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Barreiras, fronteiras e passagens : a burocracia e o laço social na saúde mental pública brasileira : travessia de uma experiênciaVeronese, Luciane Gheller January 2015 (has links)
A pesquisa apresenta reflexões e experiências a partir dos fenômenos socioculturais e políticos, no campo da saúde mental pública brasileira, através das articulações entre o sujeito e a cultura. Estuda a temática da burocracia, pensada como política da indiferença a partir da metáfora da máquina e do anonimato como referentes do laço social neste discurso. Enfatiza as formas burocráticas contemporâneas, típicas dos Estados capitalistas atuais, os traços de uma burocracia à brasileira, estabelecida pelo hibridismo entre a autoritária maneira de lidar com a norma e seus matizes flexíveis, além das raízes da burocracia missioneira. Discute as transformações do modelo de saúde mental, com seus avanços e retrocessos, problematizando as dificuldades de rupturas com o modelo manicomial. Discorre acerca da configuração da política sanitária brasileira, com destaque para a saúde mental, em especial os CAPS. Através de fragmentos de experiências em um CAPSi propõe o lugar destas instituições como lugares utópicos, de passagens, “lugar Entre”. Aponta para a necessidade de profanar a burocracia, atentando aos restos não burocratizáveis, a partir de dois eixos: o brincar como dispositivo fundamental do trabalho em um CAPSi e a produção/utilização do arquivo como testemunha na instituição de saúde mental pública, reconhecendo a importância de um trabalho singularizado, artesanal, que não suspenda a capacidade de pensar e fortaleça o espaço público. / This research presents reflections and experiences on sociocultural and political phenomenon in the Brazilian public mental health field, articulating the subject and the culture. It studies the bureaucracy considered as an indifference policy through the machine metaphor and the anonymity as referential of the social bond in this speech. It also emphasizes the contemporary bureaucratic characteristics, typical from modern capitalist States, the features of a Brazilian bureaucracy, stablished by the hybridism between the authoritarian way of dealing with the norm and its flexible nuances, besides the roots of a missioneira bureaucracy. It argues the mental health model transformations, focusing its advances and retrocessions, as well as it analyzes the difficulties of rupture with the asylum model. It debates about the Brazilian sanitary policy, emphasizing the mental health, especially the CAPS. Thus, through experiences at a CAPSi, it proposes the place of these institutions as utopic places, of passage, “in-between place”. It points out the necessity to desecrate the bureaucracy, giving attention to the non-bureaucratic parts through two axis: to play as a fundamental device of work at a CAPSi and the production/use of a file as a witness in a public mental health institution, recognizing the importance of a singularized word, handmade, which does not suspend the ability to think and fortifies the public space.
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Laço social e educação: um estudo sobre os efeitos do encontro com o outro no contexto escolar / Social bond and education: a study on the effects of the meeting with the other in an educational context.Rahme, Monica Maria Farid 12 March 2010 (has links)
Esta tese tem como objetivo geral investigar o laço social na educação e, em particular, de alunos que apresentam necessidades educacionais especiais, considerando seus efeitos para os sujeitos. Para tanto, analisam-se perspectivas educacionais endereçadas a esse grupo, assim como, o estabelecimento de laços entre as crianças em contexto escolar dito inclusivo, tendo como referência a interface Psicanálise e Educação. Esta pesquisa se divide em três eixos principais: no primeiro, é abordada a noção de laço social pela Psicanálise, indicando seus desdobramentos para o estudo do campo educacional. No segundo, enfoca-se os principais elementos que constituíram a Educação Especial e a Educação Inclusiva como discursos, fundamentando o laço social proposto por essas. Retoma-se, assim, o percurso histórico que desencadeou a emergência de movimentos como o de normalização, mainstreaming, integração e, mais recentemente, o de inclusão. Tendo esse contexto como referência, analisa-se o processo de internacionalização do direito à educação escolar para todos, problematizando suas particularidades nos rumos adotados em políticas educacionais em curso no Brasil, Estados Unidos, França e Itália. No terceiro eixo, investigam-se dados referentes a uma pesquisa de campo desenvolvida em uma escola pública, municipal de tempo integral. A partir da realização do estudo de caso que conduziu ao acompanhamento de uma turma, composta por crianças na faixa-etária de seis e sete anos, enfocam-se aspectos relacionados à inserção escolar de uma criança nomeada pela escola como autista. Destacamse, de modo especial, elementos de sua convivência com os colegas, bem como sua participação no dispositivo escolar. Os procedimentos metodológicos adotados na realização desta pesquisa compreenderam o registro dos dados levantados pela pesquisadora no contato sistemático com o campo, a prática de entrevistas com profissionais da escola e com as crianças, e a realização de filmagens. Os dados obtidos por esta pesquisa permitiram a elaboração de considerações acerca da noção de laço social em um plano macro, ligado à implementação de políticas públicas, e, em um plano micro, relativo à convivência entre as crianças. Em relação à primeira vertente, ressaltam-se os constantes impasses presentes na abordagem do sujeito na educação, mesmo em movimentos ditos inclusivos. Nesse sentido, a busca por classificação, homogeneização, adaptação e ajustamento social via educação escolar persiste como desafio nos movimentos atuais em torno de uma educação para todos. No que diz respeito ao plano micro, a pesquisa revelou a existência de uma série de operações ligadas à constituição de laços entre as crianças, como os saberes da experiência e a operação sujeito-objeto. Permitiu, ainda, a construção de uma hipótese diagnóstica sobre o autismo, a partir do referencial psicanalítico, a abordagem da percepção da diferença pelas crianças, bem como, de suas intervenções com o colega. Por fim, o estudo indica a presença de efeitos terapêuticos no processo de inserção dessa criança na escola comum. Os apontamentos tecidos a partir deste estudo sublinham, de modo geral, a importância de um maior aprofundamento na análise das perspectivas educacionais atuais, bem como da complexidade existente nas dimensões do educar e do tratar na educação contemporânea. / This research aims at investigating the social bond in education focusing on those students who have special educational needs, considering its effects in the subjects involved. In doing so, educational perspectives for that specific group have been analized such as the bonds among children in an inclusive educational context, having as a reference an interface between Psychoanalyzis and Education. This work is divided into three main areas: the first part concentrates on the notion of social bond considered by Psychoanalyzis pointing out its effects for the study of educational field; the second part is concerned with the main elements of special education and inclusive education taken as discourses which root the social bond they both claim. Seen from that perspective, a historical path which has brought forth movements like normalization, mainstreaming, integration and more recently, inclusion, has been pursued. Within this context as a reference, the process of internalization of the right of formal education for all is analysed, and the different strategies adopted by the current educational policies in Brazil, the United States, France and Italy have been examined. The third part presents a field research carried out in a full time public school. The case study aims at following the social insertion of a child belonging to a group whose age varies between six and eight and who is considered an autist by the members. Factors such as her/his relationship with classmates and her/his involvement with the educational setting are enphasized. The methodological procedures adopted for this research include data collection by the researcher through a sistematic contact with the field, interviews with the school professionals and the children involved and film makings. Data obtained from this research allow reflections on the social bond on a macro level, linked to the implementation of public policies and on a micro level, related to the childrens relationship. The former faces constant challenges as far as the subject is involved in education, even when it comes to the inclusive area the search for classification, homogenization, adaption and social adjustment via school education is still a challenge in movements towards education for all nowadays. The latter has revealed a series of operations linked to bonds settings by children illustrated by the knowledge acquired from experience and the relationship subject-object. The research on the micro level has also permitted to come to a possible diagnostic hypothesis about autism from a psychoanalytic view, besides studying the approach of difference perception by the children and the interventions with the subject studied. Finally, the study points out therapeutical effects in the insertion process of that child in a common school. Appointments registered in this research emphasize the importance of going deeper into the analysis of educational perspectives as well as in the complexities of knowledge and treatment dimensions, as far as contemporary education is concerned.
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Da hospitalidade às psicoses: um discurso em interrogação / From the hospitality to psychosis: a speech in question / De l’hospitalité aux psychoses: un discours en interrogationSimoni, Ana Carolina Rios January 2012 (has links)
Ce travail dérive d’un parcours clinique et institutionel, à partir du quel s’est formulé la question sur les effets dans les liens sociaux du reencontre aves la specificité de la position psychique des sujets psychotiques. On raconte des passages d’un itinéraire de recherche, fait du pari à la réinscription des bordes de la clinique psychanalytique – lequel se montre par les experiences des ateliers thérapeutiques et de l’accompagnement thérapeutique, mais pas seulement –, pour dire des modes par lesquelles la question a pris la forme d’un discours en interrogation. On part de la formulation lacanienne sur la structure discursive des liens sociaux – en considerant, surtout, le discours universitaire et le discours capitaliste – et de la place extérière que la structure psychotique tient par rapport le discours. Puis on situe l’hospitalité, selon l’élabore Derrida, comme possibilité de accuellir les différences portées par les psychotiques. Dans ce chamin, les concepts de transfert, résistance et témoin, d’après Freud et Lacan, apparaissent comme manières de nommer l’espace-temp où l’hospitalité à l’hors-discours peut émerger – dont la specificité se present dans les impasses de l’inscription des contours subjetifs entre le Je/moi et l’autre-Autre, le prope et l’ailleurs. De cette façon, on suggère que offrir l’hospitalité à l’alterité de la position subjetive des psychoses implique accueillir la tension inhérente aux limits du propre et de l’ailleurs comme une demande de la strutucture. On problematise la façon par laquelle le discours universitaires de la science, dans um moment de l’histoire de la culture, a répondu à cette “demande” en edifiant les murs de l’hospice et de la catégorie “maladie mental”, qui n’ont pas inscrit la différence, mais, contrairement, ont produit une intensification de l’impasse du narcissisme. On se demande donc comment le discours universitaire de la science d'aujourd'hui, en complicité avec le discours du capitalisme, peut être affecté, si l’hors-discours retrouve l’hospitalité du chercheur. À l’horizont, la question: offrir l’hospitalité aux psychoses produirait des effets de méthode? Serait l’hospitalité aux psychoses une opportunité pour que nous nous replaçons sur le plan éthique et politique par rapport à la manière dont, aujourd'hui, nous faisons nos incursions dans le monde de la connaissance? / Este trabalho deriva de um percurso clínico e institucional, a partir do qual se formulou uma pergunta pelos efeitos para os laços sociais do encontro com a especificidade da posição psíquica dos sujeitos nas psicoses. Narram-se passagens de uma trajetória de pesquisa, feita da aposta na reinscrição das bordas da clínica psicanalítica – que pode ser observada nas experiências em oficinas terapêuticas e acompanhamentos terapêuticos, mas não somente –, para dizer dos modos pelos quais tal questão foi ganhando a forma de um discurso em interrogação. Parte-se da formulação lacaniana em torno da estrutura discursiva dos laços sociais – tomandose em consideração, especialmente, o discurso universitário e o discurso capitalista – e do lugar de exterioridade que a estrutura psicótica mantém em relação aos discursos. Em seguida, situa-se a hospitalidade, tal qual elaborada por Derrida, como possibilidade de acolhimento às diferenças que as psicoses portam. Nesse caminho, os conceitos de transferência, resistência e testemunho, desde Freud e Lacan, aparecem como formas de nomear o espaço-tempo em que pode emergir uma hospitalidade ao fora-do-discurso, cuja especificidade se apresenta na forma de impasses na inscrição dos contornos subjetivos entre o eu e o outro-Outro, o próprio e o alheio. Desde aí, sugere-se que dar hospitalidade à alteridade da posição subjetiva nas psicoses implica acolher a tensão inerente aos limites do próprio e do alheio, como um pedido estrutural. Problematiza-se o modo como o discurso universitário da ciência, em determinado momento da história da cultura, respondeu a este “pedido” edificando os muros do hospício e da categoria “doença mental”, que não fizeram inscrever a diferença, mas, ao contrário, operaram o recrudescimento do beco do narcisismo. Pergunta-se então como o discurso universitário da ciência de nossos dias, em cumplicidade com o discurso do capitalismo, pode ser afetado, caso o fora-do-discurso das psicoses encontre uma posição de hospitalidade desdobrada do lado do pesquisador. No horizonte, o interrogante: dar hospitalidade às psicoses produziria efeitos de método? Seria a hospitalidade às psicoses uma oportunidade para nos reposicionarmos ética e politicamente sobre o modo como, atualmente, concebemos nossas incursões pelo mundo do conhecimento? / This work derives from a clinical and institutional trajectory, from which raised the question about the effects of social ties on encountering with specification the psychic position of psychotic subjects. Then, segments of the path of research are reported, made with the bet of rewriting the edges of the psychoanalytic clinics - that can be observed in experiments with therapeutic workshops and follow-up therapy, but not only – to say the ways in which this issue has been gaining the form of a discourse in question. It starts with the Lacanian formulation around the discursive structure of social ties - especially taking into account the university and capitalistic discourses. In addition, the place of exteriority that maintains the structure in relation to psychotic speeches, for then situate the hospitality, as is elaborated by Derrida, as the possibility of welcoming the differences that the psychoses carries. In this way, the concepts of transference, resistance, and testimony, from Freud and Lacan, appear as ways of naming the space-time on that can emerge hospitality on out-ofspeech, whose specificity appears in the form of impasse on inscription of subjective contours between self and other-Other, self and strange. Since then, it is suggested that giving hospitality to otherness of the subjective position in the psychoses, implies on welcoming, as a structural request, the tension inherent of the limits between the self and the other-Other. Considering the way how the university discourse of science, in sometime of the history of culture, responded to this "request" building the walls of the asylum and the category of "mental illness", which did not include the difference, but rather, operated the fall for the narcissism’s alley. Then wonders how the university discourse in science, nowadays, in complicity with the discourse of capitalism, can be affected in case of the out-of-speech of psychosis find on the researcher a position of hospitality. The question that is on the horizon is: giving hospitality to psychosis would produce method effect's? The hospitality to psychosis would be an opportunity for a repositioning ethical and politically about how, nowadays, we've conceived our forays into the world of knowledge?
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Barreiras, fronteiras e passagens : a burocracia e o laço social na saúde mental pública brasileira : travessia de uma experiênciaVeronese, Luciane Gheller January 2015 (has links)
A pesquisa apresenta reflexões e experiências a partir dos fenômenos socioculturais e políticos, no campo da saúde mental pública brasileira, através das articulações entre o sujeito e a cultura. Estuda a temática da burocracia, pensada como política da indiferença a partir da metáfora da máquina e do anonimato como referentes do laço social neste discurso. Enfatiza as formas burocráticas contemporâneas, típicas dos Estados capitalistas atuais, os traços de uma burocracia à brasileira, estabelecida pelo hibridismo entre a autoritária maneira de lidar com a norma e seus matizes flexíveis, além das raízes da burocracia missioneira. Discute as transformações do modelo de saúde mental, com seus avanços e retrocessos, problematizando as dificuldades de rupturas com o modelo manicomial. Discorre acerca da configuração da política sanitária brasileira, com destaque para a saúde mental, em especial os CAPS. Através de fragmentos de experiências em um CAPSi propõe o lugar destas instituições como lugares utópicos, de passagens, “lugar Entre”. Aponta para a necessidade de profanar a burocracia, atentando aos restos não burocratizáveis, a partir de dois eixos: o brincar como dispositivo fundamental do trabalho em um CAPSi e a produção/utilização do arquivo como testemunha na instituição de saúde mental pública, reconhecendo a importância de um trabalho singularizado, artesanal, que não suspenda a capacidade de pensar e fortaleça o espaço público. / This research presents reflections and experiences on sociocultural and political phenomenon in the Brazilian public mental health field, articulating the subject and the culture. It studies the bureaucracy considered as an indifference policy through the machine metaphor and the anonymity as referential of the social bond in this speech. It also emphasizes the contemporary bureaucratic characteristics, typical from modern capitalist States, the features of a Brazilian bureaucracy, stablished by the hybridism between the authoritarian way of dealing with the norm and its flexible nuances, besides the roots of a missioneira bureaucracy. It argues the mental health model transformations, focusing its advances and retrocessions, as well as it analyzes the difficulties of rupture with the asylum model. It debates about the Brazilian sanitary policy, emphasizing the mental health, especially the CAPS. Thus, through experiences at a CAPSi, it proposes the place of these institutions as utopic places, of passage, “in-between place”. It points out the necessity to desecrate the bureaucracy, giving attention to the non-bureaucratic parts through two axis: to play as a fundamental device of work at a CAPSi and the production/use of a file as a witness in a public mental health institution, recognizing the importance of a singularized word, handmade, which does not suspend the ability to think and fortifies the public space.
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Do prazer à morte : a noção de gozo no estudo de fenômenos sócio-culturaisOliveira, Roseli Maria Rodella de 09 September 2010 (has links)
Cette thèse vise à analyser de façon critique la notion de jouissance dans l'étude de phénomène sociaux et culturels. Pour atteindre ces objectifs, nous avons mené une recherche théorique bibliographique, qui partait des fondements freudiens - pulsion, les champs de la satisfaction, du plaisir et au-delà du plaisir, de la pulsion de mort - pour atteindre l élaboration lacanienne de la notion de jouissance. Nous avons développé les éléments essentiels de cette notion, élaborés principalement dans les années 60 par Lacan, quand il conceptualise la notion de jouissance comme satisfaction de la pulsion de mort. Nous abordons inévitablement le lien entre la jouissance et la pulsion dans le but de le conceptualiser, en plus de faire la distinction entre la jouissance, le désir et le plaisir, ce qui a conduit Lacan à situer une jouissance illimitée, mythique, presque antérieure au language et une jouissance limitée, interdite par sa relation à la langue elle-même, propre aux êtres qui parlent. Nous avons effectué la lecture et la discussion sur la pulsion de mort dans les études sur la culture et la société pour situer, ensuite, la notion de jouissance dans les liens sociaux. Lacan a suivi les développements freudiens sur la culture et la société, d'abord avec la surévaluation de la sexualité et, plus tard, avec la reconnaissance du lieu de la destructivité, qui sera situé au premier plan de la subjectivité et des liens sociaux. Cela crée certains problèmes notamment en ce qui concerne le domaine de la satisfaction, précédemment formulée par Freud dans sa référence à la pulsion sexuelle et au principe du plaisir. Un autre problème concerne la réglementation du fonctionnement de la subjectivité dans les liens sociaux à partir du changement fait par Freud de l idée de l'opposition entre la culture et la sexualité vers l'opposition entre la culture et la destructivité. Enfin, nous avons montré, par des exemples de Zizek et Calligaris, que la notion de jouissance se révèle être un opérateur pertinent dans la lecture des phénomènes sociaux contemporains, en particulier la cruauté et la violence. / Esta dissertação pretende analisar criticamente a noção de gozo no estudo de fenômenos sócio-culturais. Para atender aos objetivos, realizamos uma pesquisa teórica bibliográfica, o que possibilitou melhor compreensão do objeto de nossa investigação, a noção de gozo. Partimos dos fundamentos freudianos pulsão, os campos da satisfação, do prazer e do além do prazer, a pulsão de morte para atingir a elaboração lacaniana da noção de gozo. Desenvolvemos os elementos centrais dessa noção, principalmente, os elaborados nos anos 60 por Lacan, justamente onde ele conceitua a noção de gozo como satisfação da pulsão de morte. Inevitavelmente, abordamos o vínculo entre gozo e pulsão com o intuito de conceituá-lo, além de proceder à diferenciação entre gozo, desejo e prazer, o que levou Lacan a situar um gozo ilimitado, mítico, quase anterior à linguagem e um gozo limitado, interditado pela sua relação com a linguagem, próprio aos seres falantes. Realizamos a leitura e discussão sobre a pulsão de morte nos estudos sobre cultura e sociedade para situar, a seguir, a noção de gozo nos laços sociais. Lacan acompanhou os desenvolvimentos freudianos sobre a cultura e sociedade, inicialmente com a supervalorização da sexualidade e, posteriormente, com o reconhecimento do lugar da destrutividade, que será situada em primeiro plano na subjetividade e nos laços sociais. Isto gera alguns problemas, sobretudo em relação ao campo da satisfação, anteriormente formulada por Freud através de sua referência à pulsão sexual e ao princípio do prazer. Outro problema refere-se à regulação do funcionamento da subjetividade nos laços sociais a partir do deslocamento efetuado por Freud da ideia de oposição entre cultura e sexualidade para oposição entre cultura e destrutividade. Para finalizar, exemplificamos, através de Zizek e Calligaris, como a noção de gozo se revela um operador pertinente na leitura dos fenômenos sociais contemporâneos, nos fenômenos da crueldade e violência.
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Da hospitalidade às psicoses: um discurso em interrogação / From the hospitality to psychosis: a speech in question / De l’hospitalité aux psychoses: un discours en interrogationSimoni, Ana Carolina Rios January 2012 (has links)
Ce travail dérive d’un parcours clinique et institutionel, à partir du quel s’est formulé la question sur les effets dans les liens sociaux du reencontre aves la specificité de la position psychique des sujets psychotiques. On raconte des passages d’un itinéraire de recherche, fait du pari à la réinscription des bordes de la clinique psychanalytique – lequel se montre par les experiences des ateliers thérapeutiques et de l’accompagnement thérapeutique, mais pas seulement –, pour dire des modes par lesquelles la question a pris la forme d’un discours en interrogation. On part de la formulation lacanienne sur la structure discursive des liens sociaux – en considerant, surtout, le discours universitaire et le discours capitaliste – et de la place extérière que la structure psychotique tient par rapport le discours. Puis on situe l’hospitalité, selon l’élabore Derrida, comme possibilité de accuellir les différences portées par les psychotiques. Dans ce chamin, les concepts de transfert, résistance et témoin, d’après Freud et Lacan, apparaissent comme manières de nommer l’espace-temp où l’hospitalité à l’hors-discours peut émerger – dont la specificité se present dans les impasses de l’inscription des contours subjetifs entre le Je/moi et l’autre-Autre, le prope et l’ailleurs. De cette façon, on suggère que offrir l’hospitalité à l’alterité de la position subjetive des psychoses implique accueillir la tension inhérente aux limits du propre et de l’ailleurs comme une demande de la strutucture. On problematise la façon par laquelle le discours universitaires de la science, dans um moment de l’histoire de la culture, a répondu à cette “demande” en edifiant les murs de l’hospice et de la catégorie “maladie mental”, qui n’ont pas inscrit la différence, mais, contrairement, ont produit une intensification de l’impasse du narcissisme. On se demande donc comment le discours universitaire de la science d'aujourd'hui, en complicité avec le discours du capitalisme, peut être affecté, si l’hors-discours retrouve l’hospitalité du chercheur. À l’horizont, la question: offrir l’hospitalité aux psychoses produirait des effets de méthode? Serait l’hospitalité aux psychoses une opportunité pour que nous nous replaçons sur le plan éthique et politique par rapport à la manière dont, aujourd'hui, nous faisons nos incursions dans le monde de la connaissance? / Este trabalho deriva de um percurso clínico e institucional, a partir do qual se formulou uma pergunta pelos efeitos para os laços sociais do encontro com a especificidade da posição psíquica dos sujeitos nas psicoses. Narram-se passagens de uma trajetória de pesquisa, feita da aposta na reinscrição das bordas da clínica psicanalítica – que pode ser observada nas experiências em oficinas terapêuticas e acompanhamentos terapêuticos, mas não somente –, para dizer dos modos pelos quais tal questão foi ganhando a forma de um discurso em interrogação. Parte-se da formulação lacaniana em torno da estrutura discursiva dos laços sociais – tomandose em consideração, especialmente, o discurso universitário e o discurso capitalista – e do lugar de exterioridade que a estrutura psicótica mantém em relação aos discursos. Em seguida, situa-se a hospitalidade, tal qual elaborada por Derrida, como possibilidade de acolhimento às diferenças que as psicoses portam. Nesse caminho, os conceitos de transferência, resistência e testemunho, desde Freud e Lacan, aparecem como formas de nomear o espaço-tempo em que pode emergir uma hospitalidade ao fora-do-discurso, cuja especificidade se apresenta na forma de impasses na inscrição dos contornos subjetivos entre o eu e o outro-Outro, o próprio e o alheio. Desde aí, sugere-se que dar hospitalidade à alteridade da posição subjetiva nas psicoses implica acolher a tensão inerente aos limites do próprio e do alheio, como um pedido estrutural. Problematiza-se o modo como o discurso universitário da ciência, em determinado momento da história da cultura, respondeu a este “pedido” edificando os muros do hospício e da categoria “doença mental”, que não fizeram inscrever a diferença, mas, ao contrário, operaram o recrudescimento do beco do narcisismo. Pergunta-se então como o discurso universitário da ciência de nossos dias, em cumplicidade com o discurso do capitalismo, pode ser afetado, caso o fora-do-discurso das psicoses encontre uma posição de hospitalidade desdobrada do lado do pesquisador. No horizonte, o interrogante: dar hospitalidade às psicoses produziria efeitos de método? Seria a hospitalidade às psicoses uma oportunidade para nos reposicionarmos ética e politicamente sobre o modo como, atualmente, concebemos nossas incursões pelo mundo do conhecimento? / This work derives from a clinical and institutional trajectory, from which raised the question about the effects of social ties on encountering with specification the psychic position of psychotic subjects. Then, segments of the path of research are reported, made with the bet of rewriting the edges of the psychoanalytic clinics - that can be observed in experiments with therapeutic workshops and follow-up therapy, but not only – to say the ways in which this issue has been gaining the form of a discourse in question. It starts with the Lacanian formulation around the discursive structure of social ties - especially taking into account the university and capitalistic discourses. In addition, the place of exteriority that maintains the structure in relation to psychotic speeches, for then situate the hospitality, as is elaborated by Derrida, as the possibility of welcoming the differences that the psychoses carries. In this way, the concepts of transference, resistance, and testimony, from Freud and Lacan, appear as ways of naming the space-time on that can emerge hospitality on out-ofspeech, whose specificity appears in the form of impasse on inscription of subjective contours between self and other-Other, self and strange. Since then, it is suggested that giving hospitality to otherness of the subjective position in the psychoses, implies on welcoming, as a structural request, the tension inherent of the limits between the self and the other-Other. Considering the way how the university discourse of science, in sometime of the history of culture, responded to this "request" building the walls of the asylum and the category of "mental illness", which did not include the difference, but rather, operated the fall for the narcissism’s alley. Then wonders how the university discourse in science, nowadays, in complicity with the discourse of capitalism, can be affected in case of the out-of-speech of psychosis find on the researcher a position of hospitality. The question that is on the horizon is: giving hospitality to psychosis would produce method effect's? The hospitality to psychosis would be an opportunity for a repositioning ethical and politically about how, nowadays, we've conceived our forays into the world of knowledge?
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Barreiras, fronteiras e passagens : a burocracia e o laço social na saúde mental pública brasileira : travessia de uma experiênciaVeronese, Luciane Gheller January 2015 (has links)
A pesquisa apresenta reflexões e experiências a partir dos fenômenos socioculturais e políticos, no campo da saúde mental pública brasileira, através das articulações entre o sujeito e a cultura. Estuda a temática da burocracia, pensada como política da indiferença a partir da metáfora da máquina e do anonimato como referentes do laço social neste discurso. Enfatiza as formas burocráticas contemporâneas, típicas dos Estados capitalistas atuais, os traços de uma burocracia à brasileira, estabelecida pelo hibridismo entre a autoritária maneira de lidar com a norma e seus matizes flexíveis, além das raízes da burocracia missioneira. Discute as transformações do modelo de saúde mental, com seus avanços e retrocessos, problematizando as dificuldades de rupturas com o modelo manicomial. Discorre acerca da configuração da política sanitária brasileira, com destaque para a saúde mental, em especial os CAPS. Através de fragmentos de experiências em um CAPSi propõe o lugar destas instituições como lugares utópicos, de passagens, “lugar Entre”. Aponta para a necessidade de profanar a burocracia, atentando aos restos não burocratizáveis, a partir de dois eixos: o brincar como dispositivo fundamental do trabalho em um CAPSi e a produção/utilização do arquivo como testemunha na instituição de saúde mental pública, reconhecendo a importância de um trabalho singularizado, artesanal, que não suspenda a capacidade de pensar e fortaleça o espaço público. / This research presents reflections and experiences on sociocultural and political phenomenon in the Brazilian public mental health field, articulating the subject and the culture. It studies the bureaucracy considered as an indifference policy through the machine metaphor and the anonymity as referential of the social bond in this speech. It also emphasizes the contemporary bureaucratic characteristics, typical from modern capitalist States, the features of a Brazilian bureaucracy, stablished by the hybridism between the authoritarian way of dealing with the norm and its flexible nuances, besides the roots of a missioneira bureaucracy. It argues the mental health model transformations, focusing its advances and retrocessions, as well as it analyzes the difficulties of rupture with the asylum model. It debates about the Brazilian sanitary policy, emphasizing the mental health, especially the CAPS. Thus, through experiences at a CAPSi, it proposes the place of these institutions as utopic places, of passage, “in-between place”. It points out the necessity to desecrate the bureaucracy, giving attention to the non-bureaucratic parts through two axis: to play as a fundamental device of work at a CAPSi and the production/use of a file as a witness in a public mental health institution, recognizing the importance of a singularized word, handmade, which does not suspend the ability to think and fortifies the public space.
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Laço social e educação: um estudo sobre os efeitos do encontro com o outro no contexto escolar / Social bond and education: a study on the effects of the meeting with the other in an educational context.Monica Maria Farid Rahme 12 March 2010 (has links)
Esta tese tem como objetivo geral investigar o laço social na educação e, em particular, de alunos que apresentam necessidades educacionais especiais, considerando seus efeitos para os sujeitos. Para tanto, analisam-se perspectivas educacionais endereçadas a esse grupo, assim como, o estabelecimento de laços entre as crianças em contexto escolar dito inclusivo, tendo como referência a interface Psicanálise e Educação. Esta pesquisa se divide em três eixos principais: no primeiro, é abordada a noção de laço social pela Psicanálise, indicando seus desdobramentos para o estudo do campo educacional. No segundo, enfoca-se os principais elementos que constituíram a Educação Especial e a Educação Inclusiva como discursos, fundamentando o laço social proposto por essas. Retoma-se, assim, o percurso histórico que desencadeou a emergência de movimentos como o de normalização, mainstreaming, integração e, mais recentemente, o de inclusão. Tendo esse contexto como referência, analisa-se o processo de internacionalização do direito à educação escolar para todos, problematizando suas particularidades nos rumos adotados em políticas educacionais em curso no Brasil, Estados Unidos, França e Itália. No terceiro eixo, investigam-se dados referentes a uma pesquisa de campo desenvolvida em uma escola pública, municipal de tempo integral. A partir da realização do estudo de caso que conduziu ao acompanhamento de uma turma, composta por crianças na faixa-etária de seis e sete anos, enfocam-se aspectos relacionados à inserção escolar de uma criança nomeada pela escola como autista. Destacamse, de modo especial, elementos de sua convivência com os colegas, bem como sua participação no dispositivo escolar. Os procedimentos metodológicos adotados na realização desta pesquisa compreenderam o registro dos dados levantados pela pesquisadora no contato sistemático com o campo, a prática de entrevistas com profissionais da escola e com as crianças, e a realização de filmagens. Os dados obtidos por esta pesquisa permitiram a elaboração de considerações acerca da noção de laço social em um plano macro, ligado à implementação de políticas públicas, e, em um plano micro, relativo à convivência entre as crianças. Em relação à primeira vertente, ressaltam-se os constantes impasses presentes na abordagem do sujeito na educação, mesmo em movimentos ditos inclusivos. Nesse sentido, a busca por classificação, homogeneização, adaptação e ajustamento social via educação escolar persiste como desafio nos movimentos atuais em torno de uma educação para todos. No que diz respeito ao plano micro, a pesquisa revelou a existência de uma série de operações ligadas à constituição de laços entre as crianças, como os saberes da experiência e a operação sujeito-objeto. Permitiu, ainda, a construção de uma hipótese diagnóstica sobre o autismo, a partir do referencial psicanalítico, a abordagem da percepção da diferença pelas crianças, bem como, de suas intervenções com o colega. Por fim, o estudo indica a presença de efeitos terapêuticos no processo de inserção dessa criança na escola comum. Os apontamentos tecidos a partir deste estudo sublinham, de modo geral, a importância de um maior aprofundamento na análise das perspectivas educacionais atuais, bem como da complexidade existente nas dimensões do educar e do tratar na educação contemporânea. / This research aims at investigating the social bond in education focusing on those students who have special educational needs, considering its effects in the subjects involved. In doing so, educational perspectives for that specific group have been analized such as the bonds among children in an inclusive educational context, having as a reference an interface between Psychoanalyzis and Education. This work is divided into three main areas: the first part concentrates on the notion of social bond considered by Psychoanalyzis pointing out its effects for the study of educational field; the second part is concerned with the main elements of special education and inclusive education taken as discourses which root the social bond they both claim. Seen from that perspective, a historical path which has brought forth movements like normalization, mainstreaming, integration and more recently, inclusion, has been pursued. Within this context as a reference, the process of internalization of the right of formal education for all is analysed, and the different strategies adopted by the current educational policies in Brazil, the United States, France and Italy have been examined. The third part presents a field research carried out in a full time public school. The case study aims at following the social insertion of a child belonging to a group whose age varies between six and eight and who is considered an autist by the members. Factors such as her/his relationship with classmates and her/his involvement with the educational setting are enphasized. The methodological procedures adopted for this research include data collection by the researcher through a sistematic contact with the field, interviews with the school professionals and the children involved and film makings. Data obtained from this research allow reflections on the social bond on a macro level, linked to the implementation of public policies and on a micro level, related to the childrens relationship. The former faces constant challenges as far as the subject is involved in education, even when it comes to the inclusive area the search for classification, homogenization, adaption and social adjustment via school education is still a challenge in movements towards education for all nowadays. The latter has revealed a series of operations linked to bonds settings by children illustrated by the knowledge acquired from experience and the relationship subject-object. The research on the micro level has also permitted to come to a possible diagnostic hypothesis about autism from a psychoanalytic view, besides studying the approach of difference perception by the children and the interventions with the subject studied. Finally, the study points out therapeutical effects in the insertion process of that child in a common school. Appointments registered in this research emphasize the importance of going deeper into the analysis of educational perspectives as well as in the complexities of knowledge and treatment dimensions, as far as contemporary education is concerned.
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Da hospitalidade às psicoses: um discurso em interrogação / From the hospitality to psychosis: a speech in question / De l’hospitalité aux psychoses: un discours en interrogationSimoni, Ana Carolina Rios January 2012 (has links)
Ce travail dérive d’un parcours clinique et institutionel, à partir du quel s’est formulé la question sur les effets dans les liens sociaux du reencontre aves la specificité de la position psychique des sujets psychotiques. On raconte des passages d’un itinéraire de recherche, fait du pari à la réinscription des bordes de la clinique psychanalytique – lequel se montre par les experiences des ateliers thérapeutiques et de l’accompagnement thérapeutique, mais pas seulement –, pour dire des modes par lesquelles la question a pris la forme d’un discours en interrogation. On part de la formulation lacanienne sur la structure discursive des liens sociaux – en considerant, surtout, le discours universitaire et le discours capitaliste – et de la place extérière que la structure psychotique tient par rapport le discours. Puis on situe l’hospitalité, selon l’élabore Derrida, comme possibilité de accuellir les différences portées par les psychotiques. Dans ce chamin, les concepts de transfert, résistance et témoin, d’après Freud et Lacan, apparaissent comme manières de nommer l’espace-temp où l’hospitalité à l’hors-discours peut émerger – dont la specificité se present dans les impasses de l’inscription des contours subjetifs entre le Je/moi et l’autre-Autre, le prope et l’ailleurs. De cette façon, on suggère que offrir l’hospitalité à l’alterité de la position subjetive des psychoses implique accueillir la tension inhérente aux limits du propre et de l’ailleurs comme une demande de la strutucture. On problematise la façon par laquelle le discours universitaires de la science, dans um moment de l’histoire de la culture, a répondu à cette “demande” en edifiant les murs de l’hospice et de la catégorie “maladie mental”, qui n’ont pas inscrit la différence, mais, contrairement, ont produit une intensification de l’impasse du narcissisme. On se demande donc comment le discours universitaire de la science d'aujourd'hui, en complicité avec le discours du capitalisme, peut être affecté, si l’hors-discours retrouve l’hospitalité du chercheur. À l’horizont, la question: offrir l’hospitalité aux psychoses produirait des effets de méthode? Serait l’hospitalité aux psychoses une opportunité pour que nous nous replaçons sur le plan éthique et politique par rapport à la manière dont, aujourd'hui, nous faisons nos incursions dans le monde de la connaissance? / Este trabalho deriva de um percurso clínico e institucional, a partir do qual se formulou uma pergunta pelos efeitos para os laços sociais do encontro com a especificidade da posição psíquica dos sujeitos nas psicoses. Narram-se passagens de uma trajetória de pesquisa, feita da aposta na reinscrição das bordas da clínica psicanalítica – que pode ser observada nas experiências em oficinas terapêuticas e acompanhamentos terapêuticos, mas não somente –, para dizer dos modos pelos quais tal questão foi ganhando a forma de um discurso em interrogação. Parte-se da formulação lacaniana em torno da estrutura discursiva dos laços sociais – tomandose em consideração, especialmente, o discurso universitário e o discurso capitalista – e do lugar de exterioridade que a estrutura psicótica mantém em relação aos discursos. Em seguida, situa-se a hospitalidade, tal qual elaborada por Derrida, como possibilidade de acolhimento às diferenças que as psicoses portam. Nesse caminho, os conceitos de transferência, resistência e testemunho, desde Freud e Lacan, aparecem como formas de nomear o espaço-tempo em que pode emergir uma hospitalidade ao fora-do-discurso, cuja especificidade se apresenta na forma de impasses na inscrição dos contornos subjetivos entre o eu e o outro-Outro, o próprio e o alheio. Desde aí, sugere-se que dar hospitalidade à alteridade da posição subjetiva nas psicoses implica acolher a tensão inerente aos limites do próprio e do alheio, como um pedido estrutural. Problematiza-se o modo como o discurso universitário da ciência, em determinado momento da história da cultura, respondeu a este “pedido” edificando os muros do hospício e da categoria “doença mental”, que não fizeram inscrever a diferença, mas, ao contrário, operaram o recrudescimento do beco do narcisismo. Pergunta-se então como o discurso universitário da ciência de nossos dias, em cumplicidade com o discurso do capitalismo, pode ser afetado, caso o fora-do-discurso das psicoses encontre uma posição de hospitalidade desdobrada do lado do pesquisador. No horizonte, o interrogante: dar hospitalidade às psicoses produziria efeitos de método? Seria a hospitalidade às psicoses uma oportunidade para nos reposicionarmos ética e politicamente sobre o modo como, atualmente, concebemos nossas incursões pelo mundo do conhecimento? / This work derives from a clinical and institutional trajectory, from which raised the question about the effects of social ties on encountering with specification the psychic position of psychotic subjects. Then, segments of the path of research are reported, made with the bet of rewriting the edges of the psychoanalytic clinics - that can be observed in experiments with therapeutic workshops and follow-up therapy, but not only – to say the ways in which this issue has been gaining the form of a discourse in question. It starts with the Lacanian formulation around the discursive structure of social ties - especially taking into account the university and capitalistic discourses. In addition, the place of exteriority that maintains the structure in relation to psychotic speeches, for then situate the hospitality, as is elaborated by Derrida, as the possibility of welcoming the differences that the psychoses carries. In this way, the concepts of transference, resistance, and testimony, from Freud and Lacan, appear as ways of naming the space-time on that can emerge hospitality on out-ofspeech, whose specificity appears in the form of impasse on inscription of subjective contours between self and other-Other, self and strange. Since then, it is suggested that giving hospitality to otherness of the subjective position in the psychoses, implies on welcoming, as a structural request, the tension inherent of the limits between the self and the other-Other. Considering the way how the university discourse of science, in sometime of the history of culture, responded to this "request" building the walls of the asylum and the category of "mental illness", which did not include the difference, but rather, operated the fall for the narcissism’s alley. Then wonders how the university discourse in science, nowadays, in complicity with the discourse of capitalism, can be affected in case of the out-of-speech of psychosis find on the researcher a position of hospitality. The question that is on the horizon is: giving hospitality to psychosis would produce method effect's? The hospitality to psychosis would be an opportunity for a repositioning ethical and politically about how, nowadays, we've conceived our forays into the world of knowledge?
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Do prazer à morte : a noção de gozo no estudo de fenômenos sócio-culturaisOliveira, Roseli Maria Rodella de 09 September 2010 (has links)
Cette thèse vise à analyser de façon critique la notion de jouissance dans l'étude de phénomène sociaux et culturels. Pour atteindre ces objectifs, nous avons mené une recherche théorique bibliographique, qui partait des fondements freudiens - pulsion, les champs de la satisfaction, du plaisir et au-delà du plaisir, de la pulsion de mort - pour atteindre l élaboration lacanienne de la notion de jouissance. Nous avons développé les éléments essentiels de cette notion, élaborés principalement dans les années 60 par Lacan, quand il conceptualise la notion de jouissance comme satisfaction de la pulsion de mort. Nous abordons inévitablement le lien entre la jouissance et la pulsion dans le but de le conceptualiser, en plus de faire la distinction entre la jouissance, le désir et le plaisir, ce qui a conduit Lacan à situer une jouissance illimitée, mythique, presque antérieure au language et une jouissance limitée, interdite par sa relation à la langue elle-même, propre aux êtres qui parlent. Nous avons effectué la lecture et la discussion sur la pulsion de mort dans les études sur la culture et la société pour situer, ensuite, la notion de jouissance dans les liens sociaux. Lacan a suivi les développements freudiens sur la culture et la société, d'abord avec la surévaluation de la sexualité et, plus tard, avec la reconnaissance du lieu de la destructivité, qui sera situé au premier plan de la subjectivité et des liens sociaux. Cela crée certains problèmes notamment en ce qui concerne le domaine de la satisfaction, précédemment formulée par Freud dans sa référence à la pulsion sexuelle et au principe du plaisir. Un autre problème concerne la réglementation du fonctionnement de la subjectivité dans les liens sociaux à partir du changement fait par Freud de l idée de l'opposition entre la culture et la sexualité vers l'opposition entre la culture et la destructivité. Enfin, nous avons montré, par des exemples de Zizek et Calligaris, que la notion de jouissance se révèle être un opérateur pertinent dans la lecture des phénomènes sociaux contemporains, en particulier la cruauté et la violence. / Esta dissertação pretende analisar criticamente a noção de gozo no estudo de fenômenos sócio-culturais. Para atender aos objetivos, realizamos uma pesquisa teórica bibliográfica, o que possibilitou melhor compreensão do objeto de nossa investigação, a noção de gozo. Partimos dos fundamentos freudianos pulsão, os campos da satisfação, do prazer e do além do prazer, a pulsão de morte para atingir a elaboração lacaniana da noção de gozo. Desenvolvemos os elementos centrais dessa noção, principalmente, os elaborados nos anos 60 por Lacan, justamente onde ele conceitua a noção de gozo como satisfação da pulsão de morte. Inevitavelmente, abordamos o vínculo entre gozo e pulsão com o intuito de conceituá-lo, além de proceder à diferenciação entre gozo, desejo e prazer, o que levou Lacan a situar um gozo ilimitado, mítico, quase anterior à linguagem e um gozo limitado, interditado pela sua relação com a linguagem, próprio aos seres falantes. Realizamos a leitura e discussão sobre a pulsão de morte nos estudos sobre cultura e sociedade para situar, a seguir, a noção de gozo nos laços sociais. Lacan acompanhou os desenvolvimentos freudianos sobre a cultura e sociedade, inicialmente com a supervalorização da sexualidade e, posteriormente, com o reconhecimento do lugar da destrutividade, que será situada em primeiro plano na subjetividade e nos laços sociais. Isto gera alguns problemas, sobretudo em relação ao campo da satisfação, anteriormente formulada por Freud através de sua referência à pulsão sexual e ao princípio do prazer. Outro problema refere-se à regulação do funcionamento da subjetividade nos laços sociais a partir do deslocamento efetuado por Freud da ideia de oposição entre cultura e sexualidade para oposição entre cultura e destrutividade. Para finalizar, exemplificamos, através de Zizek e Calligaris, como a noção de gozo se revela um operador pertinente na leitura dos fenômenos sociais contemporâneos, nos fenômenos da crueldade e violência.
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