Spelling suggestions: "subject:"mbyá"" "subject:"byá""
41 |
Mediações musicais e direitos autorais entre grupos Mbyá-Guarani no Rio Grande do SulArnt, Mônica de Andrade January 2010 (has links)
Esta pesquisa objetiva confrontar os fundamentos das atuais regulamentações dos direitos autorais com aspectos de processos de registro e difusão musicais entre grupos Mbyá-Guarani no Rio Grande do Sul. A emergência da música étnica no mercado musical mundial, a promoção de políticas públicas de proteção ao patrimônio cultural e a difusão de meios tecnológicos de registro musical são tomados nesta pesquisa como fatores que afetaram significativamente os processos de criação musical entre grupos indígenas nas últimas três décadas. Nesta etnografia procurei privilegiar casos em que nem mesmo a atribuição de autoria a uma coletividade é suficiente para resolver impasses surgidos em tentativas de definição autoral destas criações, o que evidencia certas limitações dos sistemas de proteção vigentes, restritos a uma perspectiva antropocêntrica e individualista. As concepções êmicas referentes a mediações por onde circulam as expressões musicais apontam, simultaneamente, para a participação de diferentes categorias de entidades que povoam o cosmos nos processos de criação musical, o que varia em relação a cada repertório, e para a relevância do controle sobre a circulação destas expressões. / This research aims to confront the foundations of current regulations of copyright issues with the processes of recording and broadcasting music between groups Mbyá- Guarani in Rio Grande do Sul The emergence of ethnic music in the music world, promoting public policies to protect the cultural heritage and the dissemination of technological means of recording compatibility are taken in this research as factors that significantly affected the processes of musical creation, among indigenous groups in the past three decades. In this ethnography sought privilege where even the attribution of authorship to a collectivity is sufficient to resolve impasses arising in attempts to define copyright of these creations, which highlights certain limitations of existing protection systems, restricted to an individualistic and anthropocentric perspective. Emic conceptions regarding mediation by circulating the musical expressions indicate both to the participation of different categories of entities that populate the cosmos in the processes of musical creation, which varies for each repertoire, and of the importance of control over the movement of these expressions.
|
42 |
Da instabilidade e dos afetos : pacificando relações, amansando outros : cosmopolítica guarani-mbyá (Lago Guaíba/RS-Brasil)Machado, Maria Paula Prates January 2013 (has links)
Dans cette thèse, je propose d'envisager comment les Guarani-Mbyá donnent sens et établissent des relations avec leurs Autres. À partir du langage théorique de la prédation, qui trouve à s'exprimer chez les Mbyá dans une politique de refus du conflit, je focalise mon attention sur les couples mbyá/juruá (non-indigène), féminin/masculin, vivants/morts et, d'une façon générale, proie/prédateur, au sein d'une scène qui s'étend aux ouvertures et aux fermetures du « système du juruá ». L'instabilité de la relation entre vivants et morts se joue dans ñe'ë (principe vital) et ãngue (ombre, spectre) en passant par ete (corps), à l'interstice du risque et de la capture avérée, dans lequel résident les Autres. La propagation de la production de la différence entre morts et vivants implique la nécessité d'une distance qui ne nie pas pour autant l'intensité de la relation. Les mêmes réflexions s'appliquent au couple mbyá/juruá. Les seconds, pour être eux aussi des Autres distants, fragilisent le corps des premiers en raison de leur mode de vie, leur nourriture et leurs attitudes. Alors que la médiation avec les morts implique les chamans, ce sont ici les alliés juruá qui font office de médiateurs prédateurs entre les Mbyá et les Juruá en général. Quant à la relation des Mbyá avec leurs affins, celle-ci exige déjà une tentative de transformation qui fasse de ces Autres proches des sujets approchants, selon la limite d'un principe de négativité. Il ne s'agit pas de transformer cet Autre en égal, car celui-ci perdrait alors tout entier son statut d'autre. En m'inspirant de la thèse de plusieurs auteurs américanistes, je développe l'argument selon lequel la femme Mbyá est intrinsèquement constituée par deux beaux-frères, le premier étant son frère réel et le second son « frère » animal, de telle sorte qu'elle se trouve déjà être, en elle-même, proie. La prédation, dans cette configuration, s'inscrit dans une relation entre sexes opposés ; elle n'est plus ici réversible, car la différence entre les termes est relancée. Proie, la femme occupe une position défavorisée face aux hommes, étant objet, sans être sujet, d'une tension prédatrice. Je considère enfin les ja (maîtres) qui, comme les morts et les Juruá, ne sont pas affins mais ennemis dans toute leur puissance. Si chacun a son maître, si chacun a son « âme », le maître a fonction de sujet. Le ja est seulement maître face à l'Autre ; il n'est jamais maître de quelqu'un/quelque chose en soi. Envisagé ainsi en tant que personne/sujet du réseau de relations sociocosmologiques, le ja est également un médiateur du mode relationnel de la prédation. En conclusion, j'avance que les morts sont pour les Juruá ce que les ja sont pour les affins proches. Si les deux premiers doivent être le point distant du noeud relationnel, les deux derniers sont les proies vitales pour la constitution fondamentale de soi. Et entre ces deux extrêmes, les médiateurs nous suggèrent assumer une fonction paradoxale. Cette recherche est circonscrite à une région composée de plusieurs affluents du lac Guaíba, localisée à l'extrême sud du Brésil, dans laquelle j'ai réalisé des études ethnographiques ces dix dernières années. / Nesta tese proponho pensar como os Guarani-Mbyá significam e estabelecem relações com seus Outros. A partir do idioma teórico da predação, que parece encontrar seu lugar entre os Mbyá em uma política de recusa ao conflito, faço atenção aos pares mbyá/juruá (não indígenas), feminino/masculino, vivos/mortos e, de modo geral, presa/predador em um horizonte delineado em aberturas e fechamentos ao “sistema do juruá”. No que concerne à qualidade da relação entre vivos e mortos, a instabilidade se encontra em ñe’ë (principio vital) e ãngue (sombra, espectro) transpassada por ete (corpo), no interstício do risco e da captura de fato. A propagação da produção da diferença entre ambos inclui a necessidade da distância sem a negação de uma relação intensa. O mesmo ocorre no par mbyá/juruá, que por serem estes últimos também Outros distantes, enfraquecem o corpo dos primeiros em razão de seu modo de ser, por sua comida e suas atitudes. Se a mediação com os mortos passa pelos xamãs, com os Juruá em geral os mediadores predadores são os aliados juruá. Já a relação com Outros próximos, os afins, exige uma tentativa de transformação para que venham a ser como o sujeito que os aproxima, com um limite de negatividade. Não se quer transformar realmente esse Outro em igual, pois se perderia por inteiro sua outridade. Inspirada em alguns autores americanistas, sigo o argumento de que a mulher mbyá é intrinsecamente feita de dois cunhados: o primeiro trata-se de seu irmão real e o segundo de seu “irmão” animal, já que ela em si é uma presa. A predação, nessa direção, se inscreve em uma relação de sexos opostos; ela deixa de ser reversível, já que a diferença entre os termos é relançada. Assim como a presa, a mulher ocupa uma posição desfavorecida face aos homens, sendo objeto e não sujeito de uma tensão predatória. No que diz respeito aos ja (donos-mestres), que assim como os mortos e os Juruá não são afins mas inimigos em toda sua potência, tratam-se de um aspecto de pessoa/sujeito da rede de relações sociocosmológicas. Se tudo tem seu dono, tem sua “alma”, o dono tem função de eu. O ja só se torna dono diante de Outro e jamais diante daquilo que é intitulado dono. Ele também é um mediador do modo relacional da predação. Sendo assim, sugiro para fins de reflexão que os mortos estão para os Juruá assim como os ja estão para os afins próximos. Pois se os dois primeiros devem ser o ponto distante do laço relacional, os dois últimos são as presas vitais para a constituição primeira de si. E entre esses dois extremos, os mediadores indicam assumir função paradoxal. O cenário da presente pesquisa está circunscrito a uma dada região de arroios afluentes ao Lago Guaíba, localizada no extremo sul do Brasil e na qual nos últimos dez anos tenho me dedicado a desenvolver estudos de cunho etnográfico.
|
43 |
A refiguração da Tava Miri São Miguel na memória coletiva dos Mbyá-Guarani nas Missões/RS, Brasil / The refiguration of Tava Miri São Miguel by Mbyá-Guarani collective memory in missions Region/RS, BrazilMoraes, Carlos Eduardo Neves de January 2010 (has links)
Este trabalho discorre sobre a memória coletiva Mbyá-Guarani acerca do Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo, Patrimônio da Humanidade reconhecido pela UNESCO, e situado na região das Missões, noroeste do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Os Mbyá-Guarani habitam uma aldeia no município de São Miguel das Missões (reserva do Inhacapetum) e circulam pela região, a qual reconhecem como um território ancestral. Os membros do grupo comercializam seu artesanato no alpendre do Museu da Missões, localizado no perímetro do Parque Arqueológico, mantendo uma relação cotidiana com os remanescentes da antiga igreja de São Miguel a qual denominam pela categoria Tava Miri. A historiografia oficial, entretanto, nega a ligação dos atuais Mbyá-Guarani com os Guarani missioneiros, alegando que a presença da atual população data do início do século XX. As narrativas dos Mbyá-Guarani conformam uma ligação cosmológica com a Tava Miri, o que pude apreender no contexto da aplicação do Inventário Nacional de Referências Culturais em que participei da equipe executora. Assim, busco neste estudo, fazer ecoar a voz dos Mbyá e sua versão da história. Entendendo a memória enquanto “inteligência narrativa” (Eckert e Rocha, 1998), baseado em relatos dos Mbyá, exploro o circular dos sentidos atribuídos pelos narradores ao lugar de importância cultural, Tava Miri, na conformação de uma memória coletiva. A proposta interpretativa de Paul Ricoeur (1994) é dimensionada na tentativa de apreender o modo pelos quais os narradores Mbyá, ao falarem da Tava Miri, tecem sentidos sobre o mundo, o tempo, a vida e a ação enquanto parte de uma coletividade. Nesse processo, competem fragmentos míticos, experiências pessoais e elementos da história, que servem de orientação para viverem o teko miri (verdadeiro modo de estar no mundo). / This paper refers to Mbyá-Guarani collective memory about São Miguel Arcanjo archaelogical site, which is a Humanity Heritage recognized by UNESCO. This site is located at Mission region, northwestern Rio Grande do Sul state, Brazil. Mbyá-Guarani live in a village at São Miguel das Missões municipality (Inhacapetum reserve), and they walk through this region recognized by them as an ancestral territory. The members of this group sell their handicrafts on the porch of Missões museum, near the limits of the Archealogical park. Like this, they are daily in contact with what remains of the former São Miguel church, designating it by the category Tava Miri. However, the oficial historiography deny that there is a relationship between Mbyá-Guarani and Guarani from Missions times, claiming that they only occupated this area since the 20th century. During the execution of Inventário Nacional de Referências Culturais (National Inventory of Cultural References), from which I participated, a cosmological connection with Tava Miri was designed through Mbyá-Guarani people narratives. In this way, I intend, on this paper, to show Mbyá version of this history through their own voice. The memory has here the meaning of “narrative intelligence” (Eckert e Rocha, 1998). Based on that and on Mbyá reports, I investigate the diverse meanings these narrators attribut to the Tava Miri, a place with cultural importance, constituted by their collective memory. The interpretative proposal of Paul Ricoeur (1994) is brought on this paper as an attempt to understand how Mbyá narrators in their reportings about Tava Miri produce meanings about the world, time, life, and action as part of a collectivity. In this process, they make use of mythic fragments, personal elements, and elements of history, which serve to guide them to teko miri way of life (the true way of being in the world).
|
44 |
Mediações musicais e direitos autorais entre grupos Mbyá-Guarani no Rio Grande do SulArnt, Mônica de Andrade January 2010 (has links)
Esta pesquisa objetiva confrontar os fundamentos das atuais regulamentações dos direitos autorais com aspectos de processos de registro e difusão musicais entre grupos Mbyá-Guarani no Rio Grande do Sul. A emergência da música étnica no mercado musical mundial, a promoção de políticas públicas de proteção ao patrimônio cultural e a difusão de meios tecnológicos de registro musical são tomados nesta pesquisa como fatores que afetaram significativamente os processos de criação musical entre grupos indígenas nas últimas três décadas. Nesta etnografia procurei privilegiar casos em que nem mesmo a atribuição de autoria a uma coletividade é suficiente para resolver impasses surgidos em tentativas de definição autoral destas criações, o que evidencia certas limitações dos sistemas de proteção vigentes, restritos a uma perspectiva antropocêntrica e individualista. As concepções êmicas referentes a mediações por onde circulam as expressões musicais apontam, simultaneamente, para a participação de diferentes categorias de entidades que povoam o cosmos nos processos de criação musical, o que varia em relação a cada repertório, e para a relevância do controle sobre a circulação destas expressões. / This research aims to confront the foundations of current regulations of copyright issues with the processes of recording and broadcasting music between groups Mbyá- Guarani in Rio Grande do Sul The emergence of ethnic music in the music world, promoting public policies to protect the cultural heritage and the dissemination of technological means of recording compatibility are taken in this research as factors that significantly affected the processes of musical creation, among indigenous groups in the past three decades. In this ethnography sought privilege where even the attribution of authorship to a collectivity is sufficient to resolve impasses arising in attempts to define copyright of these creations, which highlights certain limitations of existing protection systems, restricted to an individualistic and anthropocentric perspective. Emic conceptions regarding mediation by circulating the musical expressions indicate both to the participation of different categories of entities that populate the cosmos in the processes of musical creation, which varies for each repertoire, and of the importance of control over the movement of these expressions.
|
45 |
Da instabilidade e dos afetos : pacificando relações, amansando outros : cosmopolítica guarani-mbyá (Lago Guaíba/RS-Brasil)Machado, Maria Paula Prates January 2013 (has links)
Dans cette thèse, je propose d'envisager comment les Guarani-Mbyá donnent sens et établissent des relations avec leurs Autres. À partir du langage théorique de la prédation, qui trouve à s'exprimer chez les Mbyá dans une politique de refus du conflit, je focalise mon attention sur les couples mbyá/juruá (non-indigène), féminin/masculin, vivants/morts et, d'une façon générale, proie/prédateur, au sein d'une scène qui s'étend aux ouvertures et aux fermetures du « système du juruá ». L'instabilité de la relation entre vivants et morts se joue dans ñe'ë (principe vital) et ãngue (ombre, spectre) en passant par ete (corps), à l'interstice du risque et de la capture avérée, dans lequel résident les Autres. La propagation de la production de la différence entre morts et vivants implique la nécessité d'une distance qui ne nie pas pour autant l'intensité de la relation. Les mêmes réflexions s'appliquent au couple mbyá/juruá. Les seconds, pour être eux aussi des Autres distants, fragilisent le corps des premiers en raison de leur mode de vie, leur nourriture et leurs attitudes. Alors que la médiation avec les morts implique les chamans, ce sont ici les alliés juruá qui font office de médiateurs prédateurs entre les Mbyá et les Juruá en général. Quant à la relation des Mbyá avec leurs affins, celle-ci exige déjà une tentative de transformation qui fasse de ces Autres proches des sujets approchants, selon la limite d'un principe de négativité. Il ne s'agit pas de transformer cet Autre en égal, car celui-ci perdrait alors tout entier son statut d'autre. En m'inspirant de la thèse de plusieurs auteurs américanistes, je développe l'argument selon lequel la femme Mbyá est intrinsèquement constituée par deux beaux-frères, le premier étant son frère réel et le second son « frère » animal, de telle sorte qu'elle se trouve déjà être, en elle-même, proie. La prédation, dans cette configuration, s'inscrit dans une relation entre sexes opposés ; elle n'est plus ici réversible, car la différence entre les termes est relancée. Proie, la femme occupe une position défavorisée face aux hommes, étant objet, sans être sujet, d'une tension prédatrice. Je considère enfin les ja (maîtres) qui, comme les morts et les Juruá, ne sont pas affins mais ennemis dans toute leur puissance. Si chacun a son maître, si chacun a son « âme », le maître a fonction de sujet. Le ja est seulement maître face à l'Autre ; il n'est jamais maître de quelqu'un/quelque chose en soi. Envisagé ainsi en tant que personne/sujet du réseau de relations sociocosmologiques, le ja est également un médiateur du mode relationnel de la prédation. En conclusion, j'avance que les morts sont pour les Juruá ce que les ja sont pour les affins proches. Si les deux premiers doivent être le point distant du noeud relationnel, les deux derniers sont les proies vitales pour la constitution fondamentale de soi. Et entre ces deux extrêmes, les médiateurs nous suggèrent assumer une fonction paradoxale. Cette recherche est circonscrite à une région composée de plusieurs affluents du lac Guaíba, localisée à l'extrême sud du Brésil, dans laquelle j'ai réalisé des études ethnographiques ces dix dernières années. / Nesta tese proponho pensar como os Guarani-Mbyá significam e estabelecem relações com seus Outros. A partir do idioma teórico da predação, que parece encontrar seu lugar entre os Mbyá em uma política de recusa ao conflito, faço atenção aos pares mbyá/juruá (não indígenas), feminino/masculino, vivos/mortos e, de modo geral, presa/predador em um horizonte delineado em aberturas e fechamentos ao “sistema do juruá”. No que concerne à qualidade da relação entre vivos e mortos, a instabilidade se encontra em ñe’ë (principio vital) e ãngue (sombra, espectro) transpassada por ete (corpo), no interstício do risco e da captura de fato. A propagação da produção da diferença entre ambos inclui a necessidade da distância sem a negação de uma relação intensa. O mesmo ocorre no par mbyá/juruá, que por serem estes últimos também Outros distantes, enfraquecem o corpo dos primeiros em razão de seu modo de ser, por sua comida e suas atitudes. Se a mediação com os mortos passa pelos xamãs, com os Juruá em geral os mediadores predadores são os aliados juruá. Já a relação com Outros próximos, os afins, exige uma tentativa de transformação para que venham a ser como o sujeito que os aproxima, com um limite de negatividade. Não se quer transformar realmente esse Outro em igual, pois se perderia por inteiro sua outridade. Inspirada em alguns autores americanistas, sigo o argumento de que a mulher mbyá é intrinsecamente feita de dois cunhados: o primeiro trata-se de seu irmão real e o segundo de seu “irmão” animal, já que ela em si é uma presa. A predação, nessa direção, se inscreve em uma relação de sexos opostos; ela deixa de ser reversível, já que a diferença entre os termos é relançada. Assim como a presa, a mulher ocupa uma posição desfavorecida face aos homens, sendo objeto e não sujeito de uma tensão predatória. No que diz respeito aos ja (donos-mestres), que assim como os mortos e os Juruá não são afins mas inimigos em toda sua potência, tratam-se de um aspecto de pessoa/sujeito da rede de relações sociocosmológicas. Se tudo tem seu dono, tem sua “alma”, o dono tem função de eu. O ja só se torna dono diante de Outro e jamais diante daquilo que é intitulado dono. Ele também é um mediador do modo relacional da predação. Sendo assim, sugiro para fins de reflexão que os mortos estão para os Juruá assim como os ja estão para os afins próximos. Pois se os dois primeiros devem ser o ponto distante do laço relacional, os dois últimos são as presas vitais para a constituição primeira de si. E entre esses dois extremos, os mediadores indicam assumir função paradoxal. O cenário da presente pesquisa está circunscrito a uma dada região de arroios afluentes ao Lago Guaíba, localizada no extremo sul do Brasil e na qual nos últimos dez anos tenho me dedicado a desenvolver estudos de cunho etnográfico.
|
46 |
Palavra, sentido e memória: educação e escola nas lembranças dos Guarani Mbyá / Memory and Meaning: knowledge and education among the Guarani Mbya.Testa, Adriana Queiroz 13 June 2007 (has links)
Este trabalho se baseia nas histórias de vida de professores guarani mbyá para acompanhar, nas suas trajetórias de lembranças e experiências, a construção de diferentes processos de aprendizagem, que evidenciam as possíveis e impossíveis relações entre a educação escolar indígena e os diferentes modos de produção e transmissão de conhecimento desenvolvidos pelos Guarani Mbyá. As histórias de vida se inserem numa descrição dos contextos etnográficos percorridos no âmbito da pesquisa e dialogam com as narrativas de outras pessoas guarani, principalmente, das lideranças mais velhas, explicitando diferentes perspectivas sobre o papel das escolas indígenas em meio a outros espaços e formas de construção do conhecimento. / This work, based upon the life histories of Guarani Mbya teachers, attempts to follow, through their paths of memories and experiences, the elaboration of different processes of learning, which express the possible and impossible relations between indigenous school education and the different means of producing and transmitting knowledge developed by the Guarani Mbya. The life histories intertwine with descriptions of the ethnographic contexts studied during this research and dialogue with the narratives of other Guarani Mbya, especially, the elderly, expressing different perspectives on the role of indigenous schooling among other places and means of producing knowledge.
|
47 |
Educação escolar indígena na Ilha da Cotinga em Paranaguá e sua relação com a liberdade cultural - sócio religiosa - do povo Mbyá-GuaraniAlves, Luiz Alberto Sousa 02 September 2015 (has links)
Made available in DSpace on 2016-04-25T19:20:37Z (GMT). No. of bitstreams: 1
Luiz Alberto Sousa Alves.pdf: 17043205 bytes, checksum: b8eb8fbb6ce2271f704a18f6884085c5 (MD5)
Previous issue date: 2015-09-02 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / This thesis discusses the education of the Mbyá-Guarani people of the island Cotinga in Paranagua, analyzing how the elements of their religiosity influence or not in their social organization, consequently pointing perspectives for their daily lives. We have analyzed the indigenous school education and indigenous education, to understand their similarities and differences and their influence on cultural, social and religious freedom of the Mbyá-Guarani community. Indigenous education aims towards the collective, it offers means to the individual be held as a person and to be profitable for the life of community. This traditional pedagogical indigenous action is based on the relations system, characterized by the language, economics, religion and kinship; these language is the most important, extensive and complex being through him that the tradition of the people is taught and learnt. The researched showed that the way of life of the Mbyá-Guarani people, is founded on the knowledge of their religious tradition, as stated that the Mbyá-Guarani people came from a spiritual world where lived with Nhanderu and that life on earth may also be a reunion of people who once lived together, so Jeguatá, the act of walking together is so important and practiced by them. This mobility creates a issue with land possesion, since one of the government's criteria for recognizing indigenous land is to be established in a territory. The cacique recognizes the importance of formal non-indigenous education for his people, as a means to better understand the non-indigenous culture and create a better strategy for negotiating with non-indigenous institutions and to create a more peaceful coexistence with them / A presente tese discute a educação do povo Mbyá-Guarani da ilha da Cotinga
em Paranaguá, analisando como os elementos da religiosidade deste povo
influenciam ou não a sua organização social, apontando consequentemente
perspectivas para o seu cotidiano. Analisamos a educação escolar indígena e a
educação indígena, para compreender suas convergências e divergências e
sua influência na liberdade cultural e sócio-religiosa da comunidade Mbyá-
Guarani. A educação indígena é voltada para o coletivo, ela oferece meios para
o indivíduo realizar-se como pessoa e de ser proveitoso para a vida da
comunidade. Esta ação pedagógica tradicional indígena se apoia no sistema de
relações caracterizado pela língua, economia, religiosidade e grau de
parentesco; destes a língua é a mais importante, ampla e complexa sendo por
seu intermédio que a tradição do povo é ensinada e apreendida. A pesquisa
apontou que o modo de vida do povo Mbyá-Guarani, está fundado nos
conhecimentos da sua tradição religiosa, ao afirmar que o povo Mbyá-Guarani
veio de um mundo espiritual onde conviveram com Nhanderu e que a vida aqui
na terra pode ser também um reencontro de pessoas que antes viviam juntas,
por isso o Jeguatá, o ato de caminhar é importante e praticado pelo povo.
Mobilidade esta que criou problemas com a posse de terras, já que um dos
critérios do governo para reconhecer terras indígenas é estar estabelecido em
um território. O cacique reconhece a importância da educação formal do seu
povo, como meio de conhecer melhor a cultura não índia e se capacitar para
criar estratégia para uma melhor negociação com as instituições não índias e
uma convivência mais pacífica com as mesmas
|
48 |
Proteção social brasileira, amparo e desamparo aos povos indígenasCardoso, Cynthia Franceska 02 May 2012 (has links)
Made available in DSpace on 2016-04-25T20:20:37Z (GMT). No. of bitstreams: 1
Cynthia Franceska Cardoso.pdf: 2735132 bytes, checksum: 903999ca3bd98d1b7d75fa0892e70bbe (MD5)
Previous issue date: 2012-05-02 / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / Until the 80 s, indigenous and social Brazilian policies walked side by side, without intersecting each other. After the promulgation of the Constitution of 1988 these policies were articulated in a fragmented and even residual way, directly influencing the daily life of indigenous inhabitants of the national territory. However, there were no predictions of the consequences in the lives of those people. The intent of this research was to analyze the influence of social policies in daily life of the Guarani Mbyá people, located in the Ribeira Valley, in the State of São Paulo, in seven villages in the municipalities of Iguape, Cananéia , Pariquera-Acu and Sete Barras. The methodology was based on Participatory Action Investigation (IAP), which proposes, among others, the active participation of the subjects involved in research aiming their social role as protagonists. The field research lasted eighteen months, which allowed an analysis of the effectiveness of the social protection policies related to Guarani Mbya people. The concept of social protection policies used throughout the paper refers to the following public policies: education, health, social welfare, retirement, food security, shelter / housing - land and environment, this last one included in the sphere of social policies, since the self-sustainability, culture, worldview, cosmology of that people are intrinsically linked to the environment. The analysis about the influence of social policy highlights the income transfer programs, which are mainly responsible for the current social protection, especially the program called Bolsa Família, the most used among all. To sum up, this represents the access to income transfer programs by indigenous people / As políticas indigenistas e sociais brasileiras caminharam até a década de 1980 lado a lado, sem se cruzar. Após a promulgação da Constituição de 1988 essas políticas se articularam, no entanto, de modo fragmentado e até mesmo residual, influenciando diretamente o cotidiano dos povos indígenas, habitantes do território nacional, sem a previsão das consequências nas vidas desses povos. A intenção da pesquisa foi analisar a influencia das políticas sociais na vida cotidiana dos Guarani Mbya, localizado na região do Vale do Ribeira, no interior do Estado de São Paulo, em sete aldeias nos Municípios de Iguape, Cananéia, Pariquera-Açu e Sete Barras. A metodologia foi fundamentada na Investigação Ação Participativa (IAP), a qual propõe, entre outros, a participação ativa dos sujeitos envolvidos na pesquisa objetivando o seu protagonismo social. O período da pesquisa de campo durou dezoito meses, o qual permitiu, também, uma análise da efetividade das políticas de proteção social no que se refere aos Guarani Mbya. O conceito de políticas de proteção social utilizado ao longo do trabalho refere-se às políticas públicas de educação, saúde, assistência social, previdência, segurança alimentar, moradia / habitação terra e ao meio ambiente, esse último incluído na esfera das políticas sociais, uma vez que a auto-sustentabilidade, a cultura, a visão de mundo, a cosmologia desse povo estão intrinsecamente ligados ao meio ambiente. A análise em torno da influência das políticas sociais dá destaque aos programas de transferência de renda, os quais são os grandes responsáveis pela proteção social atual, principalmente o programa Bolsa Família, o mais acessado dentre todos. Em última análise, o que representa o acesso aos programas de transferências de renda por povos indígenas?
|
49 |
Proteção social brasileira, amparo e desamparo aos povos indígenasCardoso, Cynthia Franceska 02 May 2012 (has links)
Made available in DSpace on 2016-04-26T14:53:31Z (GMT). No. of bitstreams: 1
Cynthia Franceska Cardoso.pdf: 2735132 bytes, checksum: 903999ca3bd98d1b7d75fa0892e70bbe (MD5)
Previous issue date: 2012-05-02 / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / Until the 80 s, indigenous and social Brazilian policies walked side by side, without intersecting each other. After the promulgation of the Constitution of 1988 these policies were articulated in a fragmented and even residual way, directly influencing the daily life of indigenous inhabitants of the national territory. However, there were no predictions of the consequences in the lives of those people. The intent of this research was to analyze the influence of social policies in daily life of the Guarani Mbyá people, located in the Ribeira Valley, in the State of São Paulo, in seven villages in the municipalities of Iguape, Cananéia , Pariquera-Acu and Sete Barras. The methodology was based on Participatory Action Investigation (IAP), which proposes, among others, the active participation of the subjects involved in research aiming their social role as protagonists. The field research lasted eighteen months, which allowed an analysis of the effectiveness of the social protection policies related to Guarani Mbya people. The concept of social protection policies used throughout the paper refers to the following public policies: education, health, social welfare, retirement, food security, shelter / housing - land and environment, this last one included in the sphere of social policies, since the self-sustainability, culture, worldview, cosmology of that people are intrinsically linked to the environment. The analysis about the influence of social policy highlights the income transfer programs, which are mainly responsible for the current social protection, especially the program called Bolsa Família, the most used among all. To sum up, this represents the access to income transfer programs by indigenous people / As políticas indigenistas e sociais brasileiras caminharam até a década de 1980 lado a lado, sem se cruzar. Após a promulgação da Constituição de 1988 essas políticas se articularam, no entanto, de modo fragmentado e até mesmo residual, influenciando diretamente o cotidiano dos povos indígenas, habitantes do território nacional, sem a previsão das consequências nas vidas desses povos. A intenção da pesquisa foi analisar a influencia das políticas sociais na vida cotidiana dos Guarani Mbya, localizado na região do Vale do Ribeira, no interior do Estado de São Paulo, em sete aldeias nos Municípios de Iguape, Cananéia, Pariquera-Açu e Sete Barras. A metodologia foi fundamentada na Investigação Ação Participativa (IAP), a qual propõe, entre outros, a participação ativa dos sujeitos envolvidos na pesquisa objetivando o seu protagonismo social. O período da pesquisa de campo durou dezoito meses, o qual permitiu, também, uma análise da efetividade das políticas de proteção social no que se refere aos Guarani Mbya. O conceito de políticas de proteção social utilizado ao longo do trabalho refere-se às políticas públicas de educação, saúde, assistência social, previdência, segurança alimentar, moradia / habitação terra e ao meio ambiente, esse último incluído na esfera das políticas sociais, uma vez que a auto-sustentabilidade, a cultura, a visão de mundo, a cosmologia desse povo estão intrinsecamente ligados ao meio ambiente. A análise em torno da influência das políticas sociais dá destaque aos programas de transferência de renda, os quais são os grandes responsáveis pela proteção social atual, principalmente o programa Bolsa Família, o mais acessado dentre todos. Em última análise, o que representa o acesso aos programas de transferências de renda por povos indígenas?
|
50 |
Palavra, sentido e memória: educação e escola nas lembranças dos Guarani Mbyá / Memory and Meaning: knowledge and education among the Guarani Mbya.Adriana Queiroz Testa 13 June 2007 (has links)
Este trabalho se baseia nas histórias de vida de professores guarani mbyá para acompanhar, nas suas trajetórias de lembranças e experiências, a construção de diferentes processos de aprendizagem, que evidenciam as possíveis e impossíveis relações entre a educação escolar indígena e os diferentes modos de produção e transmissão de conhecimento desenvolvidos pelos Guarani Mbyá. As histórias de vida se inserem numa descrição dos contextos etnográficos percorridos no âmbito da pesquisa e dialogam com as narrativas de outras pessoas guarani, principalmente, das lideranças mais velhas, explicitando diferentes perspectivas sobre o papel das escolas indígenas em meio a outros espaços e formas de construção do conhecimento. / This work, based upon the life histories of Guarani Mbya teachers, attempts to follow, through their paths of memories and experiences, the elaboration of different processes of learning, which express the possible and impossible relations between indigenous school education and the different means of producing and transmitting knowledge developed by the Guarani Mbya. The life histories intertwine with descriptions of the ethnographic contexts studied during this research and dialogue with the narratives of other Guarani Mbya, especially, the elderly, expressing different perspectives on the role of indigenous schooling among other places and means of producing knowledge.
|
Page generated in 0.0428 seconds