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A universalidade da hermenêutica filosófica: a contribuição de Hans-Georg Gadamer para a questão / The universality of philosophical hermeneutics: the contribuition of Hans-Georg Gadamer to questionRobson de Oliveira Silva 04 March 2004 (has links)
Esta dissertação tem o objetivo de averiguar, primeiramente, se é possível defender uma universalidade da hermenêutica filosófica. Num segundo momento, tentar-se-á explicitar o que isto significaria para o conhecimento. É verdade que a pergunta hermenêutica sobre o significado dos discursos mediados sempre foi objeto de pesquisa. Entre os estóicos ou entre os Padres da Igreja, especialmente Agostinho; entre reformadores ou iluministas, a questão hermenêutica acompanhou de perto o desenvolvimento do pensamento filosófico. Compreender o Lógos Eterno que está em todo homem (estóicos); aprofundar o entendimento do Verbo Eterno que entra no tempo (Agostinho); entender o sentido escondido nas passagens difíceis da Bíblia (Flacius) ou desvelar o sentido ontológico a partir da frágil existência histórica (Heidegger), eis a tarefa da hermenêutica até hoje. Porém, a Gadamer deve ser atribuído grande parte do mérito de elevar a hermenêutica filosófica ao nível universal. De fato, enquanto Dilthey utilizava a hermenêutica no âmbito das Ciências do Espírito, Gadamer enxergou que a hermenêutica filosófica estendia suas influências até às Ciências da Natureza. Por este motivo, ele representa e defende melhor que todos a universalidade da hermenêutica filosófica. No entanto, caso se comprove a universalidade da hermenêutica, uma questão resistirá: se tudo é inevitavelmente mediato e necessita de uma interpretação, como se sustentará o conhecimento? Mais: se a hermenêutica é universal, como defendê-la, como ensiná-la, já que defesa e ensino supõe permanência? A universalidade da hermenêutica filosófica ainda não tratou até o fim o problema do conhecimento. / This dissertation has the objective of discovering, firstly, if it is possible to defend an universality of the philosophical hermeneutic. In a second moment, will be tried to show that this would mean for the knowledge. It is true that the question hermeneutic on the meaning of the speeches mediated it was always research object. Among the stoic ones or enter the Fathers of the Church, especially Augustine; between reformers or iluminists, the subject hermeneutic accompanied the development of the philosophical thought closely. To understand Eternal Logos that is in every man (stoic); to deepen the understanding of the Eternal Verb that enters in the time (Augustine); to understand the hidden sense in the passages difficult of the Bible (Flacius) or to watch the sense ontological starting from the fragile historical existence (Heidegger), here is the task of the hermeneutic to today. However, Gadamer should be attributed great part of the merit of elevating the philosophical hermeneutic at the level of universal. In fact, while Dilthey used the hermeneutic in the ambit of the Sciences of the Spirit, Gadamer saw that the philosophical hermeneutic extended your influences to the Sciences of the Nature. For this reason, he represents and it defends better than all the universality of the philosophical hermeneutic. However, in case it is proven the universality of the hermeneutic, a subject it will resist: if everything is unavoidably mediat and does it need an interpretation, as the knowledge will be sustained? Plus: if the hermeneutic is universal, how to defend her, how to teach her, since defense and does teaching suppose permanence? The universality of the philosophical hermeneutic didn't still treat until the end the problem of the knowledge.
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O páthos moral da verdade: o problema do conceito da veracidade na crítica de Nietszche à moral / The moral pathos of truth: the problem of the concept of truthfulness in Nietzsche' critique of moralRichard Fonseca 11 June 2010 (has links)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Na tentativa de reconstruir a crítica nietzschiana à reflexão filosófica sobre o fenômeno moral, o presente trabalho investiga os critérios utilizados pela Filosofia moral na sistematização dos conceitos de liberdade e obrigatoriedade sob a base de uma assim chamada vontade de verdade. O propósito dessa reconstrução crítica consiste em averiguar o papel desempenhado pela noção de veracidade na compreensão filosófica das ações e normas morais. Para tanto, o estudo se ocupa, em um primeiro momento, dos argumentos utilizados por Nietzsche ao conceber a interpretação filosófica em sua essência moral e ao identificar na exigência humana por sociabilidade uma das gêneses da noção de veracidade. Essas duas hipóteses são decisivas na análise das propostas hermenêuticas ocidentais referentes ao fenômeno moral, tal como Nietzsche propôs no famoso texto Sobre verdade e mentira em sentido extramoral (1873) e em sua obra tardia. Em seguida, é abordada a dificuldade que a tradição filosófica enfrentou na tentativa de fundamentação das normas e ações morais, sobretudo à luz da crise do pensamento metafísico. Por fim, procura-se apresentar a reflexão de Nietzsche sobre o fenômeno moral como o meio mais adequado para se responder à crise do pensamento metafísico, na medida em que procura substituir os pressupostos teóricos da tradição filosófica ocidental e apresentar a noção de veracidade como probidade e virtude por excelência do espírito livre. / In attempting to reconstruct the Nietzschean critique to the philosophical reflection on moral phenomena, this study investigates the criterion used by Moral Philosophy in the systematization of the concept freedom and obligation on the basis of a so-called will to truth. The aim of this critical reconstruction is to investigate the role played by the notion of truthfulness in the philosophical understanding of actions and moral laws. Therefore, the study is concerned, in the first place, with the arguments used by Nietzsche to conceive the philosophical interpretation in its moral essence and by identifying in the human requirement for sociability one of the genesis for the notion of truthfulness. These two assumptions are crucial in the analysis of the Western hermeneutical proposals referring to the moral phenomena, such as Nietzsche proposed on the famous text Concerning Truth and Falsehood from an Extra-moral Point of view (1873) and in his later works. Then the difficulty that the philosophical tradition faced in attempting to find out the foundation for actions and moral laws is approached, especially in light of the crisis of the metaphysical thought. Finally, it seeks to present Nietzsches reflection on moral phenomenon as the most appropriate way to respond to the crisis of the metaphysical thought, thus it seeks to replace the theoretical assumptions of the philosophical tradition and present the notion of truthfulness as probity and virtue par excellence of "free spirit".
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Pensar o nascimento : contribuições política e poética de Hannah Arendt e Maria Zambrano para a Bioética / Thinking birth : Hannah Arendt’s and María Zambrano’s political and poetic contributions to Biothics / Pensar el nacimiento : contribuciones políticas y poéticas de Hannah Arendt y María Zambrano para la BioéticaWuensch, Ana Miriam 07 November 2017 (has links)
Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Bioética, 2017. / Submitted by Raquel Almeida (raquel.df13@gmail.com) on 2018-04-11T16:19:04Z
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Previous issue date: 2018-04-12 / Esta tese propõe a consideração política e poética do nascimento humano por meio da apresentação da reflexão de duas filósofas contemporâneas, a pensadora alemã Hannah Arendt e a pensadora espanhola María Zambrano, como uma contribuição para um tratamento fenomenológico e existencial do nascimento na bioética. Nem a filosofia, em sua longa e ampla tradição ocidental, nem a bioética, em sua história recente como um novo campo de investigação de ética aplicada aos problemas persistentes e emergentes da vida e da saúde, pensou o nascimento como uma condição mais geral da existência humana. O que se observa nos materiais de referência como dicionários e enciclopédias de bioética é o predomínio de verbetes que incorporam as reflexões filosóficas sobre a morte e o morrer, e a condição mortal dos seres humanos, enquanto os temas do nascimento e do nascer, e a condição natal dos seres humanos é redirecionada para os aportes das ciências da vida e da saúde, reduzindo o fenômeno e o sentido do nascimento às considerações sobre a procriação, fertilidade, parto, relação mãe e bebê, com predominância da dimensão biológica e médica, técnica e deontológica sobre a condição existencial da natalidade. A contribuição de Hannah Arendt para pensar o nascimento contesta a redução da condição humana ao seu “ser para a morte”, e à sua finitude, afirmando a condição humana do “ser para o início”, a sua natalidade, como o começo de um ser no mundo humano, entre os demais. O princípio do começo que acompanha a nossa existência terrestre e mundana condiciona todas as atividades humanas, especialmente a ação. A sua teoria da ação é uma teoria política da liberdade, e da coexistência de seres capazes de começar algo por sua própria iniciativa. A contribuição de María Zambrano para pensar o nascimento também identifica esta relação entre nascer e viver, pela transcendência, no processo de individuação. Suas investigações examinam o fenômeno da humanização de alguém nascido e considera a incompletude do nascimento humano como o princípio do renascer que acompanha a vida. Tornar-se humano significa nascer continuamente de si mesmo, e renascer, exercendo a sua liberdade, na geração de si como pessoa entre pessoas. As contribuições políticas e poéticas para a bioética consistem em dimensionar as questões do início da vida para uma compreensão da vida como um início, considerando as tarefas envolvidas na recepção aos novos seres que nascem no mundo, e as tarefas que cada indivíduo tem que realizar para ser do mundo, incluido um aporte fenomenológico sobre o nascimento e o parto, na interface com as questões de saúde pública. / This academic work advances a political and poetic account on human birth through the reflection of two contemporary women philosophers, the German thinker Hannah Arendt and the Spanish Maria Zambrano, aiming to a contribution for a phenomenological and existential approach to the issue of birth in Bioethics. Neither the large occidental philosophical tradition nor Bioethics, as a recent field of research focusing on persistent and emergent questions of life, have developed a consistent reflection on the question of birth as the more general condition for human existence. The reflection on the issues of death and dying have been prevailing in dictionaries and encyclopedias entries, whereas birth and being born have not received the same attention by the side of practical philosophers and bioethicists. Birth is usually reduced to the empirical phenomena of procreation, fertility, delivery, mother/son relation and the like, in purely biological, medical or technical approaches with little attention, if any, paid to the existential dimensions of human birth. Hannah Arendt’s contribution in thinking birth challenges the reduction of human condition to “being-for-death” and finitude, affirming human condition as “being-for-beginning” and natality. Human birth is not something merely initial but a structure traversing the totality of human actions. Arendt’s theory of action is a political theory of human freedom, concerned with the coexistence of beings able to begin something radically new. Maria Zambrano’s poetic contribution to the issue of birth makes an expressive connection between to be born and transcendence and individuation. The Spanish thinker is concerned with the process of humanization of the newborn and the radical incompleteness of human birth, as a principle of permanent renaissance of life. Becoming human means to be constantly born exercising freedom in the self-generation of the own person among other persons. The political and poetic contribution of the two thinkers for Bioethics consist basically in the possibility of delivering philosophical comprehension of life as a beginning through the study of the beginning of life, pointing to the tasks involved in the reception of new people with a fresh look on the world which is receiving them, making a connection between the empirical concerns on public health and human condition as a radical background, to be taken into account for understanding birth in its existential source and meaning. / La presente tesis propone una consideración política y poética del nacimiento humano a través de la reflexión de dos filósofas contemporáneas, Hannah Arendt y María Zambrano, como una contribución para un tratamiento fenomenológico y existencial del nacimiento en la Bioética. Ni la filosofía, en su larga y amplia tradición occidental, ni la Bioética, en su historia reciente como nuevo campo de investigación de ética aplicada a los problemas persistentes y emergentes de la vida y de la salud, han pensado el nacimiento como una condición más general de la existencia humana. Lo que se observa en los materiales de referencia, como diccionarios y enciclopedias de bioética, es el predominio de las entradas que incorporan las reflexiones filosóficas sobre la muerte y el morir, y la condición mortal de los seres humanos, mientras que los temas del nacimiento y del nacer, la condición natal de los seres humanos, es redireccionada hacia los aportes de las ciencias de la vida y de la salud, reduciendo el fenómeno y el sentido del nacimiento a las consideraciones sobre la procreación, fertilidad, parto, relación madre y bebé, con predominio de la dimensión biológica y médica, técnica y deontológica sobre la condición existencial de la natalidad. La contribución de Hannah Arendt para pensar el nacimiento cuestiona la reducción de la condición humana a su “ser para la muerte” y su finitud, afirmando la condición humana del “ser para el comienzo” y su natalidad, a partir del hecho original del nacimiento físico, como el comienzo de un ser en el mundo humano, entre los demás. El principio del comienzo que nos acompaña en nuestra existencia terrestre y mundana participa de todas las actividades, especialmente de la acción. Su teoría de la acción es una teoría política de la libertad humana, y de la coexistencia de seres capaces de comenzar algo por su propia iniciativa. La contribución de María Zambrano para pensar el nacimiento también identifica esta relación entre nacer y vivir la trascendencia y la individuación. Sus investigaciones examinan el fenómeno de la humanización de los que nacen y considera la incompletud del nacimiento humano como el principio del renacer que acompaña toda la vida. El convertirse en humano significa nacer continuamente de sí mismo, y renacer, ejerciendo su libertad en la generación de sí como persona entre personas. Estas contribuciones políticas y poéticas para la bioética consisten, teóricamente, en dimensionar cuestiones del inicio de la vida para la comprensión de la vida misma como un inicio, considerando las tareas involucradas en la recepción de los nuevos seres que vienen al mundo, y las tareas que cada individuo tiene que realizar para ser de este mundo, incluyendo una consideración sobre el nacimiento y el parto en la interfaz con las cuestiones de salud pública.
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Contato improvisação: pensar a prática / dançar o pensamentoBarreiro, Carolina Silveira 22 August 2016 (has links)
Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Instituto de artes. Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, 2016. / Submitted by Albânia Cézar de Melo (albania@bce.unb.br) on 2016-10-17T14:19:45Z
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2016_CarolinaSilveiraBarreiro.pdf: 89738086 bytes, checksum: d32f10b689cfdfc471ca94c735c81f31 (MD5) / Esta pesquisa discute, articula e questiona as práticas estéticas e políticas do Contato Improvisação através de conceitos da filosofia de Nietzsche e de alguns autores da filosofia contemporânea, juntamente com o pensamento de bailarinos e pesquisadores desse estilo de dança. A abordagem investiga situações do corpo cotidiano em relação com o universo corporal do bailarino na improvisação, abrangendo os aspectos pedagógicos, filosóficos e artísticos da prática do Contato Improvisação. Discorrendo sobre elementos desta técnica de dança, traça-se uma relação com o cenário da situação política e cultural atual, assim como dos meios e modos em que a produção de subjetividade ocorre. ________________________________________________________________________________________________ ABSTRACT / This research discusses, articulates and questions the aesthetic and political practices of Contact Improvisation through concepts of Nietzsche's philosophy and some authors of contemporary philosophy, along with the thought of dancers and researchers of this dance style. The approach investigates the body in everyday situations in relation to the body universe of the improvisation dancer ,covering the pedagogical, philosophical and artistic aspects of the practice of Contact Improvisation. Discoursing about elements of this dance techniques, draws up a relationship with the backdrop of the political and cultural situation today, as well as the ways and means in which the subjectivity production occurs.
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A CRÍTICA DE SARTRE AO EGO TRANSCENDENTAL NA FENOMENOLOGIA DE HUSSERL / SARTRE S CRITICAL OF THE TRANSCENDENTAL EGO IN THE PHENOMENOLOGY OF HUSSERLSantos, Adelar Conceição dos 26 November 2008 (has links)
This dissertation is addressing the criticism of Sartre the notion of transcendental Ego in the phenomenology of Husserl. Within the framework of developing the work of Husserl, the Transcendental Ego can be flagged as a result of the introduction of the concept of epoché, or phenomenological reduction, the "transcendental turn" of phenomenology. The transcendental Ego is both the result of this operation and the principle of formation of any sense of the world. The transcendental phenomenology of Husserl is then Transcendental Idealism. Against this conception, in The Transcendence of the Ego, Sartre presents the argument that I not the content of transcendental consciousness, necessary to ensure its unity and individuality, but a transcendent object. The unity and individuality, for the conscience is guaranteed by intentionality, interpreted as the fundamental character of all consciousness. Through it all conscience is "positional consciousness" (tetic) of its object and "non-positional consciousness" (non-tetic) of itself, so this is the first consciousness non-reflected already consciousness of itself and should be considered independently, since no need to be reflected. However, this way the thesis of Sartre threat inherent tendency to obscure all that it takes conscious reflection, ie it introduces a split between non-reflected and reflection that makes the reflection a fortuitous event. Try during this study provide an answer to this objection to using theoretical tools provided by Sartre in his Phenomenological Ontology. The intentionality serve as a leitmotif of these tests, and that is through their radicalization that Sartre puts in question the very being of consciousness separate from their knowledge. Finally the criticism of Sartre to the transcendental Ego would be an onto-phenomenological approach onto the consciousness. / A presente dissertação tem como tema a crítica de Sartre a noção de Ego transcendental na fenomenologia de Husserl. Dentro do quadro de evolução da obra de Husserl, o Ego transcendental pode ser assinalado como resultado da introdução da noção de epoché, ou redução fenomenológica, na chamada virada transcendental da fenomenologia. O Ego transcendental é simultaneamente o resultado desta operação e o princípio de constituição de todo sentido do mundo. A fenomenologia transcendental de Husserl é então Idealismo Transcendental. Contra esta concepção, em A Transcendência do Ego, Sartre apresenta a tese segundo a qual o Eu não é um conteúdo da consciência transcendental, necessário para garantir a sua unidade e individualidade, mas um objeto transcendente. A unidade e individualidade, necessárias à consciência, é garantida pela intencionalidade, interpretada como o caráter fundamental de toda consciência. Através dela toda consciência é consciência posicional (tética) do seu objeto e consciência não-posicional (não-tética) de si, portanto esta primeira consciência irrefletida é já consciência de si e deve ser considerada autônoma, pois não tem necessidade de ser refletida. No entanto, desta maneira a tese de Sartre ameaça tornar incompreensível à tendência inerente que leva toda consciência a reflexão, ou seja, introduz-se uma cisão entre irrefletido e reflexão que torna a reflexão um acontecimento fortuito. Tentaremos ao longo deste estudo oferecer uma resposta a esta objeção recorrendo ao instrumental teórico fornecido por Sartre na sua Ontologia Fenomenológica. A intencionalidade servirá como fio condutor destas análises, entendendo que é através da sua radicalização que Sartre põe em questão o próprio ser da consciência distinto do seu conhecimento. Finalmente a crítica de Sartre ao Ego transcendental teria como pressuposto uma abordagem onto-fenomenológica da consciência.
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Ontologia e poesia: uma estética da imanência em Fernando Pessoa / Ontology and poetry: an aesthetics of immanence in Fernando PessoaGabriel Cid de Garcia 09 March 2007 (has links)
O objetivo deste presente trabalho é o levantamento e a análise de questões tematizadas por Fernando Pessoa que possuam relevância para se pensar a heteronômia enquanto uma potência impessoal da expressão artística, em relação com conceitos e problemas colocados pela filosofia contemporânea, buscando a elaboração de um diálogo efetivo que venha a fortalecer os liames entre poesia e filosofia, criação e pensamento. Ao longo das cinco partes que compõe a dissertação, pretendemos analisar determinados aspectos levantados a partir de heterônimos específicos de Pessoa, que reaproximam a poesia de uma perspectiva ontológica. Pessoa buscou, em toda sua obra, uma diversificação de identidades, vozes diversas que reclamam lugares diferenciais de um sujeito que é desde sempre múltiplo. Sendo assim, a escrita pessoana permite não só um acesso consistente às questões que dizem respeito à vida e à própria relação entre homem e natureza, como produzem uma forma inédita de apresentação do pensamento, que questiona, a um só tempo, a própria filosofia e seus métodos tradicionais, tomando a linguagem por um campo de diferenças e tendo na heteronômia um exemplo vivo de uma literatura que se afasta das significações e produz sentido, livre de ideologias que buscam representar a realidade, atingindo uma dimensão intransitiva da linguagem e possibilitando uma relação com o mundo que não se diferencia da criação artística. / The aim of the present work is to raise and analyse issues thematized by Fernando Pessoa which are relevant to think heteronomy as an impersonal potency in artistic expression, stablishing a relationship with concepts and problems dealt with by contemporary philosophy. In addition, we intend to elaborate on an effective dialogue so as to strenghten the ties between poetry and philosophy, as well as between creation and thought. Along the five building parts of this text, the main purpose is to analyse certain aspects of specific heteronyms of Pessoa, which brings poetry close to an ontological perspective. Pessoa pursued, throughout his work, different voices that claim for diferential places for a subject which is multiple from the beginning. Thus, the pessoan writings allow not only a privileged and consistent access to the questions related to life and the relation between man and nature, but also produces a unique way of presenting thought, which questions, at once, philosophy itself and its traditional methods. Therefore, taking language as a field for difference, we can finally take the heteronomy as a living literary example of production of senses, by distancing itself from significations and enabling a link with the world that do not differentiates itself from the artistic creation.
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A querela do declínio do simbólico: perspextivas e impasses do pensamento de Slavoj iek / The dispute on the decline of the symbolic: views and deadlocks on Slavoj ieks thinkingAlexandre Augusto Ribeiro Wanderley 15 June 2012 (has links)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Esse estudo tem por objetivo principal analisar as reflexões do filósofo e psicanalista teórico esloveno Slavoj iek acerca dos impactos subjetivos das transformações normativas ocorridas no Ocidente nos últimos cinqüenta anos. O problema do chamado declínio do Simbólico passou a ser amplamente discutido pela comunidade de psicanalistas lacanianos na qual se insere o filósofo a partir do final da década de 1990, o que constituiu uma inovação em um campo fortemente influenciado pela concepção estruturalista da subjetividade. Situando o autor como pioneiro na utilização de ferramentas conceituais lacanianas para a análise do social, o estudo divide-se em duas partes. Na primeira delas, exponho as bases teóricas do pensamento de iek, contextualizando o seu itinerário intelectual e político, e abordando as suas três linhas fundamentais de investigação: a filosofia política, a discussão sobre o ato ético e a ontologia do sujeito. Assim, o primeiro capítulo retraça o percurso que vai dos primeiros estudos sobre o funcionamento ideológico nos regimes totalitários à abordagem pop filosófica da ideologia na atualidade. Em seguida, apresento a sua redescrição da noção de comunismo à luz da tese dos novos antagonismos do capitalismo tardio. Por fim, trato da perspectiva universalista do filósofo a partir de sua leitura materialista do cristianismo, lançando mão sobretudo dos estudos de Alain Badiou sobre São Paulo. No segundo capítulo, delineamos as coordenadas centrais da concepção de sujeito em iek, cuja originalidade reside na articulação das formulações de Lacan e Hegel. As noções de grande Outro, objeto pequeno a, pulsão de morte e negatividade são tomadas como os pilares nos quais se assenta a descrição do sujeito iekiano. Na segunda parte do estudo, examinamos as teses de iek a respeito das relações entre subjetividade e cultura, com ênfase nos novos impasses que daí decorrem. As inibições que sucedem à injunção de gozar sem entraves, a melancolização do laço social, as metamorfoses da culpa, a vitimologia e a culpabilização do Outro são os tópicos centrais que sobressaem desse recorte. Nessa parte do trabalho, as reflexões de iek são cotejadas com as análises de autores de orientação lacaniana, considerados representativos desse tipo de discussão, como Jean-Pierre Lebrun, Charles Melman, Dany-Robert Dufour e Roland Chemama. Pretende-se com isso enriquecer a discussão, apontando as aproximações e distâncias que o pensamento de iek entretém com os referidos autores. O capítulo final do trabalho é consagrado ao exame crítico da démarche iekiana acerca do declínio do Simbólico. Dois tópicos de seu discurso são analisados, a saber: a) seu posicionamento ambivalente no que tange à crítica do catastrofismo; b) seu esforço de expurgar da noção de ato ético na qual ele quer encontrar saídas para os embaraços engendrados pelo dito declínio do Simbólico qualquer traço de pertencimento à tradição moral judaico-cristã, guardando dessa tradição apenas o exemplo do aspecto formal do ato. Para empreender tal exame, nos servimos, de um lado, do estudo crítico do sociólogo francês Alain Ehrenberg sobre a declinologia noção por ele cunhada para se referir ao conjunto de estudos que enfatizam o atual risco da dissolução dos laços sociais , e de outro lado, nos apoiamos na concepção de ética do filósofo neo-pragmatista Richard Rorty. / The main aim of this study is to analyze the reflections of the Slovenian philosopher and theoretical psychoanalyst Slavoj iek regarding the subjective impacts of the normative
transformations that have taken place in the West over the last 50 years. The problem of the so-called decline of the Symbolic began to be widely discussed by the Lacanian psychoanalytic
community in which the philosopher is involved as of the end of the 1990s, which constituted an innovation in a field strongly influenced by the structuralist conception of subjectivity. Situating the author as a pioneer in the use of Lacanian conceptual tools for analysis of the social domain, the study is divided into two parts. The first presents the theoretical basis of ieks thinking, contextualizing his intellectual and political itinerary, and approaching his three
fundamental lines of investigation: political philosophy, discussion about the ethical act and the ontology of the subject. Thus, the first chapter retraces the path that leads from his first studies about ideological functioning in totalitarian regimes to his pop philosophical approach to the ideology nowadays. Next, it presents his re-description of the notion of communism in the light of the thesis of the new antagonisms of late capitalism. Finally, it covers the philosophers universalist perspective based on his materialist reading of Christianity, resorting, above all, to the studies by Alain Badiou about Saint Paul. The second chapter delineates the central co-ordinates of ieks conception of subject, whose originality lies in articulation of the Lacan and Hegel formulations. The notions of great Other, small object a, death drive and negativity are taken as the pillars on which rests the description of the iekian subject. In the second part of the study, the iek theses are examined with regard to the relations between
subjectivity and culture, with emphasis on the new impasses that arise from them. The inhibitions that succeed the injunction of enjoyment without restraint, the melancholization of the social tie, the metamorphoses of guilt, victimology and culpabilization of the Other are central topics that are emphasized in this context. In this part of the work, ieks reflections are collated with the analyses by authors of Lacanian orientation, considered representative of this
type of discussion, such as Jean-Pierre Lebrun, Charles Melman, Dany-Robert Dufour and Roland Chemama. With this it is intended to enrich the discussion, pointing out the approximations and distances that iek thinking entertains with the referred authors. The final chapter is dedicated to the critical examination of the iekian démarche about the decline
of the Symbolic. Two topics of his discourse are analyzed, namely: a) his ambivalent position concerning the criticism of catastrophism; b) his effort to expunge from the notion of
ethical act in which he wants to find ways out for the problems engendered by the aforementioned decline of the Symbolic any trace of belonging to the Jewish-Christian moral
tradition, keeping only the example of the formal aspect of the act. In order to undertake such an examination, on the one hand, reference is made to the critical study by the French sociologist, Alain Ehrenberg, about declinology a notion coined by him to refer to the set of studies that emphasizes current risk of dissolution of social ties and, on the other, support is sought from the conception of ethics of the neo-pragmatist philosopher Richard Rorty.
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A universalidade da hermenêutica filosófica: a contribuição de Hans-Georg Gadamer para a questão / The universality of philosophical hermeneutics: the contribuition of Hans-Georg Gadamer to questionRobson de Oliveira Silva 04 March 2004 (has links)
Esta dissertação tem o objetivo de averiguar, primeiramente, se é possível defender uma universalidade da hermenêutica filosófica. Num segundo momento, tentar-se-á explicitar o que isto significaria para o conhecimento. É verdade que a pergunta hermenêutica sobre o significado dos discursos mediados sempre foi objeto de pesquisa. Entre os estóicos ou entre os Padres da Igreja, especialmente Agostinho; entre reformadores ou iluministas, a questão hermenêutica acompanhou de perto o desenvolvimento do pensamento filosófico. Compreender o Lógos Eterno que está em todo homem (estóicos); aprofundar o entendimento do Verbo Eterno que entra no tempo (Agostinho); entender o sentido escondido nas passagens difíceis da Bíblia (Flacius) ou desvelar o sentido ontológico a partir da frágil existência histórica (Heidegger), eis a tarefa da hermenêutica até hoje. Porém, a Gadamer deve ser atribuído grande parte do mérito de elevar a hermenêutica filosófica ao nível universal. De fato, enquanto Dilthey utilizava a hermenêutica no âmbito das Ciências do Espírito, Gadamer enxergou que a hermenêutica filosófica estendia suas influências até às Ciências da Natureza. Por este motivo, ele representa e defende melhor que todos a universalidade da hermenêutica filosófica. No entanto, caso se comprove a universalidade da hermenêutica, uma questão resistirá: se tudo é inevitavelmente mediato e necessita de uma interpretação, como se sustentará o conhecimento? Mais: se a hermenêutica é universal, como defendê-la, como ensiná-la, já que defesa e ensino supõe permanência? A universalidade da hermenêutica filosófica ainda não tratou até o fim o problema do conhecimento. / This dissertation has the objective of discovering, firstly, if it is possible to defend an universality of the philosophical hermeneutic. In a second moment, will be tried to show that this would mean for the knowledge. It is true that the question hermeneutic on the meaning of the speeches mediated it was always research object. Among the stoic ones or enter the Fathers of the Church, especially Augustine; between reformers or iluminists, the subject hermeneutic accompanied the development of the philosophical thought closely. To understand Eternal Logos that is in every man (stoic); to deepen the understanding of the Eternal Verb that enters in the time (Augustine); to understand the hidden sense in the passages difficult of the Bible (Flacius) or to watch the sense ontological starting from the fragile historical existence (Heidegger), here is the task of the hermeneutic to today. However, Gadamer should be attributed great part of the merit of elevating the philosophical hermeneutic at the level of universal. In fact, while Dilthey used the hermeneutic in the ambit of the Sciences of the Spirit, Gadamer saw that the philosophical hermeneutic extended your influences to the Sciences of the Nature. For this reason, he represents and it defends better than all the universality of the philosophical hermeneutic. However, in case it is proven the universality of the hermeneutic, a subject it will resist: if everything is unavoidably mediat and does it need an interpretation, as the knowledge will be sustained? Plus: if the hermeneutic is universal, how to defend her, how to teach her, since defense and does teaching suppose permanence? The universality of the philosophical hermeneutic didn't still treat until the end the problem of the knowledge.
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O páthos moral da verdade: o problema do conceito da veracidade na crítica de Nietszche à moral / The moral pathos of truth: the problem of the concept of truthfulness in Nietzsche' critique of moralRichard Fonseca 11 June 2010 (has links)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Na tentativa de reconstruir a crítica nietzschiana à reflexão filosófica sobre o fenômeno moral, o presente trabalho investiga os critérios utilizados pela Filosofia moral na sistematização dos conceitos de liberdade e obrigatoriedade sob a base de uma assim chamada vontade de verdade. O propósito dessa reconstrução crítica consiste em averiguar o papel desempenhado pela noção de veracidade na compreensão filosófica das ações e normas morais. Para tanto, o estudo se ocupa, em um primeiro momento, dos argumentos utilizados por Nietzsche ao conceber a interpretação filosófica em sua essência moral e ao identificar na exigência humana por sociabilidade uma das gêneses da noção de veracidade. Essas duas hipóteses são decisivas na análise das propostas hermenêuticas ocidentais referentes ao fenômeno moral, tal como Nietzsche propôs no famoso texto Sobre verdade e mentira em sentido extramoral (1873) e em sua obra tardia. Em seguida, é abordada a dificuldade que a tradição filosófica enfrentou na tentativa de fundamentação das normas e ações morais, sobretudo à luz da crise do pensamento metafísico. Por fim, procura-se apresentar a reflexão de Nietzsche sobre o fenômeno moral como o meio mais adequado para se responder à crise do pensamento metafísico, na medida em que procura substituir os pressupostos teóricos da tradição filosófica ocidental e apresentar a noção de veracidade como probidade e virtude por excelência do espírito livre. / In attempting to reconstruct the Nietzschean critique to the philosophical reflection on moral phenomena, this study investigates the criterion used by Moral Philosophy in the systematization of the concept freedom and obligation on the basis of a so-called will to truth. The aim of this critical reconstruction is to investigate the role played by the notion of truthfulness in the philosophical understanding of actions and moral laws. Therefore, the study is concerned, in the first place, with the arguments used by Nietzsche to conceive the philosophical interpretation in its moral essence and by identifying in the human requirement for sociability one of the genesis for the notion of truthfulness. These two assumptions are crucial in the analysis of the Western hermeneutical proposals referring to the moral phenomena, such as Nietzsche proposed on the famous text Concerning Truth and Falsehood from an Extra-moral Point of view (1873) and in his later works. Then the difficulty that the philosophical tradition faced in attempting to find out the foundation for actions and moral laws is approached, especially in light of the crisis of the metaphysical thought. Finally, it seeks to present Nietzsches reflection on moral phenomenon as the most appropriate way to respond to the crisis of the metaphysical thought, thus it seeks to replace the theoretical assumptions of the philosophical tradition and present the notion of truthfulness as probity and virtue par excellence of "free spirit".
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A viabilidade de um contratualismo Rawlsiano-Aristotélico: uma análise crítica de “Frontiers of Justice” e a tentativa de conjugação de tradições filosóficas rivaisFerreira Neto, Arthur Maria January 2008 (has links)
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Previous issue date: 2008 / This dissertation is dedicated to a critical analysis of the merits involved in the work done by Martha C. NUSSBAUM in her book “Frontiers of Justice”, in which a new theory of justice is proposed by means of the adoption of her theses of the Central Human Capabilities. The Author of “Frontiers of Justice” has the intention to present a theory of justice that uses some of the basic elements obtained from the contractualist doctrine of John RAWLS, but that doesn’t stay restricted to the formal structure of the pure procedimentalism suggested in the Rawlsian work. That is why NUSSBAUM proposes that Rawlsian contractualism should be complemented in those elements that are positive in it with the substantial elements that are present in the Aristotelian Ethics. With this the Author tries to elaborate some sort of “Aristotelian contractualism”, by means of which theoretical elements of three philosophical traditions (classical, modern and post-modern traditions) are mixed into one theory of justice. This being so, the present study has the specific objective of analyzing the viability of the project that intents to combine distinct philosophical traditions, each having their own basic concepts and fundamental elements that could even be interpreted as incompatible with each other. Following some of the lessons of Alasdair MACINTYRE concerning the incommensurability and untranslatability of the concepts that are elaborated by different philosophical traditions, this study will try to evaluate NUSSBAUM’s success in presenting a theory of justice that combines the Aristotelian realism with the Rawlsian constructivism. For this it will be necessary to demonstrate that there exists between those philosophical traditions sufficient elements that are common and compatible with each other, which allows the organization of a new model of thought that is superior to both of the traditions of the past and that presents a theoretical structure that is more complex and that explains with higher coherence the defects and partialities of the points of view that are being superseded. / Esta dissertação dedica-se a avaliar criticamente os méritos do empreendimento realizado por Martha C. NUSSBAUM na sua obra “Frontiers of Justice”, em que se propõe elaborar uma nova teoria da justiça escorada em sua tese das Capacidades Humanas Centrais. Pretende a Autora elaborar uma teoria da justiça que parta dos elementos básicos extraídos da doutrina contratualista desenvolvida por John RAWLS, mas que não se mantenha adstrita a estrutura formal do puro procedimentalismo sugerido na obra rawlsiana. Para tanto, sugere NUSSBAUM seja o contratualismo rawlsiano complementado naquilo que possui de positivo por meio de elementos substanciais que são extraídos da Ética aristotélica, produzindo, com isso, uma espécie de “contratualismo aristotélico”. Mescla a Autora, desse modo, dentro de uma única teoria de justiça elementos teóricos que são extraídos de três tradições filosóficas distintas e possivelmente rivais, quais sejam: a tradição clássica, a moderna e a pós-moderna. Nesses termos, o presente estudo assume como objetivo específico analisar a viabilidade do projeto que pretende conjugar tradições filosóficas distintas e que possuem conceitos básicos e elementos fundantes que poderiam ser interpretados, inclusive, como inconciliáveis entre si. Assim, seguindo os ensinamentos de Alasdair MACINTYRE acerca das dificuldades de comensuração e tradução de conceitos oriundos de tradições filosóficas distintas, pretende-se avaliar o sucesso de NUSSBAUM ao apresentar uma teoria da justiça que combina o realismo aristotélico com o construtivismo rawlsiano, sendo que, para tanto, será necessário demonstrar que entre uma e outra tradição existem elementos suficientemente comuns e compartilháveis que permitem a estruturação de um novo modelo de pensamento que seja superior às duas tradições anteriores, fornecendo uma estrutura teórica mais complexa e que explique com maior coerência os defeitos e a eventual parcialidade dos pontos de vista sendo superados.
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