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Um estudo da relação entre o padrão transferencial e a aliança terapêutica de pacientes em psicoterapia psicanalítica

Ferreira, Eliane Bernadete January 2006 (has links)
Introdução: A discussão sobre a relação entre transferência e aliança terapêutica iniciou na primeira metade do século passado. Um de seus marcos foi a polêmica entre Anna Freud (1927) e Melanie Klein (1926). A primeira ressaltava o papel do ego, salientando a importância da aliança terapêutica. A segunda não considerava o conceito de aliança terapêutica. Acreditava que a relação pacienteterapeuta teria origem nas relações primitivas de objeto, na relação da criança com o seio. A controvérsia sobre a questão prosseguiu, sendo a Escola Psicologia do Ego a que mais defendia o papel da aliança como autônoma, não influenciada pelos impulsos inconscientes. Após o Congresso de Genebra, em 1955, o posicionamento de muitos autores foi se modificando. Até mesmo integrantes da Psicologia do Ego passaram a não distinguir completamente estes dois conceitos e, de maneira geral, a literatura mostra uma tendência neste sentido. Porém, este assunto ainda apresenta contradições e existem poucos estudos empíricos exploratórios publicados. Objetivo: Esta dissertação tem como objetivo geral investigar a relação entre padrão transferencial e aliança terapêutica através do uso dos instrumentos Relationship Patterns Questionnaire – RPQ (KURTH et al., 2002; KURTH et al., 2004) – e The Revised Helping Alliance questionnaire – HAq-II (LUBORSKY et al., 1996), respectivamente. Método: Primeiramente, procedeu-se a adaptação transcultural do RPQ para o Português do Brasil, que envolveu a obtenção de licença dos autores, tradução, retrotradução, obtenção da equivalência semântica, consenso com profissionais da área da Psiquiatria e Psicologia e interlocução com a população alvo. Numa segunda fase de trabalhos, procedeu-se à investigação empírica a partir de estudo transversal com 63 pacientes do ambulatório de Psicoterapia Psicanalítica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e seus 27 terapeutas. Foram aplicados, então, os instrumentos para avaliação da transferência e aliança terapêutica. A coleta dos dados foi feita com duração média de uma hora, individualmente, para cada paciente. Os terapeutas preencheram a versão correspondente do HAq-II. Resultados: Observou-se relação significativa entre algumas variáveis do padrão transferencial e a qualidade da aliança terapêutica, como escores mais altos na variável submissão à mãe e ao pai e aliança terapêutica forte percebida pelo paciente; escores mais altos na escala de ataque à mãe e ao pai e aliança terapêutica fraca percebida pelo paciente. Muitas variáveis do RPQ não apresentaram relação significativa com a qualidade da aliança terapêutica. Discussão: Os achados sugeriram que, muitas vezes, a aliança terapêutica pode estar relacionada com estereótipos de conduta dirigidos, no passado, às figuras primárias, o que a colocaria como manifestação da transferência. Outras variáveis de transferência não se mostraram relacionadas com a aliança, o que pode ser um fato ou reflexo de limitação metodológica, como número de sujeitos insuficiente ou limitações nos instrumentos usados neste estudo. Conclusão: A aliança terapêutica nem sempre se apresenta como entidade autônoma, livre de conflitos. É importante que a mesma seja entendida e não somente julgada como a parte estável e positiva da relação. Isto pode ser verdade em muitos casos, mas, em outros, a aliança terapêutica pode estar vinculada a fantasias inconscientes que desencadeiam o processo da transferência.
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A contratransferência como dispositivo de trabalho na clínica psicanalítica com pacientes fronteiriços

Morais, Renata Arouca de Oliveira 21 August 2015 (has links)
Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia Clínica, Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Cultura, 2015. / Submitted by Guimaraes Jacqueline (jacqueline.guimaraes@bce.unb.br) on 2015-10-22T11:04:39Z No. of bitstreams: 1 2015_RenataAroucaDeOliveiraMorais.pdf: 1247189 bytes, checksum: 5b830dbacfbeb362a9a9ff7f39e0a07b (MD5) / Approved for entry into archive by Patrícia Nunes da Silva(patricia@bce.unb.br) on 2015-10-23T11:51:27Z (GMT) No. of bitstreams: 1 2015_RenataAroucaDeOliveiraMorais.pdf: 1247189 bytes, checksum: 5b830dbacfbeb362a9a9ff7f39e0a07b (MD5) / Made available in DSpace on 2015-10-23T11:51:27Z (GMT). No. of bitstreams: 1 2015_RenataAroucaDeOliveiraMorais.pdf: 1247189 bytes, checksum: 5b830dbacfbeb362a9a9ff7f39e0a07b (MD5) / Nesta tese, abordamos a utilização da contratransferência como dispositivo no trabalho clínico com pacientes fronteiriços. Neste trabalho, que afeta tanto o paciente quanto o analista, este pode valer-se de seus sentimentos para conduzir a clínica se utilizando do que capta com seus afetos e pensamentos como dispositivo para intervir sobre a realidade psíquica do paciente, a relação terapêutica e também como elemento para favorecer a simbolização. A clínica com os pacientes fronteiriços aponta para o fato de esses pacientes, em função de um nível grande de resistência, de fragilidades do self, dificuldades no processo de simbolização, recusarem-se a seguir as regras da psicanálise clássica propostas pelos analistas e, com isso, leva-os a reinventar seus estilos ao criar novas formas de escuta clínica. A atualidade desses casos aponta para o “atravessamento de paradigmas”, ou seja, o diálogo da teoria pulsional e das teorias das relações de objeto. Assim, o analista deve propor um enquadre que auxilie e facilite a dupla para o trabalho clínico. Além da contratransferência, a transferência, assim como outros dispositivos, mostram-se importantes para a montagem do enquadre e o início de um trabalho psicoterapêutico. Questões sobre estilos, técnica perpassam nossa tese, ancoradas principalmente em Winnicott, André Green e Ferenczi na utilização da contratransferência como um dispositivo vivo de trabalho do analista. Ressaltamos a relevância dos analistas pensarem também sobre a ética como um norteador de seu trabalho. Para tanto, como um exercício de elaboração teórica e clínica, tomamos dois casos fronteiriços de nossa prática para discussão e descrição. Por fim, afirmamos que cabe ao analista utilizar-se de sua capacidade vinculatória para suprir o prejuízo representacional dos pacientes e possibilitar a expressão daquilo que são incapazes de representar. A relação estabelecida não ocorre apenas a partir da interpretação, mas, principalmente, de um trabalho de tradução e nomeação das formas do sentir. ______________________________________________________________________________________________ ABSTRACT / In this thesis we discuss the use of countertransference as a device in clinical work with borderline patients. In this work that affects both the patient and the analyst, this may avail himself of his feelings to conduct clinical using what captures your feelings and thoughts like device to act on the psychic reality of the patient, the therapeutic relationship as well as element to favor symbolization. Clinical patients with border points to the fact that these patients, due to a high level of resistance, self weaknesses, difficulties in symbolization process, refusing to follow the rules of classical psychoanalysis proposed by analysts and, it leads them to reinvent their styles to create new forms of clinical listening. The relevance of these cases points to the "crossing of paradigms", ie the dialogue of drive theory and theories of object relations. Thus, the analyst must propose a fit to assist and facilitate the double for clinical work. In addition to the counter the transfer, as well as other devices found to be important to the assembly of the frame and the beginning of a psychotherapeutic work. Questions about styles, technical permeate our thesis, anchored mainly in Winnicott, André Green and Ferenczi the use of countertransference as a live device work analyst. We emphasize the relevance of analysts think also about ethics as a guiding its work. Therefore, as a theoretical and clinical development exercise we took two border cases in our practice for discussion and description. Finally, we affirm that it is up to use to analyst vinculatória its ability to meet the representational detriment of patients and enable expression of who are unable to represent. The established relationship does not occur only from the interpretation, but mainly a translation work and appointment of the ways of feeling.
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Uma leitura psicanalítica da vivência religiosa do numinoso

Walter, Bruno Eduardo Procopiuk 25 May 2010 (has links)
Esta pesquisa versa sobre a temática do religioso, mais especificamente do fenômeno do numinoso que foi proposto e descrito pelo teólogo Rudolf Otto. A partir de um referencial psicanalítico, em especial da Teoria da Sedução Generalizada, procurou-se ampliar a compreensão desta vivência que se caracteriza, segundo Otto, pelo mysterium tremendum et fascinans – o divino que se mostra enigmático e, ao mesmo tempo, angustiante e sedutor. Partiu-se da explicitação do desamparo físico e existencial, já que estes são considerados causas da construção da religião pelo humano, segundo Freud. É ao analisar a passividade/desamparo da criança frente ao adulto que se constata a presença da sexualidade inconsciente deste. O resultado desta interação, que é desigual, é a vivência traumática e o recalcamento originário. A criança passiva frente ao excesso implantado pelo adulto consegue metabolizar apenas parte desta sexualidade, sendo que o resto torna-se o recalcado originário. Propôs-se que, na vivência do numinoso, é este resto que retorna transbordando no eu. A percepção do enigmático (mysterium) do numinoso foi, desta forma, considerado como sendo de ordem sexual, esta alteridade interna não metabolizada que demanda ligação ao eu. Assim, a vivência da angústia numinosa estaria relacionada ao retorno das mensagens enigmáticas que não puderam ser integradas ao eu. Já na vivência do fascínio numinoso estaria em jogo justamente um primeiro movimento na tentativa de traduzir e elaborar estas mensagens.
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Hiperatividade e déficit de atenção: um olhar psicanalítico

Tuchtenhagen, Maria Beatriz Peixoto January 2007 (has links)
Made available in DSpace on 2013-08-07T19:09:01Z (GMT). No. of bitstreams: 1 000390598-Texto+Completo-0.pdf: 264079 bytes, checksum: 64ca9968f98889472a26774d97edf267 (MD5) Previous issue date: 2007 / This paper aims to analyze the manifestations of the so popularized nowadays Attention Deficit and Hyperactivity under light of psychoanalysis. In order to achieve such objective, we elaborated two technical articles, one theoretical and the other, empirical. The first one, “Attention deficit and Hyperactivity: a psychoanalytical perspective”, is a literature review on the subject and intends to situate this subjectmatter under the sight of the neurobiological paradigm and the psychoanalytical paradigm. The theoretical review on the subject broaches different authors who work these problems from the psychoanalytical perspective which starts with Freud’s presumptions, and going to more contemporaneous authors, who make a rereading of the fundamental concepts of psychoanalysis, as Jean Laplanche and Sílvia Bleichmar. In this article we emphasize the contribution a psychoanalytical “sight” can proportionate in the comprehension of such manifestations. With the second article, “Hyperactivity and Inattention: the subject’s destinies?”, we try to stand out, through the illustration of two clinical situations, the importance of a metapsychological diagnosis for the understanding of such behavioral manifestations and the comprehension of the possible senses in each situation. The study has shown the importance that an approach which considers the subject in his subjectivity and singularity can offer to the comprehension of hyperactivity and inattention behaviors, and open the possibilities of intervention in such situations as well. / Este estudo busca analisar as manifestações de hiperatividade e de déficit de atenção tão popularizadas em nossos dias, sob a luz da psicanálise. Para tal foram elaborados dois artigos um teórico e um empírico. O primeiro, “Hiperatividade e Déficit de Atenção: um olhar psicanalítico”, é uma revisão da literatura sobre o assunto e visa situar esta temática a partir do paradigma neurobiológico e do paradigma psicanalítico. A revisão teórica sobre o tema aborda diferentes autores que trabalham esta problemática a partir de uma perspectiva psicanalítica baseada nos aportes teóricos de Freud a autores mais contemporâneos, que fazem uma releitura dos conceitos fundamentais da psicanálise como Jean Laplanche e Sílvia Bleichmar. Neste artigo ressalta-se a contribuição que um “olhar” psicanalítico pode proporcionar na compreensão destas manifestações. Com o segundo artigo, “Desatenção e Hiperatividade: Destinos do sujeito?”, busca-se destacar, através da ilustração de duas situações clínicas, a importância que um diagnóstico metapsicológico tem para o entendimento destas manifestações comportamentais e sua compreensão dos possíveis sentidos que elas podem ter em cada situação. Este estudo demonstrou a importância que uma abordagem que considera o sujeito em sua subjetividade e em sua singularidade pode oferecer para a compreensão dos comportamentos de desatenção e hiperatividade, e abrir as possibilidades de intervenção nestas situações.
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Processo de mudança em psicoterapia psicanalítica

Cassel, Paula Argemi January 2014 (has links)
Made available in DSpace on 2014-04-17T02:01:40Z (GMT). No. of bitstreams: 1 000456902-Texto+Parcial-0.pdf: 91026 bytes, checksum: 0f0143ece5316ab4fe63208b9cb39d9d (MD5) Previous issue date: 2014 / The research in the psychotherapy process studies how change occurs throughout the treatment. Its examination comprises the psychotherapeutic interaction and the important moments of change lived by the patient. These elements are supplied by the objective appointments taken at the psychotherapeutic sessions. In this context the objective of this study was to examine the moments of change in psychoanalytic psychotherapy. Two studies were carried out. One theoretical and one empirical, presented as two sections. The theoretical section describes, through a non-systematic review of the literature about research in psychotherapy. Also presents what comprises in psychoanalytic psychotherapy and the based in evidence research characteristics of the psychotherapy. The empirical section examined moments of change in psychoanalytic psychotherapy trough the analyses of three sessions, representing the beginning, the middle and the end of treatment: the first, the twelfth and the eighteenth of a set of 21 sessions of psychoanalytic psychotherapy. The design was the systematic case study (ECS) with a qualitative and naturalistic single-case methodology. In order to achieve this, it was utilized the Adherence to Psychoanalytic Technique Instrument (APT-I) to verify the adherence of each psychotherapeutic session to the psychoanalysis technique and to guarantee that the psychotherapeutic process really took place as a psychoanalysis psychotherapy. It was utilized also the Therapeutic Cycles Model (TCM) instrument in the identification of the moments of change in the therapeutic process through the language patterns of the psychotherapist and patient, taken from demarcation of the therapeutic cycles, which have associations to the idea of progress in the therapeutic process. It was found at the first session, four therapeutic cycles, three therapeutic cycles in the twelfth session and two cycles in the eighteenth session. The verbalizations of psychotherapist and patient in the therapeutic cycles were examined through its content analysis. Afterwards, each psychotherapeutic session was discussed taking into account the psychoanalysis theory together with the evaluation of the adherence to the psychoanalytic technique by the APT-I. The results allow us to conclude that the combination of objective measurements, derived from the cycle analysis by the TCM and the evaluation of adherence to the psychoanalytic technique by the APT-I, associated to the psychodynamics understanding of changes give us a profound apprehension of the case, especially the movements in the patient psychotherapist pair regarding to changes on the patient. / A pesquisa do processo em psicoterapia estuda como ocorrem as mudanças ao longo do tratamento. Seu exame compreende a interação psicoterapêutica e os momentos significativos de mudança vivenciados pelo paciente, elementos estes fornecidos por registros objetivos nas sessões psicoterapêuticas. Nesse contexto, o objetivo desse estudo foi examinar momentos de mudança em psicoterapia psicanalítica. Para isso, foram realizados dois estudos, um teórico e um empírico, apresentados na forma de duas seções. O artigo teórico descreve, através de revisão assistemática da literatura sobre pesquisa em psicoterapia, o que se constitui psicoterapia psicanalítica e as características da pesquisa baseada em evidência em processo psicoterapêutico. Apresenta também justificativas para se realizar esse tipo de estudo e métodos de pesquisa em psicoterapia. A seção empírica examinou momentos de mudança em psicoterapia psicanalítica através da análise de três sessões, representativas de início, meio e fim de tratamento: a primeira, 12ª e 18ª de um processo de 21 sessões de psicoterapia psicanalítica. O delineamento foi de estudo de caso único sistemático (ECS) com abordagem qualitativa e naturalística. Para tanto, foi utilizado o Instrumento para Avaliação de Sessões Psicanalíticas (IASP) para verificar a aderência de cada sessão psicoterapêutica à técnica psicanalítica e garantir que o processo psicoterapêutico realmente se configurou como psicoterapêutico psicanalítico, e o instrumento Therapeutic Cycles Model (TCM, Modelo dos Ciclos Terapêuticos) na identificação de momentos de mudança no processo terapêutico nas verbalizações da dupla terapêutica, a partir da demarcação de ciclos terapêuticos, os quais se associam à ideia de progresso terapêutico. Foram encontrados na primeira sessão quatro ciclos terapêuticos, na 12ª sessão três ciclos terapêuticos e na 18ª dois ciclos terapêuticos. As verbalizações dos ciclos terapêuticos foram examinadas através da análise de conteúdo. Posteriormente, cada sessão psicoterapêutica foi discutida, a partir da teorização psicanalítica, juntamente com a avaliação da aderência à técnica psicanalítica pelo IASP. Os resultados permitem concluir que a combinação de medidas objetivas, derivadas da análise dos ciclos pelo TCM e da avaliação da aderência à técnica psicanalítica pelo IASP, associadas à compreensão psicodinâmica das mudanças, possibilitaram compreender de forma profunda o caso, em especial os movimentos da dupla paciente-psicoterapeuta relativos à mudança na paciente.
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Uma leitura psicanalítica da vivência religiosa do numinoso

Walter, Bruno Eduardo Procopiuk 25 May 2010 (has links)
Esta pesquisa versa sobre a temática do religioso, mais especificamente do fenômeno do numinoso que foi proposto e descrito pelo teólogo Rudolf Otto. A partir de um referencial psicanalítico, em especial da Teoria da Sedução Generalizada, procurou-se ampliar a compreensão desta vivência que se caracteriza, segundo Otto, pelo mysterium tremendum et fascinans – o divino que se mostra enigmático e, ao mesmo tempo, angustiante e sedutor. Partiu-se da explicitação do desamparo físico e existencial, já que estes são considerados causas da construção da religião pelo humano, segundo Freud. É ao analisar a passividade/desamparo da criança frente ao adulto que se constata a presença da sexualidade inconsciente deste. O resultado desta interação, que é desigual, é a vivência traumática e o recalcamento originário. A criança passiva frente ao excesso implantado pelo adulto consegue metabolizar apenas parte desta sexualidade, sendo que o resto torna-se o recalcado originário. Propôs-se que, na vivência do numinoso, é este resto que retorna transbordando no eu. A percepção do enigmático (mysterium) do numinoso foi, desta forma, considerado como sendo de ordem sexual, esta alteridade interna não metabolizada que demanda ligação ao eu. Assim, a vivência da angústia numinosa estaria relacionada ao retorno das mensagens enigmáticas que não puderam ser integradas ao eu. Já na vivência do fascínio numinoso estaria em jogo justamente um primeiro movimento na tentativa de traduzir e elaborar estas mensagens.
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Amor transferencial e arte: do laço à criação / L'Amour de transfert et art: du lien à creation

Ana Claudia Marinho Soares 17 June 2009 (has links)
Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro / Cette Dissertation a pour thème le rapport entre le transfert et la sublimation comme creation le potentiel créateur de la transfert. Pour faire ça elle procède une articulation entre la Psychanalyse et l'Art. Nous détachons la littérature de Lewis Carroll, en particulier ses deux Alices, afin de délimiter la recherche, pour examiner l'importance de le lien de transfert dans la création en l'analyse. Le rapport de Carroll et de la petite fille enseigne à propos de la function de la sublimation. La recherche est basée sur la théorie de Freud et dans l'enseignement de Lacan pour analyser le phénomène de la transfert et la sublimation. Le objectif consiste en venir de l'Art pour observer les subsides quil peut fournir à la clinique psychanalytique, car l'Art permet mieux comprendre la pratique. / A presente Dissertação tem como tema a relação entre transferência e a sublimação como criação o potencial criador da transferência. Para fazer isso, procede uma articulação entre a Psicanálise e a Arte. Destacamos a literatura de Lewis Carroll, especialmente suas duas Alices, a fim de delimitar a pesquisa, para examinar a importância do laço transferencial para a criação em análise. A relação entre Carroll e a menina ensina sobre a função da sublimação. A pesquisa se fundamenta na teoria de Freud e no ensino de Lacan para analisar o fenômeno transferencial e a criação sublimatória. O objetivo consiste em partir da Arte para observar os subsídios que esta pode oferecer à clínica psicanalítica, pois a Arte permite compreender melhor a práxis.
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O que é ser brasileiro?

Backes, Carmen January 2000 (has links)
La recherche d’une identité nationale est constante dans l’histoire du Brésil. Depuis toujours, le brésilien s’est préoccupé de son être. Le présent travail se consacre à reprendre la tradition de la recherche d’identité, dans quelques domaines du savoir. Ce travail a encore pour but d’apporter la contribution théorique des auteurs divers qui partagent l’avis selon lequel la question n’est plus centrée sur l’affirmation de l’identité; ces auteurs proposent des constructions autour de la façon d’être brésilien qui peuvent être lues comme des prédicats, où le ”qui suis-je” se confond avec le “qu’est-ce que je suis”. Ces théorisations reprennent la scène de la découverte du Brésil depuis les deux pôles qui la constituent, en relançant la dichotomie colonisateur/colonisé. Quelques formulations peuvent circonscrire des nouvelles psychopathologies et des nouvelles formes du symptôme social contemporain. Ce travail prend, lui aussi, l’image de la découverte comme point de départ; mais ce travail essaie de penser ce qui se pose dans la relation entre l’identité et l’image, dans la mesure où identité et image articulent l’impossible nécessaire. L’identification à l’un des deux pôles, c’est-à-dire à la position de la victime ou de l’agresseur, de même que la reprise de l’analogie parentale, évoquant d’une certaine façon la scène originaire, font souvent retour dans des narratives diverses au sujet du Brésil et de son peuple. L’accent mis sur l’un ou l’autre de ces points, aura pour résultat des versions qui sont differentes. Il s’agit de penser ces questions à partir des formulations mythiques, en prenant l’image de la découverte comme l’un des mythes fondateurs. La façon dont le mythe est raconté à plusieurs reprises et le point où chaque version fait insistance ont trait à une question qui se pose auprès d’un individu, mettant l’accent sur le caractère de narrative fictionnelle de mémoire de la version. / A busca de uma identidade nacional é constante na história do Brasil. O brasileiro sempre esteve preocupado com seu ser. O presente trabalho propõe-se a revisitar a tradição da busca da identidade em alguns campos do saber. Também visa trazer a contribuição teórica de alguns autores que, embora compartilhem da opinião de que a questão não se centra mais na afirmação da identidade, propõem construções, em torno do modo de ser brasileiro, que podem vir a ser lidas como predicados, onde o “quem sou” se confunde com “o que sou”. Essas teorizações retomam a cena do descobrimento do Brasil desde os dois pólos que a constituem, relançando a dicotomia colonizador/colonizado. Algumas dessas formulações podem circunscrever novas psicopatologias e novas formas do sintoma social contemporâneo. Este trabalho também toma como ponto de partida a imagem do descobrimento; porém, tentando pensar o que se coloca na relação entre identidade e imagem, enquanto ambas articulam o impossível necessário. A identificação com um dos dois pólos, ou seja, com a posição, ou da vítima, ou do agressor, como também a retomada da analogia parental, evocando, de certa forma, a cena originária, muitas vezes retornam em diferentes narrativas sobre o Brasil e seu povo. A ênfase num ou noutro desses pontos resulta em diferentes versões. Trata-se aqui de uma proposta de pensar essas questões a partir de formulações míticas, tomando a imagem do descobrimento como um dos mitos fundadores. A forma como o mito é contado e recontado, bem como o ponto no qual cada versão insiste, dizem de uma questão em andamento para um indivíduo dando ênfase a seu caráter de narrativa ficcional de memória.
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Fundamentos epistemológicos acerca da relação entre psicanálise e ciência

Biazin, Rafael dos Reis January 2017 (has links)
Pretendemos demonstrar que a afirmação de Jacques Lacan de que a ciência moderna foi a condição de possibilidade de surgimento da psicanálise nos deriva um conjunto de proposições: i) há ciência moderna; ii) a psicanálise só pôde surgir na modernidade do pensamento; iii) entre a psicanálise e a ciência há uma lógica de compatibilidade. Para tanto, a partir da epistemologia procuramos definir o estatuto de um mundo afetado pela atividade científica moderna em oposição a um mundo antigo. Isto nos levou à axiomática do corte maior decorrente do pensamento de Descartes e da física matematizada que propõe haver uma cesura que afeta a todos os discursos compossíveis. Com a matematização do pensamento, as qualidades do existente são abolidas, fornecendo o terreno propício para o surgimento do sujeito do inconsciente, que Lacan irá alocar entre significantes, promovendo assim uma teoria do sujeito essencialmente moderna. / We intend to demonstrate that Jacques Lacan’s proposition that modern science was the condition of possibility of the emergence of psychoanalys is derives us a group of propositions: i) there is modern science; ii) the psychoanalysis could only emerge in the modernity of thought; iii) between psychoanalysis and science there is a logic of compability. Therefore, from the epistemology we search to define the statute of a world affected by scientific activity in opposition to an ancient world. This led us to the axiomatic of the larger cut arising from Descartes’ thought and the mathematical physics that proposes a caesura that affects all composibles discourses. With the mathematization of thought, the qualities of the existing are abolished, provinding a propitious field for the emergence of the subject of the unconscious, that Lacan will allocate between signifiers, promoting therefore an essentially modern.
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Fundamentos para uma crítica da epistemologia da psicanálise

Palombini, Analice de Lima January 1996 (has links)
A especificidade do conhecimento psicanalítico aponta dificuldades consideráveis à epistemologia na tarefa de dar conta dos andaimes da construção teórica da psicanálise. Com efeito, a invenção freudiana do inconsciente vem abrir uma fenda no sujeito da consciência, sujeito, justamente, que faz ciência. Tomar a psicanálise pelo discurso da ciência exige, para a ciência, o expurgo dessa porção que cinde o sujeito. A psicanálise, por sua vez, ao tomar como objeto o desejo inconsciente enquanto condição de possibilidade da ação humana e, portanto, também do discurso científico ou filosófico, situa-se, do ponto de vista desses discursos, como uma metalinguagem. Ao mesmo tempo, ela própria, na medida em que se pretende transmitir, formula-se como um discurso de conhecimento: eis o paradoxo de uma ciência do inconsciente. A metapsicologia, corpo teórico da disciplina analítica, pressupõe um método próprio de elaboração conceitual que permita a formulação do inconsciente no campo da inconsciência. Isso apenas torna-se possível pelo ultrapassamento do campo fenomenológico, com implicações no que se refere ao caráter da experiência psicanalítica, ao estatuto epistemológico dos seus conceitos e à natureza da sua explicação. São essas implicações que irão estabelecer a distinção entre a psicanálise e as ciências empíricas tradicionais. Se o discurso epistemológico de Freud não enuncia essa distinção, o modo como ele opera na elaboração de sua teoria permite-nos estabelecer as evidências de uma tal diferença. Assim, a partir dos textos de Freud que tratam da justificativa do conceito de inconsciente e da formulação do conceito de pulsão, chegamos aos termos que, em cada uma das questões levantadas, indicam a especificidade epistêmica da psicanálise: a noção de transferência no estabelecimento da experiência analítica: o dispositivo da ficção, na elaboração dos conceitos; a idéia de Deutung enquanto explicação interpretativa.

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