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Retórica e representação : os lugares-comuns na caracterização do modo de fazer guerra de celtas e bretões do norte

Pereira, Juliet Schuster January 2016 (has links)
As chamadas teorias pós-coloniais iniciaram, na década de 1980, uma revisão histórica que levou ao resgate da história de povos conquistados e ao questionamento de teorias estabelecidas, como é o caso da teoria de aculturação. A arqueologia, influenciada pelas revisões pós-coloniais, começou a reformular a história do Império Romano e das províncias a ele incorporadas, entre elas, e de especial interesse no presente trabalho, as províncias estabelecidas em territórios “celtas” e no norte da Grã-Bretanha. Além de questionamentos sobre a teoria de romanização, arqueólogos como Simon James constataram que estas populações possuíam culturas de base local, mostrando que os inúmeros povos rotulados como “celtas” pertenciam a tradições múltiplas e autônomas. No entanto, a cultura popular e inclusive alguns acadêmicos divulgam uma imagem consistente de uma “civilização celta”, habitante de regiões que iam da Espanha aos Balcãs e do norte da Itália às Ilhas Britânicas, para a qual eram as similaridades e não as diferenças que importavam. Mesmo tendo permanecido por muito tempo como um povo à parte, desde a década de 1950, os pictos (ou bretões do norte) também têm sido incluídos nesta grande civilização. Porém, embora autores gregos e romanos colocassem um grande número de povos continentais antigos sob um único rótulo – celtas -, o mesmo não é verdade com relação aos antigos habitantes das ilhas britânicas: para estes, os autores utilizavam o nome bretões, diferenciando-os dos bárbaros continentais. Ainda assim, iniciada no século XVII, a construção da história de uma civilização celta, à qual os bretões (habitantes da província romana, em um primeiro momento, e, mais tardiamente, também os bretões do norte) foram incluídos, encontra suporte nos autores clássicos: a similaridade das caracterizações de celtas, gálatas ou gauleses com as dos bretões é notável. De acordo com David Rankin, a cristalização da imagem destes bárbaros deve-se, em grande medida, ao sistema de educação retórico, o qual punha considerável ênfase no aprendizado de lugares-comuns. Seguindo o raciocínio de Rankin, o presente trabalho se propõe a analisar as descrições sobre o modo de fazer guerra de bretões do norte, comparando-as com aquelas dos povos chamados de celtas do continente europeu. Esta comparação se dá ainda à luz das considerações sobre o papel da influência da retórica na história, a inventio, as digressões etnográficas e os lugares-comuns – utilizando para esse fim, as indicações de antigos manuais retóricos. A definição de lugar-comum, um conceito chave para a análise, foi extraída do manual Da Invenção, de Cícero. Além disso, essas caracterizações foram entendidas como representações, seguindo a teoria proposta pelo historiador Franklin Rudolf Ankersmit que define uma representação enquanto uma operação de três lugares. / The so-called postcolonial theories began a historical review, in the 1980s, which led to the rescue of the history of conquered peoples and to the questioning of established theories, such as the acculturation theory. Archaeology, influenced by postcolonial reviews, began to reformulate the history of the Roman Empire and of the provinces the Empire had incorporated. Among these provinces, and of particular interest in this study, the ones established in “Celtic” territories and in North Britain. In addition to questions about the Romanization theory, archaeologists as Simon James found that these people had locally based cultures, showing that countless people labeled as “Celtic” belonged to multiple and autonomous traditions. However, popular culture and even some academics disseminated a consistent image of a “Celtic civilization”, inhabitant of areas ranging from Spain to the Balkans and from Northern Italy to the British Isles, to which were the similarities, and not the differences, that mattered. Even having stayed long as a people apart, since the 1950s, the Picts (or North Britons) have also been included in this great civilization. But, although Greek and Roman authors placed a large number of ancient continental peoples under a single label - Celtic - the same is not true for the former inhabitants of the British Isles: for these, the authors used the name Britons, differentiating them from the continental barbarians. Still, started in the seventeenth century, the construction of the history of a Celtic civilization, in which the Britons (the inhabitants of the Roman province, first, and later also the Britons of the North) were included, is supported by the classic authors: the similarity between the the characterization of the Celts, Galatians or Gauls with that of the Britons is remarkable. Still, started in the seventeenth century, the construction of the history of a Celtic civilization, in which the Britons (inhabitants of the Roman province, at first, and later also the Britons of the North) were included, is supported by the classic authors: the similarity between the characterization of the Celts, Galatians or Gauls with that of the Britons is remarkable. According to David Rankin, the crystallization of the image of these “barbarians” is due largely to the rhetorical education system, which put considerable emphasis on commonplaces learning. Following Rankin’s argument, this study aims to analyze the descriptions about the North Britons’ way of making war, comparing it with that of the so-called Celtic people of Europe. This comparison is done with the support of considerations about the role of the influence of rhetoric in history, the inventio, the ethnographic digressions and the commonplaces - using for this purpose, instructions given by ancient rhetorical manuals. The definition of commonplace, a key concept for the analysis was taken from Cicero’s manual, On Invention. Moreover, these characterizations were understood as representations, following the theory proposed by the historian Franklin Rudolf Ankersmit, who defines a representation as a three places operation.
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VARIAÇÕES SOBRE A VIDA APÓS A MORTE: Desenvolvimentos de uma Crença no Judaísmo do Segundo Templo / Variations on the Life after the Death: Developments of a Belief in the Judaism of Second Temple. Masters Program Dissertation

Soares, Elizangela Aparecida 17 May 2006 (has links)
Made available in DSpace on 2016-08-03T12:20:00Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Elisangela Aparecida Soares.pdf: 838302 bytes, checksum: db13ece97d275148a0c2a1a04ee5b45b (MD5) Previous issue date: 2006-05-17 / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / Since very ancient times, human imagination is surrounded by the expectation about what happens to a human being after death. This is why a great number of religious systems have searched to provide an answer about what a person may expect after his or her death. Sometimes this answer reflects situations lived in the quotidian, so that expectations of justice, rest and happiness are, among others, at center of hope of existence after life in the world as we have it. But as ideas, beliefs, and ages are always diverse, we have chosen the Jewish field of imagetic to accompany elaborations and developments of its notions about life after death. In this way, we intend to observe some subtleties that permeate the appearance of this belief in the Judaism of Second the Temple and how it and its it and its reformulations canned answer to certain aspirations of those had appealed to its suggestions, what we are going do bringing to this field also believes of other seople/cultures with which Israel maintained contact during some periods of its history. Doing this, we presuppose an interchange of religious-cultural elements which, considered at the light of proper expectations, may have ropitiated to Second Temple Judaism a wide range of concepts and options not available in the former period. / A expectativa sobre o que acontece a uma pessoa após sua morte circunda a imaginação humana desde tempos muito antigos. Por este motivo, não poucos sistemas religiosos buscaram e ainda buscam dar uma resposta sobre o que uma pessoa pode esperar para além de sua morte. Esta resposta por vezes reflete as situações vivenciadas no cotidiano, de modo que expectativas de justiça, descanso e felicidade, entre outras, estão no centro da esperança de existência depois da vida no mundo como o temos. Mas como idéias, crenças e épocas são sempre diversas, escolhemos o campo imagético judaico para acompanhar suas elaborações e desenvolvimentos das suas noções de vida após a morte. Desta maneira, tencionamos observar algumas sutilezas que permeiam o aparecimento desta crença no Judaísmo do Segundo Templo e de que modo ela e suas reformulações responderam a certos anseios dos que recorreram às suas sugestões, o que fazemos trazendo para este campo também as crenças de outros povos/culturas com os quais Israel manteve contado ao longo de alguns períodos de sua história. Ao procedermos assim, estamos pressupondo uma troca de elementos religioso-culturais que, relidos à luz de expectativas próprias, tenham propiciado ao Judaísmo do Segundo Templo uma gama de conceitos e opções que não estava disponível na época mais antiga.
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Variações sobre a vida após a morte: desenvolvimento de uma crença no judaísmo do Segundo Templo / Variations on the Life after the Death: Developments of a Belief in the Judaism of Second Temple

Soares, Elizangela Aparecida 17 May 2006 (has links)
Made available in DSpace on 2016-08-03T12:21:18Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Elisangela Aparecida Soares.pdf: 838302 bytes, checksum: db13ece97d275148a0c2a1a04ee5b45b (MD5) Previous issue date: 2006-05-17 / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / Since very ancient times, human imagination is surrounded by the expectation about what happens to a human being after death. This is why a great number of religious systems have searched to provide an answer about what a person may expect after his or her death. Sometimes this answer reflects situations lived in the quotidian, so that expectations of justice, rest and happiness are, among others, at center of hope of existence after life in the world as we have it. But as ideas, beliefs, and ages are always diverse, we have chosen the Jewish field of imagetic to accompany elaborations and developments of its notions about life after death. In this way, we intend to observe some subtleties that permeate the appearance of this belief in the Judaism of Second the Temple and how it and its it and its reformulations canned answer to certain aspirations of those had appealed to its suggestions, what we are going do bringing to this field also believes of other people/cultures with which Israel maintained contact during some periods of its history. Doing this, we presuppose an interchange of religious-cultural elements which, considered at the light of proper expectations, may have propitiated to Second Temple Judaism a wide range of concepts and options not available in the former period. / A expectativa sobre o que acontece a uma pessoa após sua morte circunda a imaginação humana desde tempos muito antigos. Por este motivo, não poucos sistemas religiosos buscaram e ainda buscam dar uma resposta sobre o que uma pessoa pode esperar para além de sua morte. Esta resposta por vezes reflete as situações vivenciadas no cotidiano, de modo que expectativas de justiça, descanso e felicidade, entre outras, estão no centro da esperança de existência depois da vida no mundo como o temos. Mas como idéias, crenças e épocas são sempre diversas, escolhemos o campo imagético judaico para acompanhar suas elaborações e desenvolvimentos das suas noções de vida após a morte. Desta maneira, tencionamos observar algumas sutilezas que permeiam o aparecimento desta crença no Judaísmo do Segundo Templo e de que modo ela e suas reformulações responderam a certos anseios dos que recorreram às suas sugestões, o que fazemos trazendo para este campo também as crenças de outros povos/culturas com os quais Israel manteve contado ao longo de alguns períodos de sua história. Ao procedermos assim, estamos pressupondo uma troca de elementos religioso-culturais que, relidos à luz de expectativas próprias, tenham propiciado ao Judaísmo do Segundo Templo uma gama de conceitos e opções que não estava disponível na época mais antiga.
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A presença da antigüidade clássica em Auguste Comte

Heinrichs Júnior, Cláudio January 2001 (has links)
Para Augusto COMTE, a História fornece vínculos explicativos decisivos e sustenta um projeto de futuro relacionado à evolução continuada da humanidade. Este filósofo realizou uma leitura original e abrangente da História da humanidade, com relações causais entre os diferentes estágios, o que significa a atribuição de valores às diferentes etapas e culturas, entre as quais, com grande destaque, as culturas da antigüidade. Neste estudo da vinculação histórica em COMTE, privilegiou-se a percepção do clássico greco-romano, uma referência muito importante no contexto histórico em que COMTE viveu, demonstrando quais as imagens produzidas e funções atribuídas a este momento da História, dentro dos escopos da doutrina positivista. / This paper intends to realize how did Auguste COMTE detached from his tenets the several demands of historical meanings necessary to his explanation of the present to his projects for the humankind. It is clear on the work of this philosopher his major concerning about History, provider of elucidative and ultimate bonds, and sustaining of a future project related to continuous evolution. COMTE fulfilled an original and exhibited interpretation of the Humanity History, with casual relationships among distinct levels, what means attribution of value to different stages and cultures, among which, vividly, to ancient cultures. To make viable this work about historical bounding in COMTE, the Greek-Roman perception of the classic was privileged, establishing which images and functions this historical stage had, in the design of the positivistic doctrine.
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Sofistas e filósofos na administração imperial: o olhar de Eunápio sobre a unidade política do império Romano no século IV D. C

Farias Júnior, José Petrúcio de [UNESP] 02 August 2007 (has links) (PDF)
Made available in DSpace on 2014-06-11T19:26:34Z (GMT). No. of bitstreams: 0 Previous issue date: 2007-08-02Bitstream added on 2014-06-13T18:54:48Z : No. of bitstreams: 1 fariasjunior_jp_me_fran.pdf: 923250 bytes, checksum: 4358983107e7b0fd7290c13360ae2fe6 (MD5) / Pretendemos, com essa pesquisa, analisar a obra Vidas dos filósofos e sofistas, redigida pelo historiador e sofista grego Eunápio, em 399, o qual retrata as vidas de neoplatônicos pertencentes à Ásia Menor, em especial, Sardes, cidade na qual nasceu. No interior dessa obra, evidenciaremos a questão administrativa do Império Romano por meio da atuação profissional de filósofos e sofistas neoplatônicos que ocuparam cargos administrativos sob a vigência dos imperadores cristãos. Propornos- emos, dessa forma, discorrer sobre a maneira como Eunápio, por meio dos artifícios retóricos mobilizados pela filosofia neoplatônica, avalia o exercício do poder imperial ocupado pelas elites cristãs e, em contrapartida, constrói, em nível literário, a imagem de filósofos e sofistas neoplatônicos na sociedade romana oriental tardia com a finalidade de evidenciar a representatividade política das elites locais neoplatônicas da Ásia Menor, uma vez que, gradativamente, as famílias abastadas não-cristãs eram preteridas dos ofícios públicos por conta da orientação políticoreligiosa instituída, conforme sugere Eunápio, por Constantino e culmina em Teodósio / We intend, with this research, to analyze the work Lives of the Philosophers and Sophists written by the historian and sophist Eunapius, in 399, which portrays the lives of the neoplatonicals belonging to Asia Minor , especially, Sardes, city in which he was born. In these work, we will put in evidence the administrative question of the Roman Empire through professional performance of neoplatonical sophists and philosophers that held administrative positions under the power of the Christian emperor. We propose, this way, to discourse how Eunapius, through rhetoric strategics, mobilized by neoplatonical philosophy, evaluates the exercise of the imperial power occupied by Christian elites and, in counterpoint, constructs, in literary level, the image of neoplatonical sophists and philosophers in the late eastern roman society to elucidate the political representative of the neoplatonical local elites of the Asia Minor, once, gradually, the non-Christian well-off families were far from public positions because of the religious-political orientation instituted, as suggests Eunapius, by Constantine and finalizes in Teodosian
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Valério Máximo, Roma e o outro : imagens da Grécia em Roma no século I d.C.

Silva, Guilherme Dias da January 2009 (has links)
O presente trabalho intitula-se Valério Máximo, Roma e o outro: imagens da Grécia em Roma no século I d.C.. Tem por objetivo analisar, dentro da obra Feitos e Ditos Memoráveis de Valério Máximo, escritor romano do século I d.C., as diferentes formas de representação dos gregos e de sua influência cultural. Pretendemos apresentar duas visões axiais presentes no texto. Uma apresenta a Grécia sob uma imagem positiva, reconhecendo as numerosas contribuições da cultura grega aos romanos. A outra, negativa, vê os gregos como potencialmente corruptores, e procura rotulá-los com defeitos. Há uma utilização pragmática destes dois tropoi retóricos. Esses variam de acordo com a necessidade do autor de ilustrar um dado feito ou dito memorável sob um tema predeterminado, como "sobre os ingratos", por exemplo. Os Feitos e Ditos Memoráveis possuem grande variedade de assuntos e uma organização por temática, constituindo assim um importante registro dos temas relevantes na cultura romana na primeira metade do século I d.C.. O presente trabalho foi realizado com o apoio do CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Brasil, sob a forma da concessão de Bolsa de Mestrado. / The following work is entitled Valerius Maximus, Rome and the other: images of Greece in Rome in the first century AD. It aims to analyse, in the work Memorable Doings and Sayings of Valerius Maximus, Roman writer of the first century AD, the different representations of the Greeks and their cultural influence. We intend to present two main approaches, as they appear depicted in the text. The first one presents Greece under a positive image, recognizing the many contributions of Greek culture to the Romans. The other, negative, sees Greeks as potential corruptors, and intends to criticize them. There is a pragmatic use of those two rhetorical tropoi. They vary according to the author´s need to illustrate a given memorable deed or saying under a predetermined theme, such as "on the ungrateful" for instance. The Memorable Doings and Sayings encompasses a large variety of matters, and a thematical organization, thus constituting an important record of relevant themes in Roman culture on the first half of the first century AD. This work was done with the support of the National Council for Scientifical and Technological Development - CNPq - Brazil, through the concession of a Mastery scholarship.
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Heródoto e os poetas : a sphragis e a manifestação autoral nas Histórias

Guterres, Tiago da Costa January 2012 (has links)
La manifestation d‟auteur est un élément que peut être facilement verifié dans les Histoires d‟Hérodote d‟Halicarnasse. Depuis la présentation du nom propre au début de l‟ouvre (sa sphragis), grâce à l‟utilization fréquent du moi dans le récit, l‟auteur se présente comme responsable de la propre production. Et le résultat est l‟emphase sur la figure de celui qui a effectué la recherche, ce qui signifie un contraste important si on les comparé aux productions des poètes grecs. Cette thèse se compose d‟une recherche dont l‟objectif est d‟examiner la manifestation auctorale d‟Hérodote à partir de la présence de poètes dans l‟Histoires. Ils ont été analysés les extraits où ils sont mentionnés, a fin de montrer la distance établie par Hérodote et l‟émergence de l‟auteur dans sa ouvre. / A manifestação autoral é um elemento que pode ser facilmente verificado nas Histórias de Heródoto de Halicarnasso. Desde a apresentação do nome próprio no início da obra (sua sphragis), passando pelo frequente uso do eu na narrativa, o autor apresenta a si próprio como o responsável pela produção. E o resultado é a ênfase na figura daquele que executou a investigação, o que significa um importante contraste se comparado às produções dos poetas gregos. Esta dissertação consiste em uma investigação cujo objetivo é examinar a manifestação autoral herodotiana a partir da presença dos poetas nas Histórias. Foram analisadas as passagens em que estes são mencionados, no intuito de mostrar o distanciamento estabelecido por Heródoto, e a emergência do autor em sua obra.
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Heródoto versus Khrónos : kléos, escrita da história e o autor em busca da posteridade

Guterres, Tiago da Costa January 2017 (has links)
Écrites pour empêcher que les faits humains étaient oubliés avec le temps, les Histoires d’Hérodote d’Halicarnasse soulignent, depuis le proême, leur potentiel de pérennisation. En réalisant son entreprise après la fin des guerres contre les perses, il veut préserver les actions de ceux qui, à son avis, méritent d’être rappelés. L’historien émerge en tant que figure d’auteur qui revendique la capacité de préserver les réalisations des êtres humains. S’agit-il aussi d’une préservation de soi-même en tant qu’auteur ? Cette thèse vise à répondre à la question posée. La Grèce des póleis a vu survenir la figure de l’auteur. Des nombreux auteurs grecs ont exprimé la volonté de signer leurs oeuvres. La présence autorielle de l’historien est inséparable du contenu exposé dans le texte. Il s’agit donc d’une quête de préservation de son propre kléos, ce qu’on peut vérifier dans sa signature ou sphragís, bien que dans le moi de l’écrivain et son dialogue avec le lecteur future. Pour atteindre son but, Hérodote dispose de l’écriture de l’histoire, un outil pour résister à Khrónos, cette figure qui représente le temps destructeur. / Escrita para impedir que os feitos humanos fossem esquecidos com passar do tempo, as Histórias de Heródoto de Halicarnasso sublinham, desde o proêmio, seu potencial perenizador. Realizando seu empreendimento após o fim das guerras contra os persas, ele pretende preservar as ações daqueles que, na sua opinião, merecem ser lembrados. O historiador surge como figura autoral que reivindica a capacidade de preservar as realizações humanas. A busca de preservação dos outros se refere de algum modo à preservação de si próprio? Esta tese consiste em uma tentativa de responder positivamente a esta questão. A Grécia das póleis vê surgir a ênfase cada vez mais demarcada da figura autoral. É grande a lista de autores gregos que manifestaram a vontade de assinar o nome em suas obras e os poetas, talvez, sejam o maior exemplo disso. Quanto ao historiador, que em muito se refere à poesia, sua presença autoral se tornou algo indissociável do conteúdo apresentado no texto. Trata-se, então, de uma busca de fazer com que seu kléos seja conhecido pela posteridade, o que podemos compreender se considerarmos alguns elementos presentes no seu texto, como a assinatura ou sphragís, a presença constante do eu do autor e uma espécie de “diálogo” com o leitor futuro. Para tal intento, Heródoto dispõe da sua escrita da história, uma ferramenta utilizada para resistir a Khrónos ou o tempo, que a todos destrói.
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Retórica e representação : os lugares-comuns na caracterização do modo de fazer guerra de celtas e bretões do norte

Pereira, Juliet Schuster January 2016 (has links)
As chamadas teorias pós-coloniais iniciaram, na década de 1980, uma revisão histórica que levou ao resgate da história de povos conquistados e ao questionamento de teorias estabelecidas, como é o caso da teoria de aculturação. A arqueologia, influenciada pelas revisões pós-coloniais, começou a reformular a história do Império Romano e das províncias a ele incorporadas, entre elas, e de especial interesse no presente trabalho, as províncias estabelecidas em territórios “celtas” e no norte da Grã-Bretanha. Além de questionamentos sobre a teoria de romanização, arqueólogos como Simon James constataram que estas populações possuíam culturas de base local, mostrando que os inúmeros povos rotulados como “celtas” pertenciam a tradições múltiplas e autônomas. No entanto, a cultura popular e inclusive alguns acadêmicos divulgam uma imagem consistente de uma “civilização celta”, habitante de regiões que iam da Espanha aos Balcãs e do norte da Itália às Ilhas Britânicas, para a qual eram as similaridades e não as diferenças que importavam. Mesmo tendo permanecido por muito tempo como um povo à parte, desde a década de 1950, os pictos (ou bretões do norte) também têm sido incluídos nesta grande civilização. Porém, embora autores gregos e romanos colocassem um grande número de povos continentais antigos sob um único rótulo – celtas -, o mesmo não é verdade com relação aos antigos habitantes das ilhas britânicas: para estes, os autores utilizavam o nome bretões, diferenciando-os dos bárbaros continentais. Ainda assim, iniciada no século XVII, a construção da história de uma civilização celta, à qual os bretões (habitantes da província romana, em um primeiro momento, e, mais tardiamente, também os bretões do norte) foram incluídos, encontra suporte nos autores clássicos: a similaridade das caracterizações de celtas, gálatas ou gauleses com as dos bretões é notável. De acordo com David Rankin, a cristalização da imagem destes bárbaros deve-se, em grande medida, ao sistema de educação retórico, o qual punha considerável ênfase no aprendizado de lugares-comuns. Seguindo o raciocínio de Rankin, o presente trabalho se propõe a analisar as descrições sobre o modo de fazer guerra de bretões do norte, comparando-as com aquelas dos povos chamados de celtas do continente europeu. Esta comparação se dá ainda à luz das considerações sobre o papel da influência da retórica na história, a inventio, as digressões etnográficas e os lugares-comuns – utilizando para esse fim, as indicações de antigos manuais retóricos. A definição de lugar-comum, um conceito chave para a análise, foi extraída do manual Da Invenção, de Cícero. Além disso, essas caracterizações foram entendidas como representações, seguindo a teoria proposta pelo historiador Franklin Rudolf Ankersmit que define uma representação enquanto uma operação de três lugares. / The so-called postcolonial theories began a historical review, in the 1980s, which led to the rescue of the history of conquered peoples and to the questioning of established theories, such as the acculturation theory. Archaeology, influenced by postcolonial reviews, began to reformulate the history of the Roman Empire and of the provinces the Empire had incorporated. Among these provinces, and of particular interest in this study, the ones established in “Celtic” territories and in North Britain. In addition to questions about the Romanization theory, archaeologists as Simon James found that these people had locally based cultures, showing that countless people labeled as “Celtic” belonged to multiple and autonomous traditions. However, popular culture and even some academics disseminated a consistent image of a “Celtic civilization”, inhabitant of areas ranging from Spain to the Balkans and from Northern Italy to the British Isles, to which were the similarities, and not the differences, that mattered. Even having stayed long as a people apart, since the 1950s, the Picts (or North Britons) have also been included in this great civilization. But, although Greek and Roman authors placed a large number of ancient continental peoples under a single label - Celtic - the same is not true for the former inhabitants of the British Isles: for these, the authors used the name Britons, differentiating them from the continental barbarians. Still, started in the seventeenth century, the construction of the history of a Celtic civilization, in which the Britons (the inhabitants of the Roman province, first, and later also the Britons of the North) were included, is supported by the classic authors: the similarity between the the characterization of the Celts, Galatians or Gauls with that of the Britons is remarkable. Still, started in the seventeenth century, the construction of the history of a Celtic civilization, in which the Britons (inhabitants of the Roman province, at first, and later also the Britons of the North) were included, is supported by the classic authors: the similarity between the characterization of the Celts, Galatians or Gauls with that of the Britons is remarkable. According to David Rankin, the crystallization of the image of these “barbarians” is due largely to the rhetorical education system, which put considerable emphasis on commonplaces learning. Following Rankin’s argument, this study aims to analyze the descriptions about the North Britons’ way of making war, comparing it with that of the so-called Celtic people of Europe. This comparison is done with the support of considerations about the role of the influence of rhetoric in history, the inventio, the ethnographic digressions and the commonplaces - using for this purpose, instructions given by ancient rhetorical manuals. The definition of commonplace, a key concept for the analysis was taken from Cicero’s manual, On Invention. Moreover, these characterizations were understood as representations, following the theory proposed by the historian Franklin Rudolf Ankersmit, who defines a representation as a three places operation.
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Os usos da antiguidade clássica na elaboração dos conceitos de barbárie e civilização na obra Os Sertões

Kunst, Rafael Vicente January 2012 (has links)
Este trabalho tem como objetivo analisar como e por quais motivos a Antiguidade clássica é utilizada na elaboração dos conceitos de barbárie e civilização na obra Os Sertões, de Euclides da Cunha. Através dos estudos da retórica e da teoria da recepção, investigo quais são as fontes do autor para a elaboração dessas referências e como elas são lidas e significadas pelo autor. Ao final, interpreto a elaboração peculiar das noções de bárbaro e civilizado presentes na obra a partir dessa vinculação entre seus conhecimentos sobre o Mundo antigo e sua observação sobre o conflito de Canudos. / This work aims to analyze how and for what reasons the Classical Antiquity is used in the elaboration of the concepts of barbarism and civilization in Os Sertões, by Euclides da Cunha. Based in studies of rhetoric and reception theory, I investigate what are the sources by the author in preparing these references and how they are read and the author meant. At the end, I interpret the development of the peculiar notions of barbarian and civilized present in Cunha’s book using the link between their knowledge of the Ancient World and your observation about the conflict in Canudos.

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