In)visibilidades no campo da saúde mental infantojuvenil: tessituras e desenlaces na construção da atenção psicossocial e do cuidado em redeFÉLIX, Lívia Botelho 20 December 2016 (has links)
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Previous issue date: 2016-12-20 / CAPES / Esta tese teve por objetivo compreender a dimensão da prática profissional na construção dos
cuidados em saúde mental infantil em suas imbricações com as representações sociais. Propôsse
a realização de uma pesquisa com ênfase na abordagem qualitativa, desenvolvida em 2 (dois)
estudos. O primeiro estudo se refere a uma pesquisa documental que visou perscrutar as
políticas públicas que orientam os cuidados à saúde mental infantil, apreendendo as
representações normativas de infância e cuidado. Para tanto, foram analisados 28 (vinte e oito)
documentos inseridos na legislação em saúde mental brasileira. Os resultados apontam
invisibilidades e fragmentações nas políticas de saúde mental voltadas para a infância, cuja
construção é atravessada por consensos e dissensos, processos políticos, sócio-históricos e de
influência social. Refletiu-se que a ênfase atribuída por determinados segmentos e as pressões
sociais exercidas para que o Estado intervenha sobre problemas específicos, como o uso de
drogas e o autismo, escamoteia outras demandas e especificidades da infância enquanto
categoria do tipo geracional. O segundo estudo teve a finalidade de analisar a produção de
cuidados formais à saúde mental infantojuvenil em sua relação com as práticas profissionais no
contexto dos serviços de saúde. Participaram desta pesquisa uma gestora da rede de saúde
mental do estado de Pernambuco e 8 psicólogas/os atuantes em Núcleos de Atenção à Saúde da
Família (NASF). Verificou-se uma série de impasses que demonstram a fragilidade da rede
disponível nesse município para atender às crianças com demandas em saúde mental, a exemplo
da insuficiência de serviços substitutivos. No que concerne ao funcionamento e aos desafios
vivenciados pelas/os psicólogas/os em suas atuações no NASF, identificou-se a existência de
precárias condições de trabalho, objetivadas na ausência de recursos físicos e humanos, na
desqualificação dos profissionais e na existência de conflitos na natureza do vínculo (contrato
temporário versus concurso público), dentre outras. Ademais, as representações sociais
subjacentes às práticas e experiências desses profissionais no cuidado de crianças em
sofrimento psíquico apontam conflitos entre tradições e inovações na atuação de psicólogas/os
no NASF. Nesse sentido, destacaram-se as dificuldades de manejo de distintos grupos sociais
(como profissionais de saúde da atenção básica e professores) frente às demandas da infância
no âmbito da atenção básica. Argumenta-se que esse desafio se objetiva na própria anulação da
existência de demandas em saúde mental infantil, visto que ora são construídas pela escola em
seu discurso patologizante e medicalizante, ora são provocadas pela família percebida como
“desestruturada” e “inapta” a cuidar da criança. Verificou-se, assim, que as práticas de cuidado
à saúde mental infantil são construídas em meio às negociações de saberes de distintas ordens
e da experiência vivida face às demandas e às circunscrições das condições concretas de vida e
de trabalho. Conclui-se que a dimensão de (in)visibilidade da criança no campo da saúde mental
em distintos níveis de análise (institucional, organizacional e grupal) é balizada pelo
atravessamento de 3 (três) marcadores que eminentemente remetem à alteridade: a infância, a
loucura e a pobreza. / This thesis aimed to understand the dimension of professional practice in the construction of
care in children's mental health in its relations with the social representations. It was proposed
to carry out research with emphasis on the qualitative approach, developed in 2 (two) studies.
The first study refers to a documentary research that sought to examine the public policies that
guide child mental health care, seizing normative representations of childhood and care.
Therefore, we analyzed twenty-eight (28) documents inserted in the legislation in Brazilian
mental health. The results show invisibility and fragmentation in mental health policies for
childhood, whose construction is crossed by consensus and dissent, political processes, sociohistorical
and social influence. It was conceived that the emphasis given by certain segments
and the social pressures exerted for the State to intervene on specific problems, such as drug
use and autism, conceal other demands and specificity of childhood as a category of
generational type. The second study aimed to analyze the production of formal mental health
care child-juvenile in its relation to professional practices in the context of health services. This
research had the participation of a manager of the mental health network of the state of
Pernambuco and eight psychologists working in Family Health Care Centers (NASF). We
verified a series of impasses that demonstrate the fragility of the network available in this
municipality to attend to children with mental health demands, such as the absence of substitute
services. With regard to the functioning and challenges experienced by the psychologists in
their actions in the NASF, the existence of precarious work conditions was identified,
objectified in the absence of physical and human resources, the disqualification of professionals
and the existence of conflicts arising from the contract (temporary contract versus public
tender), among others. In addition, the social representations underlying the practices and
experiences of these professionals in the care of children in psychic suffering point to conflicts
between traditions and innovations in the performance of psychologists in NASF. In this sense,
the difficulties of managing different social groups (such as primary health care professionals
and teachers) were highlighted in relation to the demands of childhood in basic care. It is argued
that this challenge is aimed at the annulment of the existence of demands on children's mental
health since they are sometimes constructed by the school in
its pathologizing and medicalizing discourse, sometimes caused by the family perceived as
"unstructured" and "incapable” of caring the child. Thus, it was verified that child mental health
care practices are built in the midst of the negotiation of different kinds of knowledge and of
the lived experience of the demands and circumscriptions of the concrete conditions of life and
work. It is concluded that the dimension of (in) visibility of the child in the field of mental
health at different levels of analysis (institutional, organizational and group) is marked by the
crossing of three (3) markers eminently referring to otherness: childhood, insanity and poverty.
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Destinos de crianças: estudo sobre as internações de crianças e adolescentes em Hospital Público Psiquiátrico / Children s destinations: a study on the admissions of children and adolescents in a public psychiatric hospitalBlikstein, Flávia 07 November 2012 (has links)
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Previous issue date: 2012-11-07 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / This dissertation s main objective is to contribute to the advancement of the field of mental
health for children and adolescents. This study aims to investigate the causes of the
continuation of the practice of hospitalization of children and adolescents in psychiatric
hospitals in the state of São Paulo despite the advances of Brazilian Psychiatric Reform.
CAISM Philippe Pinel was chosen as the main research site, due to its status as a reference
institution for the hospitalization of children and adolescents in the state of São Paulo.
Through medical records, we investigated the profile of admissions between January 2005
and December 2009.
The methodological strategies were developed in order to grasp the nuances of children and
adolescents hospitalized during this period, and highlight their paths to institutional
admission.
Based on the data analyzed, we could make some key inferences about the functioning of the
mental health field for children and adolescents. In our study, we observed that children and
teenagers are sent to institutions in two ways: either through health services, or by court order.
After a comparative analysis between these two forms of routing, we found that the
institutionalization via court order, in many cases, occur in circumstances that contradict the
norms of Psychiatric Reform and the Statute of Children and Adolescents.
We conclude that new practices and policies in the field of mental health must prioritize
transversal actions between different sectors of governmental institutions. / A presente dissertação tem como principal objetivo colaborar com o desenvolvimento do
campo da saúde mental infantojuvenil. Para tanto, este estudo propõe-se a investigar como e
por que, apesar dos avanços da Reforma Psiquiátrica brasileira, se mantém a internação de
crianças e adolescentes em hospitais psiquiátricos no Estado de São Paulo.
Escolhemos como campo de pesquisa o CAISM Philippe Pinel por ser a instituição de
referência para a internação de crianças e adolescentes no Estado de São Paulo. Por meio dos
prontuários, investigamos o perfil das internações entre janeiro de 2005 e dezembro de 2009.
As estratégias metodológicas foram desenvolvidas a fim de apreender as particularidades das
crianças e adolescentes internados neste período e evidenciar suas trajetórias institucionais até
a internação.
A partir da análise dos dados produzidos, pudemos fazer algumas observações sobre o
funcionamento do campo da saúde mental infantojuvenil. Em nosso estudo observamos que
as crianças e adolescentes são encaminhados à internação de duas formas distintas: por
serviços de saúde ou por ordem judicial.
Após uma análise comparativa entre estas duas formas de encaminhamento, pudemos
observar que as internações via ordem judicial, em diversos casos, ocorrem em circunstâncias
que contradizem as normas da Reforma Psiquiátrica e do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA).
Concluímos assim que novas práticas e políticas públicas do campo da saúde mental
infantojuvenil devem priorizar ações transversais e intersetoriais do poder público
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EducAção: ações intersetoriais em prol da saúde mental infantojuvenil / EducAction program: cross-sector actions in favour of children\'s mental healthSilva, Carolina Donato da 03 July 2019 (has links)
Introdução: Em maio de 2016, o CAPS Infantojuvenil II Campo Limpo deu início a um espaço de Matriciamento especifico para escolas. A meta fora a de favorecer a aproximação dos núcleos de saúde mental e de educação. Nesse âmbito promoveramse reuniões mensais para conversar sobre os casos, matriculados nas escolas da região, que eram atendidos no serviço, dando origem ao que se constituiu como o Programa EduAção. Ao longo desse processo, surgiu então a necessidade de avaliar se esse espaço havia se tornado um lugar de formação permanente para os educadores, o que veio então a se constituir como objeto de interesse da presente investigação. Objetivo: analisar a formação permanente de professores no âmbito de um programa desenvolvido em um equipamento de saúde mental infantojuvenil, visando a integração saúde mental e educação: o Programa EducAção. Métodos: Por meio de grupos focais, convidamos os professores que frequentaram as reuniões do referido programa a participar da avaliação. Para o tratamento analítico dos dados foi utilizado o método de análise de conteúdo temática. Resultados: foi possível constatar que o espaço foi considerado como um lugar de formação permanente. Entretanto, a análise propiciou o entendimento além daquele pretendido no escopo do trabalho, posto que se percebeu que o espaço estudado transcendeu seu objetivo inicial assumindo também a função de um lugar de cuidado, escuta e acolhimento para os professores. Por se sentirem cuidados pela equipe do CAPSij, os professores foram capazes de cuidar, ouvir e significar o sofrimento de crianças e jovens que tinham em seu percurso escolar, repetidas experiências ligadas às dificuldades de aprendizagem, socialização ou interação, apresentando sofrimento psíquico grave, e por isso, serem acompanhadas no CAPSij. Conclusão: com esse estudo pudemos concluir que os educadores que se vêem frente a situações desafiadoras em seu cotidiano demandam troca de informação com os alunos que são atendidos no CAPSij, e também de referências a respeito dos transtornos mentais, autismo, déficit de atenção, etc. Contudo, notamos que para além dos dados, os professores precisam de um lugar que acolha o seu sofrimento. Sofrimento esse relacionado a ter em suas mãos uma sala com muitos estudantes que, em decorrência de suas dificuldades específicas, não prestam atenção; violam as regras; não obedecem, não aprendem. Em face disso, eles demandam cuidado para conseguirem cuidar. Precisam ser incluídos para favorecer espaços inclusivos. Podemos assim dizer que o espaço se revelou como um lugar que, além de estimular o encontro entre as equipes de saúde mental e educação, constituiu em si um trabalho intersetorial em prol da saúde mental infantojuvenil, ações compartilhadas que consideram os dois lados, o do aluno e o do professor. Faz-se necessário escutar os professores para que eles possam escutar seus alunos. / Introduction: In May 2016, the Psychosocial Care Center (CAPS) for Children and Adolescents II opened an area of specified matrix support for public schools located in the district of Campo Limpo, in the city of São Paulo. The aim was to bring the health units close to educational programs. Frequent monthly meetings were held to discuss cases related to individuals enrolled in the schools and who used the service. The discussion of the cases gave rise to the EducAction Program. During this process, there was a need to assess if this space became a place of permanent education for educators, which became the object of interest of the present study. Objective: To analyze the permanent education of teachers in a program developed in children\'s mental health and education: the EducAction Program. Methods: Through focal groups, we invited the teachers who attended the program\'s monthly meetings to join the assessment. The thematic content analysis method was used for the analytical treatment of the data. Results: According to the results, it was concluded the space is a place for permanent teacher education. In contrast, the analysis of the study provided the knowledge beyond the one intended in its scope, because the study honed the initial aim of providing care, attention, and hospitality extended to teachers. As teachers felt they were cared by the CAPS team, they were able to care, listen and understand the children and youngster\'s suffering. During their school life, these children had repeated experiences related to the difficulties of learning, socialization or interaction, consequently developing severe mental stress. For this reason, the CAPS team monitored them. Conclusion: According to the results, we conclude the teachers face up different challenging situations that require constant information sharing between the students attended at CAPS. The teachers also need appropriate knowledge of mental disorders (attention deficit, autism, etc.). Yet, we have noticed teachers need a place that accommodates their suffering. The teacher\'s suffering is connected to the huge responsibility of taking caring of children who very often do not pay attention, do not learn and break the rules. As a result, teachers need to be cared for caring for others. They have to be included to improve inclusive spaces. We can say that this space stimulates the meeting between mental health and education teams, and has been an intersectoral work in favor of children\'s mental health and shared actions that consider the student and the teacher. Consequently, it is important to listen to the teachers so that they can take care of their students.
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Atenção psicossocial de adolescentes : a percepção de profissionais da atenção básica e estratégica em saúde mentalSilva, Jaqueline Ferreira da 19 December 2016 (has links)
Submitted by Aelson Maciera (aelsoncm@terra.com.br) on 2017-06-14T19:40:40Z
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Previous issue date: 2016-12-19 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) / The historical path of the attention to the mental health of children and adolescents accompanied, in a particular and late way, the paths taken in the care of the adult population with psychic suffering, so that from the beginning of the nineteenth century there is recognition of the needs of care to the child and adolescent population, being, at first, the historical care delegated to the educational and social assistance sectors. However, from a few milestones, such as the Brazilian psychiatric reform and the declaration of human rights, it became possible to develop a new conception for childhood and adolescence, as well as the recognition of child and adolescent psychosocial care in the public policy arena. However, literature in the area has pointed to the scarcity of research that focuses on the assistance to Mental Health of adolescents, since they have presented significant indexes of psychic suffering, and indicate the need for more research that can subsidize the actions and policies aimed at this population. Thus, the present study aimed to identify how psychosocial attention has been given to the adolescent from the perspective of professionals linked to a service of Strategic Psychosocial Care (CAPS) and to Basic Health Care services (UBS and USF). In order to respond to the proposed objectives, a qualitative, descriptive and exploratory research was developed. The study was attended by 19 professionals from the Strategic Psychosocial Attention Service (CAPSij) and Basic Health Care (UBS and USF) and located in a medium-sized municipality in the interior of the State of São Paulo. Four data collection instruments were developed, two forms for characterization of professionals and services, and two semi-structured interviews for professionals. The data coming from the forms were analyzed in a descriptive way and those of the interviews were investigated by the Thematic Analysis, one of the techniques foreseen in the Content Analysis Method. The main results of the interviews with CAPSij professionals indicated that it acts as a gateway to the mental health demand of adolescents in the municipality, which is perceived as a challenge, considering the role of the service in the definition of eligible cases or not for the CAPSij. In addition, the participants also reported on the difficulties that the team faces with regard to the adherence of the adolescents users to the service, indicating the need for more strategies that facilitate the linkage of the same and the effectiveness of the work, as well as in relation to the users' families. The difficulty in enabling RAPS in the municipality was also a challenge pointed out by professionals. On the other hand, the data show the commitment of the participants in care actions focused on the premises of policies and the search for network articulation, especially with the Basic Health Care. The results of the interviews with the professionals of Basic Health Care Pointed out the challenges in the care and follow-up of the adolescent population in general, especially those who experience the psychological suffering that, according to the statements, hardly reach the service and, when they arrive, are referred to CAPSij. It was also observed that the activities carried out in adolescent ABS services are fundamentally curative, and health promotion and prevention actions are rare, as well as those of a network of care that, when they occur, are triggered by the CAPSij. Therefore, it was possible to verify with the present study that the psychosocial attention of adolescents in the investigated context is a field under construction and, currently, it occurs in CAPSij. It is hoped that the findings obtained may provide more subsidies for reflection and planning of policies and more effective interventions directed at the population of adolescents in psychological distress. / O percurso histórico da atenção à saúde mental de crianças e adolescentes acompanhou, de maneira particular e tardiamente, os caminhos trilhados no cuidado com a população adulta com sofrimento psíquico, de modo que, a partir do início do século XIX, há o reconhecimento das necessidades de cuidado à população infantojuvenil, sendo, a priori, o histórico assistencial delegado aos setores educacionais e de assistência social. Entretanto, a partir de alguns marcos, como a reforma psiquiátrica brasileira e a declaração dos direitos humanos, tornou-se possível o desenvolvimento de uma nova concepção para a infância e a adolescência, bem como o reconhecimento da atenção psicossocial infantojuvenil no cenário das políticas públicas. No entanto, a literatura da área tem apontado sobre a escassez de pesquisas que focalizem a assistência à Saúde Mental de adolescentes, visto que estes têm apresentado índices significativos de sofrimento psíquico, e indicam a necessidade de mais investigações que possam subsidiar as ações e políticas voltadas a essa população. Assim, o presente estudo objetivou identificar como tem ocorrido a atenção psicossocial ao adolescente sob a ótica de Profissionais vinculados a um serviço de Atenção Psicossocial Estratégica, no caso o Centro de Atenção Psicossocial Estratégica Infantojuvenil (CAPSij), e a serviços da Atenção Básica em Saúde referentes à Unidade Básica de Saúde (UBS) e à Unidade de Saúde da Família (USF). Para responder aos objetivos propostos, foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa, de caráter descritivo e exploratório. O estudo contou com a participação de 19 profissionais de serviços de Atenção Psicossocial Estratégica (CAPSij) e Atenção Básica em Saúde (UBS e USF) localizados em um município de médio porte do interior do Estado de São Paulo. Foram desenvolvidos quatro instrumentos de coleta de dados, sendo dois formulários para caracterização dos profissionais e dos serviços, e dois roteiros de entrevistas semiestruturados destinados aos profissionais. Os dados advindos dos formulários foram analisados de forma descritiva e os das entrevistas foram tratados por meio da Análise Temática, uma das técnicas previstas no Método da Análise do Conteúdo. Os principais resultados das entrevistas com os profissionais do CAPSij indicaram que o órgão atua como porta de entrada da demanda de saúde mental de adolescentes no município, o que é percebido como um desafio, considerando o papel solitário do serviço na definição dos casos elegíveis ou não para o CAPSij. Além disso, os participantes relataram, também, sobre as dificuldades que a equipe enfrenta no que se refere à adesão dos adolescentes usuários ao serviço, indicando a necessidade de mais estratégias que facilitem a vinculação deles e a efetivação do trabalho, assim como em relação às famílias dos usuários. A dificuldade em viabilizar a RAPS no município também foi um desafio apontado pelos profissionais. Por outro lado, os dados mostram o empenho dos participantes nas ações de cuidado voltadas às premissas das políticas e a busca de articulação em rede, em especial com a Atenção Básica em Saúde. Os resultados advindos das entrevistas com os profissionais da Atenção Básica em Saúde apontaram os desafios no cuidado e acompanhamento da população adolescente de forma geral, especialmente aquela que vivencia o sofrimento psíquico que, segundo as falas, dificilmente chegam ao serviço e, quando chegam, são encaminhadas para o CAPSij. Observou-se, ainda, que as atividades realizadas nos serviços de ABS junto aos adolescentes são fundamentalmente curativas, sendo raras as ações de promoção e prevenção em saúde, bem como aquelas de articulação de rede de atenção que, quando ocorrem, são disparadas pelo CAPSij. Portanto, foi possível verificar, com o presente estudo, que a atenção psicossocial de adolescentes no contexto investigado é um campo em construção e, atualmente, dá-se no CAPSij. Espera-se que os achados obtidos possam fornecer mais subsídios para reflexão e planejamento de políticas e intervenções mais efetivas direcionadas à população de adolescentes em sofrimento psíquico.
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