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A lírica amorosa seiscentista: poesia de amor agudo / The 17th-century love lyric: witty love poetryMarcelo Lachat 27 February 2014 (has links)
Este trabalho discute as especificidades da poesia seiscentista produzida em Portugal e no Brasil Colônia, propondo a noção de amor agudo para caracterizar sua variada lírica amorosa. Em busca desse objetivo, a leitura dos poemas segue os caminhos da imitação, termo fundamental para se compreender a produção retórico-poética dos séculos XVI e XVII. Os poemas líricos dos quais partem as análises, ou seja, tanto aqueles autorizados (ainda que, muitas vezes, com atribuições de autoria questionáveis) pelos nomes de reconhecidos poetas seiscentistas, como Antônio Barbosa Bacelar, D. Francisco Manuel de Melo, Frei Antônio das Chagas, Gregório de Matos, Jerônimo Baía, Manuel Botelho de Oliveira e Violante do Céu, quanto aqueles ditos anônimos ou de autoridades poéticas menos constituídas, como Bernardo Vieira Ravasco e Manuel de Faria e Sousa, todos eles, enquanto imitações, exigiam dos leitores ou ouvintes cultos da época o reconhecimento de seus modelos poéticos; por isso, este estudo recorre, frequentemente, a Camões e Góngora, por exemplo. Porém, imitar as auctoritates para se fazer auctoritas, no século XVII, não era apenas copiar servilmente; os poetas seiscentistas emulavam seus modelos, elaborando composições engenhosas e agudas mais adequadas ao decoro dos tempos. Desse modo, a agudeza é noção central na preceptiva retórico-poética seiscentista e, portanto, também o é neste estudo. Como se procura demonstrar, dessa poesia aguda decorre a confecção de um amor igualmente agudo, isto é, um amor que não é expressão subjetiva e original de indivíduo algum, mas que aparece em poemas cujos efeitos inesperados são retórica e poeticamente construídos. Fruto de imitações, o amor agudo é ovidiano, cortês, petrarquista, camoniano, marinista, gongórico; miscelânea de doutrinas, é platônico, estoico, epicurista, cristão; definindo-o, nesta tese, pretende-se reunir a variedade poética da lírica amorosa seiscentista, feito agudo caule que sustenta cultas flores / The present work articulates the specificities of 17th-century poetry produced in Portugal and in Colonial Brazil as it proposes the notion of witty love to characterize its diverse love lyric poems. Pursuing this perspective, the reading of these poems follows the path of imitation, a fundamental term to understand the rhetorico-poetic production of the 16th and 17th centuries. The lyric poems from which the analyses depart, that is, both those penned (despite a questionable attribution of authorship in many cases) by well-known 17th-century poets such as Antônio Barbosa Bacelar, D. Francisco Manuel de Melo, Frei Antônio das Chagas, Gregório de Matos, Jerônimo Baía, Manuel Botelho de Oliveira, and Violante do Céu, and those deemed anonymous or with a less constituted poetic authorship, such as Bernardo Vieira Ravasco and Manuel de Faria e Sousa, all these poems, as imitations, demanded that the learned readers or listeners of the time recognize their poetic models; for this reason, this study often draws from Camões and Góngora, for instance. In any event, in the 17th century imitating the auctoritates to forge auctoritas did not only mean to copy obsequiously; 17th-century poets emulated their models, crafting ingenious and witty compositions that were more suitable to the decorum in vogue. Thus wit is a central notion in 17th-century rhetorico-poetic precepts, and it will also be so in this study. As I will demonstrate, from this wit poetry ensues the crafting of an equally witty love, that is, a love that is not the subjective and original expression of any individual, but one which is present in poems whose unexpected effects are rhetorically and poetically forged. The fruit of imitations, witty love is Ovidian, courtly, Petrarchan, Camonian, Marinist, Gongorian; miscellanea of doctrines, it is Platonic, Stoic, Epicurean, Christian; by defining it in this dissertation, I intend to gather the poetic variety of 17th-century love lyric, like an acute stem that supports learned flowers
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O losango negro na poesia de Mario de Andrade / The black diamond in Mário de Andrade \'s poetryAngela Teodoro Grillo 06 November 2015 (has links)
O presente estudo visa à análise e interpretação da criação poética de Mário de Andrade ligada às questões do negro em sua época. Ancora-se na análise e interpretação de três poemas em que se pode identificar diferentes representações na chave do losango negro, isto é, o negro como um dos elementos que compõem a veste do poeta arlequinal. Os poemas: Reconhecimento de Nêmesis, de 1926 e publicado em 1941, que guarda as questões do sujeito lírico relacionadas ao conteúdo mestiço do artista, no campo individual; Poemas da Negra, de 1928, que representam o momento no qual o sujeito lírico entra em comunhão com a musa negra e a eleva ao um plano cósmico, igualando o eu poético e a mulher; e Nova canção de Dixie, escrito em 1944 e de publicação póstuma, que manifesta o profundo incômodo do poeta com a violenta prática racista nos Estados Unidos da América da primeira metade do século XX. Além desses três textos contemplados no corpus, servem à análise as parcelas referentes ao tema, encontradas no conjunto da criação do escritor publicada e inédita, incluindo manuscritos em sua marginalia e matrizes de sua criação, associadas ou não a notas marginais. Esta pesquisa entende que, na multiplicidade poética de Mário de Andrade, há um sujeito lírico negro e, outro, solidário com o negro que abordam, e ultrapassam, denúncias do preconceito de cor e discussões dos conteúdos negros do poeta, para alcançar também referências ao negro na esfera da arte e do amor, enquanto felicidade, beleza e completude. De acordo com o pensamento adorniano, este trabalho busca analisar, em um universo individual, na construção particular de uma linguagem, a expressão de uma voz poética que, muitas vezes, mantém uma relação com o sujeito coletivo1. O estudo apoia-se em conceitos nas áreas da Teoria Literária, Crítica Genética, Estudos Culturais, Psicanálise, assim como nos estudos sobre o negro nas áreas de História, Sociologia e Antropologia. / This study aims to analyze and interpret Mário de Andrade\'s poetic creation linked to black issues in his time. It is grounded on the analysis and interpretation of three poems in which one can identify different representations in the key of Losango Negro, eg the black as one of the elements that make up the vest of the arlequinal poet. The poems: \"Reconhecimento de Nêmesis from 1926 and published in 1941, which keeps the issues of lyrical subject-related to the mestizo artist content, at the individual field; \"Poemas da Negra\", 1928, representing the time in which the lyrical subject enters into communion with the black muse and raises it to an ethereal plane, equaling the poetic self and the woman; and \"Nova Canção de Dixie\", written in 1944 and published posthumously, which expresses the deep nuisance of the poet with the violent racist practice in the first half of the twentieth century in the United States. In addition to these three texts included in the corpus, the plots on the topic are considered in the analysis, which were found at the writer\'s both published and unpublished work, including manuscripts in his marginalia and dies of his creation, associated or not with marginal notes. This research considers that at the poetic multiplicity of Mário de Andrade, there is a black poetic self and a lyrical subject who are supportive/empathic with the black they represent, transpassing the denouncement of color prejudice and discussions regarding the poet\'s black content, to also achieve references to black in the sphere of art, love as happiness, beauty and completeness. According to Adorno\'s thought, this paper analyzes at a single universe, in the particular construction of a language, the expression of a poetic voice that often maintains a relationship with the collective subject. The study draws on concepts in the areas of Literary Theory, Genetic Criticism, Cultural Studies, Psychoanalysis, as well as studies on the black in the fields of history, sociology and anthropology.
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A cisão subjetiva na lírica portuguesa: século XVI e século XX / The scission of the self in portuguese lyric poetry: fifteenth century and twentieth centureDel Rio, Antonio Henrique Montero 27 March 2009 (has links)
A cisão do eu é um tema literário. Há mesmo uma literatura do eu cindido. Ele aparece em todas as literaturas do mundo e á parte do tema mais amplo do duplo, que também aparece em toda literatura e em todo gênero literário. Mas o eu cindido, ou a cisão subjetiva do eu, é um assunto peculiar à Lírica, por causa do seu caráter subjetivo, ao contrário do duplo em outros gêneros literários, como o Drama e a Narrativa, que apresentam um caráter objetivo. Este trabalho tem como objetivo o estudo da cisão subjetiva na lírica portuguesa para demonstrar que a cisão do eu poético na lírica portuguesa é um tema presente na literatura portuguesa do século XVI e do século XX. Nosso método de trabalho incluiu uma pesquisa para fixar um corpus poético dos dois séculos, uma comparação entre eles, e a leitura de obras críticas e filosóficas relacionadas a este tema para tentar esboçar uma conclusão. Nosso corpus poético inclui poemas de Jorge Manrique, Francisco de Sá de Miranda, Bernardim Ribeiro, Luís Vaz de Camões (no século XVI); e de Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa, Alexandre ONeill, Maria Teresa Horta (no século XX). Nossas obras filosóficas consultadas mais importantes foram Discurso sobre a dignidade do homem, de Giovanni Pico Della Mirandola; Elogio da loucura, de Erasmo de Roterdam; Manuscritos econômico-filosóficos, de Karl Marx; e O ser e o nada, de Jean-Paul Sartre. Concluímos que a lírica portuguesa do século XX retoma o tema da cisão subjetiva do eu em vários poemas escritos por muitos dos mais importantes poetas do século, mas com uma concepção moderna de Literatura. / The divided self is literary theme. There is really a literature of the second self. It appears in all literatures around the world, and it is a part of the larger theme of the double, which also appears in all literature and in all literary genus. But the divided self, or the subjective scission of the self, is a peculiar topic of the lyric poetry, because of its subjective character, on the contrary of the double in others literary genus, as the drama or the narrative, which presents an objective character. This work means to make a study on the divided self in Portuguese lyric poetry, to demonstrate that this theme, which appears in sixteenth centurys Portuguese literature, also appears in twentieth centurys Portuguese literature. Our method of work included a research to set a corpus of poems of the both centuries, a confrontation between them, and the reading of philosophical and critical works concerning on this theme, to try to draw a conclusion. Our poetic corpus includes poems from Jorge Manrique, Francisco de Sá de Miranda, Bernardim Ribeiro, Luís Vaz de Camões (in the sixteenth century); and from Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa, Alexandre ONeill, Maria Teresa Horta (in the twentieth century). And our most important philosophical works were Giovanni Pico Della Mirandolas Oratio de hominis Dignitate, Erasmo de Roterdams Elogio da Loucura, Karl Marxs Manuscritos econômicofilosóficos, and Jean-Paul Sartres O ser e o nada. We concluded that the twentieth Portuguese lyric poetry retakes the theme of the subjective scission of the self in several poems written by many of the most important poets of the century, but as a modern conception of literature.
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Ct 5,9-16: a mais bela entre as mulheres descreve o seu amadoSilva, Susana Aparecida da 15 February 2016 (has links)
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Previous issue date: 2016-02-15 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / This research aims to exegetical analysis on Ct 5,9-16. This section contains a description of the female beloved by the male beloved. To the question of Jerusalem's daughters about the male beloved superiority (v. 9), the female beloved responds with a song, a wasf in which exalts your loved above all men (v. 10). For this, she describes some physical traits (vv. 10-15), starting from the head (v. 11), holding up in the face of some details (vv. 12-13), passes through the hands, trunk and legs (vv. 14-15) and concludes with an exclamation affection and admiration (v. 16). As a canon and considered inspired book, the words written in language and poetic style seems to contain not only a description of the erotic male figure, but also contains images with a theological symbolism referring to the God of the Old Israel. It is therefore specific purpose of this study to understand and interpret Ct 5.9 to 16, in order to understand how the Israel of God is revealed through the loving description of the beloved, not only exalts the figure of the male human body, but also refers the poetic symbols of the divine character / A presente pesquisa tem como finalidade a análise exegética de Ct 5,9-16. Este trecho contém uma descrição do amado por parte da amada. À questão das filhas de Jerusalém a respeito da superioridade do amado (v. 9), a amada responde com um cântico, um wasf, no qual exalta o seu amado acima de todos os homens (v. 10). Para isto, ela descreve alguns traços corporais (vv. 10-15), partindo da cabeça (v. 11), detendo-se em alguns detalhes da face (vv. 12-13), passa pelas mãos, o tronco e as pernas (vv. 14-15) e conclui com uma exclamação de afeto e admiração (v. 16). Como um livro canônico e considerado inspirado, o trecho escrito em linguagem e estilo poético parece conter não somente uma descrição erótica da figura masculina, mas também contém imagens com um simbolismo teológico referente ao Deus do Antigo Israel. Portanto, é objetivo específico do presente estudo compreender e interpretar Ct 5,9-16, no sentido de entender como o Deus de Israel se revela através da descrição amorosa da amada, que não somente exalta a figura do corpo humano masculino, mas também remete aos símbolos poéticos dos caracteres divinos
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A cisão subjetiva na lírica portuguesa: século XVI e século XX / The scission of the self in portuguese lyric poetry: fifteenth century and twentieth centureAntonio Henrique Montero Del Rio 27 March 2009 (has links)
A cisão do eu é um tema literário. Há mesmo uma literatura do eu cindido. Ele aparece em todas as literaturas do mundo e á parte do tema mais amplo do duplo, que também aparece em toda literatura e em todo gênero literário. Mas o eu cindido, ou a cisão subjetiva do eu, é um assunto peculiar à Lírica, por causa do seu caráter subjetivo, ao contrário do duplo em outros gêneros literários, como o Drama e a Narrativa, que apresentam um caráter objetivo. Este trabalho tem como objetivo o estudo da cisão subjetiva na lírica portuguesa para demonstrar que a cisão do eu poético na lírica portuguesa é um tema presente na literatura portuguesa do século XVI e do século XX. Nosso método de trabalho incluiu uma pesquisa para fixar um corpus poético dos dois séculos, uma comparação entre eles, e a leitura de obras críticas e filosóficas relacionadas a este tema para tentar esboçar uma conclusão. Nosso corpus poético inclui poemas de Jorge Manrique, Francisco de Sá de Miranda, Bernardim Ribeiro, Luís Vaz de Camões (no século XVI); e de Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa, Alexandre ONeill, Maria Teresa Horta (no século XX). Nossas obras filosóficas consultadas mais importantes foram Discurso sobre a dignidade do homem, de Giovanni Pico Della Mirandola; Elogio da loucura, de Erasmo de Roterdam; Manuscritos econômico-filosóficos, de Karl Marx; e O ser e o nada, de Jean-Paul Sartre. Concluímos que a lírica portuguesa do século XX retoma o tema da cisão subjetiva do eu em vários poemas escritos por muitos dos mais importantes poetas do século, mas com uma concepção moderna de Literatura. / The divided self is literary theme. There is really a literature of the second self. It appears in all literatures around the world, and it is a part of the larger theme of the double, which also appears in all literature and in all literary genus. But the divided self, or the subjective scission of the self, is a peculiar topic of the lyric poetry, because of its subjective character, on the contrary of the double in others literary genus, as the drama or the narrative, which presents an objective character. This work means to make a study on the divided self in Portuguese lyric poetry, to demonstrate that this theme, which appears in sixteenth centurys Portuguese literature, also appears in twentieth centurys Portuguese literature. Our method of work included a research to set a corpus of poems of the both centuries, a confrontation between them, and the reading of philosophical and critical works concerning on this theme, to try to draw a conclusion. Our poetic corpus includes poems from Jorge Manrique, Francisco de Sá de Miranda, Bernardim Ribeiro, Luís Vaz de Camões (in the sixteenth century); and from Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa, Alexandre ONeill, Maria Teresa Horta (in the twentieth century). And our most important philosophical works were Giovanni Pico Della Mirandolas Oratio de hominis Dignitate, Erasmo de Roterdams Elogio da Loucura, Karl Marxs Manuscritos econômicofilosóficos, and Jean-Paul Sartres O ser e o nada. We concluded that the twentieth Portuguese lyric poetry retakes the theme of the subjective scission of the self in several poems written by many of the most important poets of the century, but as a modern conception of literature.
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"Soi men egô pter'edôka". El poema com a vehicle de glòria en l'elegia grega tardoarcaicaMartín Arroyo, Àngel 11 July 2011 (has links)
Aquest estudi versa, en l’àmbit de la poesia lírica i, especialment, elegíaca, sobre el rol del poeta i de la seva obra com a portadors de glòria i d’immortalitat, amb especial deteniment en el context d’execució de la poètica elegíaca històrico-commemorativa i els seus vincles amb la realitat dels cultes i de les pràctiques civico-polítiques contemporànies. / The subject of this work is directly related to the goals of the Network for the Study of Archaic and Classical Greek Song. It tries to achieve an interdisciplinary approach to Greek Elegy focusing the laudatory and heroic aspects. It consists in a study on the role of the poet and his poetry as vehicle for glory and immortality to the new heroes of the late archaic and classical polis.
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Por otra lectura de Charles d'Orléans: el valor de la imagenGarcía Bascuñana, Juan Francisco 15 May 1987 (has links)
La presente tesis doctoral tiene como objetivo prioritario poner de relieve la importancia de la imagen en la obra de Charles d'Orléans, más allá del carácter alegórico de esta poesía, como expresión definitiva que es de toda una corriente literaria que partiendo, sobre todo, del siglo XIII, con "Le Roman de la Rose", abarca los siglos XIV y XV.De ahí que en la introducción a nuestro estudio, aparte de situar la obra del duque de Orléans en el contexto literario que le es propio, junto y no contra Villon, a pesar de las diferencias que les separan, no sólo por su propia condición, sino también por su concepción poética que surge de fuentes de inspiración, si no opuestas, al menos distintas, hayamos intentado delimitar un concepto eminentemente ambiguo como el de imagen. Dilucidar esas imágenes creativas, convertidas en supremo valor poético, que impregnan toda la obra del príncipe, se iba a convertir en punto de partida ineludible de nuestro itinerario; ya que desde el primer instante, se nos había hecho evidente que la imagen -y el consiguiente imaginario que de ella se desprende- constituía en Charles d'Orléans el núcleo esencial de sus poemas. Pero se trataba de evidenciarlo, y para ello era indispensable establecer bases teóricas e instrumentales que sirvieran de trampolín a lo que iba a constituir al mismo tiempo nuestra estrategia y nuestro objetivo.Dicha aproximación a la noción de imagen la hemos llevado a cabo desde una perspectiva moderna -ausente de la retórica, ya que el término imagen en la Edad Media estaba casi exclusivamente relacionado con la representación plástica- y, en particular, a partir de la visión que se desprende de los trabajos de Gastan Bachelard, con su descripción de la ilusión poética centrada en los cuatro elementos y en sus propiedades estáticas o dinámicas, plurales o unitarias, íntimas o sublimes, etc. Y todo ello sin olvidar, en ningún momento, que nos encontrábamos ante la obra de un poeta del siglo XV, con todo lo que ello comporta. De todos modos, el ejemplo de Alice Planche (1), aproximando la obra de Charles d'Orléans a la de poetas corno Baudelaire, Verlaine y, sobre todo, Mallarmé, no podía dejar de alentarnos.Por otra parte, nos parecía de todo punto imposible cualquier aproximación al concepto de imagen sin tener en cuenta la importancia capital del fenómeno alegórico en la Edad Media. Sin partir del supuesto de que el pensamiento alegórico es la savia que nutre toda la estética medieval -religiosa y profana-, el estudio de la imagen literaria queda falseado desde su inicio y condenado al fracaso; sobre todo a partir del siglo XIII, como ya hemos apuntado, y de manera especial con su «explosión» definitiva en el siglo XV, ya que la construcción alegórica caracteriza el período final de la Edad Media.Lo que resulta patente en nuestro trabajo es que era necesario conciliar los aspectos de fidelidad a la tradición cortés que se desprenden de la poesía del duque de Orléans y lo que en ella aparece de «nuevo», tratando de ver esa obra como una culminación, más que como una decadencia. En ese sentido los estudios de Daniel Poirion y especialmente su obra capital "Le Poéte et le Prince. L'Évolution du lyrisme courtois de Guillaume de Machaut a Charles d'Orléans" (2) han sido punto de referencia continua, y es porque se pretendía situar la obra del príncipe en toda su complejidad por lo que antes de pasar a estudiar lo que constituye la parte esencial de nuestra tesis, nos pareció conveniente introducir una primera parte en la que se estudian dos aspectos de la poesía del príncipe fuertemente arraigados en la tradición retórica medieval: el amor, enfocado desde una perspectiva cortés, y el exordio estacional. Ya que no hay que olvidar que es en realidad porque Charles d'Orléans ha sabido ser el último poeta cortés, es decir la culminación armoniosa de un proceso poético que cubre la mayor parte de la creación lírica medieval, por lo que su poesía llevaba en sí misma un anuncio de modernidad.Modernidad que queda subrayada en la segunda parte de la tesis, en la que se ha tratado de captar las ricas variaciones de la poesía de Charles d'Orléans, a través de las imágenes que conforman un universo alegórico único hasta acabar desbordándolo, erigiéndose en entidades con peso específico propio. Imágenes agrupadas en torno a tres nociones elementales: el bosque, el agua y la tierra, que, en realidad, se resuelven en dos: imágenes de la materia en movimiento y de la materia en reposo. En cuanto al hecho de distinguir entre el bosque y la tierra, se basa en razones que; más allá de la contradicción que puede suponer, proceden del propio itinerario creador del poeta.El bosque se presenta en Charles d'Orléans como prefiguración del refugio soñado, signo de soledad y de rechazo; imagen ambivalente, generadora de angustia y serenidad, de opresión y simpatía, que separa de los hombres y de los lugares en los que habitan. El bosque -imagen alegórica- aparece en repetidas ocasiones, tanto en las «ballades» como en los «rondeaux»: diferentes bosques («Fôret d'Ennuyeuse Tristesse» ,«Fôrét de Longue Attente», etc.), que encierran con frecuencia toda la significación propia del bosque medieval y que comportan, a veces, un alegorismo místico muy preciso. El bosque, de todos modos, no es un refugio de intimidad, de seguridad. Cuando el refugio más que acoger aleja y se convierte en lugar de huida, nos encontramos con la imagen del bosque por antonomasia, símbolo de lo asocial. De hecho la imagen alegórica del bosque va asociada frecuentemente en Charles d'Orléans al tema del viaje. Tema que relaciona los dos elementos esenciales de todo viaje medieval: el bosque, con toda su carga simbólica y realista al mismo tiempo, y el agua, con las enormes posibilidades que dicha imagen comporta. En los inmensos espacios del bosque medieval no existe más que lo desconocido; pero más allá del bosque existen las orillas y los límites seguros de las tierras habitadas. Para llegar hasta allí, cuando se viene del otro lado, no hay más alternativa que el viaje.Las aguas de Charles d'Orléans son esencialmente dinámicas, sobre todo marinas, y unen más que separan. Llevan a los hombres a sus «moradas», a la tierra, imagen rutilante de vida, de libertad y de intercambios humanos, pero también de renuncia. Aguas, pues, que conducen a orillas de liberación, de reencuentro -«imagen-realidad»- inseparable de los largos años de exilio del príncipe-poeta en Inglaterra, a raíz de la aciaga jornada de Azincourt- o de la vejez y de la muerte.La imagen «fundadora» del agua -y utilizamos la terminología del propio Bachelard- se sitúa en paralelo o, más bien , de modo tangencial a la de la tierra, refugio último. Llegamos, así pues, al entramado de asociaciones que constituyen la imagen postrera de la tierra, en que partiendo de la negación y la violencia que comporta la prisión -y su causa inmediatamente anterior que es la guerra-, llegamos a esas imágenes finales de la intimidad, representadas por esas numerosas estancias y moradas por las que deambula el yo -o los yo- del poeta, y de lasque la propia prisión inglesa sería ya prefiguración como las moradas, metáfora de la vejez -con todo lo que ésta encierra de renuncia y apartamiento definitivo-, que son a su vez el eco tardío de esa prisión lejana.Pero un grupo de asociaciones viene a interferirse formando por sí mismo un lugar particular que se inscribe a su vez en el imaginario del poeta: son las imágenes que se constituyen en torno al tema del negocio y del comercio, y que por lo que significan de compromiso, de resolución de contrarios, producen una imagen-puente entre la prisión y las moradas de la intimidad, moradas que simbolizan ese refugio que en última instancia fue para el poeta su propia obra, confidente yeco de la soledad, lugar de otra vida tan real como la propiamente vivida.NOTAS:(1) Charles d'Orléans, ou la recherce d'un langage. París, Champion, 1975. (2) París, P.U.F., 1965.ADVERTENCIA: DEBIDO AL ESTADO DEL SOPORTE ORIGINAL, LA REPRODUCCIÓN DE ALGUNAS DE LAS PÁGINAS DE LA TESIS PRESENTA CIERTAS DEFICIENCIAS. / The main aim of the thesis is to show how the importance of image in the work of Charles d'Orléans goes beyond the structure of allegory which characterized the poetry of the late Middle Ages. Herein, the image, which is an eminently ambiguous concept, is to be defined as a modern concept, lacking in rhetoric, departing particularly from the work of Gaston Bachelard and his description of poetic illusion based on the four elements.Although the first part ofthe thesis has as its task the study of certain aspects of the poetry of Charles d'Orléans relating to the medieval rhetorical tradition encompassing the themes of courtly love, seasonal exordium, the second and most essential part tries to grasp the rich variations present in this unique poetry through the study of images constituting a unique allegorical universe; images grouped around the three basic notions: the forest, water and earth - there being, of course, no contradiction between forest and eart as this division originates in the poet's own poetic itinerary.One is led from tempting solitude of the forest, particularly the medieval forest with its special significance, throug the amiguous, even contradictory image of water, to earth images appearing in the numerous dwellings through which the persona or personae ofthe have passed.Nevertheless, an ensemble of associations ariseand come to interfere in the poems, forming a particular place which in turn constitute the poet's stock of images: images clustered around the themes of business and commerce, which, for their connotation of commitment and resolution of contradictions, become an image/bridge between prison, the real prison and not by any means prison as a metaphorical game, and the dwelling places of intimacy which symbolize that refuge which in the final analysis was the poet's work itself. It was in his own poetry that he found not only his confidante and the eco of his sotitude, but another life as real as his own.
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Uma Voz Lírica em Tempos de Crise: A Poesia de Lêdo Ivo nos anos 1940 / A Lyric Voice in Times of Crisis: The Poetry of Ledo Ivo in 1940sSantos, Maicon Araújo dos January 2012 (has links)
SANTOS, Maicon Araújo. Uma voz lírica em tempos de crise: a poesia de Lêdo Ivo nos anos 1940. 2012. 106 f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Federal do Ceará, Departamento de Literatura, Programa de Pós-Graduação em Letras, Fortaleza-CE, 2012. / Submitted by Liliane oliveira (morena.liliane@hotmail.com) on 2012-07-09T14:55:12Z
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Previous issue date: 2012 / O presente trabalho propõe-se a analisar a poesia do escritor alagoano Lêdo Ivo (1924) produzida nos anos 1940, particularmente as obras Ode e elegia, de 1945, segundo livro do autor, e Ode ao crepúsculo, de 1946, quarto livro na sequência de suas publicações. Vê-se nessas obras o discurso de sobrevivência do gênero lírico equilibrado com a preocupação formal dos autores de 45 e, ao mesmo tempo, revelador de uma resistência contra a “coisificação do mundo”, de que nos fala o filósofo Theodor Adorno. Ode e elegia será abordada a partir das considerações de Adorno a respeito da relação entre Lírica e Sociedade. Em Ode ao crepúsculo, será destacado o sentido de resgate da autenticidade da vida sugerido pela poesia de Lêdo Ivo, a procura do Ser do homem, com base nas ideias de Martin Heidegger sobre o Ser e o mundo
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Ruas do meu São Paulo: notações sensoriais e visões críticas na poética de Mário de Andrade / Streets of my São Paulo: sensory notations and criticals views on poetic s Mário de AndradeCunha, Bruna Araujo 28 April 2014 (has links)
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Previous issue date: 2014-04-28 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / This work focuses on the analysis of some poems of Paulicéia Desvairada (1922) and Lira Paulistana (1945) in order to observe the street as a place of sociability of the modern man. Paulicéia Desvairada was the first book of modern poetry published in Brazil. The work marks the beginning of the break up with traditional poetic structures with innovative language and stylistic features, such as free and polyphonic verses and dissonances. In Lira Paulistana, innovations are giving way to more regular verses with rhymes and choruses. These two poetic works, apart for over twenty years, poeticized the city of São Paulo in different ways, this place is the great theme of the poems. In Paulicéia Desvairada, the São Paulo city still has remnants of a provincial past, the self-lyrical lies in the crowd and on the streets who are going through a process of modernization. In Lira Paulistana, the city of São Paulo is now a metropolis, the self-lyrical feel even more in the anonymity of this modern streets. In this case, we propose to analyze some poems of Paulicéia Desvairada (1922) and Lira Paulistana (1945), in order to focus our attention between the "I" and the "city", already well identified by criticals, who are aware to the concept of polissensorial and semanticized space and historical and social aspects of the city of São Paulo in the 1920s and 1940s. As we approached these two works of the writer, we realized that he sees some problems about the changes in the city and the consequences caused by these changes, which, for him, it fades the human relationship away. / O presente trabalho detém-se na análise de alguns poemas de Paulicéia Desvairada (1922) e Lira Paulistana (1945) com o intuito de observar a rua enquanto local de sociabilidade do sujeito moderno. Paulicéia Desvairada foi o primeiro livro de poesia modernista publicado no Brasil. A obra marca o início do rompimento com as estruturas poéticas tradicionais, apresentando linguagem e recursos estilísticos inovadores, tais como versos livres, versos polifônicos e dissonâncias. Já em Lira Paulistana, as inovações cedem lugar a versos mais regulares, com rimas e refrãos. Nessas duas obras poéticas, distanciadas por mais de vinte anos, a cidade de São Paulo, poetizada de formas distintas, é o grande tema dos poemas. Em Paulicéia Desvairada, a cidade paulistana apresenta ainda resquícios de um passado provinciano, o eu- lírico encontra-se em meio à multidão e diante de ruas que estão passando por um processo de modernização. Na Lira Paulistana, a cidade de São Paulo já é uma metrópole, o eu-lírico sente-se ainda mais no anonimato das ruas prontamente modernas. Nesse sentido, nos propomos a analisar alguns poemas das obras Paulicéia Desvairada (1922) e Lira Paulistana (1945), observando a tensão entre o eu e a cidade , já bastante identificada pela crítica, atentos ao conceito de espaço polissensorial, espaço semantizado e aspectos históricos e sociais da cidade de São Paulo nos anos 1920 e 1940. Ao aproximarmos essas duas obras do escritor, foi possível perceber que ele problematiza as mudanças ocorridas na cidade e as consequências causadas por essas mudanças, que, para ele, dilaceram, aos poucos, as relações humanas.
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Do pêndulo poético: poesia e crítica em Murilo Mendes e Francis Ponge / From the poetic pendulum: poetry and criticism in Murilo Mendes and Francis PongeAntonio, Patrícia Aparecida [UNESP] 28 April 2016 (has links)
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Previous issue date: 2016-04-28 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) / O presente trabalho tem por objetivo observar como opera a pendularidade entre poesia e crítica da poesia na obra de Murilo Mendes (1901-1975) e Francis Ponge (1899-1988). O brasileiro e o francês procedem à fusão de discurso da obra e discurso sobre a obra num movimento em que sujeito lírico e crítico (eles mesmos ficcionais) se encontram em permanente tensão. Entendendo poesia e crítica como atividades reflexivas fundamentadas na linguagem, as questões principais às quais pretendemos nos lançar são: a) Como se configura e opera pendularidade e indistinção entre discurso poético e crítico em Murilo Mendes e Francis Ponge? b) Como se configura a voz poético-crítica para se adequar a um ato de dupla face como esse? c) O que se depreende da aproximação ou do distanciamento da conduta lírico-crítica, levando-se em consideração subjetividade e objetividade? Nesse sentido, esta Tese busca ler comparativamente os dois poetas tendo por horizonte poesia e crítica enquanto atos indistintos, de caráter inacabado, em que autor e leitor participam ativamente. Assim, os poemas aparecem como atos que configuram uma prática literária, que é lírica, crítica e criativa, a um só tempo. No centro dessa prática, os sujeitos lírico-críticos manipulam a criação partindo de um corpo-a-corpo com o texto, como fica claro com as obras que selecionamos para este estudo: de Murilo Mendes, O discípulo de Emaús (1945), Convergência (1970), Poliedro (1972) e Retratos-relâmpago (1973); de Francis Ponge, Proêmes (1948), Méthodes (1961), Pour un Malherbe (1965) e La table (1981). Poesia e crítica, então, podem ser compreendidas no sentido da poiesis, de uma construção que coloca em crise (cuja raiz etimológica é a mesma que a da palavra crítica) o lírico, o crítico, a prosa, a poesia, bem como uma ideia fechada de literatura e de gêneros literários. / This study aims at observing how the pendularity between poetry and poetry criticism operates in the work of Murilo Mendes (1901-1975) and Francis Ponge (1899-1988). The Brazilian and the French merge the work’s speech and the speech about the work into a movement in which the lyrical and the critical subject (fictional themselves) find each other in constant tension. Having the understanding of poetry and criticism as reflective activities based in language, the main questions we intend to present are: a) How is the pendularity and indistinctness between poetic and critical speech designed and operated for Murilo Mendes and Francis Ponge? b) How is the poetical and critical voice designed to fit a double-sided act as this one? c) What is interpreted from the approach and distancing from the critical and lyrical behavior, taking into consideration subjectivity and objectivity? On this regard, this Thesis seeks a comparative reading of both poets, having as an outlook, poetry and criticism as indistinct acts of unfinished character in which author and reader are active participants. Thus, the poems are shown as acts that design a literary practice which is lyrical, critical and creative, all at the same time. At the center of this practice, the lyrical and critical subjects manipulate the creation by jostling with the text, as seen in the pieces we have selected for this study: Murilo Mendes’ O discípulo de Emaús (1945), Convergência (1970), Poliedro (1972) and Retratos-relâmpago (1973); and Francis Ponge’s Proêmes (1948), Méthodes (1961), Pour un Malherbe (1965) and La table (1981). Therefore, poetry and criticism can be understood in the same meaning as poiesis, a construction that sets into crisis (whose etymological root is the same as the critical word) the lyrical, the critical, the prose, the poetry as well as an idea of closed literature and literary genders. / Ce travail a pour objectif d’observer comment opère le pendule entre poésie et critique de poésie dans l’œuvre de Murilo Mendes (1901-1975) et Francis Ponge (1899-1988). Le Brésilien et le Français procèdent à la fusion de discours de l’œuvre et discours sur l’œuvre dans un mouvement dans lequel le sujet lyrique et le critique (eux-mêmes fictionnels) se trouvent en une permanente tension. En comprenant poésie et critique comme des activités réflexives fondées sur le langage, voici les questions principales auxquelles nous prétendons nous lancer : a) Comment se configure et opère le pendule et l’indistinction entre discours poétique et critique chez Murilo Mendes et Francis Ponge ? b) Comment se configure la voix poétique-critique pour s’adapter à cet acte à double-face ? c) Qu’est-ce qu’on peut conclure de l’approximation ou du recul de la démarche lyrico-critique, quand on considère subjectivité et objectivité ? À cet égard, cette Thèse cherche une lecture comparative de poètes, en ayant pour horizon la poésie et la critique comme des actes indistincts, de nature inachevée, dans lesquels auteur et lecteur participent activement. Ainsi, les poèmes apparaissent comme des actes qui configurent une pratique littéraire critique, lyrique et créative en même temps. Au centre de cette pratique, les sujets lyrico-critiques manipulent la création par un corps à corps avec le texte, comme nous pouvons le voir nettement dans le corpus de ce travail : de Murilo Mendes, O discípulo de Emaús (1945), Convergência (1970), Poliedro (1972) et Retratos-relâmpago (1973) ; de Francis Ponge, Proêmes (1948), Méthodes (1961), Pour un Malherbe (1965) et La table (1981). De cette manière, la poésie et la critique peuvent être comprises au sens de la poiesis, d’une construction qui porte la crise (dont la racine étymologique est la même que celle de critique) du lyrique, du critique, de la prose, de la poésie, aussi bien qu’une idée fermée de la littérature et des genres littéraires.
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