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Valfrihet, effektivitet och konkurrens : En argumentationsanalys av 90-talskrisens roll i friskolereformenChristoffersson, Therese January 2017 (has links)
This paper focuses on the link between economic context and legislation. In 1992, an extensivemarket led reform on Swedish elementary school made it possible for corporations and othernon-governmental foundations to run schools with funds from taxes. Meanwhile, Swedensuffered from a severe recession. This paper seeks to analyse the role of the economic crisis inthe debate regarding this reform. The object of analysis is editorials in two major newspapers,government bills and excerpts from parliament debate, and the theoretical framework is acombination of Karl Polanyi’s commodification theory and Christopher Hood’s New PublicManagement definition. The results show a diversity in the use of economic arguments,depending on political position and source. Explicit justification of the reform – where therecession make a major argument – have been found foremost in government bills.
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The Commodification of Water in South Africa: A Case Study of Westcliff, DurbanParikh, Reena January 2006 (has links)
Thesis advisor: Charles Derber / The overarching objective of this research project is to answer the question: Why aren't some residents in Westcliff receiving the free basic water that the municipality is mandated to provide to them? In trying to address this question, it was necessary to study: a) the municipality's water policies and their justifications. Using Westcliff for the case studies, the project fulfilled the following objectives: 1) an examination was done on the way Durban Metro Water policies were being implemented 2) the socio-economic realities on the ground were examined and compared to the assumptions made by Durban Metro Water Services 3) an assessment of success or failure of Durban Metro Water policies was made in their attempt to provide a sufficient amount of clean water to residents 4) The response of community to water cut-offs and the subsequent resistance movement in Chatsworth was analyzed 5) Lastly, the subsequent formulation of policy recommendations were made. / Thesis (BA) — Boston College, 2006. / Submitted to: Boston College. College of Arts and Sciences. / Discipline: Sociology. / Discipline: International Studies. / Discipline: College Honors Program.
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A racionalidade da mercantilização da doença / The rationale for the commercialization of diseaseCunha, Marcelo Ferreira Carlos 16 October 2008 (has links)
Resumo Na década de 90 se inicia um debate nos países de língua inglesa sobre uma nova forma de relação entre a indústria e a doença. O novo fenômeno em questão foi batizado de disease mongering (mercantilização da doença), no qual a estratégia básica da indústria é a ampliação dos limites da doença para o aumento de seu mercado consumidor. O debate deste fenômeno se estende com publicações pela década de 2000 discutindo como a indústria faz alianças com o governo, médicos e meios científicos que fortalecem o estabelecimento de concepções de doença que favorecem a venda de seus tratamentos. Propõe-se discutir esse fenômeno articulando-o a outros três conceitos: o uso racional de medicamentos, a medicalização e a racionalidade técnica. O primeiro para definir os critérios do uso racional de medicamentos e verificar se o fenômeno da mercantilização da doença proporciona relação de afastamento ou de a aproximação com esses critérios. O segundo para estabelecer a relação entre a mercantilização da doença e a medicalização da sociedade, a partir dos termos do próprio debate que definem a mercantilização da doença como uma forma de medicalização. O terceiro para se aprofundar naquilo que está na base do fenômeno da mercantilização da doença: a sobreposição de lógicas. Principalmente a sobreposição da lógica mercantil à lógica sanitária. Para isto, o estudo faz uma incursão pelos referenciais teóricos que examinam a racionalidade técnica, sobretudo a tradição crítica de Marcuse e Horkheimer. Na raiz dessas formulações, encontram-se o conceito de reificação, de Lukács, e o conceito de fetichismo da mercadoria, de Marx. Esses referenciais teóricos permitem discutir o sentido e o alcance da sobreposição de lógicas subjacente à mercantilização da doença. Como resultados, a pesquisa mostra que a mercantilização da doença desvirtua progressivamente os parâmetros fixados para o URM e que reforça a medicalização da sociedade. Nesse processo, a racionalidade técnica reconfigura a prática e o saber médicos. A mercantilização da doença permite vislumbrar, ainda, a colonização econômica de outras esferas da sociedade, tais como a educação, a política e a ciência, possibilitando que a esfera econômica colonize o sistema de saúde da sociedade contemporânea. / A debate on a new form of relation between industry and disease is started during the 90s in English speaking countries. The new phenomenon in question was then called disease mongering, whose basic industry strategy was to expand disease boundaries in order to grow its consumer market. In the 2000s, publications widen the debate on such phenomenon and discuss how alliances between drug industry and government, doctors and the scientific community are formed, strengthening conceptions about diseases which promote treatment sale. I aim to discuss such phenomenon through its articulation with three conceptions: drug rational use, medicalization and technical rationality. The first one defines the criteria for drug rational use and verifies if the disease mongering phenomenon promotes an independent or a close relationship with such criteria. The second one establishes the relation between disease mongering and society medicalization from data provided by the debate itself, which defines disease mongering as a way of medicalization. The third one goes deep into what the basis of the disease mongering phenomenon is: logical overlapping, especially that of mercantile logic over sanitary logic. Thus, this study promotes a reflection on the theoretical references that assess technical rationality, especially Marcuse and Horkheimers critical tradition. In the root of such formulations there are Lukács reification concept, and Marxs concept of goods fetishism. Such theoretical references allow discussing the sense and the reach of logical overlapping underlying disease mongering. The results of this research show that disease mongering tends to progressively misrepresent the established parameters for URM and reinforce society medicalization. In this process, technical rationality reshapes medical practice and knowledge. Disease mongering also allows analyzing the economical colonization of other society spheres, such as education, politics and science, making it possible for the economical sphere to colonize the health system in the contemporary society.
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Compartilhamento do conhecimento: desafios para a educação / Sharing Knowledge: challenges for educationAlencar, Anderson Fernandes de 02 August 2012 (has links)
Esta tese é resultado do trabalho de pesquisa no intuito de refletir acerca dos desafios postos à educação pelos processos de mercantilização e democratização do conhecimento. A tese discute de que maneira o conhecimento, como bem imaterial, nasce livre, e vai se tornando uma mercadoria por meio do movimento de mercantilização, que tem atuado, com maior evidência, nas artes (música e cinema), no entretenimento (games), na tecnologia (softwares) e na ciência (literatura científica), por meio dos direitos autorais e das patentes, ilustrados por exemplos. Na contraposição à mercantilização, é apresentado um movimento pela democratização do acesso ao conhecimento, pautado na perspectiva do conhecimento como bem comum da humanidade, e destacado por meio de iniciativas, organizações e projetos. Também são apresentadas reflexões sobre o nascimento das universidades e a sua organização na Idade Média, a mercantilização da universidade e do conhecimento nela produzido, concluindo com as outras iniciativas emblemáticas, agora específicas do âmbito da educação. Como metodologia, em sendo uma tese bibliográfica, de revisão de literatura, foram realizados quatro anos de acompanhamento de três listas de discussão de e-mails, pesquisas na Internet e fichamentos de artigos e livros da área. O trabalho conclui que, com base na documentação levantada, há evidências para afirmar que uma disputa ideológica encontra-se em curso, e que a educação e a ciência estão sob risco de privatização, não em sua oferta, mas no processo de produção de novos conhecimentos a serem socializados com as novas gerações, que avança por meio da pesquisa científica. Propõe-se, por fim, uma Pedagogia do Compartilhamento que, pautada em uma educação emancipatória, não bancária, liberte o conhecimento oprimido, combata a privatização e a mercantilização dos bens públicos e eduque para a liberdade do conhecimento. / This thesis is the result of a research project that aimed to reflect on the challenges posed to education by the processes of commodification and democratization of knowledge. It discusses how the knowledge, as an immaterial good, was born free, and becomes a commodity by the movement of commodification, which has been acting, more intensely, in the arts (music and film), entertainment (games), technology (software) and science (scientific literature) fields, as we can observe, for example, in copyright and patents issues. In contrast to commercialization, there is another ongoing movement to democratize access to knowledge, based on the perspective of knowledge as a common good of mankind, supported by key concepts such as social production, piracy, and highlighted through initiatives, organizations and projects. Reflections on the birth of universities and their organization in the Middle Ages, are also featured in this thesis, as well as the commodification of higher education and the knowledge it produces, closing with other flagship initiatives, now a specific educational field. Once it is a bibliographic thesis, the methodology applied includes literature reviews, four years of following-up three mailing lists of emails, internet researches, articles and books on the subject. Supported by the documents analysis, this paper concludes that there is a strong evidence to affirm that one ideological dispute is ongoing, that education and science are at risk of privatization, not regarding the way it is supplied, but regarding the knowledge that should be socialized among the new generations, which is a place that should belong to scientific research. Finally, this thesis proposes a Pedagogy of Sharing that, guided by an emancipatory education, non-banking shaped, is capable of releasing the \"oppressed knowledge\", fight the public privatization and commodification and educate towards freedom of knowledge.
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História imediata da Vila Madalena: uma análise das influências em 2012 da história cultural do bairro na década de 1980 / Immediate History of Vila Madalena: an analysis of the influences in 2012 of the neighborhood on the cultural history in the decade of 1980Verri, Solange Whitaker 09 April 2014 (has links)
Este trabalho é o fruto da nossa pesquisa acadêmica para o doutoramento em História Social. Trata-se do estudo que abrange um período da década de 1980, e repercussão desse período na contemporaneidade de um dos bairros mais badalados da zona oeste da cidade de São Paulo, a Vila Madalena. Para tanto, focalizou-se o estudo nos efeitos da presença do grupo de jovens nos bares da Vila Madalena conhecidos por ser da vanguarda. Como desdobramento tratou-se de averiguar os efeitos das influências desse grupo no bairro da década de 1980 e as repercussões na contemporaneidade. O fio condutor escolhido como paradigma para pensar e analisar as problemáticas do bairro se baseou nas categorias de análise espetáculo e espetacularização da teoria crítica da sociedade do espetáculo, de autoria do cineasta Guy Debord. Por meio desses conceitos foi possível explicar as consequências da construção de significados da Vila Madalena, inserida na cultura de consumo da atual fase do capitalismo. Isso porque, à luz da crítica da sociedade do espetáculo, foi possível fazer leituras interpretativas com um olhar no presente e no passado. Nesse contexto, fez-se uma síntese do movimento de vanguarda da Internacional Situacionista da França, procurando-se captar os possíveis reflexos das práticas culturais por meio do uso das artes pelo grupo de esquerda de Maio de 1968, no grupo de jovens do bairro em 1980, conhecidos por serem também de vanguarda. Por meio do estudo das possíveis semelhanças entre um grupo e outro, foi possível uma aproximação com as problemáticas da Vila Madalena no presente, por meio de abordagens descritivas e teóricas, as quais permitiram leituras das interfaces da História com outros campos da Comunicação. Descreveu-se e interpretou-se a cultura de consumo moderno do entretenimento e as especificidades dos modos de socialização e de apropriação do espaço público urbano. Coletaram-se experiências de antigos moradores, de sujeitos sociais, e as interpenetrações simbólicas que do bairro se fazem. Partiu-se da hipótese de que a presença de um grupo nos bares da Vila Madalena em 1980 produziu significativas influências nas designações do bairro na contemporaneidade. A saber, como um bairro de artistas de vanguarda, de intelectuais da boemia ou de esquerda. Para reconstituição das origens das designações levantaram-se fontes de se eles eram a síntese da história de um período que ate hoje se ressignifica para dar sentido à mercantilização da história e do bairro pelos suportes midiáticos. Ou se os termos significam apenas uma das faces da história as quais correspondem às representações de um período cultural da Vila Madalena. E ainda, se as manifestações culturais de arte e de artesanato de um grupo dessa época modo refletiam as práticas culturais do movimento de estudantes vanguarda da Internacional Situacionista de 1968 na França. Como consequência a presença do grupo do passado se transformou no presente em uma espécie de marca de grife do bairro como uma mercadoria. Como eco da primeira surgiu outra hipótese. A saber, se a construção de sentidos do bairro pela publicidade tem repercussão na dinâmica acelerada da cultura da sociedade do espetáculo, provocando alterações comportamentais. Interpretou-se e analisou-se historicamente a apreensão de um período do bairro como um local-signo de consumo do espetáculo como uma mercadoria / This work is the fruit of our academic research for its doctorate in Social History. This is the study covers a period from the late 1980 of the Cultural History of one of the most \"famous\" west area in the city of São Paulo, Vila Madalena. To this, the study focused on the effects of the presence of the youth group in Vila Madalena bars known to be vanguard. As offshoot was investigating the effects of that group influences in the late 1980 in the contemporanity. The thread chosen as paradigm for thinking and analyzing the problems of Vila Madalena was based on categories of analysis \"spectacle\" and spectacularization of the critical theory of the \"society of the spectacle\", authored by filmmaker Guy Debord. Through these concepts could explain the consequences of the construction of meanings of Vila Madalena, inserted into the \"consumer culture\" of the current phase of capitalism. This is because, in the light of criticism of the \"society of the spectacle\", it was possible to do interpretive readings with a look at the present and in the past. In this context, a synthesis of avant-garde movement of the French International Situationist, seeking to capture the possible reflections of the avant-garde group of France of 1968 in the youth group from the neighborhood in 1980, known for being cutting-edge. Through the study of the similarities between one group and another, it was possible an approach with the problems of Vila Madalena in the present, by means of descriptive and theoretical approaches, which allowed readings of history interfaces with other fields of knowledge of communication. Described himself and played the \"modern consumer culture\" of entertainment and the specificities of the modes of socialization and appropriation of the urban public space. Collected experiences of former residents, social subjects, and the symbolic interrelationships that are neighborhood. Broke the hypothesis that the pubs grup in Vila Madalena in 1980 mirrored the International Situationist cultural movement from the 1968 in France. As scrolling, the presence of the youth group in pubs in the neighborhood of the past became, in the present, in a kind of designer brand, as a commodity. As echo of the first hypothesis emerged that the construction of meaning by the advertising media has influenced the dynamics of accelerated consumer culture of the spectacle, causing behavioural. Played and analyzed historically the apprehension of a period in the neighborhood located in the contemporanity as a location-sign of consumption of the spectacle as a commodity
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Selling \"cultures\": the traffic of cultural representations from the Yawanawa / \"Culturas\" à venda: o tráfico de representações culturais dos YawanawaNahoum, André Vereta 25 October 2013 (has links)
What are the tensions, alliances, negotiations, and translations underlying the traffic of cultural representations in markets? This research analyzes two economic projects maintained by the Yawanawa, an indigenous population from the southwestern Amazon: one project produces annatto seeds for an American cosmetic firm, and the other involves the public performance of cultural and, notably, spiritual practices. The indigenization of market practices and specific Euro-American categories - such as monetary exchange, environmental protection, and cultural difference - allow cultural elements to be translated into representations of enduring cultures, harmonious lifestyles and good environmental practices. The economic valuation of cultural representations is being used as a new tool in local conflicts that occur internally among leaders and groups in their quest for prestige, loyalty, and material resources, and externally with the region\'s non-native population and with national initiatives to develop profitable activities in the Amazon. Part of our global market society, the Yawanawa can also employ the demand and valuation of representations associated with their culture to individual projects on the construction of reputation and leadership, and more broadly, to the reassertion of their collective identity as a specific indigenous population with special rights. This research explores market exchange as an arena of complex sociability and conflict. It analyzes how values are created and exchanged within the market in a true cultural economy, and how individual and collective identity projects are constructed, challenged, and sometimes reproduced by the traffic of material and immaterial objects. / Quais são as tensões, alianças, negociações e traduções que subjazem ao tráfico de representações culturais no mercado? Esta pesquisa analisa dois projetos de inserção no mercado dos Yawanawá, população indígena do sudoeste amazônico: um projeto para produção de sementes de urucum para uma empresa estadunidense de cosméticos, e outro que envolve a exibição pública de práticas culturais, notadamente espirituais. A indigenização de práticas de mercado e categorias específicas da cultura Euro-Americana tais como o intercâmbio monetário, a proteção ambiental e a diferença cultural permitem a tradução de elementos culturais em estilos de vida harmoniosos e boas práticas ambientais. A valorização econômica de representações culturais é utilizada internamente como um novo instrumento em conflitos locais entre líderes e grupos em sua busca por prestígio, lealdade e recursos materiais e, externamente, junto à população regional e nacional não-nativa como contraponto a outras iniciativas para o desenvolvimento de atividades lucrativas na Amazônia. Parte de nossa sociedade global de mercado, os Yawanawa também podem empregar a demanda e valorização de representações associadas à sua cultura em projetos individuais de construção de reputação e liderança, e mais amplamente, para a reafirmação de sua identidade coletiva, como uma população indígena com direitos especiais. Esta pesquisa explora a troca mercantil como uma arena de sociabilidade complexa e conflituosa. Ela analisa como valores são criados e intercambiados no mercado em uma verdadeira economia cultural, e como projetos de identidade individual e coletiva são construídos, questionados e, às vezes, reproduzidos por meio do tráfico de objetos materiais e imateriais.
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A mercantilização em contramovimento : relações de reciprocidade e coesão social na agricultura sustentada pela comunidade em Minas GeraisEckert, Daniele January 2016 (has links)
O modelo convencional de organização da cadeia de produção e distribuição de alimentos é baseado na dependência cada vez maior do capital financeiro e industrial, no uso de agroquímicos, adubos, fertilizantes industriais e de outras técnicas provenientes da Revolução Verde, na livre circulação de mercadorias nos países e na inserção de intermediários na cadeia de distribuição. Esse modelo representa um movimento de mercantilização da agricultura e prejudica a autonomia dos indivíduos sobre a sua reprodução material e social, fazendo com que a sociedade enfrente um incremento de pobreza, insegurança alimentar, êxodo rural, danos à saúde e ao meio ambiente, assim como uma perda do senso de comunidade e de solidariedade. Além da compreensão do conceito e das formas de expressão do movimento de mercantilização, a lente teórica, que tem origem em Karl Polanyi, possibilita capturar o conceito da pluralidade e da coexistência dos princípios de regulação econômica e também do contramovimento como uma forma de resistência e de resgate da autonomia relativa dos indivíduos. É nesse contexto que a Agricultura Sustentada pela Comunidade (CSA) surge como uma possibilidade de contramovimento ao mercado convencional de alimentos ao adicionar uma qualidade ao ato de alimentar-se pela produção agroecológica e ao reconectar produção e consumo mediante o encurtamento da cadeia de distribuição. O problema que norteou a pesquisa desta dissertação foi compreender quais seriam as formas de contramovimento que se configuram na Agricultura Sustentada pela Comunidade diante da generalização do processo de mercantilização. Por isso, o objetivo geral consistiu em compreender e analisar, em uma experiência real de CSA situada na região sudeste do Brasil, os padrões de troca não mercantil em operação e os fatores que favorecem a autonomia relativa e elevam a coesão social de produtores e consumidores que participam da experiência observada. O método empregado foi a observação participante, utilizando as técnicas da etnografia. Em termos gerais, os resultados encontrados na pesquisa sinalizam que os indivíduos não são passivos diante dos efeitos da mercantilização e articulam-se em movimentos que buscam proteção e ganho de autonomia. Os resultados confirmam a hipótese inicial de que nas atividades de CSA coexistem, com a troca de mercado, outros princípios de regulação da economia, especificamente a reciprocidade, que aparece em diversos momentos, desde as motivações para o engajamento dos indivíduos até a forma em que a própria troca é realizada. Isso porque ao privilegiar nas suas trocas o ato em vez do objeto e do interesse privado, há menção a uma relação mais humana que permite o estabelecimento de amizade, solidariedade, tolerância, fidelidade e comprometimento mútuos, mas, principalmente, possibilita a ampliação da autonomia relativa dos indivíduos e o estabelecimento de um senso de comunidade, que se faz em torno do alimento. Na pesquisa, foram identificados três fatores específicos desta eficácia: a forma de produzir o alimento, oposto ao da agricultura tradicional, o encurtamento da cadeia e as atividades em conjunto mobilizadas pelo grupo de agricultores e consumidores. Desta forma, a Agricultura Sustentada pela Comunidade constitui um contramovimento à mercantilização na agricultura e aparece como uma alternativa eficaz na construção da autonomia daqueles que estão entrelaçados nessa rede de alimentos e na ampliação da coesão social. Os resultados e conclusões apresentados ao longo da dissertação ganham relevância na medida em que contribuem com novas informações e possibilidades de atuação na reversão do êxodo rural, na diminuição da pobreza, na redução de gastos públicos em saúde com uma alimentação mais saudável, assim como na promoção de iniciativas de preservação do meio ambiente. / The conventional model of organization of the production and distribution of food chain is based on the increasing dependence on the financial and industrial capital, the use of agrochemicals, fertilizers, industrial fertilizers and other techniques from the Green Revolution, the free circulation of goods in countries and the inclusion of intermediaries in the distribution chain. This model represents a movement of commodification of agriculture and undermines the autonomy of individuals concerning their material and social reproduction, leading society to a status of poverty, food insecurity, rural exodus, damage to health and environment, as well as to a loss of sense of community and solidarity. In addition to understanding the concept and the ways of expression of the commodification movement, the theoretical approach, based on Karl Polanyi, enables to capture the concept of plurality and coexistence of the principles of economic regulation and also the countermovement as a form of resistance and rescue of the individuals’ autonomy. In this context, the Community-Supported Agriculture (CSA) emerges as a possibility of countermovement to the conventional food market to add quality to the act of feeding by the agroecological production and to reconnect production and consumption by shortening the supply chain. The problem that guided the research of this dissertation was to understand what are the forms of countermovement that are present in the Community-Supported Agriculture before the generalization of the commodification process. Therefore, the overall objective was to understand and analyze, in a real experience of CSA located in southeast region of Brazil, the patterns of non-market exchange and the elements that favor the relative autonomy and increase social cohesion among producers and consumers participating in the observed experience. The method used was participant observation, using the techniques of ethnography. In general, the results found in the study show that individuals are not passive before the effects of commodification and they articulate in movements that seek protection and autonomy. The results confirm the initial hypothesis that, in the CSA, activities coexist with the exchange market, such as other principles of regulation of economy, especially reciprocity, which appears at various times, in motivation for engagement and in the way the exchange itself is performed. This happens because, when they prioritize their exchanges act instead of the object and the private interest, they develop a more human relationship that allows the establishment of friendship, solidarity, tolerance, mutual fidelity and commitment and also enable the expansion of autonomy of individuals and establish a sense of community, which is around the food. In this study, we have identified three specific elements that contribute to the effectiveness of the process: the way of producing food, as opposed to traditional agriculture, the shortening of chain and the activities in group promoted by the group of farmers and consumers. Thus, the Community-Supported Agriculture is a countermovement to the commodification in agriculture and an effective alternative in the construction of autonomy of those who are part of this net of food and in the expansion of social cohesion. The results and conclusions presented throughout the dissertation are relevant since they contribute with new information and possibilities of actions to slowdown rural exodus, alleviate poverty, reduce public spending on health with a healthier diet, as well as to promote the development of initiatives to preserve the environment.
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Compartilhamento do conhecimento: desafios para a educação / Sharing Knowledge: challenges for educationAnderson Fernandes de Alencar 02 August 2012 (has links)
Esta tese é resultado do trabalho de pesquisa no intuito de refletir acerca dos desafios postos à educação pelos processos de mercantilização e democratização do conhecimento. A tese discute de que maneira o conhecimento, como bem imaterial, nasce livre, e vai se tornando uma mercadoria por meio do movimento de mercantilização, que tem atuado, com maior evidência, nas artes (música e cinema), no entretenimento (games), na tecnologia (softwares) e na ciência (literatura científica), por meio dos direitos autorais e das patentes, ilustrados por exemplos. Na contraposição à mercantilização, é apresentado um movimento pela democratização do acesso ao conhecimento, pautado na perspectiva do conhecimento como bem comum da humanidade, e destacado por meio de iniciativas, organizações e projetos. Também são apresentadas reflexões sobre o nascimento das universidades e a sua organização na Idade Média, a mercantilização da universidade e do conhecimento nela produzido, concluindo com as outras iniciativas emblemáticas, agora específicas do âmbito da educação. Como metodologia, em sendo uma tese bibliográfica, de revisão de literatura, foram realizados quatro anos de acompanhamento de três listas de discussão de e-mails, pesquisas na Internet e fichamentos de artigos e livros da área. O trabalho conclui que, com base na documentação levantada, há evidências para afirmar que uma disputa ideológica encontra-se em curso, e que a educação e a ciência estão sob risco de privatização, não em sua oferta, mas no processo de produção de novos conhecimentos a serem socializados com as novas gerações, que avança por meio da pesquisa científica. Propõe-se, por fim, uma Pedagogia do Compartilhamento que, pautada em uma educação emancipatória, não bancária, liberte o conhecimento oprimido, combata a privatização e a mercantilização dos bens públicos e eduque para a liberdade do conhecimento. / This thesis is the result of a research project that aimed to reflect on the challenges posed to education by the processes of commodification and democratization of knowledge. It discusses how the knowledge, as an immaterial good, was born free, and becomes a commodity by the movement of commodification, which has been acting, more intensely, in the arts (music and film), entertainment (games), technology (software) and science (scientific literature) fields, as we can observe, for example, in copyright and patents issues. In contrast to commercialization, there is another ongoing movement to democratize access to knowledge, based on the perspective of knowledge as a common good of mankind, supported by key concepts such as social production, piracy, and highlighted through initiatives, organizations and projects. Reflections on the birth of universities and their organization in the Middle Ages, are also featured in this thesis, as well as the commodification of higher education and the knowledge it produces, closing with other flagship initiatives, now a specific educational field. Once it is a bibliographic thesis, the methodology applied includes literature reviews, four years of following-up three mailing lists of emails, internet researches, articles and books on the subject. Supported by the documents analysis, this paper concludes that there is a strong evidence to affirm that one ideological dispute is ongoing, that education and science are at risk of privatization, not regarding the way it is supplied, but regarding the knowledge that should be socialized among the new generations, which is a place that should belong to scientific research. Finally, this thesis proposes a Pedagogy of Sharing that, guided by an emancipatory education, non-banking shaped, is capable of releasing the \"oppressed knowledge\", fight the public privatization and commodification and educate towards freedom of knowledge.
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A racionalidade da mercantilização da doença / The rationale for the commercialization of diseaseMarcelo Ferreira Carlos Cunha 16 October 2008 (has links)
Resumo Na década de 90 se inicia um debate nos países de língua inglesa sobre uma nova forma de relação entre a indústria e a doença. O novo fenômeno em questão foi batizado de disease mongering (mercantilização da doença), no qual a estratégia básica da indústria é a ampliação dos limites da doença para o aumento de seu mercado consumidor. O debate deste fenômeno se estende com publicações pela década de 2000 discutindo como a indústria faz alianças com o governo, médicos e meios científicos que fortalecem o estabelecimento de concepções de doença que favorecem a venda de seus tratamentos. Propõe-se discutir esse fenômeno articulando-o a outros três conceitos: o uso racional de medicamentos, a medicalização e a racionalidade técnica. O primeiro para definir os critérios do uso racional de medicamentos e verificar se o fenômeno da mercantilização da doença proporciona relação de afastamento ou de a aproximação com esses critérios. O segundo para estabelecer a relação entre a mercantilização da doença e a medicalização da sociedade, a partir dos termos do próprio debate que definem a mercantilização da doença como uma forma de medicalização. O terceiro para se aprofundar naquilo que está na base do fenômeno da mercantilização da doença: a sobreposição de lógicas. Principalmente a sobreposição da lógica mercantil à lógica sanitária. Para isto, o estudo faz uma incursão pelos referenciais teóricos que examinam a racionalidade técnica, sobretudo a tradição crítica de Marcuse e Horkheimer. Na raiz dessas formulações, encontram-se o conceito de reificação, de Lukács, e o conceito de fetichismo da mercadoria, de Marx. Esses referenciais teóricos permitem discutir o sentido e o alcance da sobreposição de lógicas subjacente à mercantilização da doença. Como resultados, a pesquisa mostra que a mercantilização da doença desvirtua progressivamente os parâmetros fixados para o URM e que reforça a medicalização da sociedade. Nesse processo, a racionalidade técnica reconfigura a prática e o saber médicos. A mercantilização da doença permite vislumbrar, ainda, a colonização econômica de outras esferas da sociedade, tais como a educação, a política e a ciência, possibilitando que a esfera econômica colonize o sistema de saúde da sociedade contemporânea. / A debate on a new form of relation between industry and disease is started during the 90s in English speaking countries. The new phenomenon in question was then called disease mongering, whose basic industry strategy was to expand disease boundaries in order to grow its consumer market. In the 2000s, publications widen the debate on such phenomenon and discuss how alliances between drug industry and government, doctors and the scientific community are formed, strengthening conceptions about diseases which promote treatment sale. I aim to discuss such phenomenon through its articulation with three conceptions: drug rational use, medicalization and technical rationality. The first one defines the criteria for drug rational use and verifies if the disease mongering phenomenon promotes an independent or a close relationship with such criteria. The second one establishes the relation between disease mongering and society medicalization from data provided by the debate itself, which defines disease mongering as a way of medicalization. The third one goes deep into what the basis of the disease mongering phenomenon is: logical overlapping, especially that of mercantile logic over sanitary logic. Thus, this study promotes a reflection on the theoretical references that assess technical rationality, especially Marcuse and Horkheimers critical tradition. In the root of such formulations there are Lukács reification concept, and Marxs concept of goods fetishism. Such theoretical references allow discussing the sense and the reach of logical overlapping underlying disease mongering. The results of this research show that disease mongering tends to progressively misrepresent the established parameters for URM and reinforce society medicalization. In this process, technical rationality reshapes medical practice and knowledge. Disease mongering also allows analyzing the economical colonization of other society spheres, such as education, politics and science, making it possible for the economical sphere to colonize the health system in the contemporary society.
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Selling \"cultures\": the traffic of cultural representations from the Yawanawa / \"Culturas\" à venda: o tráfico de representações culturais dos YawanawaAndré Vereta Nahoum 25 October 2013 (has links)
What are the tensions, alliances, negotiations, and translations underlying the traffic of cultural representations in markets? This research analyzes two economic projects maintained by the Yawanawa, an indigenous population from the southwestern Amazon: one project produces annatto seeds for an American cosmetic firm, and the other involves the public performance of cultural and, notably, spiritual practices. The indigenization of market practices and specific Euro-American categories - such as monetary exchange, environmental protection, and cultural difference - allow cultural elements to be translated into representations of enduring cultures, harmonious lifestyles and good environmental practices. The economic valuation of cultural representations is being used as a new tool in local conflicts that occur internally among leaders and groups in their quest for prestige, loyalty, and material resources, and externally with the region\'s non-native population and with national initiatives to develop profitable activities in the Amazon. Part of our global market society, the Yawanawa can also employ the demand and valuation of representations associated with their culture to individual projects on the construction of reputation and leadership, and more broadly, to the reassertion of their collective identity as a specific indigenous population with special rights. This research explores market exchange as an arena of complex sociability and conflict. It analyzes how values are created and exchanged within the market in a true cultural economy, and how individual and collective identity projects are constructed, challenged, and sometimes reproduced by the traffic of material and immaterial objects. / Quais são as tensões, alianças, negociações e traduções que subjazem ao tráfico de representações culturais no mercado? Esta pesquisa analisa dois projetos de inserção no mercado dos Yawanawá, população indígena do sudoeste amazônico: um projeto para produção de sementes de urucum para uma empresa estadunidense de cosméticos, e outro que envolve a exibição pública de práticas culturais, notadamente espirituais. A indigenização de práticas de mercado e categorias específicas da cultura Euro-Americana tais como o intercâmbio monetário, a proteção ambiental e a diferença cultural permitem a tradução de elementos culturais em estilos de vida harmoniosos e boas práticas ambientais. A valorização econômica de representações culturais é utilizada internamente como um novo instrumento em conflitos locais entre líderes e grupos em sua busca por prestígio, lealdade e recursos materiais e, externamente, junto à população regional e nacional não-nativa como contraponto a outras iniciativas para o desenvolvimento de atividades lucrativas na Amazônia. Parte de nossa sociedade global de mercado, os Yawanawa também podem empregar a demanda e valorização de representações associadas à sua cultura em projetos individuais de construção de reputação e liderança, e mais amplamente, para a reafirmação de sua identidade coletiva, como uma população indígena com direitos especiais. Esta pesquisa explora a troca mercantil como uma arena de sociabilidade complexa e conflituosa. Ela analisa como valores são criados e intercambiados no mercado em uma verdadeira economia cultural, e como projetos de identidade individual e coletiva são construídos, questionados e, às vezes, reproduzidos por meio do tráfico de objetos materiais e imateriais.
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