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Águas espessas : Hilda Hilst e a imagem poéticaSantos, César de Oliveira 25 February 2016 (has links)
The image of Water seems to be a major component among the elements that compose the Cantares de perda e predileção [Songs of loss and predilection] (1983), by Hilda Hilst. Whether as a central component of the poem metaphor or a splash of discreet presence, the Water element makes the book a wealth of meanings. We extract from this book for analysis the treatments granted to Desire and Time. In the first case, we see an opaque water, gleaming anguish and loneliness in a song that is predestined to stop its search in the case of a successfully accomplishment. Although the specificity of each poem, the Water element receives nuances of vertigo common to individuals focused on water, as stated by Bachelard (1942). In the second case, we have a stream doomed to finitude, a condition that is one of the reasons for the thickness of Desire. Some songs show the despair of being-toward-death of Heidegger (1927), according to whom only the (potentially eternal) temporality of poetry seems to save, as says Alfredo Bosi (1977) commenting on the intersection of times (of the poetry and ours). At the confluence of these two analytic matrices - Desire and Temporality - we demonstrate how the plasticity promoted by the Water image recurrence favors the production of emotions in the reader, since, according to Octavio Paz (1956), Image is responsible both for recreating real contradictions and for destabilizing the alleged structural rationalism of our daily lives. For this, we especially use the concepts of perception and look of Merleau-Ponty (1960) and Georges Didi-Huberman (1992), respectively, to demonstrate how, in the act of reading, Language enables our perception to remain on the text and at the same time is changed by it, making completely unattainable to critical discourse the inexplicable subjectivity inherent to the aesthetic experience. / A imagem da água parece ser um dos principais componentes da matéria-prima de que se tecem os Cantares de perda e predileção (1983), de Hilda Hilst. Seja como elemento central da metáfora do poema, seja como respingo de presença discreta, o elemento aquático faz do livro um manancial de significações. Dele, extraímos para análise os tratamentos conferidos ao desejo e ao tempo. No primeiro caso, vemos uma água opaca, a reluzir angústia e solidão num canto predestinado a cessar caso a busca se sacie. Apesar das particularidades de cada poema, o elemento aquático ganha nuances da vertigem comum aos indivíduos voltados à água, como afirma Bachelard (1942). No segundo caso, temos um fluxo fadado à finitude, condição que é uma das razões da espessura do desejo. Alguns cantares dão a ver o desespero do ser-para-a-morte de Heidegger (1927), a quem apenas a temporalidade da poesia (potencialmente eterna) parece salvar, a exemplo do que afirma Alfredo Bosi (1977) ao comentar o encontro dos tempos (o dela e o nosso). Na confluência dessas duas matrizes analíticas – o desejo e a temporalidade – buscamos demonstrar como a plasticidade promovida pela recorrência da imagem da água favorece a produção de afetos no leitor, uma vez que o elemento imagético é, segundo Octavio Paz (1956), um poço de contradições recriadoras do real e responsáveis por desestabilizar o racionalismo pretensamente estruturante de nosso dia a dia. Para isso, recorremos principalmente aos conceitos de percepção e de olhar de Merleau-Ponty (1960) e de Georges Didi-Huberman (1992), respectivamente, para demonstrar como, no ato de leitura, o estatuto da linguagem ali movimentada possibilita que a nossa percepção se incruste no texto e ao mesmo tempo seja por ele alterada, tornando inalcançável de todo ao discurso crítico a inexplicável subjetividade inerente à experiência estética.
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