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Entre comedias e contos = a formação do ficcionista Machado de Assis (1856-1866) / Between comedies and short stories : the formation of the writer Machado de Assis (1856-1866)Godoi, Rodrigo Camargo de, 1980- 02 December 2010 (has links)
Orientador: Jefferson Cano / Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem / Made available in DSpace on 2018-08-15T08:22:45Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2010 / Resumo: Este estudo investiga, por meio de uma perspectiva histórica, os anos de formação do ficcionista Machado de Assis que, seguramente impelido pelo grande sucesso da estética teatral realista entre a jovem intelectualidade fluminense, a época reunida em torno do Teatro Ginásio Dramático, primeiro experimentou expressar-se por intermédio do teatro. Assim sendo, serão analisados neste trabalho, além de suas comédias, seus escritos críticos, suas traduções/imitações dramáticas, bem como sua atuação como censor do Conservatório Dramático Brasileiro. Contudo, a partir dos sinais patentes de enfraquecimento da "escola realista" frente à emergência dos gêneros teatrais ligeiros e musicados e da pouco calorosa recepção crítica de suas comédias encenadas, observaremos como Machado de Assis é impelido a traçar novos rumos para seu projeto literário, intensificando a produção de seus primeiros contos. Mas, comédia ou conto, a ficção machadiana deste período é profundamente marcada pelos princípios políticos liberais visivelmente presentes em sua produção jornalística / Abstract: This study investigates, through a historical perspective, the Machado de Assis' years of formation. Surely impelled for the great success of the realistic theater between the young intellectuality of Rio de Janeiro, by that time congregated around the Teatro Ginásio Dramático, he also tried to express itself by the stage. Thus, the objects of this work, beyond Machado's comedies, will be his critical writings, his translations and imitations of French comedies, as well as his performance as censor of the Conservatório Dramático Brasileiro. However, from the signals of weakness of the "realistic school" in front of the great success of popular sorts of theater and the disappointing reception of his staged comedies, we could observe how Machado de Assis will be impelled to trace new routes for his literary project, intensifying the writing of short-stories. But, comedy or short-story, the Machado's fiction of that period was deeply marked by politics principles, those evident mainly on his journalistic writings / Mestrado / Literatura Brasileira / Mestre em Teoria e História Literária
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A imortalidade vendida em frascos: morte e ciência em crônicas de Machado de AssisBarcellos, Thaís Bartolomeu 12 June 2017 (has links)
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Dissertação -Thaís Bartolomeu Barcellos.pdf: 1181189 bytes, checksum: 91b02630073dbdac52d516fd3eb3c34f (MD5) / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / A presente dissertação tem como objeto central a análise de crônicas de Machado de Assis
publicadas entre 1880 e 1900 no jornal Gazeta de Notícias, visando compreender em que
medida nelas a representação da morte funciona como uma estratégia do autor para questionar
a capacidade de previsão e controle da ciência no final do século XIX. As nove crônicas que
compõem o corpus deste trabalho foram selecionadas durante a pesquisa, ao buscar-se por
aquelas em que a representação da morte se fizesse presente em confronto com ideias
científicas. A fim de realizar uma análise crítica dos textos, propôs-se uma metodologia que
integrasse questões relacionadas ao surgimento e estabelecimento da crônica no Brasil e a
representatividade do jornal enquanto veículo de divulgação de ideias e de publicação literária
no Brasil do século XIX. Para uma melhor compreensão a respeito do prestígio alcançado
pela ciência no período, apresento brevemente a relevância de descobertas científicas,
especialmente na área médica, e a implantação de novos métodos ainda no final do século
XVIII na Europa e sua influência na sociedade, na política e na literatura. Por meio de
perspectivas advindas da História e da Filosofia, a morte aparece como fenômeno cuja
recepção e entendimento a seu respeito foram sendo modificados ao longo da História e que,
com a modernidade, aparece em contraponto com a ciência e, sob a pena de Machado, como
elemento que salienta a falibilidade desta / This Master's dissertation has as its main object, the analysis of chronicles of Machado de
Assis, published between 1880-1900 in the newspaper Gazeta de Notícias, to understand how
the representation of death works as a strategy of the author to question the capacity for
prediction and control of science in the late ninteenth century. The nine chronicles that
compose the corpus of this work were selected during the research, while I searched for those
in which the representation of death was confronting the scientific ideas. In order to realize a
critical analyzes of the texts, I proposed a methodology that integrates issues related to the
emergence and establishment of chronicles in Brazil, and the representativeness of the
newspaper as a vehicle for the dissemination of ideas and literary publication in Brazil of the
nineteenth century. For a better understanding about the prestige achieved by the science in
that period, I briefly present the relevant scientific discoveries, specially in the medical field,
and the implementation of new methods in the late eighteenth century in Europe and its
influence in society, politics and literature. Through prospects that come from history and
philosophy, death appears as a phenomenon whose reception and understanding about it were
being changed throughout history and with modernity appears as opposed to science, and
from Machado's quill pen, as an element that emphasizes its fallibility
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Os discursos sobre o trabalho em Memórias Póstumas de Brás Cubas: o honesto tear do romance machadiano / The discourses on the work of Posthumous Memories of Bras Cubas: the honest loom of Machado de Assis romanceLopes, Marcia do Santos 12 June 2017 (has links)
Esta tese é uma Análise Dialógica do Discurso (ADD), de perspectiva bakhtiniana, a cerca dos discursos sobre o trabalho, na obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, publicada em 1881. A investigação constitui-se como parte integrante do projeto de pesquisa “A formalização discursiva do universo do trabalho e da tecnologia em textos literários” e das discussões do grupo de pesquisa “Discurso sobre Tecnologia, Trabalho e Identidades Nacionais”, inserido na Linha de pesquisa Tecnologia e Trabalho, do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, de viés interdisciplinar. Inicialmente apresentamos alguns discursos sobre o trabalho como atividade assalariada ou não, desde o século XIX: as vozes marxianas, de Karl Marx, Friedrich Engels e Paul Lafargue, seguidos de György Lukács, Herbert Marcuse, André Gorz, Richard Sennett, Christophe Dejours, Zigmund Baumann, Ricardo Antunes e Danièle Linhart, autores contemporâneos. A análise dialógica seguiu a linha teórica de Bakhtin e o Círculo: dialogicidade, alteridade, o signo ideológico, a intersubjetividade, o plurilinguismo, o gênero romanesco e a enunciação. Traçamos um perfil das relações de trabalho no Brasil oitocentista, dialogando sobre a História com autores como Boris Fausto, Sidney Chalhoub, Maria Sylvia C. França, Gilberto Freyre, Sergio B. de Holanda entre outros. Quanto ao horizonte social e cultural do autor fluminense, sua biografia e sua fortuna crítica, dialogaram críticos como Antonio Candido, Roberto Schwarz, entre outros. Objetivou-se trazer para análise, a partir da ideologia do cotidiano formalizada no romance, os diálogos, as contradições e os embates que ocorrem entre os discursos, como também perceber a positividade, a danação ou a negação do trabalho a partir da linguagem, na forma arquitetônica irônica do autor e nos elementos composicionais pertinentes ao romance, como as construções híbridas, a alternância de estilos e tons, a resposta antecipada, o riso reduzido e a sátira menipeia. A perspectiva metodológica da ADD conduziu a um corpus composto por três dimensões discursivas, que compõem a enunciação machadiana sobre o trabalho: o discurso do favor representado pela personagem Dona Plácida; o discurso da escravidão representado pela personagem Prudêncio e o discurso do trabalho imaterial ou do não-trabalho, representado pelas personagens Brás Cubas e Quincas Borba. Chegou-se às seguintes conclusões: a linguagem machadiana discursa veementemente sobre o trabalho no século XIX. Sua enunciação transita entre positivá-lo ou negativá-lo, reforçando a distinção entre trabalho material e trabalho imaterial. As atividades imateriais são vistas como positivas pela elite, porque, além de redundarem em não-trabalho, representam prestígio e ascensão. O escravo exercia a maior parte do trabalho e o agregado cumpria um papel de mediador, já que não pertencia a ninguém, mas precisava encontrar formas de sustentar-se. No discurso machadiano, o trabalho não é ontológico; ele é forma de sobrevivência, inclusive de um discurso, que mantém uma ordem social. / This thesis is a Dialogical Discourse Analysis (DDA), from Bakhtin’s perspective, about the discourses on work, in Machado de Assis’ work Posthumous Memories of Brás Cubas, published in 1881. The investigation was an integral part of the research project “The discursive formalization of the universe of work and technology in literary texts” and the discussions of the research group “Discourse on Technology, Work and National Identities”, inserted in the research line Technology and Work, of the Post-Graduate Program in Technology and Society, at the Federal University of Technology - Paraná, of an interdisciplinary bias. Initially we presented some discourses about work as an employed activity or not, since the nineteenth century: Marx’s voices, by Karl Marx, Friedrich Engels and Paul Lafargue, followed by György Lukács, Herbert Marcuse, André Gorz, Richard Sennett, Christophe Dejours, Zigmund Baumann, Ricardo Antunes and Danièle Linhart, contemporary authors. The dialogical analysis followed the theoretical line of Bakhtin and the Circle: dialogicity, alterity, ideological sign, intersubjetivity, plurilingualism, romanesque genre and enunciation. We drew a profile of labor relationships in nineteenth-century Brazil, discussing history with authors such as Boris Fausto, Sidney Chalhoub, Maria Sylvia C. França, Gilberto Freyre, Sergio B. de Holanda, among others. As for the social and cultural horizon of the author from Rio de Janeiro, his biography and his critical fortune, there were dialogues among critics such as Antonio Candido, Roberto Schwarz, among others. The objective was to bring for analysis, from the ideology of everyday life formalized in the novel, the dialogues, the contradictions and the clashes that occur among the discourses, as well as to perceive the positivity, the damnation or the denial of the work from the language, in the author’s ironic architectural form and in the compositional elements pertinent to the novel, such as hybrid constructions, alternating styles and tones, the early response, reduced laughter and the menipeaen satire. The methodological perspective of DDA led to a corpus composed by three discursive dimensions, is composed of Machado de Assis´s enunciation on work: the discourse of ‘favor’ represented by the character Dona Plácida; the discourse of ‘slavery’ represented by the character Prudêncio and the discourse of ‘immaterial work’ or ‘non-work’, represented by the characters Brás Cubas and Quincas Borba. The following conclusions were reached: Machado’s language vehemently discourses on work in the nineteenth century. Its enunciation transits between positivizing it or denying it, reinforcing the distinction between material work and immaterial work. The immaterial activities are seen as positive by the elite, because, besides being redundant in non-work, they represent prestige and ascension. The slave practiced most of the work and the aggregate played the role of mediator, since it belonged to no one, but he needed to find ways to support himself. In Machado’s discourse, work is not ontological; it is a form of survival, including a discourse, which maintains a social order.
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Machado de Assis e a língua portuguesa no Brasil no fim do Império: aspectos da história do negro em crônicas da série Bons Dias!Toscano, Diego Marsalla 26 September 2008 (has links)
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Previous issue date: 2008-09-26 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / This Dissertation works cronics of collection Bons Dias!, by Machado de Assis and it pretends to show in historic and intellectual context that these documents were produced the contextual influences express in theirs and to check questions of orthography and accentuation as grammatical marks of portuguese language s use in a second half from century XIX.
In face of that, the justification of that study appears in the proportion to reveal the social importance to reflect the Machado de Assis s cronics and the context linguistic-cultural of final s century XIX. The Machado de Assis s cronics reflects grammatical marks is registered in the compendium of this epoch, specifically in a Grammatica Portugueza, by Julio Ribeiro, and it makes possible to perpetuate aspects of Brazilian s black people in the slave s times in the Brazil.
The theory is Historiography Linguistics, worked in the perspectives pointed from Konrad Koerner (1989, 1995, 1996), and it considers the approximations of Linguistics and History in the process of comprehension and interpretation of linguistics phenomenon. This discipline makes possible that language s historiographer finds answers for portuguese language s comprehension in use in the Brazil in past and its relation with the present time by verification of its register in two times.
Therefore, in the selected cronics, marks of orthography and accentuation of portuguese language and of cronic that time is checked by application of metalanguage recourse. In a historiography perspective, the metalanguage furthers observations about historic-linguistics and it avoids distortions in the process of interpretation. After that, we works the beginnings of contextualization historic and intellectual, immanence and adequacy theorist that works together for the exam of old documents and its respective registers linguistics.
The results obtained shows the idea that these Machado de Assis s cronics are documents historic-linguistics and we can identify un dialogue between reality and fiction and it materialize social, grammatical and linguistics aspects from context specific in these documents were produced / Esta Dissertação trata de crônicas da coleção Bons Dias!, de Machado de Assis e busca identificar no cenário histórico e intelectual em que esses documentos foram produzidos as influências contextuais expressas nelas e de verificar questões de ortografia e acentuação como marcas gramaticais do uso da língua portuguesa na segunda metade do século XIX.
Diante disso, justifica-se este trabalho, na medida em que revela a importância social de refletir a crônica machadiana e o contexto lingüístico-cultural do final do século XIX. A crônica machadiana reflete marcas gramaticais que estão registradas nos compêndios da época, especificamente na Grammatica Portugueza, de Júlio Ribeiro, e que possibilitam perpetuar aspectos do homem negro brasileiro no contexto escravista no Brasil.
A fundamentação teórica é da Historiografia Lingüística, trabalhada nas perspectivas apontadas por Konrad Koerner (1989, 1995, 1996), que considera as aproximações que a Lingüística estabelece com a História no processo de compreensão e interpretação dos fenômenos lingüísticos. Esta disciplina possibilita que o historiógrafo da língua encontre respostas para a compreensão da língua portuguesa em uso no Brasil no passado e sua relação com a atualidade, a partir da verificação do seu registro em dois tempos.
Assim, nas crônicas selecionadas, identificam-se marcas da ortografia e acentuação da língua portuguesa e da crônica daquele período, a partir da aplicação do recurso da metalinguagem. Na perspectiva historiográfica, a metalinguagem promove observações acerca dos acontecimentos histórico-lingüísticos e evita distorções no processo de interpretação. Após a aplicação do recurso da metalinguagem, operacionalizamos os princípios da contextualização histórica e intelectual, da imanência e da adequação teórica que coopera para o exame de documentos antigos e de seus respectivos registros lingüísticos.
Os resultados obtidos apontam a idéia de que as crônicas escritas por Machado de Assis no final do século XIX são documentos histórico-lingüísticos, permitem-nos identificar um diálogo entre a realidade e a ficção e materializam aspectos sociais, gramaticais e lingüísticos específicos do contexto em que foram produzidas
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A vida é uma ópera: a presença da dramaticidade no romance Dom Casmurro de Machado de AssisCappelletti, Laura Tereza 08 May 2007 (has links)
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Previous issue date: 2007-05-08 / The current dissertation aims to reveal the opera s presence in the novel Dom
Casmurro, by Machado de Assis, relating two different languages, the literary and the scenic
one, finding out the hidden signification of the feign in the gloomy, character, under the
purpose of the Graduate Program on Literature and Literary Critics.
The investigation focused some traces, like the presence of the passions (pathos), in
scenic arts as well as hybridation of musical and textual languages in the approach to the daily
routine lived by Dom Casmurro. It was analysed also the integration of some communication
elements typical of the opera gender which can be found in this novel Dom Casmurro such as
gesture, music, word, building up the characters through a photographic frame which freezes
at the same time as it moves on acts and expressions.
The complexity of the novel has required specific theories for the analytical purpose.
So, in order to discuss the Dramaticity in the Word it was required to convoke Nietzsche,
Gledson, Kerman, Borheim, Coli. In the chapter Between the draw of gestures and the colour
of the Words , the dissertation is supported by the theories of Guinsburg, Barthes, Roubine
and Delgado.
In the third chapter, The Reminded Image and the Musicality in the Word we have
found background in Bergson, Bachelard and Seincman.
In this analytical an interpretative way, sharing subjectivity with different authors the
novel Dom Casmurro, as well as in the opera, revealed itself to be garnished of a
memorialistic musicality, supported by memories which interferes in the telling and retelling
one s lived experiences.
The presence of the opera is observed when it touches the reader s passions when
poetry goes thru the spectator linking musical and textual languages. As well as in the cenic
9 arts, Dom Casmurro is a text which is permeated by gestures and words in conflict or not,
building up the characters thru his memories and imagination, inviting the reader/spectator to
rebuild, Bentinho s life / A presente dissertação, articulada de acordo com a proposta do Programa de Estudos
Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária, tem como objetivo principal desvelar a
presença da ópera no romance Dom Casmurro de Machado de Assis, articulando as relações
entre as linguagens literária e cênica, desvelando a significação oculta pelo fingir da
casmurrice.
Para tal investigação fizemos um recorte em torno de algumas marcas como a presença
das paixões (pathos), traço presente nas artes cênicas e a hibridização entre linguagem
musical e textual na aproximação com o cotidiano vivido por Dom Casmurro. Também
analisamos a integração de alguns meios de comunicação típicos da ópera e presentes no
romance Dom Casmurro como o gesto, a música, a palavra, a construção de personagens pelo
enquadramento fotográfico que, ao mesmo tempo em que congela, movimenta atos e
expressões.
As questões acima arroladas são discutidas nos três capítulos que compõem a
dissertação, reunidas pelos temas: A Dramaticidade da Palavra, onde discorreremos acerca do
drama permeando a narrativa de Dom Casmurro. Entre o Debuxo dos Gestos e o Colorido das
Palavras, capítulo no qual analisaremos a ambigüidade existente entre os sinais expressivos,
fala e gesto, que se contradizem no romance em questão, assim como nas artes cênicas.
Finalmente no último capítulo, A Imagem Lembrada e a Musicalidade da Palavra,
discutiremos a formação de um discurso narrativo baseado na memória e imaginação de Dom
Casmurro, uma vez que está recontando seu viver, assim como na música, que, quando
encerrada, só pode reconstituir-se em nossa mente através de uma reelaboração subjetiva.
7 Estas temáticas integram-se, unindo as pontas da dramaticidade na conclusão do
trabalho, onde vinculamos as questões discutidas na dissertação.
Dada a complexidade da obra em questão tornou-se necessária, para sua análise, a
busca de teorias requeridas.
Assim, para discutir a Dramaticidade na Palavra, recorremos a Nietzsche, Gledson,
Kerman, Borheim, Coli. Em Entre o Debuxo dos gestos e o Colorido das Palavras, pudemos
apoiar nossa teoria em Guinsburg, Barthes, Roubine, Delgado. No capítulo 3, A Imagem
Lembrada e a Musicalidade da Palavra, encontramos respaldo em Bergson, Bachelard,
Seincman.
Nesse caminho analítico-interpretativo na intersubjetividade com diferentes autores, o
romance Dom Casmurro, assim como na ópera, mostrou-se ornado de uma musicalidade
memorialista, apoiando a narrativa em lembranças, interferindo no recontar e recantar uma
experiência vivida.
A ópera se faz presente quando provoca as paixões do leitor, aproximando-se do
espectador; quando é permeado pela poesia, vinculando linguagem musical e textual. Assim
como nas artes cênicas, Dom Casmurro é um texto permeado por gestos e palavras que se
contrapõem ou não, constituindo as personagens através de suas lembranças, sua imaginação,
convidando o leitor/espectador,a tentar reconstruir, com ele, o que foi e o que fui
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O lugar do leitor em Memorial de Aires de Machado de AssisFelix, Lívia Ledier da Silva 16 May 2008 (has links)
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Previous issue date: 2008-05-16 / Secretaria da Educação do Estado de São Paulo / This work has for object to investigate the place of the reader in the romance Memorial de Aires by Machado de Assis. Occur that the reader, in a first instance, it is not called for the interlocutor, having in view the diary s format, that is dominant the fictional author Aires s speech, and request just a paper like confident. The investigation was problematic, then, the function of the reader in a diary s genre that structures and supports the narrative, deriving from there three types of readers proposed by Memorial: the paper-reader, the witness-reader and the author-reader. The paper-reader is seen in the diary s intimate literature, defining content and support of a unique way, its role is an active way to question the author himself Aires. The other two interlocutors, the witness-reader and the author-reader show themselves in a conflict in relation to the diary s structure: The first one takes place of an observer and interprets the facts like the author himself; the second one turns the diary public, making it goes to a different way of it principal characteristic: keep it s author in you private space. When the author-reader shows himself, identifying as M de A. , fictional double of Machado de Assis. It is this reader-publisher that assumes, in the Warning, the choices and edition s narrative for the Memorial inspired by the notes left by Chancellor Aires. The results of this research show this text, by the point of view of the readers of the narrative has gained a new dimension that enriches the Memorial de Aires retrospective criticism / O presente trabalho tem por objeto investigar o lugar do leitor no romance Memorial de Aires de Machado de Assis. Ocorre que o leitor, numa primeira instância, não é chamado para a interlocução, tendo em vista o formato de diário, que domina o discurso do autor ficcional Aires, e que pede apenas o papel como confidente. A investigação problematizou, então, a função do leitor no gênero diário, que estrutura e sustenta a narrativa, derivando daí três tipos de leitores propostos pelo Memorial: o leitor-papel, o leitor-testemunha e o leitor-autor. O leitor-papel é aquele previsto na literatura intimista do diário, afinando conteúdo e suporte de uma forma singular, já que aqui o papel assume função ativa e questionadora do próprio autor Aires. As duas outras instâncias de interlocução, no entanto, o leitor-testemunha e o leitor- autor, mostraram-se conflitantes com a estrutura do diário: o primeiro por se colocar na posição de quem observa e interpreta os fatos, assemelhando-se ao cronista; o segundo por tornar público o diário, desviando-o, assim, da sua principal característica: a de se manter, apenas, no espaço privado de seu autor. Quanto ao leitor-autor, desdobra-se, ainda, em editor do livro por meio da assinatura M. de A , duplo ficcional de Machado de Assis. É esse leitor-editor que assume, na Advertência, a seleção e edição da narrativa do Memorial a partir dos cadernos de notas deixados pelo Conselheiro Aires. Os resultados da pesquisa demonstraram que a obra, enfocada da perspectiva dos leitores engendrados pela narrativa, ganhou uma nova dimensão, que veio enriquecer a fortuna crítica de Memorial de Aires
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A paternidade autoral em Memórias Póstumas de Brás Cubas no contexto do modelo realista-naturalista do século XIXMoraes, Rosemary Aparecida de Almeida 21 May 2008 (has links)
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Previous issue date: 2008-05-21 / The purpose of this study is to investigate how the authoral division is processed in the romance Memórias Póstumas de Brás Cubas and what it represents to the realistic-cienficist literary patterns of the XIX century. Having as a central focus the questioning about the authorial signature, the critical analysis concentrated itself in the strategies of this authorial dissemination through three basic principles: the duplicity of the opening prologues between Brás Cubas supposed author and Machado de Assis the authorial signature inscribed in the book; the fiction of the dead author and the conception of autobiography as a portrait of the real author, questioning the frontiers between the fictional and empirical author; the truncated citations and the continuous dislocations of the supposed author Brás Cubas to the function of reader of his own book, which turns the reader into an author, promoting a corrosion of the authorial unity. As a conclusion, the study demonstrated that the questioning of the authorial signature in Memórias Póstumas was an instabilizing element of the romance standard in the realism-naturalism of the XIX century, also affecting the criticism of the sources by means of the authorial reading fiction responsible for the gnawing citations of an author-reader that speaks to us from the other side of the mistery / A proposta deste estudo é investigar como a divisão autoral é processada no romance Memórias Póstumas de Brás Cubas e qual sua representação para o cientificismo-realista literário do século XIX. Apresenta como foco central o questionamento sobre a paternidade autora. A análise crítica se concentrou nas estratégias dessa disseminação autoral por meio de três princípios básicos: a duplicidade dos prólogos de abertura entre Brás Cubas autor suposto - e Machado de Assis - a assinatura autoral inscrita no livro; a ficção do autor morto e a concepção de autobiografia como retrato do autor real, colocando em questão as fronteiras entre autor ficcional e empírico; as citações truncadas e os contínuos deslocamentos do autor suposto Brás Cubas - para a função de leitor do próprio livro que escreve, o que faz do leitor autor, promovendo a corrosão da unicidade autoral. Como conclusão, o estudo demonstrou que o questionamento da paternidade autoral em Memórias Póstumas foi um elemento desestabilizador do modelo de romance do realismo-naturalismo do século XIX, bem como abalou os pressupostos da crítica de fontes por meio da ficção de leitura autoral responsável por citações roídas de um autor-leitor que nos fala do outro lado do mistério
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O folhetim e o livro: travessias da ficção machadiana de Quincas BorbaPilon, Márcia Regina Scarpa 06 October 2008 (has links)
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Previous issue date: 2008-10-06 / Secretaria da Educação do Estado de São Paulo / The novel Quincas Borba, written by Machado de Assis, has two different versions published in two different distinctive holders: the newspaper, as a serial publication, and the book. Both versions carry important differences that reveal the main subject observed in the present work: the formation of the reader under educative and evolutive focus, acknowledged in a comparison between the two versions. That comparison has also revealed the process of narrative composition of Quincas Borba. The investigation puts in doubt and discusses the role of the reader in the different holders, noticing that the reading attitudes vary and structure themselves in different ways in the two versions. We intended to investigate, in the first chapter, the reading in different levels of perception, or the differences between the serial publication and the book in the act of reading; in the second chapter, we searched in the novel the model of reader roused by the narrative, as much as the differences of the narrated matter in the crossing serial publication book; finally, in the third chapter, the question of the authorship and the reading in the fictional context, comprehending that the changes made between one version and the other are, in their majority, adjustments played by the author in the search of a model-reader of his work this is a question that receives enormous attention by the contemporary critics and that finds in Machado de Assis works a productive investigation to the development of the various studies about the subject. To the effective rendering of this work, it was necessary to approach theoretical hypothesis about serial publications, being Marlyse Meyer the main reference. It was also necessary to search Umberto Eco s considerations about the model-reader, a kind of reader foreseen by the author and printed in the text writing. Other aspects of the work of Machado de Assis were observed through the reading of the vast bibliography about the writer and his production, among which we detach the studies of John Gledson, Hélio Seixas Guimarães and Alfredo Bosi / O romance Quincas Borba, de Machado de Assis, possui duas versões publicadas em dois suportes distintos: o jornal, sob a forma de folhetim, e o livro. As duas versões carregam diferenças importantes que revelam o principal ponto observado neste trabalho: a formação do leitor em foco educativo e evolutivo, percebido na comparação entre uma versão e outra do romance. Comparação essa que revelou, também, muito do processo de composição narrativa para Quincas Borba. A investigação problematizou, então, a função do leitor nos dois suportes, observando que as atitudes de leitura variavam e estruturavam-se de forma diferente nas duas publicações. Procuramos investigar, no primeiro capítulo, a leitura em níveis diferentes de percepção, ou seja, as diferenças entre o folhetim e o livro no ato de leitura; enquanto, no segundo capítulo, tratamos de buscar dentro do romance o modelo de leitor suscitado pela narrativa, bem como as diferenças da matéria narrada na travessia folhetim livro; posteriormente, no terceiro capítulo, a questão da autoria e da leitura no contexto ficcional, entendendo que as mudanças sofridas entre uma versão e outra são, em sua maioria, ajustes feitos pelo autor na busca pelo leitor-modelo de sua obra, questão que recebe enorme atenção da crítica contemporânea e que encontra em Machado de Assis terreno fértil para o desenvolvimento dos mais variados estudos sobre o assunto. Para a efetivação deste trabalho, foi necessário transitar em pressupostos teóricos acerca do folhetim, sendo Marlyse Meyer a principal referência. Também foi necessário buscar nas considerações de Umberto Eco o conceito de leitor-modelo, tipo de leitor previsto pelo autor e impresso na escrita do texto. Outros aspectos da obra machadiana puderam ser observados através da leitura de vasta bibliografia sobre o autor e sua produção, entre eles destacamos os estudos de John Gledson, Hélio Seixas Guimarães e Alfredo Bosi
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Percursos de legitimação: caminhos da crítica em "O Alienista" / Legitimation course: the literary criticism in "O Alienista"Silva, Ana Ferreira 19 February 2009 (has links)
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Previous issue date: 2009-02-19 / Secretaria da Educação do Estado de São Paulo / This work aims at studying the critical fortune of O Alienista, related to the period from 1882 to 1982. Considering the discursive transformations of Machado de Assis criticism, we intend to do a bibliographical research and to reflect about the different interpretative methods which marked the literary criticism approaches in the period studied. Published in 1881 in the newspaper A Estação , this Machado de Assis work caused reactions from the critics, concerning singular changes introduced by him in the narrative form. Furthermore, the aforementioned date marked the maturity point and the domain of the author literary creation resources, which predicted a new phase in his work. However, the new narrative techniques presented to Brazilian literature imposed themselves as unusual codes of literary formalization and would make the critics reflect on the limits of expression and analysis. In this context, it was seen the first attempts of literary consciousness since Machado de Assis, who left us some noticeable lucidity essays, such as Notícia da atual literatura brasileira , published in 1873, and Eça de Queirós: o Primo Basílio , published in 1878. The first text would predict the style that would portray the production of the author s second phase, in which the fictional work characterizes itself as a rupture model with our cultural formation, guided by the European model, whose themes and techniques were related to the historical sense of nationality identification. In the second text, the author describes the production of the work of the Lusitan writer, to analyze, among other aspects, narrator, characters and verisimilitude. In both cases, Machado de Assis was the precursor of a new literature consciousness / O trabalho tem por objetivo o estudo da fortuna crítica de O Alienista, no período de 1882 a 1982. Com vistas às transformações discursivas da crítica machadiana, pretendemos realizar um levantamento bibliográfico e refletir sobre os diferentes métodos interpretativos que marcaram as vertentes da crítica literária, no período proposto. O texto machadiano, publicado em 1881, no jornal A Estação , provocou reações da crítica vigente, diante das mudanças singulares operadas por Machado na forma de narrar. Ademais, essa data assinalou o marco de maturidade e o domínio dos recursos de criação literária do autor, o que prenunciava uma nova fase de sua produção. Todavia, as novas técnicas narrativas apresentadas à literatura brasileira impunham-se como códigos inusitados de formalização literária e levariam a crítica à reflexão sobre os limites da expressão e da análise. Nesse contexto, assistimos às primeiras tentativas de consciência literária a partir do próprio Machado de Assis, que nos deixou alguns ensaios de notável lucidez, como é o caso de Notícia da atual literatura brasileira , de 1873, e Eça de Queirós: o Primo Basílio , de 1878. O primeiro texto prediria o estilo que configuraria a produção da segunda fase do escritor, em que própria obra ficcional materializa-se como modelo de ruptura com a nossa formação cultural, guiada pelo modelo europeu, cujos temas e técnicas eram vinculados ao sentido histórico de identificação da nacionalidade. No segundo texto, o autor circunscreve a feitura da obra do escritor lusitano, para analisar, entre outros aspectos, narrador, personagens e verossimilhança. Tanto em um quanto em outro caso, Machado revelou-se precursor de uma nova consciência sobre a literatura
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Narrador, ambivalência e ironia em Iaiá Garcia, de Machado de AssisMachado, Raquel Andrade 22 March 2017 (has links)
Submitted by Filipe dos Santos (fsantos@pucsp.br) on 2017-04-03T12:56:51Z
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Previous issue date: 2017-03-22 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES / The present research aims at analyzing the role of the narrator in Iaiá Garcia (1878), by Machado de Assis, on the threshold between reliability and unreliability, aspiring to ambivalence and irony. Pointed by the critical tradition as an in-between novel from the author’s romantic and realist phases, the question that guides this research is that of investigating whether, and to which extent, it would be possible to detect in the narrative structure, especially in the narrator’s point of view, this transitional place between the two aesthetic-literary paradigms by observing the characters Iaiá Garcia, Estela and Jorge – which form the amorous triangle in the plot. We assumed the hypothesis that the narrator has a preponderant role in the construction of the narrative by positioning itself halfway between omniscience and loss of control over the characters, by conveying a dialogic discourse that highlights irony. Furthermore, this is what we could call a chess-player narrator, one who condones the female characters’ – Estela and Iaiá – moves in the chess game; one who detaches itself from the enunciation to the enunciated – chapter XII –, and one whose focus is on the amorous triangle Estela-Jorge-Iaiá – the chess piece used by the ironist narrator to criticize romantic love, with its excesses and fanciful idealizations, and to project another sort of love, driven by reason and logic. As theoretical underpinning, we used Wayne C. Booth (1964) on the telling-showing distinction and on the types of narration; Mikhail Bakhtin (2011) on polyphony, alterity and dialogism, as well as Linda Hutcheon (2000) and her studies on irony. The analysis of the narrative discourse showed that the narrator’s detachment lies upon strategies of telling and showing, applied to interval tones whether of free indirect discourse or irony.
Thus, it is possible to observe the existence of a literary project thought by Machado de Assis, which sets new paradigms regarding the narrator’s position, often distrusted in the omniscient mode; the creation of characters, made more autonomous and responsible for their viewpoints; and finally, the reader, from whom the reading will require more than fondness for Romanesque adventures, typical of feuilleton novels / O objetivo deste trabalho é o de analisar o movimento do narrador de Iaiá Garcia (1878), de Machado de Assis, no limiar entre a confiabilidade e a não confiabilidade, investindo na ambivalência e na ironia. Tido pela tradição crítica como um romance de passagem entre a fase romântica e a realista do escritor, a questão motivadora desta pesquisa foi a de investigar em que medida seria possível detectar na estrutura da narrativa, especialmente no ponto de vista do narrador, esse lugar cambiante entre esses dois paradigmas estético-literários na relação com as personagens Iaiá Garcia, Estela e Jorge, que configuram o triângulo amoroso da trama. Partimos da hipótese de que o narrador assume um papel preponderante na construção da narrativa posicionando-se a meio caminho entre a onisciência e a perda desse controle sobre as personagens por meio de um discurso dialógico no qual a ironia se destaca. Além disso, é este um narrador enxadrista, que compactua com as personagens femininas – Estela e Iaiá – os lances de um jogo de xadrez, que se desloca da enunciação para o enunciado – o capítulo XII –, e cujo foco é o triângulo amoroso Estela-Jorge-Iaiá. Este é um núcleo importante para o narrador ironista posicionar-se criticamente sobre o amor romântico, com seus excessos e idealizações fantasiosas, para projetar um outro tipo de amor, fruto da razão e do cálculo. Como embasamento teórico, utilizamos Wayne C. Booth (1964) sobre o par contar-mostrar e as
estratégias do narrador, Mikhail Bakhtin (2011) com os conceitos sobre plurilinguismo, alteridade e dialogia, e também Linda Hutcheon (2000), no seu estudo sobre a ironia. A análise do discurso narrativo demonstrou que o deslocamento do narrador se faz entre estratégias de contar e mostrar, investindo em tons intervalares seja do discurso indireto livre, seja da ironia. A partir daí, é possível perceber a presença de um projeto literário de Machado de Assis, que lança novos parâmetros para o posicionamento do narrador, questionado em seu modelo de onisciência; para a construção das personagens, mais autônomas e responsáveis por sua visão de mundo e para o leitor (a) do qual se exige mais do que identificação com aventuras romanescas, próprias dos romances folhetins
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