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Diferenças de gênero na insegurança alimentar domiciliar : prevalência e fatores associadosJung, Natália Miranda January 2017 (has links)
Introdução: O tema Segurança Alimentar é uma preocupação crescente para a saúde pública em todo o mundo, uma vez que as consequências da insegurança alimentar afetam os diversos setores da sociedade. A renda tem sido fortemente correlacionada com a insegurança alimentar. No entanto, renda e pobreza não são os únicos responsáveis por predizer situações de insegurança alimentar, sugerindo que outros fatores socioeconômicos e de composição da unidade domiciliar também são importantes na determinação desse desfecho. Estudos internacionais têm sugerido que domicílios chefiados por mulheres estão mais propensos à insegurança alimentar (IA) do que aqueles chefiados por homens. Considerando o crescente número de famílias onde a pessoa de referência é do sexo feminino e a desvantagem econômica decorrente do papel social da mulher, as questões de gênero merecem atenção especial nas discussões sobre insegurança alimentar. Objetivos: O objetivo geral foi avaliar as diferenças de gênero na prevalência de insegurança alimentar. Nesse sentido, a presente tese propôs os dois seguintes objetivos específicos: a) identificar, por meio de revisão sistemática e metanálise, as prevalências de insegurança alimentar em nível internacional segundo o gênero do responsável pelo domicílio (artigo 1); e b) estudar a influência de fatores individuais socioeconômicos e demográficos na prevalência domiciliar de insegurança alimentar, segundo gênero do responsável pelo domicílio, nas 27 unidades da federação do Brasil no ano de 2013 (artigo 2). Metodologia: Com o intuito de atender os objetivos acima citadas foram desenvolvidos dois estudos com metodologias diferentes, porém complementares. No artigo 1, realizou-se uma revisão sistemática de estudos de prevalência, seguida de metanálise, no período compreendido entre 28 de Agosto e 19 de Outubro de 2014. Foram pesquisadas sete base de dados. A busca foi atualizada em Abril de 2016. Os estudos incluídos fizeram uso de medidas diretas da experiência de insegurança alimentar. O desfecho foi dicotomizado. O odds ratio agrupado da prevalência domiciliar de insegurança alimentar em mulheres versus homens foi obtido através de modelo randômico. Foram realizadas análises da avaliação da qualidade, viés de publicação e análise de subgrupo. O artigo 2 trata-se de um estudo de base populacional cujos dados foram extraídos do suplemento de Segurança Alimentar da Pesquisa Nacional de Amostras de Domicílios, ano 2013. Foram estudados os domicílios particulares permanentes nos quais a EBIA havia sido 9 respondida por um morador do domicílio (n=110.750). A associação entre as variáveis de exposição e a variável dependente (insegurança alimentar domiciliar) foi verificada pelo teste do Qui-quadrado com nível de significância de 5%. Foram calculadas razões de prevalência brutas e intervalos de confiança de 95% e a análise ajustada foi conduzida por meio de regressão múltipla de Poisson Bruta, utilizando Stata 11.0, que incorpora as ponderações do desenho amostral com delineamento complexo. Resultados: No artigo 1, das 5.145 referências inicialmente identificadas, 42 artigos foram incluídos na metanálise, totalizando uma população de 233.153 indivíduos. Os resultados mostraram que a probabilidade de insegurança alimentar foi 40% maior naqueles estudos em que o entrevistado era a mulher (IC95%: 1.27-1.54; p<0.001). Além disso, a análise de subgrupo revelou que as mulheres responsáveis pelo domicílio estavam 75% mais propensas à insegurança alimentar do que os homens na mesma condição. No artigo 2, constatou-se que a prevalência global de insegurança alimentar, em 2013, foi de 7,9%, sendo maior em domicílios chefiados por mulheres (9,5%) do que naqueles chefiados por homens (7,0%). Constataram-se maiores prevalências de IA entre os domicílios chefiados por mulheres e um efeito menos intenso das variáveis independentes nesse gênero. Na análise ajustada verificou-se que a prevalência de insegurança alimentar permaneceu maior (RP=1.26, IC95% 1.20-1.33) entre domicílios chefiados por mulheres, independentemente do modelo de análise utilizado. Conclusão: Em ambos os artigos, foi possível confirmar a existência de diferenças de gênero na prevalência de insegurança alimentar em nível nacional e mundial. Ou seja, os resultados mostraram maiores prevalências de insegurança alimentar entre os domicílios chefiados por mulheres. / Introduction: Food security is a growing concern for public health around the world, once the consequences of food insecurity affects various sectors of society. Income has been strongly correlated with food insecurity. However, income and poverty are not exclusively responsible for predicting food insecurity, suggesting that other socioeconomic factors and household characteristics are also important in determining this outcome. International studies have suggested that households headed by women are more likely to be food insecurity (FI) than those headed by men. Considering the increasing number of families where the female reference person is a woman and the economic disadvantage due the social role of women, gender issues deserve special attention in the discussions on food insecurity. Objectives: To evaluate gender differences in the prevalence of food insecurity. In this sense, the present thesis proposes the following two specific objectives: a) to identify, through a systematic review and meta-analysis, the prevalence of food insecurity at the international level according to the gender of the head of household (article 1); and (b) to study the influence of individual socioeconomic and demographic factors on the household prevalence of food insecurity, according to the gender of the head of household, in the 27 units of the Brazilian federation in the year 2013 (article 2). Method: Two studies were developed with different but complementary methodologies. In article 1, a systematic review of prevalence studies, followed by meta-analysis, was conducted between August 28 and October 19, 2014. Seven databases were searched. The search was updated in April 2016. The included studies used experience-based measures to assess household food insecurity. Dichotomous measures of food insecurity were used. The pooled odds ratio of household prevalence of food insecurity in women versus men was obtained through a random model Quality assessment, publication bias diagnostics and subgroup analysis were also performed. Article 2 is a population-based study with data extracted from the Food Security Supplement of the National Survey of Household Samples (2013). We studied the households in which the EBIA had been answered by a resident of the household (n = 110.750). The association between the exposure variables and the dependent variable (household food insecurity) was verified by the chi-square test with a significance level of 5%. Unadjusted prevalence ratios and 95% confidence intervals were calculated and the adjusted analysis was conducted using Multiple 11 Poisson Regression, using Stata 11.0, which incorporates the weights of the sample design with a complex design. Results: In article 1, out of the 5.145 articles initially identified, 42 studies with a total population of 233.153 were included. In general, results showed that the odds for household food insecurity was 40% higher in studies where women were respondent (95%CI: 1.27-1.54; p<0.001). In addition, the subgroup analysis revealed that female heads of household were 75% more likely to be food insecure than male heads of households. In article 2, it was verified that the overall prevalence of food insecurity was 7.9% in 2013, higher in households headed by women (9.5%) than in those headed by men (7.0%), Higher prevalence of FI was found among women-headed households and a less intense effect of the independent variables in this gender was observed. In the adjusted analysis it was verified that the prevalence of food insecurity remained higher (RP = 1.26, 95% CI 1.20-1.33) among households headed by women, regardless of the analysis model used. Conclusion: It was possible to confirm the existence of gender differences in the prevalence of food insecurity at national and global levels. In others words, the results showed higher prevalence of food insecurity among households headed by women.
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(In)segurança alimentar e acesso aos programas de desenvolvimento social e combate à fome de comunidades quilombolas do estado do Rio Grande do SulBairros, Fernanda Souza de January 2013 (has links)
Introdução: Segurança Alimentar e Nutricional é a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais. Trata-se de um conceito abrangente, de natureza interdisciplinar, devendo ser tratado de forma sistêmica e com gestão intersetorial. Comunidades quilombolas, população tradicional com ancestralidade negra e relacionada à resistência à opressão histórica sofrida, são socialmente vulneráveis e alvo de diversos programas governamentais de desenvolvimento social e combate à fome. No entanto, há pouca literatura sobre esta temática em populações tradicionais. Objetivo: Avaliar o acesso aos programas de desenvolvimento social e combate à fome e a prevalência de insegurança alimentar das famílias residentes em comunidades quilombolas do Estado do Rio Grande do Sul. Metodologia: Trata-se de estudo transversal de base populacional incluindo uma amostra representativa de famílias quilombolas do Rio Grande do Sul. O tamanho da amostra foi estimado em 634 famílias. Amostragem com probabilidade proporcional ao tamanho foi utilizada para seleção das comunidades quilombolas e famílias entrevistadas. Os entrevistadores, após criteriosa seleção e treinamento, realizaram visitas domiciliares para aplicação de um questionário padronizado com 120 questões aos responsáveis pelos domicílios. As variáveis dependentes foram: (a) insegurança alimentar, medida com a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar e agrupando-se em: segurança alimentar/ insegurança alimentar leve e insegurança alimentar moderada/grave e (b) participação da família em programas de desenvolvimento social e combate à fome: Programa Bolsa Família, Programa de Aquisição de Alimentos e Distribuição de Cestas a Populações Vulneráveis. Utilizou-se como variáveis explanatórias as características sociodemográficas do responsável pelo domicilio (idade, cor, sexo, escolaridade, renda familiar per capita e classe econômica conforme critérios ABEP) e características gerais do domicílio (condições de infraestrutura e sanitária das residências, número de moradores e condição de segurança alimentar). Os questionários foram digitados duplamente no programa Epi Data versão 3.1. As associações entre os desfechos e as análises explanatórias foram realizadas por meio do modelo de Regressão de Poisson Robusta com obtenção das razoes de prevalências (RP) e os respectivos intervalos de confiança (IC 95%). Todas as análises estatísticas foram operacionalizadas utilizando-se o pacote estatístico Stata versão 11.0 (Stata Corp, College Station, Estados Unidos) e SPSS for Windows versão 18.0 (SPSS Inc., Chicago, Estados Unidos). Resultado: A prevalência de insegurança alimentar na população quilombola foi de aproximadamente 39% (IC95% 34,86-43,02). Os fatores associados à insegurança alimentar domiciliar foram: responsáveis pela família com idade entre 40 e 59 anos (RP= 1.27, IC95% 1,02 – 1,59), domicílios com mais de cinco pessoas residindo (RP= 1.66, IC95% 1,11 – 2,48) e famílias pertencentes aos níveis mais baixos de classe econômica (classes D e E). Em relação à participação nos programas de desenvolvimento social e combate, 62% das famílias já haviam recebido cestas básicas de alimentos. O programa de aquisição de alimentos foi relatado por apenas 1,7% das famílias, sendo que a maioria desconhecia do que se tratava o programa (63,8%). Cerca de 41% das famílias quilombolas eram titulares de direito do Programa Bolsa Família. O valor médio do benefício foi de R$ 118,00 (DP ±R$ 41,00) por domicílio. Houve associação estatisticamente significativa entre famílias participantes do Programa Bolsa Família e idade entre 40 e 59 anos (RP= 0,72, IC95% 0,59-0,87), sexo feminino (RP= 1,46, IC95% 1,12-1,91), níveis menores de renda familiar per capita e pertencentes à classe econômica D (RP= 4,04 IC95% 1,01-16,13). Associação entre Programa Bolsa Família e situação de insegurança alimentar domiciliar manteve-se altamente significativa mesmo após controlando por outras variáveis independentes (RP= 1,39 IC95% 1,37-5,05). Conclusão: A prevalência de insegurança alimentar nas comunidades quilombolas no estado do Rio Grande do Sul é elevada, podendo ser considerada um problema de saúde pública. Apesar dos avanços obtidos nos últimos anos em relação ao acesso e à garantia dos direitos para as comunidades quilombolas, a participação no Programa Bolsa Família e, especialmente, o Programa de Aquisição de Alimentos ainda é relativamente baixa. O programa de transferência de renda condicionada está direcionado às mulheres, famílias de baixa condição socioeconômica e condição de insegurança alimentar domiciliar. / Introduction: Food Security and Nutrition is the concretization of everyone's right to regular and permanent access to quality food in sufficient quantity without compromising the access to other essential needs. It is a broad concept of interdisciplinary nature and should be treated with systemic way and intersectoral management. Quilombolas communities - traditional population with African ancestry and related to resistance to suffered historical oppression - are socially vulnerable and subject to various government programs of social development and the fight against hunger. However, there is little literature on this subject in traditional populations. Objective: This study aims to evaluate the access to social development programs and fight against hunger and food insecurity prevalence of families belonging to Quilombolas communities of the State of Rio Grande do Sul, Brazil. Methodology: This is a population-based cross-sectional study including a representative sample of quilombolas families of Rio Grande do Sul. Sample size was estimated to be 634 families. Sampling with probability proportional to size was used for selection of quilombolas communities and families to be interviewed. After careful selection and training, the interviewers visited homes for applying a standardized questionnaire with 120 questions to the householders. The dependent variables were: (a) food insecurity measured with the Brazilian Scale of Food Insecurity grouped into food security to mild food insecurity and moderate food insecurity to severe food insecurity and (b) family participation in Brazilian Bolsa Família Programme-BFP (Family Allowance Program), distribution of food baskets and food acquisition program. The explanatory variables were: (a) the sociodemographic characteristics of the householder (age, race, gender, education, per capita household income, and economic class according to criteria of ABEP-Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Brazilian Association of Research Companies, known as Criterion Brazil) and (b) general characteristics of the homes (infrastructure and sanitary conditions, number of residents, and food safety condition). The questionnaires were entered twice in Epi Data version 3.1. Univariate and bivariate descriptive analysis was performed to characterize the sample. The bivariate and multivariate analyses of relationships among explanatory and dependent variables were performed using robust designs for Poisson Regression model to obtain the prevalence ratios (PR) and confidence intervals (CI 95%). All statistical analyses were operationalized using the Stata version 11.0 statistical packet (Stata Corp., College Station, USA) and SPSS for Windows version 18.0 (SPSS Inc., Chicago, USA). Results: The prevalence of food insecurity in the quilombola population was approximately 39% (CI 95% 34.86-43.02). The factors associated with household food insecurity were: (a) householders are from 40 to 59 years old (PR=1.27, 95% CI 1.02 to 1.59), (b) households with more than five resident people (PR=1.66, CI 95% 1,11 to 2.48), and (c) families belonging to the lower social economic class (classes D and E). In relation to participation in social development and fight against hunger programs, 62% of families had received basic food baskets. The food acquisition program was reported by only 1.7% of families; most of them were unaware of the mentioned program (63.8%). About 41% of quilombolas families were right holders of the Bolsa Familia Programme. The average benefit value was R$ 118,00 (R$= Reais - hundred eighteen reais – expressed in Brazilian currency) (Standard Deviation-SD±R$ 41,00 – forty-one reais) per household. There was statistically significant association among participating families of the Bolsa Familia Programme and age from 40 to 59 years old (PR=0.72, CI 95% 0.59 to 0.87), female sex (PR=1.46, CI 95%1.12-1.91), lower levels of per capita income, and families belonging to economic class D (PR=4.04 CI 95% 1.01-16- 13). Association between Bolsa Familia Programme and situation of household food insecurity remained highly significant even after controlled by other independent variables (PR=1.39 CI 95% 1.37 to 5.05). Conclusion: The prevalence of food insecurity in the quilombolas communities in the state of Rio Grande do Sul, Brazil, is high and may be considered a public health problem. Despite advances in recent years in relation to access and guarantee of rights for quilombolas communities, the participation in Bolsa Familia Programme and especially the Food Acquisition Program is still relatively low. The program of conditional cash transfers is targeted to women, families with low socioeconomic status, and household food insecurity.
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Segurança alimentar e nutricional e contaminação ambiental em uma comunidade de marisqueiras do município de Santo Amaro, BahiaBarreto, Mércia Ferreira January 2015 (has links)
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Dissertação_Nut_ Mércia Ferreira Barreto.pdf: 4084195 bytes, checksum: 5e991fb114c61e713b5c6696889b7627 (MD5) / FAPESB / As marisqueiras quilombolas, que tem como principal atividade de renda e subsistência a mariscagem e a pesca artesanal, representam no Brasil, um contingente da população que sofre com a violação do Direito a Alimentação Adequada e a garantia de Segurança Alimentar em virtude da contaminação química e biológica em manguezais. Estas promovem redução e desaparecimento do produto extrativista nativo e a consequente insegurança alimentar e nutricional das famílias nestas regiões. Dessa forma, o presente projeto tem como objetivo analisar os significados da Segurança Alimentar e Nutricional diante da contaminação ambiental (química e biológica), atribuídos por marisqueiras quilombolas da comunidade de Caeira, município de Santo Amaro, Bahia. Para tanto, adota-se como referência metodológica a pesquisa qualitativa de abordagem etnográfica, do tipo exploratório descritivo, com observação participante e entrevistas em profundidade, cuja fundamentação teórico-metodológica se dá a partir de postulados da Análise do Discurso, conforme os estudos de Michel Pêcheux e Eni Puccinelli Orlandi, bem como as contribuições de Paul Ricoeur. Conclui-se que ambas as contaminações resultam em Insegurança Alimentar e Nutricional. A contaminação química (por metais pesados) ameaça a tradição e a cultura local, e as marisqueiras se sentem estigmatizadas por viverem em um local contaminado. Quanto à contaminação biológica oriunda dos esgotos sanitários que invadem os manguezais, não são compreendidos como contaminantes por esta população, que considera normal, parte da natureza e da própria condição social em que vivem.
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Construção de conhecimento na extensão universitária em segurança alimentar e nutricionalPasquim, Elaine Martins 18 August 2017 (has links)
Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Programa de Pós Graduação em Nutrição Humana, 2017. / Texto parcialmente liberado pelo autor. Conteúdo restrito: Artigos 1, 2, 4, 5 e 6. / Submitted by Raquel Almeida (raquel.df13@gmail.com) on 2017-12-08T18:47:36Z
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Previous issue date: 2018-01-22 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES); Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). / A extensão de modo ideal promove a interação transformadora entre a universidade e outros setores da sociedade. A construção de conhecimento realizada nessa interação segundo a perspectiva da segurança alimentar e nutricional (SAN) traz à tona as relações entre as práticas de saúde e produção, considerando princípios da SAN, como respeito à diversidade cultural, à sustentabilidade, à participação social. O objetivo foi compreender a construção do conhecimento na extensão universitária à luz do conceito de SAN. Usou-se triangulação de métodos, com abordagem qualitativa e pluriepistemológica. Inicialmente, realizou-se um levantamento das demandas aprovadas sobre extensão nas Conferências de SAN. A seguir, identificou-se todas as propostas financiadas pelos editais Proext 2011, 2013 e 2014, com o termo “segurança alimentar e nutricional”, chegando-se a 116 propostas e 63 relatórios. O campo ocorreu em três universidades do Proext 2014, com entrevistas, grupos focais, elaboração de registro gráfico. As falas foram transcritas, juntamente aos documentos, codificadas e analisadas, segundo Bardin (1977). Os resultados quanto às Conferências Nacionais de SAN indicaram um possível desconhecimento ou desvalorização da extensão universitária e do seu papel pelas organizações e movimentos que atuam na área. Os projetos Proext revelam uma diversidade de públicos e situações-problema, refletidas em uma grande criatividade de soluções. A predominância das áreas de ciências da saúde e ciências agrárias é outra característica dos projetos. Entretanto, o maior foco está na produção de alimentos. Cerca de 90% dos projetos buscam o diálogo entre saber popular e científico, por meio da interdisciplinaridade, do comprometimento social e ambiental, com multiplos atores e políticas públicas, além de promoção de tecnologias sociais. Tais características, reconhecidas também no trabalho de campo, estão relacionadas a uma ciência para o bem da sociedade. Todavia, diferentes paradigmas coexistem na área, inclusive expressando visões lineares de ciência e tecnologia. As universidades se deparam com dificuldades de implementação devido a problemas operacionais e financeiros relacionados ao Proext; a questões sociais (violência, obstruções arquitetônicas), barreiras culturais (realidades, língua e tempos diferentes); precarização do trabalho docente (como problemas de infra-estrutura e transporte); cansaço existencial das comunidades (tensões permanentes sofridas pelos sujeitos para manter sua existência); crise nas instituições (relações entre os sujeitos e as normas e aspectos simbólicos das instituições e dirigentes), perda de valores/ conhecimento tradicional. Tais limitações interferem na execução do Proext, no alcance de objetivos e na participação. Resultados alcançados nem sempre estão diretamente relacionados à SAN, mas contribuem para transformações da realidade e das pessoas envolvidas. Os processos de formação valorizam desde alternativas sustentáveis de produção e consumo; até práticas sociais e participação ativa; porém, por outro lado, há valorização da modernização tecnológica e da formação prescritiva. A continuidade das ações ocorre pela ação permanente dos grupos de pesquisa com comprometimento junto às comunidades. Concluindo, a extensão em SAN favorece o processo de formação humana por meio de relações individuais e coletivas que ocorrem na ação-reflexão. Embora o Proext favoreça a interação entre academia e sociedade, permanece necessária a reflexão continua sobre os valores que guiam as práticas na extensão, além do cumprimento das obrigações do Estado e revisão da execução do Proext. / University outreach ideally promotes the transformative interaction between the university and other sectors of society. The construction of knowledge made in this interaction through the perspective of food and nutrition security (FNS) brings up relations between health and production practices, considering the principles of FNS which involves respect to cultural diversity, sustainability, social participation. The purpose of the study was to understand knowledge construction at university outreach guided by the concept of FNS. We used triangulation methods, with a qualitative and pluriepistemological approach. Initially, we analyzed the demands on university outreach in the FNS Conferences. We identified all the proposals financed by the Proext 2011, 2013 and 2014, with the term "food and nutrition security", which reached 116 projects and 63 reports. The fieldwork took place at three universities of Proext 2014. We made interviews, focus groups, drawing activity. The statements were transcribed, codified and analyzed, as well as the documents presented by the universities, according to Bardin’s perspective. The analyses of the Conferences of FNS indicate that university outreach and its role may be unknown or under-valued by organizations and movements in FNS, in comparison to agrarian extension. The Proext documents analyzed reveal a diversity of public and situations, reflected by a great creativity of solutions. The predominance of health and agrarian sciences is another characteristic that came to light. However, there is a major focus on food production. The analyzed projects show that around 90% of the proposals intended to promote dialogue between scientific and popular knowledge, by an interdisciplinary approach, with social and environmental commitment, involving multiple actors and public policies, including the promotion of social technologies. Those characteristics, recognized also at the fieldwork, are related to an approach of a science for the good of society. Nevertheless, different paradigms coexist in the area, including those that express a linear vision of science and technology. Universities face implementation difficulties due to operational and financial problems related to Proext grant; social issues (violence, architectural obstructions), cultural barriers (realities, language and different times); precariousness of teaching work (such as infrastructure and transportation problems); existential fatigue of the communities (permanent tensions suffered by the subjects to maintain their existence); crisis in institutions (relations between subjects and norms and symbolic aspects of institutions and leaders), loss of traditional knowledge/ values. Such limitations interfere with Proext implementation, the achievement of objectives and participation. Results achieved are not always directly related to FNS, but contribute to changes in reality and in people involved. Regarding the training process, on one hand, some projects value sustainable alternative production and consumption strategies, social practices and active participation; on the other hand, there are those that value technological modernization and prescriptive training. The continuity of the projects occurs by the permanent action of the research groups that are also committed to the communities they work with. In conclusion, university outreach on FNS contributes to the process of human formation through individual and collective actions and reflections. Although Proext favors the interaction between university and society, it is still necessary a continuous reflection about the values that guide the practices, the fulfillment of government obligations and a review of Proext execution.
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A compressão do tempo e a formação de novos hábitos alimentares : reveses e possibilidades / The compression of time and the formation of new eating habits : setbacks and possibilitiesMagalhães, Elcio de Souza 30 June 2016 (has links)
Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Humanas, Departamento de Serviço Social, 2016. / Submitted by Fernanda Percia França (fernandafranca@bce.unb.br) on 2016-12-06T14:33:40Z
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2016_ElciodeSouzaMagalhães.pdf: 1023266 bytes, checksum: b7b5464da5ae95f41cf8b737df0a72cd (MD5) / O aumento da quantidade de brasileiros com excesso de peso está relacionado com as alterações que estão ocorrendo no cotidiano do trabalhador e nos seus hábitos alimentares. Mudanças no mundo do trabalho, na mobilidade e no tempo livre do trabalhador têm estimulado a adoção de novos hábitos alimentares. O objetivo desta dissertação é investigar as relações existentes entre as mudanças que ocorreram nos hábitos alimentares com a compressão do tempo livre do trabalhador, bem como analisar e propor possíveis caminhos para intervir nesta realidade de sorte a minimizar os impactos negativos da corrosão das práticas alimentares na vida dos brasileiros. A metodologia utilizada para esta investigação foi a revisão de referências bibliográficas na literatura e a análise de documentos, de dados secundários e de estudos relacionados com os temas propostos. As transformações ocorridas no mundo do trabalho a partir dos anos 1970 com a reestruturação produtiva, o desemprego e a intensificação das condições laborais têm tencionado pela redução do tempo livre dos trabalhadores. Há um aumento do tempo utilizado para a mobilidade porque são maiores as barreiras e as fricções espaciais encontradas pelo trabalhador. Há, também, uma ampliação na quantidade de atividades cotidianas disponíveis de obrigações, de necessidades de consumo e de serviços no atual estágio do capitalismo, que sobrecarrega o tempo livre dos trabalhadores, acarretando a aceleração de todas as atividades, incluindo nesse rol as práticas alimentares. Destaca-se que há uma pressão especial sobre o intervalo na jornada de trabalho destinado legalmente para a realização do horário de almoço: o trabalhador programa diversas outras atividades para este horário, levando à aceleração do ato de comer e o surgimento de novos hábitos alimentares. Neste quadro, sobressaem-se os serviços que fornecem refeições e/ou alimentos prontos ou semiprontos para serem consumidos nestas condições de aceleração: fast foods, lanchonetes, restaurantes self service, refeições delivery, alimentos ultraprocessados. Para entender os novos hábitos alimentares, foi realizada uma reflexão sobre as transformações históricas do ato de comer tendo em vista quatro perspectivas: a acessibilidade, a condição de onívoros, a cultural e as influências macroeconômicas do modo de produção capitalista. É preciso uma mudança deste quadro para garantir o bem-estar e a segurança alimentar e nutricional da população, a partir de uma ação ativa e coordenada do Estado para mudar o atual contexto de desemprego e precariedade nas condições de trabalho e melhorar as condições de transporte do trabalhador, de tal forma que amplie o seu tempo livre. Também deve ser estabelecida uma nova prioridade para a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, com a revisão e a proposição de novas políticas públicas para que haja ações práticas para possibilitar, conscientizar e estimular o preparo e/ou o consumo de alimentos saudáveis, como resposta ao atual quadro de ampliação do número de pessoas com excesso de peso no País. __________________________________________________________________________________________________ ABSTRACT / The increase in the number of Brazilians with overweight is related to the changes that are occurring in the worker's daily lives and in their eating habits. Changes in the labor market, mobility and worker's free time has stimulated the adoption of new eating habits. The objective of this dissertation is to investigate the relationship between the changes that occurred in eating habits with the comprehension of worker‟s free time, it also analyzes and propose possible ways to intervene in this sort of reality to minimize the negative impacts of distorted feeding practices in the lives of Brazilians. The methodology used for this research was a review of references in the literature and analysis of documents, secondary data and studies related to the proposed themes. The changes occurring in the labor market since the 1970s which includes the productive restructuring, unemployment and the intensification of working conditions is tensioned by reducing the worker‟s free time. There is an increase in the time used for mobility because there are major barriers and spatial frictions found by workers. And also, there is an expansion in the number of daily activities including obligations, consumer needs and services in the current stage of capitalism, which burden the work‟s free time, leading to acceleration of all activities, including the acceleration of practices of food. It is noteworthy that there is a special pressure on their break which is legally destined to carry out lunch: the worker ends up programming several other activities for this time, leading to acceleration of eating and the emergence of new eating habits. In this context, stand out the services that provide meals ready or semi-ready to eat in these accelerated conditions: fast foods, snack bars, self service restaurants, takeaways meals, industrialized food. To understand the new eating habits a research was carried out to reflect on the historical changes of eating on four perspectives: accessibility, on the condition of omnivores, on cultural perspective and on macroeconomic influences of the capitalist mode of production. Changes are needed in this framework to ensure the welfare and food and nutrition security of the population. That should come from an active and coordinated State action to change the current context of unemployment and precarious working conditions. Transport conditions must also be improved so it can broadens workers free time. It should also be established a new priority for the National Food and Nutrition Security Policy to review and propose new public policies so that there is practical action to enable, educate and stimulate the preparation and / or consumption of healthy foods as a response to the current expansion of the number of people with overweight in the country.
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Diferenças de gênero na insegurança alimentar domiciliar : prevalência e fatores associadosJung, Natália Miranda January 2017 (has links)
Introdução: O tema Segurança Alimentar é uma preocupação crescente para a saúde pública em todo o mundo, uma vez que as consequências da insegurança alimentar afetam os diversos setores da sociedade. A renda tem sido fortemente correlacionada com a insegurança alimentar. No entanto, renda e pobreza não são os únicos responsáveis por predizer situações de insegurança alimentar, sugerindo que outros fatores socioeconômicos e de composição da unidade domiciliar também são importantes na determinação desse desfecho. Estudos internacionais têm sugerido que domicílios chefiados por mulheres estão mais propensos à insegurança alimentar (IA) do que aqueles chefiados por homens. Considerando o crescente número de famílias onde a pessoa de referência é do sexo feminino e a desvantagem econômica decorrente do papel social da mulher, as questões de gênero merecem atenção especial nas discussões sobre insegurança alimentar. Objetivos: O objetivo geral foi avaliar as diferenças de gênero na prevalência de insegurança alimentar. Nesse sentido, a presente tese propôs os dois seguintes objetivos específicos: a) identificar, por meio de revisão sistemática e metanálise, as prevalências de insegurança alimentar em nível internacional segundo o gênero do responsável pelo domicílio (artigo 1); e b) estudar a influência de fatores individuais socioeconômicos e demográficos na prevalência domiciliar de insegurança alimentar, segundo gênero do responsável pelo domicílio, nas 27 unidades da federação do Brasil no ano de 2013 (artigo 2). Metodologia: Com o intuito de atender os objetivos acima citadas foram desenvolvidos dois estudos com metodologias diferentes, porém complementares. No artigo 1, realizou-se uma revisão sistemática de estudos de prevalência, seguida de metanálise, no período compreendido entre 28 de Agosto e 19 de Outubro de 2014. Foram pesquisadas sete base de dados. A busca foi atualizada em Abril de 2016. Os estudos incluídos fizeram uso de medidas diretas da experiência de insegurança alimentar. O desfecho foi dicotomizado. O odds ratio agrupado da prevalência domiciliar de insegurança alimentar em mulheres versus homens foi obtido através de modelo randômico. Foram realizadas análises da avaliação da qualidade, viés de publicação e análise de subgrupo. O artigo 2 trata-se de um estudo de base populacional cujos dados foram extraídos do suplemento de Segurança Alimentar da Pesquisa Nacional de Amostras de Domicílios, ano 2013. Foram estudados os domicílios particulares permanentes nos quais a EBIA havia sido 9 respondida por um morador do domicílio (n=110.750). A associação entre as variáveis de exposição e a variável dependente (insegurança alimentar domiciliar) foi verificada pelo teste do Qui-quadrado com nível de significância de 5%. Foram calculadas razões de prevalência brutas e intervalos de confiança de 95% e a análise ajustada foi conduzida por meio de regressão múltipla de Poisson Bruta, utilizando Stata 11.0, que incorpora as ponderações do desenho amostral com delineamento complexo. Resultados: No artigo 1, das 5.145 referências inicialmente identificadas, 42 artigos foram incluídos na metanálise, totalizando uma população de 233.153 indivíduos. Os resultados mostraram que a probabilidade de insegurança alimentar foi 40% maior naqueles estudos em que o entrevistado era a mulher (IC95%: 1.27-1.54; p<0.001). Além disso, a análise de subgrupo revelou que as mulheres responsáveis pelo domicílio estavam 75% mais propensas à insegurança alimentar do que os homens na mesma condição. No artigo 2, constatou-se que a prevalência global de insegurança alimentar, em 2013, foi de 7,9%, sendo maior em domicílios chefiados por mulheres (9,5%) do que naqueles chefiados por homens (7,0%). Constataram-se maiores prevalências de IA entre os domicílios chefiados por mulheres e um efeito menos intenso das variáveis independentes nesse gênero. Na análise ajustada verificou-se que a prevalência de insegurança alimentar permaneceu maior (RP=1.26, IC95% 1.20-1.33) entre domicílios chefiados por mulheres, independentemente do modelo de análise utilizado. Conclusão: Em ambos os artigos, foi possível confirmar a existência de diferenças de gênero na prevalência de insegurança alimentar em nível nacional e mundial. Ou seja, os resultados mostraram maiores prevalências de insegurança alimentar entre os domicílios chefiados por mulheres. / Introduction: Food security is a growing concern for public health around the world, once the consequences of food insecurity affects various sectors of society. Income has been strongly correlated with food insecurity. However, income and poverty are not exclusively responsible for predicting food insecurity, suggesting that other socioeconomic factors and household characteristics are also important in determining this outcome. International studies have suggested that households headed by women are more likely to be food insecurity (FI) than those headed by men. Considering the increasing number of families where the female reference person is a woman and the economic disadvantage due the social role of women, gender issues deserve special attention in the discussions on food insecurity. Objectives: To evaluate gender differences in the prevalence of food insecurity. In this sense, the present thesis proposes the following two specific objectives: a) to identify, through a systematic review and meta-analysis, the prevalence of food insecurity at the international level according to the gender of the head of household (article 1); and (b) to study the influence of individual socioeconomic and demographic factors on the household prevalence of food insecurity, according to the gender of the head of household, in the 27 units of the Brazilian federation in the year 2013 (article 2). Method: Two studies were developed with different but complementary methodologies. In article 1, a systematic review of prevalence studies, followed by meta-analysis, was conducted between August 28 and October 19, 2014. Seven databases were searched. The search was updated in April 2016. The included studies used experience-based measures to assess household food insecurity. Dichotomous measures of food insecurity were used. The pooled odds ratio of household prevalence of food insecurity in women versus men was obtained through a random model Quality assessment, publication bias diagnostics and subgroup analysis were also performed. Article 2 is a population-based study with data extracted from the Food Security Supplement of the National Survey of Household Samples (2013). We studied the households in which the EBIA had been answered by a resident of the household (n = 110.750). The association between the exposure variables and the dependent variable (household food insecurity) was verified by the chi-square test with a significance level of 5%. Unadjusted prevalence ratios and 95% confidence intervals were calculated and the adjusted analysis was conducted using Multiple 11 Poisson Regression, using Stata 11.0, which incorporates the weights of the sample design with a complex design. Results: In article 1, out of the 5.145 articles initially identified, 42 studies with a total population of 233.153 were included. In general, results showed that the odds for household food insecurity was 40% higher in studies where women were respondent (95%CI: 1.27-1.54; p<0.001). In addition, the subgroup analysis revealed that female heads of household were 75% more likely to be food insecure than male heads of households. In article 2, it was verified that the overall prevalence of food insecurity was 7.9% in 2013, higher in households headed by women (9.5%) than in those headed by men (7.0%), Higher prevalence of FI was found among women-headed households and a less intense effect of the independent variables in this gender was observed. In the adjusted analysis it was verified that the prevalence of food insecurity remained higher (RP = 1.26, 95% CI 1.20-1.33) among households headed by women, regardless of the analysis model used. Conclusion: It was possible to confirm the existence of gender differences in the prevalence of food insecurity at national and global levels. In others words, the results showed higher prevalence of food insecurity among households headed by women.
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(In)segurança alimentar e acesso aos programas de desenvolvimento social e combate à fome de comunidades quilombolas do estado do Rio Grande do SulBairros, Fernanda Souza de January 2013 (has links)
Introdução: Segurança Alimentar e Nutricional é a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais. Trata-se de um conceito abrangente, de natureza interdisciplinar, devendo ser tratado de forma sistêmica e com gestão intersetorial. Comunidades quilombolas, população tradicional com ancestralidade negra e relacionada à resistência à opressão histórica sofrida, são socialmente vulneráveis e alvo de diversos programas governamentais de desenvolvimento social e combate à fome. No entanto, há pouca literatura sobre esta temática em populações tradicionais. Objetivo: Avaliar o acesso aos programas de desenvolvimento social e combate à fome e a prevalência de insegurança alimentar das famílias residentes em comunidades quilombolas do Estado do Rio Grande do Sul. Metodologia: Trata-se de estudo transversal de base populacional incluindo uma amostra representativa de famílias quilombolas do Rio Grande do Sul. O tamanho da amostra foi estimado em 634 famílias. Amostragem com probabilidade proporcional ao tamanho foi utilizada para seleção das comunidades quilombolas e famílias entrevistadas. Os entrevistadores, após criteriosa seleção e treinamento, realizaram visitas domiciliares para aplicação de um questionário padronizado com 120 questões aos responsáveis pelos domicílios. As variáveis dependentes foram: (a) insegurança alimentar, medida com a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar e agrupando-se em: segurança alimentar/ insegurança alimentar leve e insegurança alimentar moderada/grave e (b) participação da família em programas de desenvolvimento social e combate à fome: Programa Bolsa Família, Programa de Aquisição de Alimentos e Distribuição de Cestas a Populações Vulneráveis. Utilizou-se como variáveis explanatórias as características sociodemográficas do responsável pelo domicilio (idade, cor, sexo, escolaridade, renda familiar per capita e classe econômica conforme critérios ABEP) e características gerais do domicílio (condições de infraestrutura e sanitária das residências, número de moradores e condição de segurança alimentar). Os questionários foram digitados duplamente no programa Epi Data versão 3.1. As associações entre os desfechos e as análises explanatórias foram realizadas por meio do modelo de Regressão de Poisson Robusta com obtenção das razoes de prevalências (RP) e os respectivos intervalos de confiança (IC 95%). Todas as análises estatísticas foram operacionalizadas utilizando-se o pacote estatístico Stata versão 11.0 (Stata Corp, College Station, Estados Unidos) e SPSS for Windows versão 18.0 (SPSS Inc., Chicago, Estados Unidos). Resultado: A prevalência de insegurança alimentar na população quilombola foi de aproximadamente 39% (IC95% 34,86-43,02). Os fatores associados à insegurança alimentar domiciliar foram: responsáveis pela família com idade entre 40 e 59 anos (RP= 1.27, IC95% 1,02 – 1,59), domicílios com mais de cinco pessoas residindo (RP= 1.66, IC95% 1,11 – 2,48) e famílias pertencentes aos níveis mais baixos de classe econômica (classes D e E). Em relação à participação nos programas de desenvolvimento social e combate, 62% das famílias já haviam recebido cestas básicas de alimentos. O programa de aquisição de alimentos foi relatado por apenas 1,7% das famílias, sendo que a maioria desconhecia do que se tratava o programa (63,8%). Cerca de 41% das famílias quilombolas eram titulares de direito do Programa Bolsa Família. O valor médio do benefício foi de R$ 118,00 (DP ±R$ 41,00) por domicílio. Houve associação estatisticamente significativa entre famílias participantes do Programa Bolsa Família e idade entre 40 e 59 anos (RP= 0,72, IC95% 0,59-0,87), sexo feminino (RP= 1,46, IC95% 1,12-1,91), níveis menores de renda familiar per capita e pertencentes à classe econômica D (RP= 4,04 IC95% 1,01-16,13). Associação entre Programa Bolsa Família e situação de insegurança alimentar domiciliar manteve-se altamente significativa mesmo após controlando por outras variáveis independentes (RP= 1,39 IC95% 1,37-5,05). Conclusão: A prevalência de insegurança alimentar nas comunidades quilombolas no estado do Rio Grande do Sul é elevada, podendo ser considerada um problema de saúde pública. Apesar dos avanços obtidos nos últimos anos em relação ao acesso e à garantia dos direitos para as comunidades quilombolas, a participação no Programa Bolsa Família e, especialmente, o Programa de Aquisição de Alimentos ainda é relativamente baixa. O programa de transferência de renda condicionada está direcionado às mulheres, famílias de baixa condição socioeconômica e condição de insegurança alimentar domiciliar. / Introduction: Food Security and Nutrition is the concretization of everyone's right to regular and permanent access to quality food in sufficient quantity without compromising the access to other essential needs. It is a broad concept of interdisciplinary nature and should be treated with systemic way and intersectoral management. Quilombolas communities - traditional population with African ancestry and related to resistance to suffered historical oppression - are socially vulnerable and subject to various government programs of social development and the fight against hunger. However, there is little literature on this subject in traditional populations. Objective: This study aims to evaluate the access to social development programs and fight against hunger and food insecurity prevalence of families belonging to Quilombolas communities of the State of Rio Grande do Sul, Brazil. Methodology: This is a population-based cross-sectional study including a representative sample of quilombolas families of Rio Grande do Sul. Sample size was estimated to be 634 families. Sampling with probability proportional to size was used for selection of quilombolas communities and families to be interviewed. After careful selection and training, the interviewers visited homes for applying a standardized questionnaire with 120 questions to the householders. The dependent variables were: (a) food insecurity measured with the Brazilian Scale of Food Insecurity grouped into food security to mild food insecurity and moderate food insecurity to severe food insecurity and (b) family participation in Brazilian Bolsa Família Programme-BFP (Family Allowance Program), distribution of food baskets and food acquisition program. The explanatory variables were: (a) the sociodemographic characteristics of the householder (age, race, gender, education, per capita household income, and economic class according to criteria of ABEP-Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Brazilian Association of Research Companies, known as Criterion Brazil) and (b) general characteristics of the homes (infrastructure and sanitary conditions, number of residents, and food safety condition). The questionnaires were entered twice in Epi Data version 3.1. Univariate and bivariate descriptive analysis was performed to characterize the sample. The bivariate and multivariate analyses of relationships among explanatory and dependent variables were performed using robust designs for Poisson Regression model to obtain the prevalence ratios (PR) and confidence intervals (CI 95%). All statistical analyses were operationalized using the Stata version 11.0 statistical packet (Stata Corp., College Station, USA) and SPSS for Windows version 18.0 (SPSS Inc., Chicago, USA). Results: The prevalence of food insecurity in the quilombola population was approximately 39% (CI 95% 34.86-43.02). The factors associated with household food insecurity were: (a) householders are from 40 to 59 years old (PR=1.27, 95% CI 1.02 to 1.59), (b) households with more than five resident people (PR=1.66, CI 95% 1,11 to 2.48), and (c) families belonging to the lower social economic class (classes D and E). In relation to participation in social development and fight against hunger programs, 62% of families had received basic food baskets. The food acquisition program was reported by only 1.7% of families; most of them were unaware of the mentioned program (63.8%). About 41% of quilombolas families were right holders of the Bolsa Familia Programme. The average benefit value was R$ 118,00 (R$= Reais - hundred eighteen reais – expressed in Brazilian currency) (Standard Deviation-SD±R$ 41,00 – forty-one reais) per household. There was statistically significant association among participating families of the Bolsa Familia Programme and age from 40 to 59 years old (PR=0.72, CI 95% 0.59 to 0.87), female sex (PR=1.46, CI 95%1.12-1.91), lower levels of per capita income, and families belonging to economic class D (PR=4.04 CI 95% 1.01-16- 13). Association between Bolsa Familia Programme and situation of household food insecurity remained highly significant even after controlled by other independent variables (PR=1.39 CI 95% 1.37 to 5.05). Conclusion: The prevalence of food insecurity in the quilombolas communities in the state of Rio Grande do Sul, Brazil, is high and may be considered a public health problem. Despite advances in recent years in relation to access and guarantee of rights for quilombolas communities, the participation in Bolsa Familia Programme and especially the Food Acquisition Program is still relatively low. The program of conditional cash transfers is targeted to women, families with low socioeconomic status, and household food insecurity.
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Consumo de alimentos regionais e situação de (in) segurança alimentar e nutricional entre adolescentes brasileirosCoelho, Stefanie Eugênia dos Anjos Campos 28 April 2014 (has links)
Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Nutrição Humana, 2014. / Submitted by Ana Cristina Barbosa da Silva (annabds@hotmail.com) on 2014-11-24T19:25:34Z
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2014_StefanieEugeniadosAnjosCamposCoelho.pdf: 1463865 bytes, checksum: 006c8f7de65f14a20e5193034edf9dfc (MD5) / Made available in DSpace on 2014-11-26T11:35:19Z (GMT). No. of bitstreams: 1
2014_StefanieEugeniadosAnjosCamposCoelho.pdf: 1463865 bytes, checksum: 006c8f7de65f14a20e5193034edf9dfc (MD5) / O conceito de Segurança Alimentar e Nutricional apresentado na LOSAN traz suas várias dimensões que vai desde a realização do direito a alimentação adequada com acesso contínuo, passa pelo conceito de alimentação saudável definido pelo Guia Alimentar para a população Brasileira e abrange também o respeito a diversidade cultural local e a sustentabilidade. Como o conhecimento da identidade cultural da população é relevante para a compreensão do aspecto sociocultural da SAN o estudo objetivou investigar a situação de segurança alimentar domiciliar entre adolescentes brasileiros e a sua associação com o consumo de alimentos regionais (frutas, hortaliças e preparações). Este estudo tem dados provenientes da pesquisa “Mapeamento da cultura alimentar da população adolescente nas capitais brasileiras e Distrito Federal”, de caráter transversal, realizada com 15.084 adolescentes, estudantes de 9º ano das 26 capitais brasileiras e Distrito Federal entre os anos de 2011/12. Foram analisados dados de 14.690 estudantes, casos válidos com todas as respostas para os itens da escala. Para alcance do objetivo do trabalho primeiramente foi feita a tradução, adaptação e validação da Escala Curta de Insegurança Alimentar, instrumento contendo seis itens. Foi verificada a associação entre IA e as variáveis: sexo, tipo de escola e escolaridade materna, pelo teste qui-quadrado, para verificar o comportamento da escala e foi calculado o coeficiente de alfa de Cronbach para verificar a consistência interna entre as respostas aos itens. O modelo de Rasch foi utilizado para avaliar a validade interna do instrumento e análise fatorial para verificar unidimensionalidade. O comportamento da escala, observado pelo modelo de Rasch, foi melhor sem o item cinco, apresentando valores ótimos de INFIT e nível de severidade crescente entre os itens. O α de Cronbach foi 0,77. As análises DIF mostraram comportamento dos itens semelhante entre os subgrupos avaliados. A análise fatorial confirmou a unidimensionalidade do instrumento. A escala curta de insegurança alimentar é válida e confiável para mensurar insegurança alimentar domiciliar entre adolescentes brasileiros. Após a validação da escala, a relação entre o consumo de alimentos regionais e a situação de segurança alimentar e nutricional nos domicílios dos adolescentes foi analisada mediante testes de associação, gerando razões de prevalência do consumo de alimentos e preparações regionais segundo situação de SAN. As associações foram feitas pelo teste Qui-quadrado e foi calculada a razão de prevalência entre domicílios seguros e inseguros; e seguros e inseguros graves. Predominou o sexo feminino (55,7%) e alunos de escolas públicas (78,2%), com média de idade de 14,4 anos. Apenas 3,1% das mães eram analfabetas. A segurança alimentar foi mais prevalente nos domicílios com estudantes do sexo feminino, que estudavam em escolas privadas, com mães com ensino superior e residentes na região Sudeste. O consumo de hortaliças e frutas foi maior entre adolescente com domicílios em IA e IAG do que entre os seguros para todas as regiões geográficas. Grande parte das preparações regionais é mais consumida por adolescentes cujo domicílio foi classificado como seguro. Observou-se a IA associada ao maior consumo de alimentos marcadores de dieta saudável, como frutas e hortaliças regionais. A produção e consumo de alimentos regionais deve ser estimulada e valorizada como forma de promoção da alimentação saudável e de garantia da segurança alimentar e nutricional. ______________________________________________________________________________ ABSTRACT / The concept of Food Security and Nutrition presented at LOSAN brings its various dimensions ranging from the realization of the right to adequate food with continuous access, through the concept of healthy eating defined by the Food Guide for the Brazilian population and also includes respect for cultural diversity and sustainability. The knowledge of the cultural identity of the population is relevant to understanding the sociocultural aspect of the SAN study aimed to investigate the status of household food security among Brazilian adolescents and the association with the consumption of regional foods (fruits, vegetables, preparations). This study has data from the research “Mapeamento da cultura alimentar da população adolescente nas capitais brasileiras e Distrito Federal”, a cross-sectional study, conducted with 15,084 adolescents, students from 9th year of the 26 capitals of the Brazilian states and the Distrito Federal in the years 2011/12. Data from 14,690 students, cases with all responses to the scale items, were analyzed.Firstly the translation, adaptation and validation of the Short Scale Food Insecurity, instrument containing six items, was taken to reach the objective of the study. The association between IA and the variables gender, type of school and maternal education, was made through the chi-square test to check the behavior of the scale and the Cronbach alpha coefficient was calculated to determine the internal consistency among responses to items. Rasch analysis was used to assess the internal validity of the instrument and factor analysis to verify unidimensionality. The psychometric behavior of the scale, assessed with the Rasch model, was better without item demonstrating more optimal INFIT statistics and the expected increased level of severity among the items. Cronbach’s α was 0.767. The DIF analyzes showed a similar behavior of items among subgroups evaluated. Factor analysis confirmed the unidimensionality of the scale. The short scale food security is valid and reliable to measure household food insecurity among Brazilian adolescents. After validation of the scale, the relationship between the consumption of regional foods and adolescents households food security was analyzed by association tests, generating prevalence rates of regional food consumption according to the situation of SAN. Associations were made by chi-square test and the prevalence ratio was calculated between households in SA and IA; and households in SA and IAG. Females predominated (55.7%) and students from public schools (78.2%), with a mean age of 14.4 years. Only 3.1% of mothers were illiterate. Food security was more prevalent in households with female students, who were studying in private schools, with mothers with higher education and living in the Southeast. The consumption of fruits and vegetables was higher among adolescents with IA and IAG than among those with security for all geographical regions. Large part of the regional preparations is more consumed by adolescents with food and nutritional security. Observed the IA associated with greater consumption of food markers healthy diet, as regional fruits and vegetables. The production and consumption of regional foods should be encouraged and valued as a way of promoting healthy eating and guarantee food and nutritional security.
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Reforma agrária e segurança alimentar no Brasil : reflexões no contexto das políticas públicas sociaisGomes, Renata Mainenti 06 December 2012 (has links)
Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Humanas, Departamento de Serviço Social, Programa de Pós-Graduação em Política Social, 2012. / Submitted by Albânia Cézar de Melo (albania@bce.unb.br) on 2013-03-05T12:59:17Z
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2012_RenataMainentiGomes.pdf: 3261737 bytes, checksum: b5e6adb16845b0e94e44e81ca1f91dd3 (MD5) / Approved for entry into archive by Luanna Maia(luanna@bce.unb.br) on 2013-03-05T14:55:41Z (GMT) No. of bitstreams: 1
2012_RenataMainentiGomes.pdf: 3261737 bytes, checksum: b5e6adb16845b0e94e44e81ca1f91dd3 (MD5) / Made available in DSpace on 2013-03-05T14:55:42Z (GMT). No. of bitstreams: 1
2012_RenataMainentiGomes.pdf: 3261737 bytes, checksum: b5e6adb16845b0e94e44e81ca1f91dd3 (MD5) / O objetivo geral desta tese é compreender a relação entre a reforma agrária e a promoção da soberania e da segurança alimentar, utilizando-se para tal da análise da implementação das políticas públicas de segurança alimentar do governo federal, e do debate teórico e político que permeia a questão da reforma agrária e da segurança alimentar presente no cenário nacional. O referencial metodológico adotado comporta o paradigma do materialismo histórico dialético, e a abordagem utilizada é fundamentalmente qualitativa,
subsidiada pela investigação quantitativa. A metodologia abarca a revisão bibliográfica, pesquisa documental, análise dos instrumentos de planejamento do governo federal para implementação de políticas públicas, e utilização de reportagens e entrevistas publicadas
pela imprensa nacional. A pesquisa busca, em meio às contradições da arena conflituosa das políticas públicas, registrar os avanços, limites e desafios no campo das políticas sociais brasileiras, e compreender, nesse contexto, o desenvolvimento do debate e da execução de ações de promoção da segurança alimentar no país, em um ambiente marcado pela centralidade dos programas de transferência de renda. O estudo demonstra que, no campo das políticas públicas brasileiras, o avanço do tema da segurança alimentar – mesmo em
meio a uma maior ebulição política – ainda está muito restrito. E que o combate à fome não tem se dado necessariamente por meio da promoção da segurança alimentar, mas ao contrário, por vezes, a segurança alimentar tem se reduzido às ações de combate à fome. As políticas focadas no combate à fome mostram que as políticas sociais continuam sendo tratadas de forma dissociada do encaminhamento das políticas econômicas, com a
subordinação das primeiras aos interesses destas últimas, demonstrando-se insuficientes para a resolução real dos problemas, limitando-se a ações marginais e evitando o confronto de questões políticas centrais. Este movimento – que restringe a política social para o combate à fome e à pobreza – reforça os esquemas mercadorizantes e retrata uma inflexão
às concepções que tratam a pobreza centrada em aspectos estruturais. Da mesma forma, a
estreita relação entre a questão agrária e a segurança alimentar no Brasil não encontra lugar seguro na formulação e execução das políticas públicas dos governos federais ao longo da história do país. Apresentam-se neste trabalho, então, novas perspectivas sobre os significados da segurança alimentar – ancorada no princípio da soberania alimentar – e seu caráter multidimensional, para além dos limites do emergencial e dos mínimos de
subsistência, e envolvendo na sua realização distintas políticas públicas. Na perspectiva aqui utilizada, a construção da segurança alimentar ancorada no princípio da soberania
alimentar e na condição de princípio orientador de políticas públicas envolve necessariamente, no caso brasileiro, a realização de reformas estruturais no meio rural e no atual modelo de produção agrícola do país. Sustenta-se assim a impossibilidade da dissociação – corrente no debate atual, especialmente na realização de políticas públicas – entre os temas da segurança alimentar e da reforma agrária no Brasil. ______________________________________________________________________________ ABSTRACT / The overall objective of this thesis is to understand the relationship between agrarian reform and the promotion of food security and sovereignty, using for such analysis the federal government‘s implementation of public policies for food security and the national
theoretical and political debate that permeates agrarian reform and food security in the national scenario. The adopted methodological approach involves the paradigm of dialectical historical materialism, with an essentially qualitative approach, subsidized by quantitative research. The methodology includes a review of the literature, document research, analysis of the federal government‘s planning instruments for implementation of public policies, and
use of articles and interviews published by the national press. The research seeks, amid the contradictions inherent to the conflicting public policy arena, to record advances, limitations and challenges in the field of Brazilian social policies; as well as to understand, in this context, the development of the debate and the implementation of actions to promote food security in the country, in an environment marked by the centrality of income transfer programs. The study demonstrates that, in the realm of Brazilian public policies, the advancement of food security issues - even amid a higher political effervescence - is still very
restricted. And that fight against hunger has not necessarily taken place through the promotion of food security; but rather food security has sometimes been reduced to actions to combat hunger. Policies focused on fighting hunger show that social policies are still being treated in isolation from economic policy routing, with the former being subordinated to the interests of the latter, and proving to be insufficient in solving real problems, limited to marginal actions and avoiding confrontation of central political issues. This movement, which restricts social policy solely to the combat of hunger and poverty, reinforces commodifying schemes and portrays a detour from the conceptions that deal with poverty focused on structural aspects. Likewise, the close relationship between agrarian and food security issues
in Brazil, throughout the country's history, has proven not to be safely harbored in the current manner of formulation and implementation of the federal government‘s public policies. This
paper, then, presents new perspectives on the meanings of food security - anchored in the
principle of food sovereignty - and its multidimensional nature, beyond the limits of the emergency needs and the minimum for subsistence, involving different public policies in its realization . From the perspective used here, to build up food security implementation anchored in the principle of food sovereignty and as a guiding principle for public policy it is necessary, in the Brazilian case, to perform structural reforms in rural areas and in the
current model of agricultural production in the country. It argues the impossibility of decoupling - current in today‘s debate, especially in carrying out public policies - the themes of food security and agrarian reform in Brazil. ______________________________________________________________________________ RÉSUMÉ / Cette thèse a l'objectif général de comprendre la relation entre la réforme agraire et la promotion de la sécurité alimentaire et de la souveraineté, à travers l'analyse de la mise en œuvre des politiques publiques en matière de sécurité alimentaire du gouvernement fédéral, et le débat théorique et politique sur la réforme agraire et la sécurité alimentaire présente au
Brésil. L'approche méthodologique adoptée consiste le paradigme du matérialisme historique dialectique, et l'approche est essentiellement qualitative, complétée par la recherche quantitative. La méthodologie comprend une revue de la littérature, recherche documentaire, analyse des instruments de planification du gouvernement fédéral pour mettre en œuvre des
politiques publiques, et l'utilisation des articles et des interviews publiées par la presse nationale. La recherche vise, au milieu des contradictions de la scène politique publique conflictuelle, enregistrer les progrès, les limites et les défis dans le domaine des politiques sociales brésiliennes, et comprendre, dans ce contexte, le développement du débat et de la
mise en œuvre d'actions visant à promouvoir la sécurité alimentaire au Bresil, dans un environnement marqué par la centralité des programmes de transfert de revenu. L'étude
démontre que, dans le domaine des politiques publiques brésiliennes, le progrès de la question de la sécurité alimentaire - même au milieu d'une politique plus en ébullition - est
encore très limité. Et que la lutte contre la faim n'a pas nécessairement donné par la promotion de la sécurité alimentaire, mais, contrairement, parfois, la sécurité alimentaire a été réduite à des actions pour lutter contre la faim. Des politiques axées sur la lutte contre la
faim montrent que les politiques sociales sont encore traités de façon isolée des politiques économiques, avec la subordination de la première à l'intérêt de celle-ci, qui sont
insuffisantes pour résoudre des problèmes réels et sont limitées aux actions marginales, en évitant la confrontation des questions politiques centrales. Ce mouvement - qui restreint la
politique sociale de lutte contre la faim et la pauvreté - renforce les régimes du marché et reflète un changement aux conceptions qui traitent de la pauvreté axées sur les aspects
structurels. Également, la relation étroite entre la sécurité alimentaire et la question agraire au Brésil n'est pas garanti dans la formulation et la mise en œuvre des politiques publiques du gouvernement fédéral sur l'histoire du pays. Nous présentons dans cet texte, puis, de nouvelles perspectives sur le sens de la sécurité alimentaire - ancrée sur le principe de la
souveraineté alimentaire - et sa nature multidimensionnelle, au-delà des limites de l'urgence et du minimum de la subsistance, et dans sa réalisation impliquant différentes politiques
publiques. Du point de vue utilisé ici, la construction de la sécurité alimentaire ancré sur le principe de la souveraineté alimentaire e sur la condition du principe directeur de la politique
publique implique nécessairement, dans le cas du Brésil, la mise en ouvre des réformes structurelles dans les zones rurales et dans le modèle actuel de la production agricole dans le pays. On soutient ainsi l'impossibilité de découplage - courant dans le débat actuel, en particulier dans l'exécution des politiques publiques - entre les thèmes de la sécurité
alimentaire et la réforme agraire au Brésil.
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Segurança alimentar no ritmo das águas : mudanças na produção e consumo de alimentos e seus impactos ecológicos em Parintins, AMSantos, Alem Silvia Marinho dos 06 December 2012 (has links)
Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável, 2012. / Submitted by Alaíde Gonçalves dos Santos (alaide@unb.br) on 2013-03-25T13:05:10Z
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2012_AlemSilviaMarinhodosSantos.pdf: 6938167 bytes, checksum: 554b8e7bd03eb819e46765a563f55b05 (MD5) / Este trabalho faz um estudo de caso da alimentação no município de Parintins. O estudo baseou-se no acompanhamento e nos depoimentos orais de famílias residentes em comunidades de várzea e terra-firme e um survey aplicado na zona urbana e rural. Realizou-se tratamento dos dados por meio de programa estatístico (SPSS) e, posteriormente, calculou-se a Pegada Ecológica do consumo de carne bovina. Conclui-se que a segurança alimentar é dada pela própria cultura cabocla- ribeirinha de produzir e consumir alimentos ecológicos. Quanto maior o equilíbrio com seu meio ambiente, menos dependência das regras do mercado. Porém, é necessário não esquecer que, mesmo assim, precisa-se de políticas públicas que assegurem a diversificação da produção da unidade familiar, necessária para diminuir os impactos, na economia local, de produtos agrícolas mecanizados, que vem empobrecendo essa agricultura familiar. A sustentabilidade nutricional autóctone que garante a segurança alimentar vem do rio, da floresta que fornecem o peixe, a caça, o fruto e a terra para o plantio. A superação dos impactos ambientais proporcionados pela perda de segurança alimentar e, vínculo nutricional com o território, bem como, o conseqüente aumento do consumo de proteínas congeladas importadas, é atualmente o maior desafio para o alcance de uma alimentação ecológica. _______________________________________________________________________________________ ABSTRACT / This paper is a case study of power in the city of Parintins. The study was based on monitoring and oral testimonies of families living in communities of lowland and upland and a survey applied in urban and rural. Held data processing by means of statistical software (SPSS) and subsequently calculated the Ecological Footprint of beef consumption. It is concluded that food security is given by the riverside culture caboclo-ribeirinha produce and consume ecological food. The higher the equilibrium with its environment, of less dependence market rules. However, one should not forget that, even so, one needs public policies that ensure the diversification of the production of the family unit, needed to reduce the impacts on the local economy, mechanized agricultural products, which impoverished the family farm. Sustainability ensures that indigenous nutritional food security is provided by the river, through the woods that provide the fish, game, fruit and earth for planting. Overcoming environmental impact provided by the loss of food security and nutritional link with the territory and the consequent increase in the consumption of imported frozen proteins, is currently the biggest challenge to achieving an ecological food.
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