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Família, educação e vulnerabilidade social = o caso da Região Metropolitana de Campinas / Family, education and social vulnerability : the case of the Metropolitan Region of Campinas

Stoco, Sergio 07 August 2011 (has links)
Orientador: Jose Roberto Rus Perez / Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação / Made available in DSpace on 2018-08-19T08:57:39Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Stoco_Sergio_D.pdf: 2608494 bytes, checksum: 3632c963e6abe46505650c9b4a36ceed (MD5) Previous issue date: 2011 / Resumo: O sistema de ensino brasileiro conquistou a universalização do Ensino Fundamental, mas carrega na sua organização e estrutura uma divisão, que segrega as crianças oriundas das famílias mais pobres. Neste contexto, educar para quê? Partindo da perspectiva da família, tendo o domicílio como unidade de análise, este trabalho irá recuperar os processos sociais, em uma abordagem materialista (capitais), que definem os sentidos e as ações familiares na sua função educacional, sistematizados por referenciais teóricos heurísticos que definem o grupo e o sentido social da família, suas motivações econômicas, seus processos simbólicos de legitimação e suas relações e interações. Estes atributos conceituais teóricos e empíricos serão operacionalizados na forma de ativos disponíveis ou não, utilizáveis ou não pelas famílias pesquisadas considerando sua posição social, seu lugar no espaço habitado e suas relações, configurando o espaço social como uma estrutura de oportunidades, estratificadas a partir do conceito de vulnerabilidade social. A metodologia empregada foi desenvolvida na pesquisa "Dinâmica Intrametropolitana e Vulnerabilidade Sócio-demográfica nas Metrópoles do Interior Paulista: Campinas e Santos", que contou com o mapeamento das Zonas de Vulnerabilidade das regiões pesquisadas e com o levantamento de informações ao longo do segundo semestre de 2007, a partir de uma pesquisa domiciliar realizada em 1680 domicílios escolhidos através de uma amostra aleatória especialmente desenhada para refletir a heterogeneidade espacial da Região Metropolitana de Campinas em termos do grau de vulnerabilidade das famílias. Esta inovação na forma de estratificar o espaço e a população em situação de vulnerabilidade social é mais abrangente que as tradicionais medidas de pobreza, pois se refere à condição de não possuir ou não conseguir usar ativos materiais e imateriais que permitiriam ao indivíduo ou grupo social lidar com a situação de pobreza. Dessa forma, os lugares vulneráveis são aqueles nos quais os indivíduos ou grupos sociais enfrentam riscos e a impossibilidade de acesso a serviços e direitos básicos de cidadania como condições habitacionais, sanitárias, educacionais, de trabalho e de participação e acesso diferencial a informação e às oportunidades oferecidas de forma mais ampla àqueles que possuem estas condições. Os primeiros resultados, apresentados na forma de capital físico/financeiro, capital cultural e capital social mostram, de um lado, uma região com infraestrutura bastante consolidada nas regiões de ocupação mais antiga, favorecida pela pujança econômica, pela dinâmica do emprego e renda e pela capacidade tecnológica características desta parte do estado de São Paulo, com avançado processo de universalização das políticas públicas de educação e saúde. Do outro lado, uma população segregada na sua condição de vulnerabilidade social absoluta, marcada tanto pelas péssimas condições de infraestrutura urbana, precariedade e instabilidade nas suas condições de emprego e renda, como na dificuldade de conquistar ativos vinculados à escolaridade, o acesso a serviços (sejam eles públicos ou privados) e os efeitos simbólicos de pertencimento a regiões estigmatizadas. Estas diferenças são apresentadas no trabalho de modo a identificar um conjunto de variáveis (ativos) que determinam uma condição social, que acaba por orientar a forma e a posição que as famílias assumem nas suas escolhas educacionais. / Abstract: The Brazilian educational system achieved universal primary education, but carries its organization and structure in a division that segregates the children from the poorest families. In this context, education for what? From the perspective of the family as the unit of analysis, this work will restore the social processes in a materialist approach (capital), which define the directions and actions in their family educational function, a systematic theoretical heuristics that define the group and social meaning of family, their economic motivations, their symbolic processes of legitimation and their relationships and interactions. These attributes are theoretical and empirical concepts operationalized in the form of active or not available, usable or not by the families surveyed considering their social position, his place in the living space and their relationships by setting social space as an opportunity structure, from the Stratified concept of social vulnerability. The methodology was developed in the search "Intra-metropolitan dynamics and socio-demographic vulnerability in two metropolitan areas in the State of São Paulo, Brazil: Campinas and Santos" which included the mapping of areas of vulnerability of the areas surveyed and the survey of information throughout the second half of 2007, from a household survey conducted in 1680 households selected through a random sample specially designed to reflect the spatial heterogeneity of the Metropolitan Region of Campinas in the degree of vulnerability of families. This innovation in the form of space, and stratify the population in a situation of social vulnerability is more comprehensive than traditional measures of poverty, which refers to the condition of not having or not use of tangible and intangible assets that would allow the individual or social group to deal with the poverty situation. Thus, the vulnerable places are those in which individuals or social groups face risks and lack of access to services and basic rights of citizenship such as housing conditions, health, educational, employment and participation and differential access to information and opportunities more broadly to those who have these conditions. The first results, presented in the form of physical capital / financial, cultural capital and social capital, infrastructure showed a region with a stronger foothold in the oldest settled regions, favored by the boom, the dynamics of employment and income characteristics of the technological capacity part of the state of São Paulo, with advanced process of universalization of public policies on education and health. On the other hand, a population segregated in their absolute condition of social vulnerability, marked both by the appalling conditions of urban infrastructure, insecurity and instability in their conditions of employment and income, as the difficulty of gaining assets related to education, access to services ( whether public or private) and the symbolic effects of belonging to stigmatized regions. These differences are presented in the study to identify a set of variables (assets) that determine a social condition that ultimately guide the shape and position that families take in their educational choices. / Doutorado / Politicas de Educação e Sistemas Educativos / Doutor em Educação
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Análise do filme Que horas ela volta? : o espaço social como palco de conflitos e tensões entre classes /

Gothardo, Josiane. January 2017 (has links)
Orientador: Osvando José Morais / Banca: Marcelo Magalhães Bulhões / Banca: Pedro David Russi Duarte / Resumo: A presente dissertação tem por objetivo verificar as relações sócio-espaciais, afetivas e de classes contidas no filme Que horas ela volta?, de Anna Muylaert, 2015. O filme é o relato sutil das diferenças e conflitos sociais presentes entre as camadas mais altas e mais baixas da sociedade. Portanto, nos concentramos na função que a empregada doméstica desempenha na trama e qual papel assume em sociedade, além da construção socioespacial relacionada às barreiras e divisões sociais. Essa tensão latente nos faz pensar de que maneira os produtos audiovisuais podem ser recortes de conflitos de uma época, refletindo a relação de poder existente em nossa cultura. Para tanto, foi realizado um levantamento bibliográfico com vistas a abordar as questões de identidade, cultura, representação, produção de espaços e discursos hegemônicos. / Abstract: The present dissertation aims to verify the socio-spatial, affective and class relations contained in the movie The Second Mother, by Anna Muylaert, 2015. The film is the subtle account of the differences and social conflicts present between the layers higher and lower of the society. Therefore, we focus on the role domestic servants in the plot and what role they plays in society, beyond to the socio-spatial construction related to social barriers and divisions. This latent tension makes us wonder how audiovisual products can become documents of an era, reflecting the power relationship that exists in our culture. For that, a bibliographical survey was carried out to deal with issues of identity, culture, representation, production of spaces and hegemonic discourses. / Resumen: La presente disertación tiene por objetivo verificar las relaciones socio-espaciales, afectivas y de clases contenidas en la película Una segunda madre, de Anna Muylaert, 2015. La película es el relato sutil de las diferencias y conflictos sociales presentes entre las capas más altas y más bajas de la sociedad. Sin embargo, nos concentramos en la función que la empleada doméstica desempeña en la trama y qué papel asume en sociedad, además de la construcción socioespacial relacionada a las barreras y divisiones sociales. Esta tensión latente nos hace pensar de qué manera los productos audiovisuales pueden convertirse en documentos de una época, reflejando la relación de poder existente en nuestra cultura. Para ello, se realizó un levantamiento bibliográfico con miras a abordar las cuestiones de identidad, cultura, representación, producción de espacios y discursos hegemónicos. / Mestre
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Ensaios sobre consumo

Rosa, Thiago Mendes January 2015 (has links)
Orientadora : Profª. Drª. Adriana Sbicca Fernandes / Co-orientador : Prof. Dr. Flávio de Oliveira Gonçalves / Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciencias Sociais Aplicadas, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Ecônomico. Defesa : 23/03/2015 / Inclui referências / Resumo: As teorias mais tradicionais do consumo deixam de captar importantes características acerca do comportamento do consumidor, ao conduzir suas análises considerando o consumidor como um agente isolado e fazer uma relação direta entre consumo e utilidade. Considerando que o consumidor é, antes de tudo, um ser social, as interações com os demais agentes na sociedade possivelmente influenciam as decisões de consumo. As instituições de consumo, i.e. os "sistemas de regras socialmente construídos que geram regularidades nos comportamentos de consumo das pessoas" (Cosgel, 1997, p.2) têm importante impacto na tomada de decisão dos consumidores. Assim, componentes como emulação, imitação e renda relativa podem influenciar na tomada de decisão dos agentes econômicos, assim como afetar suas satisfações. O objetivo desta dissertação é verificar quais são os resultados oriundos da incorporação destes aspectos na análise do consumidor, a partir de três ensaios, utilizando como fonte de informação a Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2002/2003 e 2008/2009. O primeiro ensaio procura realizar a estratificação da sociedade brasileira a partir de padrões de consumo, aplicando uma análise de cluster, dando origem ao Critério Consumo, de modo a analisar as semelhanças e diferenças entre este novo critério e aqueles mais utilizados no Brasil. Foram considerados todos os bens e serviços disponíveis na POF 2008/2009 para compor as cestas de consumo, perfazendo uma base com mais de 55.000 domicílios e 9.200 variáveis. Um importante resultado verificado é que existem classes que se sentem mais insatisfeitas que as classes imediatamente abaixo na hierarquia social do Critério Consumo, mesmo apresentando um nível médio de renda mais elevado. O segundo ensaio procura aprofundar o estudo acerca do Critério Consumo, ao analisar sua evolução no período 2002/2003 a 2008/2009, verificar quais são os bens e serviços que mais contribuem para diferenciar a classe alta da classe baixa - através de uma análise discriminante, e verificar quais são os padrões de gasto com alguns bens e serviços selecionados. Um dos resultados encontrados aponta uma movimentação dos domicílios em direção a padrões de consumo associados a um nível de renda mais baixo. Finalmente, o terceiro ensaio busca analisar dentro da estrutura do Critério Consumo, como algumas características do consumidor evolucionário influenciam o comportamento do consumidor. Primeiramente, o consumidor evolucionário é caracterizado a partir da revisão de literaturas que analisam o comportamento do consumidor de maneira alternativa aquelas mais tradicionais. Posteriormente, um modelo econométrico é construído para verificar se existem componentes de emulação e consumo relativo entre as classes sociais que afetem a satisfação dos domicílios. Os resultados indicam que estes componentes parecem afetar a satisfação dos domicílios, inclusive de maneira mais determinante que o próprio nível de consumo individual. / Abstract: The more traditional theories of consumption fail to capture important characteristics about the consumer behavior, by conducting their analysis considering the consumer as an isolated agent, and relating directly consumption and utility. Considering that consumer is, above all, a social being, the interactions with other agents in society is likely to affect consumption decisions. The consumption institutions, i.e. the "socially constructed systems of rules that generate regularities in people's consumption behavior" (Cosgel, 1997, p.2) have an important impact on consumer's decision. Thus, components of emulation, imitation and relative income may influence the agents' decision make, as well as affect their satisfaction. The objective of this dissertation is to verify what are the outcomes that emerge when these features are incorporated in consumer analysis. Three essays were written, using as information the 2002/2003 and 2008/2009 HBS - Household Budget Surveys (provided by Brazilian Institute of Geography and Statistics). The first essay aims to undertake the Brazilian society stratification based on consumption patterns, applying a cluster analysis, originating the Consumption Criteria, in order to analyze the similarities and differences between this new Criterion and those most used in Brazil. All the goods and services available in 2008/2009 HBS were used to compose the consumption bundles, totaling a data base with more than 55,000 households and 9,200 variables. One important result found is that there are classes that feel more unsatisfied than classes right below in the social hierarchy of Consumption Criteria, even having a higher level of average income. The second essay seeks to deepen the study about the Consumption Criteria, to analyze its evolution in the period of 2002/2003 to 2008/200, verify which are the goods and services that most contribute to differentiate the upper class from the lower class - through a discriminant analysis, and verify what are the spending patterns using some chosen goods and services. One of the results found suggests a movement of households towards consumption patterns associated with a lower level of income. Finally, the third essay aims to analyze, inside the Consumption Criteria, how some characteristics of the evolutionary consumer affect the consumer behavior. First, the evolutionary consumer is characterized from a literature review of works that look for analyze the consumer behavior alternatively than those more traditional approach. Then, an econometric model is constructed in order to verify if there are emulation and relative consumption components between social classes that could affect household's satisfaction. The results suggest that these components seem to affect the households' satisfaction, even stronger than the individual level of consumption.
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Como jovens de mesma origem social seguem percursos de vida distintos : o caso de Campestre-MG

Pereira, Ricardo Bernardes January 2016 (has links)
Esta dissertação objetiva responder à seguinte pergunta: como jovens, nascidos ou criados numa mesma cidade pequena, em condições socioeconômicas relativamente parecidas, com acesso aos mesmos espaços e instituições, seguem percursos de vida distintos? A partir de vinte narrativas biográficas, a análise de dados centrou-se em três eixos. Primeiro, identificou a influência das instituições escolares, policiais, do mercado de trabalho e da emigração sobre os percursos de vida. Segundo, identificou as relações entre os eventos que compõem os percursos de vida. Terceiro, agrupou as narrativas segundo as categorias de bem-sucedidos na escola, trabalhadores disciplinados e jovens infratores a fim de identificar as semelhanças e diferenças dentro de cada grupo e entre cada um deles. O resultado principal é mostrar os efeitos das interações entre instituições, sequências de eventos, contingências, condições iniciais de vida e agência sobre os percursos de vida. / This dissertation aims to answer the following question: How do young people, born or raised in the same small town, similar in their socioeconomic status and with access to the same spaces and institutions, follow different life paths? Through twenty biographical narratives, data analyses focused on three aspects. First, it identified the influence of the institutional context. Second, it identified the relations among the events of the sequences. Third, it aggregated the narratives according to three categories – successful students, disciplined workers and delinquents – in order to identify differences and similarities within and between each category. The main result is to show the effects of the interactions among institutions, sequences of events, contingencies, initial life conditions and agency over the life courses.
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Mudanças nas famílias brasileiras (1976-2012): uma perspectiva de classe e gênero / Changes in Brazilian families (1976-2012): a class and gender perspective

Nathalie Reis Itaboraí 06 July 2015 (has links)
A presente pesquisa analisa as transformações nas famílias brasileiras do ponto de vista dos diferenciais entre classes e da autonomia feminina no período de 1976 a 2012. Elegeu-se analisar aspectos da formação de família, reprodução, socialização dos filhos e divisão do trabalho (doméstico e remunerado). Na primeira parte, apresenta-se o objeto da pesquisa, seu referencial teórico e histórico. O capítulo 1 apresenta o problema de pesquisa, situando-o no quadro geral das mudanças na condição das mulheres nas famílias no Ocidente e em face das hipóteses de classe presentes nas pesquisas de gênero e família no Brasil. O capítulo 2 apresenta o referencial teórico empregado, considerando a relação entre vida familiar e as estratificações de classe e gênero, e a mudança social como transformação no equilíbrio de poder. O capítulo 3 oferece evidências históricas da diversidade e das mudanças, na longa duração, das práticas familiares e dos rótulos a elas associados, aprofundando-se, a seguir, a experiência de modernização do contexto de 1976 a 2012, escolhido para a análise de dados. Na parte dois investigam-se as transformações nas dimensões centrais da vida familiar, relativas à conjugalidade, reprodução e socialização de filhos. Destacam-se o controle da fecundidade pela contracepção, o adiamento da união e da maternidade, as mudanças no equilíbrio de poder nos casais, e a superação e até inversão das desigualdades educacionais das filhas comparadas aos filhos. Abordam-se também aspectos persistentes de desigualdades em cada uma dessas esferas, como a violência entre parceiros íntimos, a maternidade na adolescência e as dificuldades no processo de autonomização dos jovens. Na terceira parte, indaga-se sobre a construção da autonomia econômica das mulheres na intersecção entre as dimensões do trabalho doméstico e remunerado. No capítulo 7, após constatar a tendência geral e as variações por classe no crescimento da participação das mulheres no mercado de trabalho, nota-se que o engajamento feminino ainda é afetado pelas características familiares. Constata-se também o crescimento da presença de renda de trabalho ou de outra fonte, o que leva a considerar o debate em torno das políticas sociais que concedem titularidade às mulheres. No capítulo 8, analisa-se a divisão do trabalho doméstico e de cuidado, aspecto no qual as desigualdades de gênero seguem expressivas não apenas na geração adulta, mas também entre os filhos, o que conduz à discussão dos limites das mudanças na estratificação de gênero e das propostas em torno da conciliação entre trabalho e família e do direito ao cuidado. Na conclusão, destaca-se que, a despeito das variações por classe no ritmo e grau das mudanças, as mulheres brasileiras, no período 1976-2012, movem-se em direção a um melhor equilíbrio de gênero nas relações familiares. Também são problematizados os limites das mudanças e algumas de suas implicações para as dinâmicas de classe e gênero, indicando ainda algumas direções para pesquisas futuras.
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Percepção das desigualdades socioeconômicas : estudo sobre jovens universitários em Porto Alegre, RS

Kieling, Francisco dos Santos January 2008 (has links)
A percepção generalizada sobre a intensidade da desigualdade socioeconômica é uma questão que poderia ser considerada óbvia no caso brasileiro. A denúncia desse fenômeno por grupos populares desde muito antes da independência política; a realização de estudos desde a década de 1930; e as inúmeras reportagens e relatórios recentes que situam o Brasil no grupo dos países mais desiguais do mundo, poderiam tornar sua percepção uma obviedade. Esse trabalho problematizou junto a um grupo de jovens universitários se a desigualdade, enquanto problema social era percebida de forma homogênea por grupos com distintas trajetórias e origens sociais. Para se chegar até essa problematização, percorreu-se um caminho teórico que passou pela reconstrução dos argumentos centrais: da Sociologia do Conhecimento mannheimiana; de recentes contribuições da sociologia brasileira sobre as desigualdades locais; e de estudos sobre socialização. A realização da pesquisa com jovens exigiu um estudo específico sobre particularidades que constituem essa fase da vida. As teorias de estratificação revisitadas possibilitaram definir o pólo beneficiado pela situação social como classes sociais ricas. As percepções sobre desigualdade socioeconômica foram abordadas a partir de assuntos públicos que estiveram em debate ao longo da última década. Ao todo foram aplicados 162 junto a estudantes de oito cursos superiores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, dos quais 158 foram aproveitados na análise. A amostra foi estratificada de quatro formas diferentes: pelo Índice de Estratificação criado exclusivamente para a pesquisa; pela origem social, captada pela posição profissional do pai; pela trajetória escolar, definida pelo tipo de escola freqüentada; e pela renda familiar declarada. A seguir, captou-se a correlação entre as estratificações realizadas e as percepções sobre a desigualdade sócio-econômica. Dessa forma, foi possível relacionar e hierarquizar os fatores socializadores específicos com as percepções sociais. Para a análise diferenciaram-se as respostas em três categorias: nível de reconhecimento da desigualdade como um problema social estruturante das relações sociais no país; posicionamento aproximado às reivindicações igualitaristas, caracterizado como progressista; e posicionamento aproximado às reivindicações não-igualitaristas, caracterizado como conservador. Através do método da estratificação cruzada revelou-se que os indicadores que explicam o maior reconhecimento da desigualdade como problema são a trajetória escolar em escolas públicas, o pertencimento ao GSE C e a posição profissional do pai como funcionário. A segunda categoria apontou para um posicionamento progressista em relação ao equacionamento da desigualdade sócio-econômica. O exercício apontou para uma correlação mais forte entre o posicionamento progressista e as variáveis: trajetória escolar em estabelecimentos públicos, posição profissional do pai entre filhos de autônomos e funcionários. A terceira categoria indicou o posicionamento conservador em relação ao equacionamento da desigualdade. O procedimento adotado revelou uma correlação mais forte entre posicionamento mais conservador e as variáveis: renda familiar elevada; posição profissional do pai entre filhos de “executivos” e de autônomos. A apresentação dos dados e a análise a partir das categorias construídas indicam que há um padrão em torno de algumas variáveis do processo socializador que condicionam o modo de perceber a realidade social e sua dinâmica. Existe, tendencialmente, uma polarização entre um posicionamento mais conservador em relação ao enfrentamento da desigualdade socioeconômica naqueles egressos de escolas privadas, filhos de “executivos” e oriundos de famílias ricas, por um lado; e mais progressista entre os egressos de escolas públicas, filhos de funcionários e membros do grupo médio-baixo, por outro. / The generalized perception about the intensity of the social economic inequality is an issue that could be considered obvious in the Brazilian case. The complaint of this phenomenon by popular groups since long before political independence, the realization of studies since the 1930’s and the several reports that place Brazil in the group of the most unequal countries in the world, could make its perception an obviousness. This paper problematized in a group of young undergraduate students if the inequality, as a social problem, were noticed in a homogenous way by groups with different developments and social origins. To come to this problematization, it was taken a theoretical path that passed by the reconstruction of the central arguments: the Mannheimian Sociology of Knowledge, recent contributions of the Brazilian sociology about local inequalities and studies about socialization. The realization of the survey with young ones demanded a specific study about the particularities that constitute this stage of life. The reviewed theories of stratification enabled defining the benefit pole by the social situation, such as the rich social classes. The perceptions about social economical inequality were approached from public issues that were on debate through the last decade. It was applied 162 to students from eight undergraduate courses of the Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS), from which 158 were used in this analysis. The sample was stratified in four different ways: by the Stratification Rate created exclusively for this research; by the social origin, taken from the father’s professional position; by the school career, defined by the kind of school they have gone to; and by the declared familiar income. Following, it was taken the correlation between the realized stratifications and the perceptions about the social economical inequality. In this way, it was possible to relate and hierarchizate the specific socializing factors with the social perceptions. For this analysis the answers were divided in three categories: level of awareness of the inequality as a social problem that structures the social relations in this country; the positioning close to the equalitarian claim, characterized as progressist; and the positioning close to the non-equalitarian claim, characterized as conservative. Through the crossed stratification method it was revealed that the indicators that explain the greatest awareness of inequality as a problem are the school career in public schools, being part of the GSE C and the professional position of the father as employee. The second category pointed to a progressist positioning in relation to the equalization of the social economical inequality. The activity pointed to a stronger correlation between the progressist positioning and the variants: school career in public schools, professional position of the father between children of autonomous workers and employees. The third category indicated the conservative positioning relating to the equalization of the inequality. The adopted procedure revealed a stronger correlation between the more conservative positioning and the variants: high familiar income; professional position of the father between children of executives and autonomous workers. The presentation of data and the analysis from the built categories indicate that there is a pattern in some variants of socializing process that conditions the way of realizing the social reality and its dynamics. There is, tendentiously, a polarization between a more conservative positioning in relation to facing the social economical inequality in those who come from private schools, children of executives and born in rich families. On the other hand, there is a more progressist positioning among those who come from public schools, children of employees and members of the medium-low group.
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Percepção das desigualdades socioeconômicas : estudo sobre jovens universitários em Porto Alegre, RS

Kieling, Francisco dos Santos January 2008 (has links)
A percepção generalizada sobre a intensidade da desigualdade socioeconômica é uma questão que poderia ser considerada óbvia no caso brasileiro. A denúncia desse fenômeno por grupos populares desde muito antes da independência política; a realização de estudos desde a década de 1930; e as inúmeras reportagens e relatórios recentes que situam o Brasil no grupo dos países mais desiguais do mundo, poderiam tornar sua percepção uma obviedade. Esse trabalho problematizou junto a um grupo de jovens universitários se a desigualdade, enquanto problema social era percebida de forma homogênea por grupos com distintas trajetórias e origens sociais. Para se chegar até essa problematização, percorreu-se um caminho teórico que passou pela reconstrução dos argumentos centrais: da Sociologia do Conhecimento mannheimiana; de recentes contribuições da sociologia brasileira sobre as desigualdades locais; e de estudos sobre socialização. A realização da pesquisa com jovens exigiu um estudo específico sobre particularidades que constituem essa fase da vida. As teorias de estratificação revisitadas possibilitaram definir o pólo beneficiado pela situação social como classes sociais ricas. As percepções sobre desigualdade socioeconômica foram abordadas a partir de assuntos públicos que estiveram em debate ao longo da última década. Ao todo foram aplicados 162 junto a estudantes de oito cursos superiores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, dos quais 158 foram aproveitados na análise. A amostra foi estratificada de quatro formas diferentes: pelo Índice de Estratificação criado exclusivamente para a pesquisa; pela origem social, captada pela posição profissional do pai; pela trajetória escolar, definida pelo tipo de escola freqüentada; e pela renda familiar declarada. A seguir, captou-se a correlação entre as estratificações realizadas e as percepções sobre a desigualdade sócio-econômica. Dessa forma, foi possível relacionar e hierarquizar os fatores socializadores específicos com as percepções sociais. Para a análise diferenciaram-se as respostas em três categorias: nível de reconhecimento da desigualdade como um problema social estruturante das relações sociais no país; posicionamento aproximado às reivindicações igualitaristas, caracterizado como progressista; e posicionamento aproximado às reivindicações não-igualitaristas, caracterizado como conservador. Através do método da estratificação cruzada revelou-se que os indicadores que explicam o maior reconhecimento da desigualdade como problema são a trajetória escolar em escolas públicas, o pertencimento ao GSE C e a posição profissional do pai como funcionário. A segunda categoria apontou para um posicionamento progressista em relação ao equacionamento da desigualdade sócio-econômica. O exercício apontou para uma correlação mais forte entre o posicionamento progressista e as variáveis: trajetória escolar em estabelecimentos públicos, posição profissional do pai entre filhos de autônomos e funcionários. A terceira categoria indicou o posicionamento conservador em relação ao equacionamento da desigualdade. O procedimento adotado revelou uma correlação mais forte entre posicionamento mais conservador e as variáveis: renda familiar elevada; posição profissional do pai entre filhos de “executivos” e de autônomos. A apresentação dos dados e a análise a partir das categorias construídas indicam que há um padrão em torno de algumas variáveis do processo socializador que condicionam o modo de perceber a realidade social e sua dinâmica. Existe, tendencialmente, uma polarização entre um posicionamento mais conservador em relação ao enfrentamento da desigualdade socioeconômica naqueles egressos de escolas privadas, filhos de “executivos” e oriundos de famílias ricas, por um lado; e mais progressista entre os egressos de escolas públicas, filhos de funcionários e membros do grupo médio-baixo, por outro. / The generalized perception about the intensity of the social economic inequality is an issue that could be considered obvious in the Brazilian case. The complaint of this phenomenon by popular groups since long before political independence, the realization of studies since the 1930’s and the several reports that place Brazil in the group of the most unequal countries in the world, could make its perception an obviousness. This paper problematized in a group of young undergraduate students if the inequality, as a social problem, were noticed in a homogenous way by groups with different developments and social origins. To come to this problematization, it was taken a theoretical path that passed by the reconstruction of the central arguments: the Mannheimian Sociology of Knowledge, recent contributions of the Brazilian sociology about local inequalities and studies about socialization. The realization of the survey with young ones demanded a specific study about the particularities that constitute this stage of life. The reviewed theories of stratification enabled defining the benefit pole by the social situation, such as the rich social classes. The perceptions about social economical inequality were approached from public issues that were on debate through the last decade. It was applied 162 to students from eight undergraduate courses of the Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS), from which 158 were used in this analysis. The sample was stratified in four different ways: by the Stratification Rate created exclusively for this research; by the social origin, taken from the father’s professional position; by the school career, defined by the kind of school they have gone to; and by the declared familiar income. Following, it was taken the correlation between the realized stratifications and the perceptions about the social economical inequality. In this way, it was possible to relate and hierarchizate the specific socializing factors with the social perceptions. For this analysis the answers were divided in three categories: level of awareness of the inequality as a social problem that structures the social relations in this country; the positioning close to the equalitarian claim, characterized as progressist; and the positioning close to the non-equalitarian claim, characterized as conservative. Through the crossed stratification method it was revealed that the indicators that explain the greatest awareness of inequality as a problem are the school career in public schools, being part of the GSE C and the professional position of the father as employee. The second category pointed to a progressist positioning in relation to the equalization of the social economical inequality. The activity pointed to a stronger correlation between the progressist positioning and the variants: school career in public schools, professional position of the father between children of autonomous workers and employees. The third category indicated the conservative positioning relating to the equalization of the inequality. The adopted procedure revealed a stronger correlation between the more conservative positioning and the variants: high familiar income; professional position of the father between children of executives and autonomous workers. The presentation of data and the analysis from the built categories indicate that there is a pattern in some variants of socializing process that conditions the way of realizing the social reality and its dynamics. There is, tendentiously, a polarization between a more conservative positioning in relation to facing the social economical inequality in those who come from private schools, children of executives and born in rich families. On the other hand, there is a more progressist positioning among those who come from public schools, children of employees and members of the medium-low group.
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Percepção das desigualdades socioeconômicas : estudo sobre jovens universitários em Porto Alegre, RS

Kieling, Francisco dos Santos January 2008 (has links)
A percepção generalizada sobre a intensidade da desigualdade socioeconômica é uma questão que poderia ser considerada óbvia no caso brasileiro. A denúncia desse fenômeno por grupos populares desde muito antes da independência política; a realização de estudos desde a década de 1930; e as inúmeras reportagens e relatórios recentes que situam o Brasil no grupo dos países mais desiguais do mundo, poderiam tornar sua percepção uma obviedade. Esse trabalho problematizou junto a um grupo de jovens universitários se a desigualdade, enquanto problema social era percebida de forma homogênea por grupos com distintas trajetórias e origens sociais. Para se chegar até essa problematização, percorreu-se um caminho teórico que passou pela reconstrução dos argumentos centrais: da Sociologia do Conhecimento mannheimiana; de recentes contribuições da sociologia brasileira sobre as desigualdades locais; e de estudos sobre socialização. A realização da pesquisa com jovens exigiu um estudo específico sobre particularidades que constituem essa fase da vida. As teorias de estratificação revisitadas possibilitaram definir o pólo beneficiado pela situação social como classes sociais ricas. As percepções sobre desigualdade socioeconômica foram abordadas a partir de assuntos públicos que estiveram em debate ao longo da última década. Ao todo foram aplicados 162 junto a estudantes de oito cursos superiores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, dos quais 158 foram aproveitados na análise. A amostra foi estratificada de quatro formas diferentes: pelo Índice de Estratificação criado exclusivamente para a pesquisa; pela origem social, captada pela posição profissional do pai; pela trajetória escolar, definida pelo tipo de escola freqüentada; e pela renda familiar declarada. A seguir, captou-se a correlação entre as estratificações realizadas e as percepções sobre a desigualdade sócio-econômica. Dessa forma, foi possível relacionar e hierarquizar os fatores socializadores específicos com as percepções sociais. Para a análise diferenciaram-se as respostas em três categorias: nível de reconhecimento da desigualdade como um problema social estruturante das relações sociais no país; posicionamento aproximado às reivindicações igualitaristas, caracterizado como progressista; e posicionamento aproximado às reivindicações não-igualitaristas, caracterizado como conservador. Através do método da estratificação cruzada revelou-se que os indicadores que explicam o maior reconhecimento da desigualdade como problema são a trajetória escolar em escolas públicas, o pertencimento ao GSE C e a posição profissional do pai como funcionário. A segunda categoria apontou para um posicionamento progressista em relação ao equacionamento da desigualdade sócio-econômica. O exercício apontou para uma correlação mais forte entre o posicionamento progressista e as variáveis: trajetória escolar em estabelecimentos públicos, posição profissional do pai entre filhos de autônomos e funcionários. A terceira categoria indicou o posicionamento conservador em relação ao equacionamento da desigualdade. O procedimento adotado revelou uma correlação mais forte entre posicionamento mais conservador e as variáveis: renda familiar elevada; posição profissional do pai entre filhos de “executivos” e de autônomos. A apresentação dos dados e a análise a partir das categorias construídas indicam que há um padrão em torno de algumas variáveis do processo socializador que condicionam o modo de perceber a realidade social e sua dinâmica. Existe, tendencialmente, uma polarização entre um posicionamento mais conservador em relação ao enfrentamento da desigualdade socioeconômica naqueles egressos de escolas privadas, filhos de “executivos” e oriundos de famílias ricas, por um lado; e mais progressista entre os egressos de escolas públicas, filhos de funcionários e membros do grupo médio-baixo, por outro. / The generalized perception about the intensity of the social economic inequality is an issue that could be considered obvious in the Brazilian case. The complaint of this phenomenon by popular groups since long before political independence, the realization of studies since the 1930’s and the several reports that place Brazil in the group of the most unequal countries in the world, could make its perception an obviousness. This paper problematized in a group of young undergraduate students if the inequality, as a social problem, were noticed in a homogenous way by groups with different developments and social origins. To come to this problematization, it was taken a theoretical path that passed by the reconstruction of the central arguments: the Mannheimian Sociology of Knowledge, recent contributions of the Brazilian sociology about local inequalities and studies about socialization. The realization of the survey with young ones demanded a specific study about the particularities that constitute this stage of life. The reviewed theories of stratification enabled defining the benefit pole by the social situation, such as the rich social classes. The perceptions about social economical inequality were approached from public issues that were on debate through the last decade. It was applied 162 to students from eight undergraduate courses of the Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS), from which 158 were used in this analysis. The sample was stratified in four different ways: by the Stratification Rate created exclusively for this research; by the social origin, taken from the father’s professional position; by the school career, defined by the kind of school they have gone to; and by the declared familiar income. Following, it was taken the correlation between the realized stratifications and the perceptions about the social economical inequality. In this way, it was possible to relate and hierarchizate the specific socializing factors with the social perceptions. For this analysis the answers were divided in three categories: level of awareness of the inequality as a social problem that structures the social relations in this country; the positioning close to the equalitarian claim, characterized as progressist; and the positioning close to the non-equalitarian claim, characterized as conservative. Through the crossed stratification method it was revealed that the indicators that explain the greatest awareness of inequality as a problem are the school career in public schools, being part of the GSE C and the professional position of the father as employee. The second category pointed to a progressist positioning in relation to the equalization of the social economical inequality. The activity pointed to a stronger correlation between the progressist positioning and the variants: school career in public schools, professional position of the father between children of autonomous workers and employees. The third category indicated the conservative positioning relating to the equalization of the inequality. The adopted procedure revealed a stronger correlation between the more conservative positioning and the variants: high familiar income; professional position of the father between children of executives and autonomous workers. The presentation of data and the analysis from the built categories indicate that there is a pattern in some variants of socializing process that conditions the way of realizing the social reality and its dynamics. There is, tendentiously, a polarization between a more conservative positioning in relation to facing the social economical inequality in those who come from private schools, children of executives and born in rich families. On the other hand, there is a more progressist positioning among those who come from public schools, children of employees and members of the medium-low group.
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Como jovens de mesma origem social seguem percursos de vida distintos : o caso de Campestre-MG

Pereira, Ricardo Bernardes January 2016 (has links)
Esta dissertação objetiva responder à seguinte pergunta: como jovens, nascidos ou criados numa mesma cidade pequena, em condições socioeconômicas relativamente parecidas, com acesso aos mesmos espaços e instituições, seguem percursos de vida distintos? A partir de vinte narrativas biográficas, a análise de dados centrou-se em três eixos. Primeiro, identificou a influência das instituições escolares, policiais, do mercado de trabalho e da emigração sobre os percursos de vida. Segundo, identificou as relações entre os eventos que compõem os percursos de vida. Terceiro, agrupou as narrativas segundo as categorias de bem-sucedidos na escola, trabalhadores disciplinados e jovens infratores a fim de identificar as semelhanças e diferenças dentro de cada grupo e entre cada um deles. O resultado principal é mostrar os efeitos das interações entre instituições, sequências de eventos, contingências, condições iniciais de vida e agência sobre os percursos de vida. / This dissertation aims to answer the following question: How do young people, born or raised in the same small town, similar in their socioeconomic status and with access to the same spaces and institutions, follow different life paths? Through twenty biographical narratives, data analyses focused on three aspects. First, it identified the influence of the institutional context. Second, it identified the relations among the events of the sequences. Third, it aggregated the narratives according to three categories – successful students, disciplined workers and delinquents – in order to identify differences and similarities within and between each category. The main result is to show the effects of the interactions among institutions, sequences of events, contingencies, initial life conditions and agency over the life courses.
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Desigualdades educacionais no ensino médio brasileiro: avanços e persistências / Educational inequalities in the Brazilian upper secondary school: progress and persistence

Betina Fresneda 14 November 2012 (has links)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Com a presente tese, buscou-se investigar as desigualdades educacionais que permeiam o ensino médio, principal gargalo do sistema educacional brasileiro. Inicialmente, questionou-se o papel central da educação como legitimadora das desigualdades sociais nas sociedades democráticas. Apresentaram-se os estudos pioneiros da Sociologia da Educação que procuraram explicar as desigualdades educacionais para, então, abordar as hipóteses teóricas elaboradas sobre as tendências da desigualdade de oportunidades educacionais (DOE) ao longo do tempo. Em seguida, testaram-se empiricamente essas hipóteses a partir de modelos de regressão logística sequenciais que permitiram estimar a evolução do efeito das características da família de origem nas chances condicionais de entrada e conclusão do ensino médio durante um período de mais de vinte anos. Observou-se de forma inédita, de 1986 a 2009, que a DOE relativa ao ingresso e à conclusão desse nível de ensino se manteve significativa e relativamente constante, mesmo no período mais recente no qual as taxas de transição no ensino médio vivenciaram seu maior crescimento. Esses resultados corroboram aqueles previstos pela hipótese da Desigualdade Maximamente Mantida (MMI) e aqueles encontrados por estudos anteriores. Incluiu-se também uma análise das mudanças qualitativas da DOE, evidenciando-se um significativo crescimento, entre o ano de 1982 e a década de 2000, no impacto das variáveis que medem o capital cultural e econômico dos estudantes nas chances destes frequentarem a rede de ensino médio particular. Logo, a estratificação entre a rede pública e particular no ensino médio está cada vez mais marcada pela desigualdade na seleção dos seus respectivos alunos, reforçando a dualidade de desempenho que caracteriza essas duas redes de ensino, conforme previsto pela hipótese da Desigualdade Efetivamente Mantida (EMI). Além dessas análises da evolução quantitativa e qualitativa da DOE no ensino médio, investigou-se o quadro geral de desigualdades que incidem sobre o ensino médio técnico à luz das experiências internacionais, tendo em vista que essa é uma modalidade ainda incipiente no Brasil, mas cuja rede está em rápida expansão. Diferentemente do que ocorre na maioria dos países, os jovens de origem menos privilegiada não são os maiores beneficiários dessa modalidade. Apesar de a mesma ser propagada como principal solução para a falta de qualificação juvenil, a ampliação desse tipo de ensino deve ser avaliada com cautela, tendo em vista o público que está sendo efetivamente atingido e o potencial impacto negativo em termos de estratificação educacional observado nos países que seguiram esse caminho. / With this thesis, we sought to investigate the educational inequalities in the upper secondary education, the main bottleneck of the Brazilian educational system. Initially, the central role of education as a way of legitimating social inequalities in democratic societies was discussed. Classic studies of Sociology of Education that tried to explain those educational inequalities were presented, and the theoretical assumptions about trends in inequality of educational opportunities (IEO) over time were addressed. Subsequently, those hypotheses were empirically tested using sequential logit regression models, which allowed the estimation of the evolution of the social background effects on educational transition related to high school during a period of more than twenty years. It was observed, in an unprecedented way, from 1986 thru 2009, that the IEO related to entrance and completion of this educational level remained significant and relatively constant, even in the most recent period, when the transition rates to high school experienced its greatest growth. Those results corroborate the ones predicted by the hypothesis of Maximally Maintained Inequality (MMI) and those found by previous studies. An analysis of the qualitative changes of the IEO was also included, demonstrating significant increase, between 1982 and the 2000s, of the effect of variables that measure the economic and cultural capital of high school students on their chances of enrollment in private high schools (vs. public ones). Hence, the stratification between the public and private high schools is increasingly marked by the inequality in the selection of their respective students, reinforcing the performance duality that characterizes those two school systems, as predicted by the hypothesis of Effectively Maintained Inequality (EMI). In addition to those quantitative and qualitative IEO analyses, the general framework of inequalities concerning the vocational high school was investigated in light of international experiences, taking into account that such type of education is still incipient in Brazil, but expanding rapidly. Unlike what happens in most countries, young people from less privileged background are not the greatest beneficiaries of that educational scheme. Despite being propagated as the main solution to the lack of youth qualification, the expansion of that sort of education should be evaluated with caution, considering the public effectively reached and the potential negative impact in terms of educational stratification observed in countries that followed that path.

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