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Liberdade, liberdade em tempos de repressão : do texto de Millôr Fernandes e Flávio Rangel aos palcos gaúchosKrueger, Vladimir Fernando Schnee January 2014 (has links)
Este estudo aborda a obra Liberdade, liberdade, de Flávio Rangel e de Millôr Fernandes, no que diz respeito aos aspectos da dramaturgia e do espetáculo - anos de 1965, no Rio de Janeiro e em São Paulo, e de 1979, em Porto Alegre. A pesquisa qualitativa de análise da obra tem enfoque histórico e é construída pelo recorte de vários textos que versam sobre liberdade em diferentes épocas. O corpus é examinado com base em estudos linguísticos de Affonso Romano de Sant’Anna, e o texto redigido é contextualizado no período ditatorial brasileiro. O estudo histórico e as considerações sobre o teatro são orientados pelas pesquisas de José Júlio Chiavenato, Boris Fausto, Maria Helena Moreira Alves, Caio Navarro de Toledo, Fernando Peixoto e Susana Kilpp. Em função do caráter de protesto, ao longo da dissertação são apresentados os grupos Opinião do Rio de Janeiro; Teatro de Arena de São Paulo; e Teatro de Arena de Porto Alegre. A primeira montagem de Liberdade, liberdade é analisada via críticas de Yan Michalski e de depoimentos de pessoas que estiveram na plateia. Esta pesquisa também comporta explanações teóricas acerca do trabalho de Carlos Carvalho, comentado por uma das atrizes que fez parte do elenco e por uma pessoa que esteve na plateia; apresenta as considerações de Claudio Heemann, crítico teatral que escrevia para o jornal Zero Hora; reflete acerca da validade do espetáculo para um processo de resistência, a partir de Brustein (1967); e discute a validade da segunda montagem da peça, em 1979, período de Anistia. Para que a reflexão proposta seja profícua, é importante entender como Liberdade, liberdade, em 1965, foi uma resposta da classe artística ao golpe militar. / This study approaches the work Liberdade, liberdade, by Flávio Rangel and Millôr Fernandes, concerning aspects of dramaturgy and spectacle – 1965, in Rio de Janeiro and São Paulo; and 1979, in Porto Alegre. The qualitative research that analyses the work has historical focus and it is constructed by clipping several texts which verse about freedom at different times. The corpus is examined based on linguistic studies of Affonso Romano de Sant'Anna, and the written text is contextualized in the Brazilian dictatorship period. The historical study and the considerations about the theater are guided by the research of José Júlio Chiavenato, Boris Fausto, Maria Helena Moreira Alves, Caio Navarro de Toledo, Fernando Peixoto and Susana Kilpp. Due to the character of protest, throughout the dissertation the following groups are presented: Opinião, from Rio de Janeiro; Teatro de Arena, from São Paulo; and Teatro de Arena, from Porto Alegre. The first season of Liberdade, liberdade is analyzed by criticism from Yan Michalski and testimonials from people who were in the audience. This research also includes theoretical explanations about the work of Carlos Carvalho, commented by one of the actresses who was part of the cast and by a person who was in the audience; presents considerations of Claudio Heemann, theater critic who used to write for the newspaper Zero Hora; reflects on the validity of the spectacle for a process of resistance, from Brustein (1967); and discusses the validity of the second season of the play, in 1979, Amnesty period. In order to make the reflection proposed fruitful, it is important to understand how Liberdade, liberdade, in 1965, was a response of the artistic class to the coup.
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O Ovo da serpente, o mito do golpe de Estado positivo e a queda : do documentário histórico ao imaginário antropológico da ditadura militar brasileiraFantinel, Danilo January 2015 (has links)
Com a aproximação dos 50 anos do golpe civil-militar que instaurou a ditadura no Brasil, em 1º de abril 1964, o país passou a acompanhar movimentos estatais, sociais, culturais e comunicacionais pela revisão do regime autoritário que se estendeu até 1985. Entre algumas destas ações, é marcante o aumento do número de documentários sobre o tema lançados a partir dos anos 2000. Inspirada pelos Estudos do Imaginário na vertente da Escola de Grenoble, esta dissertação de mestrado busca revelar o imaginário antropológico do regime militar brasileiro que movimenta seis filmes sobre este importante momento histórico nacional. Seguindo Durand, entendemos o imaginário como um antigo e complexo sistema de imagens pregnantes que se coloca como base da simbolização humana, enraizando socioculturalmente o indivíduo em seu percurso no mundo. De uma forma geral, o imaginário atua como um repositório de conteúdos simbólicos que possibilitam ao sujeito lidar com suas angústias essenciais, propondo assim explicações e sentidos sobre sua experiência de vida. Em retroalimentação constante devido ao que Bachelard classifica como imaginação criadora do homem, o imaginário tanto se expressa nas condutas pessoais quanto é espelhado por produtos culturais – como são as obras cinematográficas. A partir de dados textuais, visuais e sonoros apresentados pelos longas-metragens, os quais registram o trajeto do homem em seu meio e as narrativas históricas das quais são protagonistas, realizamos a mitocrítica das obras para evidenciar as imagens arquetípicas e simbólicas, os simbolismos, os mitos e as metáforas existentes sob camadas fílmicas documentais. A leitura simbólica realizada aponta para um imaginário polarizado entre duas estruturas ligadas ao regime durandiano das imagens. A Estrutura Heroica, de perfil cortante e virilizado, curiosamente volta-se tanto ao período do pré-golpe civil-militar quanto ao momento entre o recrudescimento do governo ditatorial e seu fim – quando há, por um lado, a edição do Ato Institucional nº 5 e o aumento da repressão social, e por outro seus movimentos contrários, como a luta armada e a campanha pela redemocratização do Brasil. Assim, a Estrutura Heroica emite imagens e sentidos de ascensão contra a queda provocada pela ditadura, de luz contra as trevas que a envolvem e de mobilização bélica contra inquietações e medos decorrentes do autoritarismo. Já os conteúdos da Estrutura Mística, basicamente acolhedora e uterina, transitam no ínterim da narrativa histórica detalhada anteriormente, ou seja, entre fins do governo João Goulart e os primeiros anos do regime militar, propondo sensos de intimidade e interioridade ativados pela inserção norte-americana no Brasil. Seus reflexos simbólicos projetam mitos de infiltração, golpe e tomada de poder sobre o governo Jango e também sobre políticos, civis e militares nacionais e estrangeiros. Nesta pesquisa, por um lado estabelecemos como as constelações simbólicas motivadas por indivíduos e por processos históricos registrados em película vêm a constituir o imaginário da ditadura militar brasileira. Por outro lado, procuramos tornar nítidos os sentidos propostos por estes mesmos conteúdos simbólicos ligando-os justamente às narrativas históricas documentadas e aos homens que delas fazem parte. Assim, procuramos observar o trânsito de componentes simbólicos no processo comunicacional. / The 50th anniversary of the military coup that resulted in the Brazilian dictatorship, which took place in April 1st, 1964, was marked by a vivid will of social, cultural, historical and communicational review of the authoritarian regime that lasted until 1985. Thus, is remarkable the increasing number of documentary films on that subject released after the year 2000. Inspired by the Imaginary Studies, this research aims to reveal the anthropological imaginary moved by six documentary films on the Brazilian dictatorship. According to Durand, the human imaginary is a complex system of polysemic images that holds the human symbolisation. It is able to establish oneself in the world and also to promote cultural development. The imaginary is a symbolic content repository that allows mankind to deal with its essential anguish, so that individuals are able to propose senses and explanations over life. In a constant act of bringing itself up to date by what Bachelard has called the human creative imagination, the imaginary is both expressed by personal behaviour and reflected by cultural products – including documentaries. Taking textual, visual and audio data collected from the movies, which document the human journey and also the historical narratives, we propose a myth criticism of the chosen titles in order to offer evidence of archetypal and symbolic images, symbolisms, myths and metaphors that are hidden under documental filmic layers. The result points to a polarized imaginary, each part conected to the durandian images regime. The Heroic Structure, mostly virile and sharped, dominates the historical period before the coup d’Etat and also during the first decade of the Brazilian dictatorship. At that historical moment, there was an increasing social repression in Brazil, which moves the fall symbolism provoked by the regime as much as the ascensional symbolism against it moved by the left-wing guerrilla and the re-democratization campaign. On the other hand, the Mystical Structure, basically uterine and protective, arranges symbolic contents in between those two moments. It proposes intimacy and interiority senses ruled both by the presence and the agenda of the United States in Brazil. This research aims to unveil the imaginary that moves six films on the Brazilian dictatorship and the circulation of symbolic elements in the communicational process.
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A trajetória política de Leonel de Moura Brizola no exílio uruguaio (1964-1977)Leite, Maria Claudia Moraes January 2015 (has links)
O presente trabalho tem por objetivo analisar a trajetória política de Leonel de Moura Brizola entre os anos de 1964 a 1977, período em que esteve exilado no Uruguai devido ao golpe civil militar de 1964. Pretende-se, dessa forma, traçar um roteiro desde a ocasião em que o político esteve na clandestinidade, os preparativos para sua saída do Brasil, o pedido de asilo e a repercussão de sua chegada na imprensa uruguaia. Busca-se também discorrer sobre o envolvimento de Brizola com Cuba, sua participação em movimentos de guerrilha, mobilização junto aos demais exilados e forças políticas brasileiras, além de sua resistência diante do endurecimento do regime ditatorial brasileiro e da escalada do autoritarismo uruguaio. Objetiva-se ainda analisar a conexão entre os dois países, demonstrando como Brizola foi alvo do forte aparato repressivo por parte da ditadura brasileira mesmo estando em terras estrangeiras. / This work aims to analyze the political activities of Leonel de Moura Brizola between 1964 and 1977, period in which he lived in exile in Uruguay because of the 1964 Brazilian civilmilitary coup d’état. We thus address his path from living underground, the arrangements for his departure from Brazil, his request for political asylum and the repercussions to his arrival by the Uruguayan press. We also seek to discuss Brizola’s involvement in Cuba, his participation in guerrilla movements and mobilization efforts with other exiles and Brazilian political forces. Additionally, we elaborate on his resistance to the hardening of the Brazilian dictatorship and the escalation of Uruguayan authoritarianism, also analyzing the connection between the countries, demonstrating that Brizola was a target of the strong repressive apparatus of the Brazilian dictatorship even while living in foreign lands.
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The dictatorship in the Classical Roman Republic as a prime referent in the regime of the constitutional state of emergency / La dictadura en la República romana clásica como referente paradigmático del régimen de excepción constitucionalSiles Vallejos, Abraham 10 April 2018 (has links)
The starting point of the article is the idea that the original model of state of emergency government established to save the Constitution can be found in the Classical Roman Republic. It makes the characteristics of this institution to be analyzed. Institution that has founded an intellectual ‘tradition’ in the political and legal Western thought. The study also comments the characteristics that distinguish the “Roman dictatorship” as a concept that lightens the theoretical options of people who worry about the constitutional emergencies and the powers to set against. / El artículo toma como punto de partida la idea de que es en la República romana clásica donde ha de encontrarse el modelo original del gobierno de excepción instaurado para salvar la Constitución. A partir de ello, se analizan las características de esta institución, que ha fundado una«tradición» intelectual en el pensamiento político y jurídico de Occidente. El estudio también comenta los rasgos que distinguen a la «dictadura romana» como concepción que ilumina las opciones teóricas de quienes se preocupan por las emergencias constitucionales y los poderes para hacerles frente.
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A reassessment of amnesty: state policy and the Brazilian film of the year 90 / Uma reconfirmaÃÃo da anistia?: polÃtica de estado e o cinema brasileiro dos ano 90Josà Wandembergue De Oliveira Junior 19 August 2013 (has links)
CoordenaÃÃo de AperfeiÃoamento de Pessoal de NÃvel Superior / O presente trabalho analisa um conjunto de filmes nacionais realizados entre 1994 e 2002 cujo enredo aborda o perÃodo da ditadura civil-militar brasileira (1964-1985) em diÃlogo com a Lei de Anistia de 1979. Toma-se como ponto de partida, a hipÃtese de que hà um diÃlogo comum entre as pelÃculas em relaÃÃo ao discurso produzido nas telas que corroboram ou refutam o posicionamento a favor da anistia âampla, geral e irrestritaâ. Para o estudo à fundamental pensar as formas pelas quais os discursos acerca da ditadura presentes no cinema brasileiro produzido entre 1994 e 2002 se relacionam com seu perÃodo de produÃÃo, distribuiÃÃo e consumo, bem como perceber como os filmes dialogam entre si. Os filmes sÃo analisados tomando como premissa a ideia de que sÃo documentos importantes para o entendimento do seu perÃodo de produÃÃo, perÃodo esse de mudanÃas econÃmicas e sociais de cunho neoliberal e ainda de mudanÃas na Lei de Anistia com um aumento da abrangÃncia dos indenizados pelo Estado e discussÃes em torno da possibilidade de mudar a lei no sentido de investigar e punir torturadores. As pelÃculas estudadas trazem representaÃÃes e pontos de vista que tentam reconfirmar a Lei de Anistia ou revÃ-la, a partir de seus personagens e das situaÃÃes em que estÃo envolvidos e das abordagens da ditadura militar. / This paper analyzes a group of national films made between 1994 and 2002 whose plot deals with the period of the Brazilian civil-military dictatorship (1964-1985) in dialogue with the Amnesty Act of 1979. Take as a starting point, the hypothesis that there is a common dialogue between the films in relation to the discourse produced in the screens that confirm or refute the position in favor of amnesty "wide, general and unrestricted." For the study is fundamental to consider the ways in which discourses about the dictatorship present in Brazilian cinema produced between 1994 and 2002 relate to its period of production, distribution and consumption as well as realize how movies interact with each other. The films are analyzed taking as its premise the idea that they are important documents for the understanding of their production period, a period of economic and social changes of neoliberal and even changes in the Amnesty Law to increase the scope of the indemnified by State and discussions about the possibility of changing the law to investigate and punish torturers. The films studied bring representations and views that attempt to reconfirm the Amnesty Act and revising it from his characters and the situations they are involved and approaches of military dictatorship.
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Quando a babà eletrÃnica encontrou a integraÃÃo nacional: ou uma histÃria da censura televisiva durante a ditadura militar (1964-1988) / When the Eletronic Nanny found the National Integration: or a history of the television censorship during the Military Dictatorship (1964-1988)Rafael de Farias Vieira 27 October 2016 (has links)
CoordenaÃÃo de AperfeiÃoamento de Pessoal de NÃvel Superior / Esse trabalho se propÃe analisar as transformaÃÃes impingidas à Censura Federal durante a Ditadura Militar (1964-1985), em especial a forma que adquiriu a censura à televisÃo no perÃodo. A censura jà havia sido colocada como uma prÃtica legal pela ConstituiÃÃo de 1946,
pelo menos relacionada com as diversÃes pÃblicas. Entre 1946 e 1964, a censura fora motivos de disputas entre vÃrios grupos, que tinham visÃes diferentes sobre sua funÃÃo e sobre suas utilidades no controle sobre a cultura. ApÃs o Golpe de 1964, o regime autoritÃrio que assumiu passou a submeter a legislaÃÃo censÃria anterior a uma sÃrie de modificaÃÃes com o objetivo de centralizÃ-la sob o controle federal e submetÃ-la aos imperativos da Doutrina de SeguranÃa Nacional e de Desenvolvimento (DSN). A televisÃo foi um dos meios que mobilizou grande atenÃÃo por parte da legislaÃÃo censÃria e dos censores, pois era considerada um meio mais difÃcil de exercer controle. Dentro da polÃtica de desenvolvimento das telecomunicaÃÃes empreendida pelos governos militares, a televisÃo se consolidou como o mais influente e
moderno meio de comunicaÃÃo do perÃodo, principalmente apÃs a formaÃÃo das redes televisivas a partir da dÃcada de 1970. Esse novo aparelho, contudo, causou uma sÃrie de ansiedades e temores quando de sua expansÃo. Esses medos foram mobilizados pelos censores como forma de legitimaÃÃo de suas aÃÃes, pautando suas prÃticas cotidianas. / This study aims to analyze the enforced changes to the Federal Censorship during the Military Dictatorship (1964-1985), in particular the form that the censorship on television has acquired in the period. Censorship had already been placed as a legal practice by the Constitution of 1946, at least related to the public amusement. Between 1946 and 1964, censorship had been
disputed for several groups who had different views on their role and on their usefulness in control over culture. After the Coup of 1964, the authoritarian regime that took power submitted the previous censorial legislation to a series of modifications in order to center it under federal control and to submit it to the imperatives of the National Security Doctrine and Development (DSN). Television was one of the media that caught the attention of the censorship laws and
censors because it was considered more difficult to control. Within the telecommunications development policy undertaken by the military governments, television has become the most influential and modern media of the period, especially after the formation of television networks on the early 70âs. This new device, however, caused a series of anxieties and fears when its expansion took place. These fears were mobilized by the censors as a way of legitimizing their actions, guiding their daily practices.
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Do livro ao cinema: memÃrias da ditadura em Batismo de Sangue e O que à isso, companheiro? / Book to movie: memories of the dictatorship in Batismo de Sangue and O que à isso, companheiro?Victor Emmanuel Farias Gomes 08 August 2014 (has links)
CoordenaÃÃo de AperfeÃoamento de Pessoal de NÃvel Superior / The present work analyses two films produced in Brazil which has the military dictatorship (1964-1985) as the subject of his narratives. O que à isso, companheiro? (1997), directed by Bruno Barreto, and Batismo de Sangue (2007), by HelvÃcio Ratton. They are understood as vehicles of construction and appropriation of memories. The research trails the way since the publication of the books that inspired the movies till the movieâs release. Besides the books and movies narrative the essay deals with the personalities who wrote versions about the dictatorial past: moviemakers, armed force militants and writers. In the decades that followed the political freedom the memories about the period of dictatorship are built and reconstructed within the dialogue with the environment of the personalities and the transforming political structures. Through the analysis of the use, meanings and circulation of the cultural industrial products it is possible to have a view of the actual concepts of the dictatorship past and also identify the debates about these memories. The polemics and interpretations that rises from the literary and cinema versions of âO que à isso, companheiroâ e âBatismo de Sangueâ is used to investigate the process of auto critics of the armed fight, the construction of the emblematic figures of the opposition to the regime, such as Tito de Alencar e Carlos Marighella, the silence about the collaboration and omission before the arbitrary, among other questions that arises from the elaboration about the years of lead. / O presente trabalho analisa dois filmes produzidos no Brasil que tem a ditadura militar (1964-1985) como tema de suas narrativas. O que à isso, companheiro? (1997), dirigido por Bruno Barreto, e Batismo de Sangue (2007), de HelvÃcio Ratton, sÃo compreendidos como veÃculos de apropriaÃÃo e construÃÃo de memÃrias. Para isso, a pesquisa percorre o caminho trilhado desde a publicaÃÃo dos livros que deram origem aos filmes, atà o lanÃamento das pelÃculas nos cinemas. AlÃm das narrativas que constituem os livros e filmes, o estudo se debruÃa sobre alguns dos sujeitos que elaboraram versÃes sobre o passado de ditadura: cineastas, militantes da luta armada e escritores. Nas dÃcadas seguintes à abertura polÃtica, as memÃrias sobre a ditadura vÃo se acumulando e se reconstruindo, em diÃlogo com o lugar em que os diversos sujeitos se situam e com as conjunturas polÃticas que se transformam. AtravÃs da anÃlise dos usos, sentidos e circulaÃÃo dos produtos da indÃstria cultural, à possÃvel visualizarmos algumas das posturas existentes diante do passado de ditadura, assim como identificar os embates que se dÃo em torno da memÃria. As polÃmicas e interpretaÃÃes surgidas a partir das versÃes literÃrias e fÃlmicas de O que à isso, companheiro? e Batismo de Sangue permitem a investigaÃÃo do processo de autocrÃtica da luta armada, da construÃÃo das figuras emblemÃticas da oposiÃÃo ao regime, caso de Frei Tito de Alencar e Carlos Marighella, do silÃncio acerca da colaboraÃÃo e omissÃo diante do arbÃtrio, dentre outras questÃes suscitadas pelas elaboraÃÃes acerca dos anos de chumbo.
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O Ovo da serpente, o mito do golpe de Estado positivo e a queda : do documentário histórico ao imaginário antropológico da ditadura militar brasileiraFantinel, Danilo January 2015 (has links)
Com a aproximação dos 50 anos do golpe civil-militar que instaurou a ditadura no Brasil, em 1º de abril 1964, o país passou a acompanhar movimentos estatais, sociais, culturais e comunicacionais pela revisão do regime autoritário que se estendeu até 1985. Entre algumas destas ações, é marcante o aumento do número de documentários sobre o tema lançados a partir dos anos 2000. Inspirada pelos Estudos do Imaginário na vertente da Escola de Grenoble, esta dissertação de mestrado busca revelar o imaginário antropológico do regime militar brasileiro que movimenta seis filmes sobre este importante momento histórico nacional. Seguindo Durand, entendemos o imaginário como um antigo e complexo sistema de imagens pregnantes que se coloca como base da simbolização humana, enraizando socioculturalmente o indivíduo em seu percurso no mundo. De uma forma geral, o imaginário atua como um repositório de conteúdos simbólicos que possibilitam ao sujeito lidar com suas angústias essenciais, propondo assim explicações e sentidos sobre sua experiência de vida. Em retroalimentação constante devido ao que Bachelard classifica como imaginação criadora do homem, o imaginário tanto se expressa nas condutas pessoais quanto é espelhado por produtos culturais – como são as obras cinematográficas. A partir de dados textuais, visuais e sonoros apresentados pelos longas-metragens, os quais registram o trajeto do homem em seu meio e as narrativas históricas das quais são protagonistas, realizamos a mitocrítica das obras para evidenciar as imagens arquetípicas e simbólicas, os simbolismos, os mitos e as metáforas existentes sob camadas fílmicas documentais. A leitura simbólica realizada aponta para um imaginário polarizado entre duas estruturas ligadas ao regime durandiano das imagens. A Estrutura Heroica, de perfil cortante e virilizado, curiosamente volta-se tanto ao período do pré-golpe civil-militar quanto ao momento entre o recrudescimento do governo ditatorial e seu fim – quando há, por um lado, a edição do Ato Institucional nº 5 e o aumento da repressão social, e por outro seus movimentos contrários, como a luta armada e a campanha pela redemocratização do Brasil. Assim, a Estrutura Heroica emite imagens e sentidos de ascensão contra a queda provocada pela ditadura, de luz contra as trevas que a envolvem e de mobilização bélica contra inquietações e medos decorrentes do autoritarismo. Já os conteúdos da Estrutura Mística, basicamente acolhedora e uterina, transitam no ínterim da narrativa histórica detalhada anteriormente, ou seja, entre fins do governo João Goulart e os primeiros anos do regime militar, propondo sensos de intimidade e interioridade ativados pela inserção norte-americana no Brasil. Seus reflexos simbólicos projetam mitos de infiltração, golpe e tomada de poder sobre o governo Jango e também sobre políticos, civis e militares nacionais e estrangeiros. Nesta pesquisa, por um lado estabelecemos como as constelações simbólicas motivadas por indivíduos e por processos históricos registrados em película vêm a constituir o imaginário da ditadura militar brasileira. Por outro lado, procuramos tornar nítidos os sentidos propostos por estes mesmos conteúdos simbólicos ligando-os justamente às narrativas históricas documentadas e aos homens que delas fazem parte. Assim, procuramos observar o trânsito de componentes simbólicos no processo comunicacional. / The 50th anniversary of the military coup that resulted in the Brazilian dictatorship, which took place in April 1st, 1964, was marked by a vivid will of social, cultural, historical and communicational review of the authoritarian regime that lasted until 1985. Thus, is remarkable the increasing number of documentary films on that subject released after the year 2000. Inspired by the Imaginary Studies, this research aims to reveal the anthropological imaginary moved by six documentary films on the Brazilian dictatorship. According to Durand, the human imaginary is a complex system of polysemic images that holds the human symbolisation. It is able to establish oneself in the world and also to promote cultural development. The imaginary is a symbolic content repository that allows mankind to deal with its essential anguish, so that individuals are able to propose senses and explanations over life. In a constant act of bringing itself up to date by what Bachelard has called the human creative imagination, the imaginary is both expressed by personal behaviour and reflected by cultural products – including documentaries. Taking textual, visual and audio data collected from the movies, which document the human journey and also the historical narratives, we propose a myth criticism of the chosen titles in order to offer evidence of archetypal and symbolic images, symbolisms, myths and metaphors that are hidden under documental filmic layers. The result points to a polarized imaginary, each part conected to the durandian images regime. The Heroic Structure, mostly virile and sharped, dominates the historical period before the coup d’Etat and also during the first decade of the Brazilian dictatorship. At that historical moment, there was an increasing social repression in Brazil, which moves the fall symbolism provoked by the regime as much as the ascensional symbolism against it moved by the left-wing guerrilla and the re-democratization campaign. On the other hand, the Mystical Structure, basically uterine and protective, arranges symbolic contents in between those two moments. It proposes intimacy and interiority senses ruled both by the presence and the agenda of the United States in Brazil. This research aims to unveil the imaginary that moves six films on the Brazilian dictatorship and the circulation of symbolic elements in the communicational process.
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O terror renegado : uma reflexão sobre os episódios de retratação pública protagonizados por integrantes de organizações de combate à ditadura civil-militar no Brasil (1970-1975)Gasparotto, Alessandra January 2008 (has links)
O presente trabalho tem por objetivo analisar os processos de retratação pública protagonizados por integrantes de organizações de esquerda que combatiam a ditadura civilmilitar no Brasil. Tais episódios, que passaram a ser conhecidos como arrependimentos, tiveram início em maio de 1970, quando um grupo de cinco jovens ligados à Vanguarda Popular Revolucionária lançou dois manifestos, nos quais eles negavam a existência de tortura, elogiavam as principais obras do regime e faziam um apelo aos jovens para que não ingressassem na luta contra a ditadura. A partir daí, uma série de depoimentos passou a ser divulgada nos jornais e redes de televisão do país. Ao longo deste trabalho, busca-se analisar a trajetória dos militantes que protagonizaram estas retratações, na tentativa de conhecer suas histórias de vida e compreender como chegaram ao lugar de arrependidos. Objetiva-se, também, compreender como tais episódios estavam inseridos na lógica de repressão e propaganda do governo, e quais as mensagens presentes em suas declarações na época. Além disso, a partir da análise de entrevistas de história oral e outras obras de memória, procura-se discutir sobre as memórias que tais militantes elaboraram e elaboram hoje sobre os referidos episódios e examinar qual sua compreensão acerca das retratações por eles protagonizadas. / This dissertation intends to analyze the public retractation processes protagonized by members of left-wing organizations which fought against the Brazilian civilmilitary dictatorship. Getting known as regrets, such episodes had beginning in May 1970, when a group of five young men bound to the “Vanguarda Popular Revolucionária” released two manifestos, in which they denied the existence of torture, exalted the regime main accomplishments and appealed the youth to not join the fight against the dictatorship. Thenceforth, several depositions begun to be published in Brazilian newspapers and television networks. Throughout this paper, we aim to analyze the course of the militants which protagonized this retractations, attempting to know their life stories and understand how they got to the repentant situation. Also, it intends to comprehend how such episodes were inserted in the government repression and propaganda logic, and which messages were present in their statements at the time. Moreover, from the analysis of the oral history interviews and other memory writings, it aims to discuss on the memories that the militants elaborated and still elaborate about the refered episodes and to examine their understanding regarding the retractations protagonized by them.
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Liberdade, liberdade em tempos de repressão : do texto de Millôr Fernandes e Flávio Rangel aos palcos gaúchosKrueger, Vladimir Fernando Schnee January 2014 (has links)
Este estudo aborda a obra Liberdade, liberdade, de Flávio Rangel e de Millôr Fernandes, no que diz respeito aos aspectos da dramaturgia e do espetáculo - anos de 1965, no Rio de Janeiro e em São Paulo, e de 1979, em Porto Alegre. A pesquisa qualitativa de análise da obra tem enfoque histórico e é construída pelo recorte de vários textos que versam sobre liberdade em diferentes épocas. O corpus é examinado com base em estudos linguísticos de Affonso Romano de Sant’Anna, e o texto redigido é contextualizado no período ditatorial brasileiro. O estudo histórico e as considerações sobre o teatro são orientados pelas pesquisas de José Júlio Chiavenato, Boris Fausto, Maria Helena Moreira Alves, Caio Navarro de Toledo, Fernando Peixoto e Susana Kilpp. Em função do caráter de protesto, ao longo da dissertação são apresentados os grupos Opinião do Rio de Janeiro; Teatro de Arena de São Paulo; e Teatro de Arena de Porto Alegre. A primeira montagem de Liberdade, liberdade é analisada via críticas de Yan Michalski e de depoimentos de pessoas que estiveram na plateia. Esta pesquisa também comporta explanações teóricas acerca do trabalho de Carlos Carvalho, comentado por uma das atrizes que fez parte do elenco e por uma pessoa que esteve na plateia; apresenta as considerações de Claudio Heemann, crítico teatral que escrevia para o jornal Zero Hora; reflete acerca da validade do espetáculo para um processo de resistência, a partir de Brustein (1967); e discute a validade da segunda montagem da peça, em 1979, período de Anistia. Para que a reflexão proposta seja profícua, é importante entender como Liberdade, liberdade, em 1965, foi uma resposta da classe artística ao golpe militar. / This study approaches the work Liberdade, liberdade, by Flávio Rangel and Millôr Fernandes, concerning aspects of dramaturgy and spectacle – 1965, in Rio de Janeiro and São Paulo; and 1979, in Porto Alegre. The qualitative research that analyses the work has historical focus and it is constructed by clipping several texts which verse about freedom at different times. The corpus is examined based on linguistic studies of Affonso Romano de Sant'Anna, and the written text is contextualized in the Brazilian dictatorship period. The historical study and the considerations about the theater are guided by the research of José Júlio Chiavenato, Boris Fausto, Maria Helena Moreira Alves, Caio Navarro de Toledo, Fernando Peixoto and Susana Kilpp. Due to the character of protest, throughout the dissertation the following groups are presented: Opinião, from Rio de Janeiro; Teatro de Arena, from São Paulo; and Teatro de Arena, from Porto Alegre. The first season of Liberdade, liberdade is analyzed by criticism from Yan Michalski and testimonials from people who were in the audience. This research also includes theoretical explanations about the work of Carlos Carvalho, commented by one of the actresses who was part of the cast and by a person who was in the audience; presents considerations of Claudio Heemann, theater critic who used to write for the newspaper Zero Hora; reflects on the validity of the spectacle for a process of resistance, from Brustein (1967); and discusses the validity of the second season of the play, in 1979, Amnesty period. In order to make the reflection proposed fruitful, it is important to understand how Liberdade, liberdade, in 1965, was a response of the artistic class to the coup.
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