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Representações sociais das mães sobre o abuso sexual intrafamiliar sofrido por seus filhos

Castro, Cintia Maria Ramos de 27 April 2012 (has links)
Made available in DSpace on 2015-04-11T13:41:01Z (GMT). No. of bitstreams: 1 cintia maria.pdf: 1062247 bytes, checksum: e4239c56f4a2ae7d5304a1f196dd6e2b (MD5) Previous issue date: 2012-04-27 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / The overall goal of this dissertation was to seize the social representations of mothers about the domestic sexual abuse suffered by their children. The domestic sexual abuse against children was treated under a psychosociological approach, through theoretical Social Psychology, conducted by the theory of social representations, Moscovici, together with the contributions of Doise. The study comprised a technique of field research. The locus of study was at the center of Social assistance Specialized Reference (CREAS) in Manaus, Amazonas. Participated thirty-two women, aged 23 to 50, who responded to a semi-structured interview with closed questions about the sociodemographic data and other open questions that contemplated the objectives. The contents of the interviews were handled by Lexical Analysis from the software Alceste, through the standard procedure resulting in Descending hierarchical classification. The collected data were analyzed by descriptive statistics and inferential understanding (Chi-square). The results showed that mothers were socially against the abuse considering it as horrible, an act that happens only with the gentle and innocent children, or something that can be seen, made and played. Representing the factors of occurrence of sexual abuse facilitators anchored in that physical and psychological violence suffered by their companions, in addition to financial insecurity, unemployment, lack of social and psychological assistance. About the consequences of abusive acts their speeches in physical side effects suffered by their children with torn hymen, diarrhea, vomiting and genital dilaceration. Concerning the damages they suffered the focus was on: interpersonal with negative feelings of hatred, disgust, anger, guilt, pain, sadness, nightmares, betrayal, vengeance, negative self-image, sorrows, rancor and the feeling of powerlessness; with interpersonal avoidance in new affective involvement due to fear of exposing their children to another perpetrator of violence; financial hardship due to unemployment and the lack of help from former when this was the perpetrator; disbelief in the Justice of men in antinomy belief in divine law of God. It was still suggest the proposition of future research. / O objetivo geral da presente dissertação foi apreender as representações sociais das mães sobre o abuso sexual intrafamiliar sofrido por seus filhos. O abuso sexual intrafamiliar contra crianças foi tratado segundo um enfoque psicossociológico, por meio do arcabouço teórico da Psicologia Social, conduzido pela Teoria das Representações Sociais, de Moscovici, acompanhado das contribuições de Doise. O estudo compreendeu uma técnica de pesquisa de campo. O lócus do estudo situou-se no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) em Manaus, no Amazonas. Participaram trinta e duas mulheres, com faixa etária de 23 a 50 anos de idade, que responderam a uma entrevista semiestruturada com perguntas fechadas sobre os dados sociodemográficos e outras abertas que contemplaram os objetivos. Os conteúdos das entrevistas foram tratados pela Análise Lexical do software Alceste, por meio do procedimento padrão resultando na Classificação Hierárquica Descendente. Os dados coletados foram analisados pela estatística descritiva e inferencial (qui-quadrado). Os resultados demonstraram que as mães representaram socialmente o abuso sexual intrafamiliar contra suas crianças objetivando-o como horrível, um ato que acontece só com as crianças inocentes e meigas, ou algo que se vê, faz e se toca. Representaram os fatores facilitadores da ocorrência do abuso sexual ancorados na violência física e psicológica que sofriam por parte de seus companheiros, além da precariedade financeira, desemprego, falta de assistência psicológica e social. Quanto às consequências dos atos abusivos, objetivaram seus discursos nas sequelas físicas sofridas por suas crianças, como rompimento do hímen, diarreias, vômitos e dilaceração genital. Já em relação aos danos padecidos por elas, objetivaram em: intrapessoais, com sentimentos negativos de ódio, repulsa, revolta, culpa, dor, tristeza, pesadelos, traição, autoimagem negativa, vingança, mágoas, rancor e a sensação de impotência; interpessoais, com evitação em novo envolvimento afetivo devido ao medo de expor seus filhos a um outro perpetrador de violência; dificuldades financeiras, devido ao desemprego e à falta de ajuda do ex-companheiro quando este foi o perpetrador; descrença na justiça dos homens em antinomia à crença na lei divina. Procurou-se ainda sugerir a proposição de futuras pesquisas.
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Pessoas em minha vida: o apego e os vínculos afetivos de crianças vítimas de abuso sexual / People in my life: attachment and affective bonds of children victims of sexual abuse

Viviane Manfre Garcia de Souza 10 August 2012 (has links)
O abuso sexual infantil (ASI) é um fenômeno de destaque em todo o mundo nas últimas décadas e é considerado uma questão de saúde pública, por tratar-se de um importante fator de risco para o desenvolvimento de psicopatologias. Seus efeitos têm sido amplamente estudados, devido à sua diversidade, magnitude e consequências, e podem ser observados inclusive nos vínculos afetivos que a criança estabelece. O presente estudo buscou verificar a qualidade do apego de vítimas de ASI, pois acredita-se que esta experiência tenha grande influência no desenvolvimento das relações afetivas da criança, podendo alterar seu padrão de apego até a vida adulta. Para isso, foi realizado um estudo piloto com o inventário Pessoas em minha vida (PIML), o qual foi elaborado com o objetivo de mensurar a qualidade destes vínculos em crianças. A amostra foi composta por 60 crianças de 09 a 12 anos, de baixo nível sócioeconômico, sendo 30 vítimas de ASI (grupo clínico). Também foi aplicado o Inventário de Frases auxiliar no diagnóstico de violência doméstica contra crianças e adolescentes (IFVD), a fim de coletar mais dados acerca dos efeitos da violência, além de ser utilizado como critério de exclusão no grupo comparativo, caso a criança apresentasse suspeita de vitimização. Após consentimento dos pais ou responsáveis pelas crianças, pesquisadores treinados realizaram aplicações individuais na própria escola ou instituição, que disponibilizaram salas para tal. Os resultados apontaram diferenças significativas entre os dois grupos (clínico e comparativo). As crianças vitimizadas apresentaram menores pontuações em relação ao apego quando comparadas a seus pares, indicando maior dificuldade em confiar nas pessoas e sentir-se segura na presença dos cuidadores. Além disso, apresentaram maiores pontuações em todos os níveis de sintomas referentes aos transtornos investigados pelo IFVD, demonstrando a variedade dos efeitos do ASI naqueles que o sofrem. A partir do estudo com o PIML, observou-se que este instrumento não é capaz de avaliar padrões de apego infantil, entretanto mostrou-se eficaz na avaliação dos vínculos e relações afetivas estabelecidas pelas crianças com as pessoas próximas a ela, bem como o sentido de segurança e confiança no mundo que a cerca. São feitas algumas ressalvas 4 acerca da estrutura e utilização do instrumento, além de sugestões no sentido de aprimorá-lo. Destaca-se ainda a necessidade de novos estudos e dados mais específicos sobre a incidência de ASI no Brasil e no mundo, a fim de desenvolver políticas públicas eficientes para prevenir e lidar com esse fenômeno / Child sexual abuse (CSA) is a worldwide phenomenon and should be considered a public health issue as an important risk factor for the development of psychopathologies. Its effects have been extensively studied because of its variety, magnitude and consequences, which can also be identified in the affective bonds that the child establishes. The present study aimed to evaluate the attachment quality of CSA victims, for it is believed that this experience has a great influence on the development of childrens emotional relationships and that it can change their pattern of attachment into adulthood. Therefore, a pilot study with the People in my life (PIML) inventory was conducted, which was created to measure the quality of childrens bonds. The sample comprised 60 children aged between 09 and 12 years, with low socioeconomic status, being 30 of them victims of CSA (clinical group). The Phrase Inventory of Intrafamilial Child Abuse (PIICA) was used in order to gather more data regarding the effects of violence, also to exclude any suspected victim from the comparison group. After parents or guardians concent, trained researchers conducted individual interviews with the children in their school or institution. The results showed significant differences between clinical and comparative groups. The victims obtained lower attachment scores when compared to their peers, indicating greater difficulty in trusting others and feeling safe in presence of their caregivers. Additionally, they got higher scores on all types of disorders pointed by the PIICA, demonstrating the variety of the effects of CSA on those who suffer it. This study also pointed that the PIML does not assess patterns of child attachment. However, it proved to be effective on evaluating the childrens bonds and affective relationships, the feeling of security and trust in the world around them. Notes and suggestions regarding the instrument are made and the need for further studies and more specific data on the incidence of CSA in Brazil and abroad is highlighted, in order to develop effective public policies to prevent and take care of this phenomenon
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Abuso sexual de crianças e adolescentes: um estudo psicanalítico sobre o trabalho de escuta aos sujeitos envolvidos na trama incestuosa / Sexual abuse of children and adolescents: a psychoanalytic study on the work of listening to the people involved in the incestuous plot

Rosemary Peres Miyahara 27 April 2018 (has links)
Esta pesquisa versa sobre o incesto, qual seja, o abuso sexual de crianças e adolescentes que acontece no ambiente familiar. Tem como propósito o aprofundamento reflexivo sobre a escuta aos sujeitos envolvidos na trama incestuosa, tendo em vista o aprimoramento das práticas profissionais na área. Para tanto, empreende um percurso de estudos com referenciais da Psicanálise embasados nas formulações fundadoras de Freud, Ferenczi e Lacan, numa profícua interlocução com comentadores como Piera Aulagnier, Abraham e Torok, Françoise Dolto, entre outros. A trajetória das discussões parte das elaborações teóricas sobre sexualidade infantil e interações parentais, a interdição ao incesto como fundamento da cultura, a dimensão traumática da interação sexual abusiva, perpassa os liames da transmissão psíquica e desdobra-se no enfoque sobre aquele que figura no lugar de autor da agressão sexual. Nesta vertente, a centralidade do debate aborda, num primeiro momento, a perversão como estrutura e a densidade de seus elementos constitutivos, como a recusa à castração, o desafio à lei, a dinâmica sadomasoquista e o mecanismo do desmentido. Num segundo momento, a atenção se volta para a perversão como uma nova modalidade de laço social. A partir daí, o campo de estudo se abre para o entendimento do que tem se configurado como a mais frequente casuística no trabalho com a escuta dessas situações: o sujeito neurótico capturado numa montagem social perversa. A autora, tomando como eixo norteador do presente estudo o material empírico de sua práxis na supervisão ao atendimento da família envolvida na trama incestuosa, tece como considerações finais que o aprimoramento do trabalho de escuta precisa, necessariamente, passar pelo conhecimento das dinâmica psíquicas e sociais que geram e mantém a dinâmica familiar abusiva e que a Psicanálise e o espaço de supervisão são estratégias de excelência na consecução deste objetivo / This study refers to incest, which is, the sexual abuse of children and adolescents that happens in the family environment. Its purpose is a deepening reflection on listening to all people involved in the incestuous plot, in order to improve professional practices in the area. Therefore, it undertakes a course of studies with references of Psychoanalysis based on the founding formulations of Freud, Ferenczi and Lacan, in a successful communication with commentators such as Piera Aulagnier, Abraham and Torok, Françoise Dolto, among others. The trajectory of the discussions starts from a theoretical preparation of the child sexuality and parental interactions, the interdiction on incest as the foundation of culture, the traumatic dimension of abusive sexual interaction, goes beyond the boundaries of psychic transmission and unfolds in the focus of the one who appears in the place of the author of the sexual aggression. In this aspect, the centrality of the debate deals, in a first moment, with perversion as structure and the density of its constitutive elements, such as refusal to castrate, challenge to the law, sadomasochistic dynamics and mechanism of denial. In a second moment, attention turns to perversion as a new mode of social bonding. From then on, the field of study opens up to the understanding of what has been configured as the most frequent casuistry in the work with the listening to these situations: the neurotic individual captured in a perverse social setup. The author, building her studies on the empirical material of her praxis in supervising the care of the incestuous family, makes as her final considerations that improvement on the work of listening must, necessarily, pass through knowledge of psychic and social dynamics which generate and maintain the abusive family dynamics and that the Psychoanalysis and the supervisory space are strategies of excellence in achieving this goal
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El aprovechamiento de la incapacidad para oponerse en el delito de violación : un análisis desde el movimiento feminista

Valenzuela Rojas, María Fernanda, Véliz Guevara, Natalia January 2016 (has links)
Memoria (licenciado en ciencias jurídicas y sociales) / Autor no autoriza el acceso a texto completo de su documento / La modificación al segundo numeral del delito de violación, incorporada por la Ley N°20.480 es el objeto de estudio de esta tesis, que busca delimitar el sentido y alcance de la nueva terminología aplicada a este ilícito penal, analizando el papel que juega el consentimiento de la víctima desde un enfoque feminista. La voz aprovechamiento de la incapacidad para oponerse, incorporada por la última modificación hecha a este delito, comprende una interpretación extensiva a situaciones de imposibilidad física y psicológica por parte de la víctima para repeler la agresión sexual, logrando así incluir circunstancias de comisión de este delito que antes no podían ser subsumidas en la norma, ya que no encajaban con las diversas hipótesis que contempla el delito de violación. Para llegar a esta conclusión, es que en el primer capítulo se hablará de los delitos sexuales en general, su evolución histórica, la relación entre el feminismo y los delitos sexuales, así como el tratamiento que estos han tenido en nuestra legislación. Luego se abordará el delito de violación en particular, tratando conceptos como el bien jurídico a proteger, sujetos y el consentimiento de la víctima y sus repercusiones al momento de determinar la existencia del delito, utilizando para ello las concepciones feministas en torno al tratamiento legislativo que reciben los delitos de carácter sexual. Finalmente se analiza en forma extensa la modificación incorporada al delito de violación, en qué consiste la locución aprovechamiento de la incapacidad para oponerse, los requisitos para que esta hipótesis opere, y las diferentes nuevas circunstancias en que se entiende cometido este delito, que se incorporan como incapacidad psicológica de oposición.
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Estudio del test de apercepción infantil CAT-A para la detección de delitos sexuales en menores entre 5 y 10 años, institucionalizados, víctimas y no víctimas de agresión sexual intrafamiliar

Antivilo Bruna, Andrés, Castillo Montes, Daniela January 2004 (has links)
No description available.
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Trabajo Pericial Psicológico realizado en el Centro de Tránsito y Distribución Ambulatorio Santiago: “Peritaje psicológico en casos de denuncia por Delitos Sexuales contra víctimas niños, niñas y adolescentes”.

Carvajal Urzúa, Pamela January 2007 (has links)
No description available.
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Comparación de las dinámicas familiares en familias que presentan abuso sexual con otros tipos de familia

Quirós Bustamante, Paula January 2006 (has links)
No description available.
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Estudio exploratorio para medir los efectos de una situación de apresto para reducir la ansiedad y facilitar el relato durante la entrevista forense en niños y niñas entre 4 y 6 años víctimas de delitos sexuales

Vallejo Correa, Valentina Andrea January 2012 (has links)
Magíster en Psicología mención Psicología Clínica Infanto Juvenil / La presente investigación tuvo como objetivo general explorar el impacto de una situación de apresto previa a la indagación de relato durante la entrevista forense, para lo cual se estructuraron diferentes actividades lúdicas, destinadas a reducir la ansiedad y facilitar el relato en niños y niñas entre cuatro y seis años, presuntas víctimas de abuso sexual intrafamiliar, en el curso de una investigación penal. Para lograr dicho objetivo, se utilizó una metodología cuantitativa, de tipo exploratorio con alcance descriptivo correlacional, utilizando un diseño cuasi experimental con pre y postprueba, que incluyó la aplicación de una escala observacional de ansiedad en tres momentos del proceso de evaluación tanto para el grupo control como para el grupo experimental, siendo a éste último a quien se le aplicó la situación de apresto. Los resultados evidenciaron una diferencia significativa entre ambos grupos, observándose una reducción en los montos de ansiedad para los niños y niñas que participaron de la situación de apresto versus los que no participaron. Asimismo se observó una asociación directa entre la reducción de la ansiedad y la entrega de un relato, estableciéndose como una importante variable interviniente en la entrega de un relato, la mantención del contacto con el presunto agresor
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Convalidación de la declaración de la víctima como prueba anticipada en los delitos contra la libertad sexual cometidos en flagrancia delictiva: Ica 2014-2015

Palomino de la Cruz, Jeannette Marina January 2017 (has links)
Rescata la esencialidad y la importancia que tiene la prueba anticipada en el marco del proceso penal peruano, su evolución, implicancias constitucionales, legales y dogmáticas, requisitos, supuestos de aplicación, procedimiento y efectos. Propone convalidar la declaración de la víctima de abuso sexual como prueba anticipada permitiendo la solución de los delitos contra la libertad sexual cometidos en flagrancia delictiva, sin necesidad de llevarse a cabo una audiencia al haberse practicado con las formalidades de ley. / Tesis
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Retratos da violência contra a criança : as produções discursivas de cuidadoras que frequentam uma instituição de atendimento

Paulo Viana Figueiredo, Pedro 31 January 2010 (has links)
Made available in DSpace on 2014-06-12T23:01:37Z (GMT). No. of bitstreams: 2 arquivo809_1.pdf: 1412808 bytes, checksum: 30c37f7ce45e2e590ae332c7226b1155 (MD5) license.txt: 1748 bytes, checksum: 8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33 (MD5) Previous issue date: 2010 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Trata-se de um trabalho que tem como foco de interesse os discursos que cuidadoras de crianças que sofreram violência produzem sobre a violência doméstica. A pesquisa foi realizada numa organização não-governamental (ONG) da cidade do Recife que atende crianças e adolescentes vítimas de violência. A partir das intervenções profissionais na instituição de reuniões de orientação, oficinas, capacitações, cursos, palestras etc. as cuidadoras têm contato com conceitos acerca da violência que não tinham anteriormente. Tais conceitos, porém, podem não ser bem aceitos, havendo resistências em serem adotados já que não fazem parte de suas vivências ou até mesmo contradizem práticas e conceitos antigos. É relevante, portanto, explorar os discursos sobre a violência doméstica que as cuidadoras produzem para compreender que atos/eventos passam a ser entendidos como violência em suas trajetórias de vida e na relação com seus/suas filhos/as a partir da intervenção institucional. Este é um trabalho de natureza qualitativa que teve como participantes cinco cuidadoras (mulheres) que frequentam o atendimento desta ONG. Duas entrevistas com grupos focais foram utilizadas como instrumento de geração de material discursivo, sendo gravadas para posterior transcrição, e tiveram duração média de 2h15min cada. O material foi analisado a partir da psicologia social de natureza discursiva desenvolvida por autores como Jonathan Potter, Margareth Wetherell, Derek Edwards e Michael Billig, que enfatizam o caráter retórico do discurso (como as pessoas argumentam sobre eventos e fenômenos), sua função (ação e consequências do discurso) e variabilidade. Os relatos dessas mulheres focalizam, em sua maioria, suas experiências pessoais. Nesses relatos cada participante deu ênfase a características ou eventos distintos que envolveram a violência contra seus/suas filhos/as. Foram também produzidos discursos que descrevem experiências anteriores de violência sofridas geralmente na infância por essas mulheres. Essas experiências, e outras experiências do cotidiano familiar dessas mulheres, influenciaram, segundo elas, no reconhecimento, ou na ignorância, da violência que seus/suas filhos/as estariam sofrendo, pois forneceram repertórios que determinavam os atos que poderiam ser classificados ou não como atos violentos. Relatam a importância das intervenções na instituição para que compreendessem a violência doméstica e pudessem reconhecê-la, bem como significar eventos passados a partir de novos referenciais fornecidos pela instituição. Também discutem como, em um primeiro momento, o apoio (ou a falta de apoio) da família e/ou de grupos religiosos tornou-se essencial no momento de decidir sobre como proceder para impedir a continuação daquilo que passaram a reconhecer como violência contra seus/suas filhos/as. Através de seus relatos, podemos compreender exemplos de conceitos e práticas que foram apropriadas pelas participantes a partir de repertórios sobre o fenômeno da violência doméstica fornecidos pela instituição. Estes repertórios permitiram que elas passassem a nomear e significar eventos recentes e antigos que antes não eram reconhecidos como sendo violentos

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