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[pt] LIMITES E POTENCIALIDADES DA LITIGÂNCIA CLIMÁTICA NO BRASIL COMO ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DA JUSTIÇA CLIMÁTICA / [en] LIMITS AND POTENTIALITIES OF CLIMATE LITIGATION IN BRAZIL AS A STRATEGY FOR THE PROMOTION OF CLIMATE JUSTICEDANIELA MARQUES DE CARVALHO DE OLIVEIRA 25 January 2023 (has links)
[pt] A sociedade de risco simboliza o momento civilizatório atual, em que os
efeitos secundários não desejados de uma modernização exitosa (para os que com
ela se beneficiam, frise-se) se tornaram incontroláveis. Mais do que isso. Vive-se
atualmente em um mundo em metamorfose, no qual as certezas da sociedade
moderna estão sendo solapadas diante de eventos globais significativos (Beck,
2017), como as mudanças climáticas e a pandemia do Covid-19. Dessa forma, não
se pode prever, mesmo diante de todo o avanço do conhecimento técnico-científico,
qual será o impacto dessa crise humanitária avassaladora que atinge a todos e
ressalta a efemeridade do ser humano diante dos efeitos colaterais do mundo
moderno. Embora os riscos climáticos apresentem uma tendência globalizante e um
efeito equalizador, a distribuição de tais riscos costuma seguir a lógica da
vulnerabilidade local, ocorrendo de forma socialmente desigual e injusta. A
articulação da teoria do risco com o movimento da justiça ambiental e climática
possibilita questionar a iniquidade na distribuição de riscos ambientais, em especial
os climáticos, além de introduzir importantes ferramentas conceituais que
problematizam a privatização de bônus e a socialização de ônus decorrentes da
exploração de atividades poluentes. As instituições, como o Estado e o próprio
Direito, que deveriam regulamentar e controlar a sua produção e externalidade,
acabam produzindo uma espécie de normalização de riscos, de modo a legitimar os
conflitos resultantes de situações de injustiça socioambiental, fenômeno que Ulrich
Beck (1995) denomina de irresponsabilidade organizada. A insuficiência de
respostas domésticas à produção de riscos globais e a ausência de coercitividade do
direito internacional sinalizam o relevante papel que os Tribunais em todo o mundo
– apesar das limitações e contradições inerentes ao próprio Poder Judiciário
enquanto instituição estatal – estão sendo instados a atuar na governança climática,
decidindo ações em que se discutem lacunas legislativas e regulatórias,
descumprimento de metas de redução e compromissos climáticos, sob a releitura de direitos fundamentais no tratamento de conflitos climáticos, à luz do chamado
constitucionalismo climático. Utiliza-se o método indutivo e a metodologia de
pesquisa se baseia, além da análise da previsão normativa, na revisão bibliográfica
nacional e internacional e no estudo dos precedentes judiciais brasileiros e
estrangeiros de maior repercussão envolvendo matéria climática. Espera-se que a
análise articulada da teoria da sociedade de risco e do movimento da justiça
ambiental aliado à perspectiva climática forneça importantes subsídios teóricos para
a confirmação da hipótese levantada nesta tese, a saber: se (e como) a litigância
climática pode representar uma importante estratégia de promoção da justiça
climática para contribuir para a redução das desigualdades socioambientais
resultantes da produção e externalização injusta e desigual de riscos climáticos,
mediante aplicação de ferramentas já existentes no sistema jurídico pátrio voltadas
à prevenção e reparação de impactos e danos climáticos. / [en] The risk society symbolizes the current civilizational moment, in which the
unwanted side effects of successful modernization (for those who benefit from it, it
should be noted) have become uncontrollable. More than that. We currently live in
a world in metamorphosis, in which the certainties of modern society are being
undermined in the face of significant global events (Beck, 2017), such as climate
change and the Covid-19 pandemic. In this way, it is not possible to predict, even
in the face of all the advance of technical-scientific knowledge, what will be the
impact of this overwhelming humanitarian crisis that affects everyone and
highlights the ephemerality of the human being in the face of the side effects of the
modern world. Although climate risks have a globalizing trend and an equalizing
effect, the distribution of such risks usually follows the logic of local vulnerability,
occurring in a socially unequal and unfair way. The articulation of risk society
theory with the environmental and climate justice movement makes it possible to
question the inequity in the distribution of environmental risks, especially climatic
ones, in addition to introduce important conceptual tools that problematize the
privatization of bonds and the socialization of burdens resulting from the
exploitation of polluting activities. Institutions, such as the State and the legal
system, which should regulate and control the production and the externality of
these risks, end up producing a kind of risk normalization, in order to legitimize
conflicts resulting from situations of socio-environmental injustice, a phenomenon
that Ulrich Beck (1995) calls organized irresponsibility. The insufficiency of
domestic responses to the production of global risks and the lack of coerciveness of
international law signal the relevant role that Courts around the world - despite the
limitations and contradictions inherent to the Judiciary itself as a state institution -
are being urged to act in climate governance, deciding actions that discuss
legislative and regulatory gaps, non-compliance with reduction targets and climate commitments, under the reinterpretation of fundamental rights in the treatment of
climate conflicts, in the light of the so-called climate constitutionalism. The
inductive method is used and the research methodology is based, in addition to the
analysis of applied legislation, on the national and international bibliographic
review and on the study of Brazilian end foreign judicial precedents of greater
repercussion involving climate matters. It is expected that the articulated analysis
of the risk society theory and the environmental justice movement allied to the
climate perspective will provide important theoretical support to confirme the
hypothesis raised in this thesis, namely: if (and how) climate litigation can represent
a important strategy to promote climate justice to contribute to the reduction of
socio-environmental inequalities resulting from the unjust and unequal production
and externalization of climate risks, through the application of existing tools in the
national legal system aimed at preventing and repairing climate impacts and damages.
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[en] CHANGES AND ENDINGS: DYNAMICS OF THE ANTHROPOCENE FROM EARTH SYSTEM SCIENCES TO CRITICAL INTERNATIONAL RELATIONS / [pt] MUDANÇAS E FINS: DINÂMICAS DO ANTROPOCENO DE CIÊNCIAS DO SISTEMA TERRESTRE PARA TEORIA CRÍTICA DE RELAÇÕES INTERNACIONAISMARIA THEREZA DUMAS NETO 04 November 2022 (has links)
[pt] O objetivo da dissertação é analisar criticamente o uso do conceito do Antropoceno pela linha crítica de teoria das Relações Internacionais. Isso se faz com um foco específico na origem do conceito em Ciência do Sistema Terrestre (CST), e através de uma discussão geral sobre autoridade científica atribuída à ciência moderna e suas conexões com práticas de world-making, entendidas especificamente como cosmologias científicas, e em relação com mobilização de propostas na política internacional. Nesse sentido, a discussão explora a construção de CST e propõe a formulação do Antropoceno como relacionada com os comprometimentos políticos dessa disciplina – a partir daí, sugere-se o uso da problematização Foucaultiana como forma de análise das soluções políticas ao Antropoceno propostas pela disciplina. A seguir, a dissertação conecta as Ciências do Sistema Terrestre com outros momentos de desenvolvimento da ciência moderna com o âmbito de mover uma discussão geral sobre o poder de uma autoridade científica legitimar formas de política internacional através de práticas de world-making. Com isso, a discussão expande em dois mundos e formulações de política internacional possíveis advindos de distintas interpretações do Antropoceno. Finalmente, no que se refere à literatura de Relações Internacionais, a dissertação avalia como a apropriação do conceito de Antropoceno a partir de CST é realizada, prestando atenção especificamente na chamada por uma mudança na ontologia da disciplina e na relação entendida como desejável entre teoria e prática política presente na literatura, ambos elementos associados à CST. Por último, a noção de problematização é retomada para se analisar as soluções políticas e intelectuais propostas pela literatura Crítica de Relações Internacionais em sua mobilização do Antropoceno. / [en] This dissertation attempts to critically analyze the mobilization of the concept of the Anthropocene by Critical International Relations literature. It does so with a particular focus on the origins of the concept within Earth System Sciences (ESS), and within a more general discussion over the scientific authority of modern science and its connections to practices of world-making - discussed specifically in terms of scientific cosmologies - and propositions over international politics. As such, the discussion explores the construction of ESS and the formulation of the Anthropocene as related to the political commitments of the discipline and proposes the use of the Foucauldian problematization to analyze the political solutions stemming from the discipline. Then, the dissertation connects Earth System Sciences to other scientific endeavors, in a different historical context in order to move a more generalized discussion on the power of scientific authority to inform international politics through world-making practices. With that, the discussion lays out two possible worlds and political implications stemming from interpretations of the Anthropocene. Finally, within IR literature the dissertation assesses how the appropriation of the Anthropocene is conducted, paying particular attention to the call for an ontological shift within the discipline and to the specific relationship between theory and political action present in the literature, both elements connected to ESS. At last, the notion of problematization is brought back in order to analyze the intellectual and political solutions brought forth by Critical IR in their mobilization of the Anthropocene.
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[pt] (IN)JUSTIÇA CLIMÁTICA E MULHERES: UM OLHAR INTERSECCIONAL / [en] CLIMATE (IN)JUSTICE AND WOMEN: AN INTERSECTIONAL VIEWLETICIA MARIA REGO TEIXEIRA LIMA 24 May 2022 (has links)
[pt] A Dissertação de Mestrado (In)Justiça Climática e Mulheres: Um olhar
interseccional se propõe a identificar se as razões pelas quais as mulheres são mais
vulneráveis e sofrem com maior intensidade os impactos da crise climática têm a influência
do gênero como mais um eixo de discriminação e marginalização. Para tanto, apresentamos
o Antropoceno, nova época geológica na qual o ser humano é comparado a uma força
geológica capaz de alterar o clima e a biosfera, como panorama de fundo para compreensão
da crise climática, além de apresentar e discutir o histórico e as características desta. Em
seguida, analisamos o conceito ainda novo de Justiça Climática, apresentando seu histórico
e inspiração nos movimentos de Justiça Ambiental. Apresentamos a conceituação da
Justiça Climática e questões ligadas à responsabilidade histórica entre países do norte e sul
globais, além da distribuição desigual de ônus e bônus climáticos entre países, comunidades
e até mesmo pessoas, como é o caso específico das mulheres. Ao final, abordamos o
conceito da Interseccionalidade, oriundo do feminismo negro norte-americano, como
ferramenta analítica que permite compreender as questões específicas das mulheres em
diferentes cruzamentos identitários. A crise climática e os movimentos de Justiça Climática
são analisados para que se compreenda as vulnerabilidades específicas do gênero feminino,
com o olhar interseccional, e se investigue a existência da Interseccionalidade entre gênero
e mudanças climáticas a partir de fatores ambientais como pobreza, segurança alimentar,
educação, saúde etc. Pretende-se compreender, portanto, a relação entre gênero e mudanças
climáticas como mais um fator de opressão e marginalização das mulheres. / [en] The Master s Dissertation Climate (In)Justice and Women: An intersectional
View aims to identify whether the reasons why women are more vulnerable and suffer
more intensely from the impacts of the climate crisis have the influence of gender as another
layer of discrimination and marginalization. To this end, the Anthropocene is presented, a
new geological epoch in which the human being is compared to a geological force capable
of altering the climate and the biosphere, as a background for understanding the climate
crisis, in addition to presenting and discussing its history and the characteristics. Then, the
new concept of Climate Justice is analyzed, presenting its history and inspiration on the
Environmental Justice movements. It presents the conceptualization of Climate Justice and
issues related to historical responsibility between countries in the global north and south,
in addition to the uneven distribution of climate burdens and bonuses among countries,
communities and even people, as is the specific case of women. In the end, the concept of
Intersectionality, from North American black feminism, is approached as an analytical tool
that allows understanding the specific issues of women in different identity crossings. The
climate crisis and the Climate Justice movements are analyzed in order to understand the
specific vulnerabilities of the female gender, with an intersectional look, and to investigate
the existence of the intersection between gender and climate change from environmental
factors such as poverty, food security, education, health etc. It is intended, therefore, to
understand the relationship between gender and climate change as another factor of
oppression and marginalization of women.
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[en] CLIMATE JUSTICE IN THE COURTS: TERRITORIES AND BRAZILIAN CLIMATE LITIGATION / [pt] JUSTIÇA CLIMÁTICA NOS TRIBUNAIS: TERRITÓRIOS E LITIGÂNCIA CLIMÁTICA BRASILEIRAJULIANA CHERMONT PESSOA LOPES 06 October 2023 (has links)
[pt] A Dissertação de Mestrado Justiça Climática nos tribunais: territórios e
litigância climática brasileira se propõe a realizar uma investigação sobre como a
temática da Justiça Climática vem sendo abordada nos tribunais
brasileiros. Buscou-se identificar como certos segmentos sociais, mais
especificamente povos indígenas e quilombolas, têm se apropriado da pauta
climática e levado suas demandas para os tribunais. A hipótese da pesquisa
questiona se as ações de litigância climática brasileiras traduzem a importância que
estas populações representam no debate acerca das mudanças climáticas no Brasil.
Dessa maneira, o trabalho apresenta o histórico de conflitos territoriais no Brasil e
sua conexão com a questão ambiental. Demonstra como as lutas oriundas
de conflitos socioterritoriais evoluíram para direitos consagrados na Constituição
Federal, notadamente os direitos socioambientias. Além disso, é apresentado o
fenômeno de ambientalização das lutas sociais visando contextualizar as lutas
por Justiça Ambiental no Brasil e a relação destas com as lutas territoriais. É
apresentado o movimento por Justiça Climática e porque este deve levar em
consideração as especificidades dos territórios. Em adição a isto, é apresentado o
fenômeno de litigância climática no Brasil, a partir da análise de casos organizados
na Plataforma de Litigância Climática no Brasil e classificados de acordo com a
abordagem sobre Justiça Ambiental e Climática. A partir das ações analisadas,
pode-se verificar que, apesar de protagonizarem algumas ações climáticas, as
populações indígenas e quilombolas não figuram ações climáticas de maneira
proporcional a sua importância no enfrentamento e mitigação desta crise. / [en] The Master s Dissertation Climate Justice in the courts: territories and
Brazilian climate litigation aims to analyze climate litigation actions in Brazil that
address the theme of Climate Justice. The objective is to identify how certain social
segments, specifically indigenous peoples and quilombolas, have adopted the
climate agenda and taken their demands to the courts. From this perspective, the
dissertation is divided into three chapters. The first chapter presents territorial
conflicts in Brazil and their connection with the environmental issue. The Brazilian
agrarian history is briefly presented, and how socio-territorial conflicts evolved into
enshrined rights in the Federal Constitution, notably socio-environmental rights. In
addition, the environmentalization of social struggles movement is presented to
contextualize the struggles for Environmental Justice in Brazil and their relationship
with territorial struggles. Finally, the movement for Climate Justice is presented and
contextualized. It is argued that to effectively address climate change, it is necessary
to consider the specificities of the territories in question. Moreover, climate
litigation in Brazil is presented, based on the analysis of cases organized in the The
Brazilian Climate Litigation Platform and classified according to the
Environmental/Climate Justice approach. Finally, the cases analyzed were selected
by the active participation of indigenous people or quilombolas.
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