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Controvérsias : persuasão racional na ciência

Oliveira, Rúbia Liz Vogt de January 2011 (has links)
Diferentemente do que alegam visões idealizadas da ciência, as controvérsias não são fenômenos marginais na história da ciência, mas o âmbito próprio do desenvolvimento crítico do saber científico. As interações polêmicas são campo de atividade da racionalidade científica. Partindo do exame da tricotomia de tipos de polêmicas de Marcelo Dascal – constituída por discussão, disputa e controvérsia – objetiva-se caracterizar as polêmicas e traçar relações entre elas, especialmente no que tange às suas respectivas racionalidades. A proposta não se restringe a apontar consensos e dissensos entre a racionalidade dura da discussão, a irracionalidade da disputa e a racionalidade branda da controvérsia; tenciona-se o “diálogo entre racionalidades”. A interação entre as racionalidades – preservando as características de cada racionalidade, pois não se projeta reduzir uma racionalidade à outra –, possibilita o alargamento do escopo de atuação das racionalidades. A tricotomia de tipos de Marcelo Dascal escapa a tendência de dicotomização do par discussão/disputa, o qual foi tradicionalmente tido por exaustivo. Sob tal perspectiva, a controvérsia se apresenta como uma via alternativa. A racionalidade branda conduz a persuasão racional – objetivo da controvérsia. A controvérsia permite, ainda, a emergência de idéias inovadoras, o que faz dessa polêmica motor da ciência. Marcello Pera opera uma volta a Aristóteles para resgatar a função cognitiva que retórica e dialética desempenham na argumentação persuasiva da ciência. Para Pera, o foco na argumentação persuasiva da ciência revela aspectos da prática científica que foram esquecidos pelas propostas tradicionais (metodologistas) e que não receberam tratamento adequado de propostas contemporâneas (anti-metodologistas). Segundo M. Pera, o desafino das opiniões sobre a descrição e a explicação dos fatos alegadamente recorrentes do desalinho entre os fatos do mundo e as descrições do mundo gera as polêmicas na ciência. A racionalidade persuasiva empregada nas interações polêmicas visa ao convencimento não apenas dos contendores, mas também da comunidade concernente ao debate. A prática de uma argumentação persuasiva da ciência é o ponto-chave para a confluência das idéias de Marcelo Dascal e Marcello Pera. Em decorrência desses novos entendimentos acerca da ciência, emerge uma nova visão da racionalidade científica: mais flexível, sensível aos papéis da audiência e do contexto e valorada no seu empenho cognitivo. Essa racionalidade, abordada desde um ponto de vista humano, permite a emersão de conclusões razoáveis ou convincentes. / Unlike idealized views of science claim, controversies are not marginal phenomena in the history of science but the proper domain of scientific knowledge’s critical development. Polemical exchange are the field of activity of scientific rationality. Based on the exam of the Marcelo Dascal’s trichotomy of polemical exchange types – consisting of discussion, dispute and controversy – the objective is to characterize the controversy and to trace the relations between them, especially in regard to their respective rationalities. The proposal is not restricted to pointing out consensus and disagreements among the hard rationality of the discussion, the irrationality of the dispute and the soft rationality of controversy. The "dialogue between rationalities” is aimed. The interaction between rationalities – preserving the characteristics of each rationality, since it is not projected to reduce one rationality into the other – makes it possible to extend the scope of work of rationalities. The trichotomy of types of M. Dascal escapes from the tendency to dichotomization of the pair discussion/dispute, which is traditionally regarded as exhaustive. Controversy is presented as an alternative way between hard rationality and irrationality. The soft rationality leads rational persuasion – the proper aim of controversy. Controversy also allows the emergence of innovative ideas, which makes this polemic the engine of science. Marcello Pera turns back to Aristotle to rescue the cognitive function that rhetoric and dialectic play in the persuasive argumentation of science. For Pera, the focus on the persuasive argumentation of science reveals aspects of scientific practice that have been overlooked by traditional proposals (methodologists) and that have not received proper treatment from contemporary proposals (anti-methodologists). According to M. Pera, polemics in science are generated by the missmatch between descriptions fail to capture the facts. The persuasive rationality employed in polemical interactions aims convincing not only the contenders, but also the community concerning the debate. The practice of a persuasive argumentation in science is the key point for the confluence of the ideas from Marcelo Dascal and Marcello Pera. Due to these new understandings about science, a new and more flexible vision of scientific rationality emerge: one, which is sensitive to the role of audience and context in cognitive appraisals. As approached from a human point of view, this new rationality allows the emergence of convincing or reasonable conclusions.
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Controvérsias : persuasão racional na ciência

Oliveira, Rúbia Liz Vogt de January 2011 (has links)
Diferentemente do que alegam visões idealizadas da ciência, as controvérsias não são fenômenos marginais na história da ciência, mas o âmbito próprio do desenvolvimento crítico do saber científico. As interações polêmicas são campo de atividade da racionalidade científica. Partindo do exame da tricotomia de tipos de polêmicas de Marcelo Dascal – constituída por discussão, disputa e controvérsia – objetiva-se caracterizar as polêmicas e traçar relações entre elas, especialmente no que tange às suas respectivas racionalidades. A proposta não se restringe a apontar consensos e dissensos entre a racionalidade dura da discussão, a irracionalidade da disputa e a racionalidade branda da controvérsia; tenciona-se o “diálogo entre racionalidades”. A interação entre as racionalidades – preservando as características de cada racionalidade, pois não se projeta reduzir uma racionalidade à outra –, possibilita o alargamento do escopo de atuação das racionalidades. A tricotomia de tipos de Marcelo Dascal escapa a tendência de dicotomização do par discussão/disputa, o qual foi tradicionalmente tido por exaustivo. Sob tal perspectiva, a controvérsia se apresenta como uma via alternativa. A racionalidade branda conduz a persuasão racional – objetivo da controvérsia. A controvérsia permite, ainda, a emergência de idéias inovadoras, o que faz dessa polêmica motor da ciência. Marcello Pera opera uma volta a Aristóteles para resgatar a função cognitiva que retórica e dialética desempenham na argumentação persuasiva da ciência. Para Pera, o foco na argumentação persuasiva da ciência revela aspectos da prática científica que foram esquecidos pelas propostas tradicionais (metodologistas) e que não receberam tratamento adequado de propostas contemporâneas (anti-metodologistas). Segundo M. Pera, o desafino das opiniões sobre a descrição e a explicação dos fatos alegadamente recorrentes do desalinho entre os fatos do mundo e as descrições do mundo gera as polêmicas na ciência. A racionalidade persuasiva empregada nas interações polêmicas visa ao convencimento não apenas dos contendores, mas também da comunidade concernente ao debate. A prática de uma argumentação persuasiva da ciência é o ponto-chave para a confluência das idéias de Marcelo Dascal e Marcello Pera. Em decorrência desses novos entendimentos acerca da ciência, emerge uma nova visão da racionalidade científica: mais flexível, sensível aos papéis da audiência e do contexto e valorada no seu empenho cognitivo. Essa racionalidade, abordada desde um ponto de vista humano, permite a emersão de conclusões razoáveis ou convincentes. / Unlike idealized views of science claim, controversies are not marginal phenomena in the history of science but the proper domain of scientific knowledge’s critical development. Polemical exchange are the field of activity of scientific rationality. Based on the exam of the Marcelo Dascal’s trichotomy of polemical exchange types – consisting of discussion, dispute and controversy – the objective is to characterize the controversy and to trace the relations between them, especially in regard to their respective rationalities. The proposal is not restricted to pointing out consensus and disagreements among the hard rationality of the discussion, the irrationality of the dispute and the soft rationality of controversy. The "dialogue between rationalities” is aimed. The interaction between rationalities – preserving the characteristics of each rationality, since it is not projected to reduce one rationality into the other – makes it possible to extend the scope of work of rationalities. The trichotomy of types of M. Dascal escapes from the tendency to dichotomization of the pair discussion/dispute, which is traditionally regarded as exhaustive. Controversy is presented as an alternative way between hard rationality and irrationality. The soft rationality leads rational persuasion – the proper aim of controversy. Controversy also allows the emergence of innovative ideas, which makes this polemic the engine of science. Marcello Pera turns back to Aristotle to rescue the cognitive function that rhetoric and dialectic play in the persuasive argumentation of science. For Pera, the focus on the persuasive argumentation of science reveals aspects of scientific practice that have been overlooked by traditional proposals (methodologists) and that have not received proper treatment from contemporary proposals (anti-methodologists). According to M. Pera, polemics in science are generated by the missmatch between descriptions fail to capture the facts. The persuasive rationality employed in polemical interactions aims convincing not only the contenders, but also the community concerning the debate. The practice of a persuasive argumentation in science is the key point for the confluence of the ideas from Marcelo Dascal and Marcello Pera. Due to these new understandings about science, a new and more flexible vision of scientific rationality emerge: one, which is sensitive to the role of audience and context in cognitive appraisals. As approached from a human point of view, this new rationality allows the emergence of convincing or reasonable conclusions.
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Controvérsias : persuasão racional na ciência

Oliveira, Rúbia Liz Vogt de January 2011 (has links)
Diferentemente do que alegam visões idealizadas da ciência, as controvérsias não são fenômenos marginais na história da ciência, mas o âmbito próprio do desenvolvimento crítico do saber científico. As interações polêmicas são campo de atividade da racionalidade científica. Partindo do exame da tricotomia de tipos de polêmicas de Marcelo Dascal – constituída por discussão, disputa e controvérsia – objetiva-se caracterizar as polêmicas e traçar relações entre elas, especialmente no que tange às suas respectivas racionalidades. A proposta não se restringe a apontar consensos e dissensos entre a racionalidade dura da discussão, a irracionalidade da disputa e a racionalidade branda da controvérsia; tenciona-se o “diálogo entre racionalidades”. A interação entre as racionalidades – preservando as características de cada racionalidade, pois não se projeta reduzir uma racionalidade à outra –, possibilita o alargamento do escopo de atuação das racionalidades. A tricotomia de tipos de Marcelo Dascal escapa a tendência de dicotomização do par discussão/disputa, o qual foi tradicionalmente tido por exaustivo. Sob tal perspectiva, a controvérsia se apresenta como uma via alternativa. A racionalidade branda conduz a persuasão racional – objetivo da controvérsia. A controvérsia permite, ainda, a emergência de idéias inovadoras, o que faz dessa polêmica motor da ciência. Marcello Pera opera uma volta a Aristóteles para resgatar a função cognitiva que retórica e dialética desempenham na argumentação persuasiva da ciência. Para Pera, o foco na argumentação persuasiva da ciência revela aspectos da prática científica que foram esquecidos pelas propostas tradicionais (metodologistas) e que não receberam tratamento adequado de propostas contemporâneas (anti-metodologistas). Segundo M. Pera, o desafino das opiniões sobre a descrição e a explicação dos fatos alegadamente recorrentes do desalinho entre os fatos do mundo e as descrições do mundo gera as polêmicas na ciência. A racionalidade persuasiva empregada nas interações polêmicas visa ao convencimento não apenas dos contendores, mas também da comunidade concernente ao debate. A prática de uma argumentação persuasiva da ciência é o ponto-chave para a confluência das idéias de Marcelo Dascal e Marcello Pera. Em decorrência desses novos entendimentos acerca da ciência, emerge uma nova visão da racionalidade científica: mais flexível, sensível aos papéis da audiência e do contexto e valorada no seu empenho cognitivo. Essa racionalidade, abordada desde um ponto de vista humano, permite a emersão de conclusões razoáveis ou convincentes. / Unlike idealized views of science claim, controversies are not marginal phenomena in the history of science but the proper domain of scientific knowledge’s critical development. Polemical exchange are the field of activity of scientific rationality. Based on the exam of the Marcelo Dascal’s trichotomy of polemical exchange types – consisting of discussion, dispute and controversy – the objective is to characterize the controversy and to trace the relations between them, especially in regard to their respective rationalities. The proposal is not restricted to pointing out consensus and disagreements among the hard rationality of the discussion, the irrationality of the dispute and the soft rationality of controversy. The "dialogue between rationalities” is aimed. The interaction between rationalities – preserving the characteristics of each rationality, since it is not projected to reduce one rationality into the other – makes it possible to extend the scope of work of rationalities. The trichotomy of types of M. Dascal escapes from the tendency to dichotomization of the pair discussion/dispute, which is traditionally regarded as exhaustive. Controversy is presented as an alternative way between hard rationality and irrationality. The soft rationality leads rational persuasion – the proper aim of controversy. Controversy also allows the emergence of innovative ideas, which makes this polemic the engine of science. Marcello Pera turns back to Aristotle to rescue the cognitive function that rhetoric and dialectic play in the persuasive argumentation of science. For Pera, the focus on the persuasive argumentation of science reveals aspects of scientific practice that have been overlooked by traditional proposals (methodologists) and that have not received proper treatment from contemporary proposals (anti-methodologists). According to M. Pera, polemics in science are generated by the missmatch between descriptions fail to capture the facts. The persuasive rationality employed in polemical interactions aims convincing not only the contenders, but also the community concerning the debate. The practice of a persuasive argumentation in science is the key point for the confluence of the ideas from Marcelo Dascal and Marcello Pera. Due to these new understandings about science, a new and more flexible vision of scientific rationality emerge: one, which is sensitive to the role of audience and context in cognitive appraisals. As approached from a human point of view, this new rationality allows the emergence of convincing or reasonable conclusions.
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Há lugar para uma “racionalidade científica” no pensamento de Paul Feyerabend?

Flach, Miguel Ângelo 04 April 2012 (has links)
Submitted by William Justo Figueiro (williamjf) on 2015-07-03T14:16:15Z No. of bitstreams: 1 36.pdf: 1204241 bytes, checksum: d58703f5769bd08a11ef2ed11a4be8cc (MD5) / Made available in DSpace on 2015-07-03T14:16:16Z (GMT). No. of bitstreams: 1 36.pdf: 1204241 bytes, checksum: d58703f5769bd08a11ef2ed11a4be8cc (MD5) Previous issue date: 2012-04-04 / UNISINOS - Universidade do Vale do Rio dos Sinos / A presente dissertação tem como objeto examinar se há lugar e, se houver, em que termos o seria, para uma concepção de “racionalidade científica” na obra de Paul Feyerabend. Parte-se da crítica radical que esse autor faz à racionalidade em sua visão tradicional e ao racionalismo. Para tanto, inicialmente faz-se necessário examinar a ampla concepção de “racionalismo” proposta por Feyerabend. Neste sentido, o capítulo 2 analisa o contexto da cultura grega arcaica, onde Feyerabend encontra um nascente pensamento racional abstrato, perpassando o surgimento da filosofia e coincidindo com a ascensão de um racionalismo que transforma a “Razão” enquanto fonte de uma dada e privilegiada tradição. Segundo Feyerabend, uma crença exacerbada no poder da “Razão” surge na Antiguidade faz-se presente na essência do racionalismo contemporâneo de Popper e Lakatos. O capítulo 3 examina os pressupostos teóricos e epistemológicos do racionalismo de Popper e Lakatos e, à luz da abordagem de Feyerabend sobre a práxis científica, ganha forma a implosão interna do racionalismo criticado. À luz da adoção de tal estratégia implosiva, avalia-se a pertinência da crítica de Feyerabend, perscrutando a leitura das principais obras de Popper e Lakatos e, assim, pretende-se evitar que o exame esteja condicionado pelo teor da crítica. O capítulo 4 perscruta a filosofia de Feyerabend, examinando no interior de sua obra as mudanças e transformações para aferir se há lugar para uma noção de “racionalidade científica”. Aprofundam-se os termos de tais mudanças esclarecendo sua concepção madura sobre a “racionalidade científica”. Conclui-se que há uma “racionalidade científica”, mas, em oposição à visão do racionalismo de viés popperiano segundo a qual tal racionalidade é universal, absoluta e intrinseca aos objetos do conhecimento científico. Desde a perspectiva da práxis científica adotada por Feyerabend, trata-se de uma racionalidade historicizada e contextualizada, ‘em ação’, aberta e dinâmica. / The aim of this dissertation is to investigate whether there is room for “scientific rationality” in the writings of Paul Feyerabend and, if so, in what terms this concept is expressed. My starting point is Feyerabend’s radical critique of the traditional view of rationality and rationalism. First of all, I examine the full meaning of the concept of “rationalism” which he proposes. In Chapter 1, the context of ancient Greek culture is analysed, since it is within this context that he identifies an incipient abstract rational thought which permeates the origins of philosophy, and which coincides with the ascent of rationalism as a transformer of “Reason” in terms of the source of a given privileged tradition. According to Feyerabend, the excessive belief in the power of “Reason” which began in antiquity is also present in the essence of the modern rationalism of Popper and Lakatos, and Chapter 2 examines the theoretical and epistemological premises of this in the light of Feyerabend’s approach to scientific praxis. In this way, the internal implosion of the view of rationalism criticised takes shape, and it is by means of this strategy that the relevance of Feyerabend’s critique is assessed. Through an analysis of the principal writings of Popper and Lakatos it is my intention to avoid any conditioning which may result from the content of this critique. Chapter 3 analyses Feyerabend’s philosophy and the changes and transformations in his writings in order to verify if there is indeed room for the notion of “scientific rationality”. The terms of these changes are subjected to a more rigorous study so that his mature concept of “scientific rationality” can be clarified. The conclusion I draw is that it is, in fact, possible to identify such a concept, but that this is in opposition to Popper’s view of scientific rationality as something universal, absolute and intrinsic to the aims of scientific knowledge. From the scientific praxis point of view adopted by Feyerabend, this rationality is historicized and contextualized; it is active, open and dynamic.
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Incomensurabilidade e racionalidade científica em Thomas Kuhn: uma análise do relativismo epistemológico / Incommensurability and scientific rationality in Thomas Kuhn: an analysis of epistemological relativism

Guitarrari, Robinson 08 September 2004 (has links)
O debate atual sobre a racionalidade científica tem envolvido uma tomada de posição quanto ao relativismo epistemológico. Um dos focos do debate consiste na superação do relativismo presente em pronunciamentos de Thomas Kuhn sobre a escolha científica. Procurando libertar-se de um relativismo kuhniano nas justificações de escolhas científicas, Hilary Putnam e Larry Laudan apresentam estratégias bastante distintas. Putnam vê incoerências autodestrutivas em tal relativismo, especialmente por duas razões: sua formulação seria auto-refutante e, quanto aos atributos cognitivos, essa posição não permitiria distinguir o homem de qualquer outro ser. Laudan procurou desmistificar os efeitos que a incomensurabilidade kuhniana teria causado para uma visão de racionalidade dirigida por regras metodológicas e, além disso, buscou mostrar a falta de poder explicativo do relativismo decorrente dela. O presente trabalho investiga se ainda há razão para considerar que o relativismo gerado pela incomensurabilidade kuhniana constitui uma ameaça à racionalidade científica. Apresentamos um modelo kuhniano de racionalidade, com base em uma análise dos textos de Kuhn sobre a escolha de paradigmas, que ressalta o papel da incomensurabilidade de problemas e padrões científicos. Procuramos mostrar que duas das principais acusações de incoerência, elaboradas por Putnam, não atingem tal modelo. Por fim, defendemos que esse modelo kuhniano de racionalidade apresenta várias restrições para o efetivo estabelecimento das críticas que Laudan lhe dirige. / The current debate on scientific rationality has involved taking sides regarding the question of epistemological relativism. The debate is focused, among other things, in overcoming the relativism present in Thomas Kuhns statements about scientific choice. Hilary Putnam and Larry Laudan, aiming at dispensing with a Kuhnian relativism in the justification of scientific choices, propose quite different strategies. Putnam sees self-destructive incoherencies in such relativism, mainly for two reasons: first, its formulation would be self-defeating and, second, this position wouldnt allow one to distinguish man from any other being as regards cognitive attributes. Laudan attempted to demystify the effects that Kuhnian incommensurability could cause to a vision of rationality governed by methodological rules, and, furthermore, attempted to show the lack of explanatory power of the relativism that follows from it. The present work inquires whether there is still reason to consider that the relativism originated by Kuhnian incommensurability constitutes a menace to scientific rationality. We present a Kuhnian model of rationality, based on an analysis of Kuhns texts on paradigm choice, which highlights the role of incommensurability as regards scientific problems and standards. We aim to show that two of the main charges of incoherence, formulated by Putnam, arent able to affect the model. Lastly, we maintain that this Kuhnian model of rationality poses various constraints on the actual establishment of the criticisms directed against it by Laudan.
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Incomensurabilidade e racionalidade científica em Thomas Kuhn: uma análise do relativismo epistemológico / Incommensurability and scientific rationality in Thomas Kuhn: an analysis of epistemological relativism

Robinson Guitarrari 08 September 2004 (has links)
O debate atual sobre a racionalidade científica tem envolvido uma tomada de posição quanto ao relativismo epistemológico. Um dos focos do debate consiste na superação do relativismo presente em pronunciamentos de Thomas Kuhn sobre a escolha científica. Procurando libertar-se de um relativismo kuhniano nas justificações de escolhas científicas, Hilary Putnam e Larry Laudan apresentam estratégias bastante distintas. Putnam vê incoerências autodestrutivas em tal relativismo, especialmente por duas razões: sua formulação seria auto-refutante e, quanto aos atributos cognitivos, essa posição não permitiria distinguir o homem de qualquer outro ser. Laudan procurou desmistificar os efeitos que a incomensurabilidade kuhniana teria causado para uma visão de racionalidade dirigida por regras metodológicas e, além disso, buscou mostrar a falta de poder explicativo do relativismo decorrente dela. O presente trabalho investiga se ainda há razão para considerar que o relativismo gerado pela incomensurabilidade kuhniana constitui uma ameaça à racionalidade científica. Apresentamos um modelo kuhniano de racionalidade, com base em uma análise dos textos de Kuhn sobre a escolha de paradigmas, que ressalta o papel da incomensurabilidade de problemas e padrões científicos. Procuramos mostrar que duas das principais acusações de incoerência, elaboradas por Putnam, não atingem tal modelo. Por fim, defendemos que esse modelo kuhniano de racionalidade apresenta várias restrições para o efetivo estabelecimento das críticas que Laudan lhe dirige. / The current debate on scientific rationality has involved taking sides regarding the question of epistemological relativism. The debate is focused, among other things, in overcoming the relativism present in Thomas Kuhns statements about scientific choice. Hilary Putnam and Larry Laudan, aiming at dispensing with a Kuhnian relativism in the justification of scientific choices, propose quite different strategies. Putnam sees self-destructive incoherencies in such relativism, mainly for two reasons: first, its formulation would be self-defeating and, second, this position wouldnt allow one to distinguish man from any other being as regards cognitive attributes. Laudan attempted to demystify the effects that Kuhnian incommensurability could cause to a vision of rationality governed by methodological rules, and, furthermore, attempted to show the lack of explanatory power of the relativism that follows from it. The present work inquires whether there is still reason to consider that the relativism originated by Kuhnian incommensurability constitutes a menace to scientific rationality. We present a Kuhnian model of rationality, based on an analysis of Kuhns texts on paradigm choice, which highlights the role of incommensurability as regards scientific problems and standards. We aim to show that two of the main charges of incoherence, formulated by Putnam, arent able to affect the model. Lastly, we maintain that this Kuhnian model of rationality poses various constraints on the actual establishment of the criticisms directed against it by Laudan.
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Narrativas sobre a crise econômica mundial e crise das representações: o que a crise evidencia ?

Regis, Alex Sander Pereira 27 September 2013 (has links)
Made available in DSpace on 2015-04-11T14:02:59Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Alex Sander Pereira Regis.pdf: 1558751 bytes, checksum: 87bb0f2e05a92c301f304aa753235b32 (MD5) Previous issue date: 2013-09-27 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / A presente dissertação tem como horizonte temático a reflexão e análise de narrativas sobre a crise econômica mundial deflagrada inicialmente nos EUA em 2008, bem como sua articulação teórico-empírica com a ideia central da pesquisa, qual seja, a de que a ‗crise em questão está intimamente relacionada as implicações da Globalização, no quadro de uma ruptura teórico-epistemológica, cuja principal expressão é a crise generalizada de representações coletivas. Procurou-se no primeiro momento expor e problematizar a noção de Globalização a fim de privilegiar uma compreensão sobre globalização que sirva de pressuposto e soldo teórico para os fins do trabalho. No segundo momento apresento as diversas narrativas sobre a ‗crise , referidas, de um lado, em obras de teóricos ( Harvey, Boaventura, Touraine, Bauman), e de outro, em registros de análises extraídos de um arquivo digital construído a partir da sistematização de dados (artigos, entrevistas, dossiês etc) de três endereços eletrônicos (CartaMaior, IhuOnline e OutrasPalavras). Por fim, busca-se articular os momentos já referidos, tendo em vista operar as conexões de sentido entre a ‗crise econômica mundial , Globalização, Crise de representações coletivas e, portanto, apontar as implicações sociológicas daí oriundas, em outras palavras, no último momento afirmo que a crise evidencia, de um lado, as contradições e turbulências mais agudas de um período de ―ruptura histórico-epistemológica‖, de outro, a redefinição das representações coletivas clássicas através da intensificação de lutas , conflitos e resistências (Indignados, Occupy, Jornada de Junho etc) contra uma globalização totalitária que privilegia o mercado financeiro e, a favor de outras globalizações e formas de produzir e viver que valorizam a vida e suas populações. Conflitos e resistências que a longo e médio prazo determinaram o vir a ser do Estado-Nação e sua soberania; da Democracia e sua legitimidade, da globalização hegemônica face às globalizações contra e alter-hegemônicas. Estamos no interior de um parto histórico!
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CRITÉRIOS DE DECISÃO ENTRE HIPÓTESES RIVAIS NAS TEORIAS HISTORICISTAS DA RACIONALIDADE CIENTÍFICA / DECISION CRITERIA FOR RIVAL HYPOTHESES IN THE HISTORICIST THEORIES OF SCIENTIFIC RATIONALITY

Magro, Tamires Dal 31 January 2014 (has links)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / The publication of Thomas Kuhn s The structure of scientific revolutions is considered a watershed in the philosophy of science for having presented scientific knowledge as produced by a dynamic and historically situated process. Many of the concepts introduced by the author sparked controversy in the initial reception of this work. We highlight in this dissertation Kuhn s theses on scientific revolutions, incommensurability, and scientific choice between rival hypothesis, which were interpreted by authors such as Popper, Lakatos, Laudan and Putnam as introducing elements of irrationality and relativism into Kuhn s analysis of scientific practice. In the first paper of this dissertation, we investigate passages from Structure that led to those interpretations, and track down Kuhn s later reformulations of the three controversial theses, which attempted to avoid or respond the criticisms of irrationality and relativism. We highlight the linguistic emphasis given by Kuhn in his later works to the concepts of incommensurability and scientific revolution, and show that his thesis about scientific choices remained nearly unchanged. We claim that in Kuhn s later works his theses became more precisely formulated and narrower in scope, and that they manifest a realist inclination by the author. The second paper of this dissertation develops in more detail the issue of the rationality of scientific choice. It presents briefly three theories of scientific rationality due to Kuhn, Lakatos and Laudan, and then shows some of the problems that Lakatos and Laudan s theories face due to focusing their notion of rationality on univocal rules of choice. We then indicate that there are advantages in understanding as Kuhn did the notion of rationality in terms of values that influence objectively the choices to be made without determining them univocally. / A publicação de A estrutura das revoluções científicas, de Thomas Kuhn, é considerada um divisor de águas na filosofia da ciência por apresentar o conhecimento científico como sendo gerado por um processo dinâmico e historicamente situado. Muitos dos conceitos introduzidos pelo autor foram motivos de controvérsia na recepção inicial da obra. Destacamos na presente dissertação as teses de Kuhn sobre revoluções científicas, incomensurabilidade e escolhas científicas entre hipóteses rivais, que foram interpretadas por autores como Popper, Lakatos, Laudan e Putnam, como introduzindo elementos de irracionalidade e relativismo na análise kuhniana da atividade científica. No primeiro artigo desta dissertação, investigamos as passagens na Estrutura que levaram a essas interpretações, e rastreamos as reformulações kuhnianas posteriores para as três teses controversas com vistas a evitar ou responder as críticas de irracionalidade e relativismo. Destacamos a ênfase linguística dada por Kuhn aos conceitos de incomensurabilidade e revolução científica, e mostramos que a tese acerca das escolhas científicas permanece quase inalterada nos textos tardios. Defendemos que na obra tardia de Kuhn suas teses tornaram-se mais precisas e menos abrangentes e evidenciam uma inclinação realista do autor. O segundo artigo desta dissertação desenvolve de maneira mais detalhada a questão da racionalidade das escolhas científicas, apresentando as propostas de três teorias historicistas da racionalidade científica, devidas a Kuhn, Lakatos e Laudan. Apresentamos alguns dos problemas que as teorias de Lakatos e Laudan enfrentam ao concentrar a noção de racionalidade em regras unívocas de escolha e indicamos que há vantagens em se compreender a noção de racionalidade em termos de valores que influenciam objetivamente as escolhas sem determiná-las univocamente, como propôs Kuhn.

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