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Representações e práticas socioambientais : o caso dos agricultores ecologistas da AECIA

Azambuja, Simone Portela de January 2005 (has links)
O modo como o ser humano vê, pensa e imagina a natureza é muito variável no tempo e no espaço. O meio ambiente é um campo que toca profundamente o imaginário, as representações e o sistema de valores sociais, obrigando o homem a repensar as relações entre sociedade, técnica e natureza e, portanto, tudo o que rege essas relações na organização social. Escolheu-se analisar, neste estudo, o grupo de agricultores que pertencem à primeira associação de agricultores ecológicos criada no estado. A AECIA – Associação dos Agricultores Ecologistas de Ipê e Antônio Prado, foi criada em 1989, por um grupo de jovens que assumiu o desafio da agricultura ecológica e do associativismo. Esses municípios localizam-se na Serra do Rio Grande do Sul, região de forte presença da imigração italiana. Através de suas histórias de vida e de alguns indicadores ambientais, analisa-se a percepção que esses agricultores possuem a respeito dos recursos naturais locais (água, solo, biodiversidade), sua relação com o destino final dos resíduos sólidos, e suas concepções e expectativas a respeito da certificação e comercialização de produtos orgânicos. Igualmente, dentro de uma perspectiva antropológica, pretendeu-se trabalhar com o estudo do contexto cultural, em que esses agricultores estão inseridos, analisando-se a questão dos sentidos que são construídos nas relações sociais e como eles são negociados, a dimensão simbólica dos discursos, a valorização do cotidiano como campo fundamental das relações sociais, suas relações de parentesco, processos de mediação, ritos, símbolos religiosos, a forma como as políticas públicas afetam a vida desses agricultores, sua relação com as diferentes instituições, as ligações e associações que eles mantêm com os animais e plantas de seu ambiente e o quanto o conhecimento empírico que esses agricultores adquiriram ao longo de sua história pode estar relacionado aos princípios básicos da ecologia. Por meio dos diferentes aspectos analisados, podem-se conhecer quais fatores foram fundamentais para a mudança de modelo agrícola experimentada por esses agricultores. Através dos relatos, pode-se observar, também, quais instituições tiveram papel essencial nessa transformação. Suas visões sobre qualidade de vida, expectativas futuras, o grau de confiança nas instituições e como eles se vêem em relação à situação das pessoas que vivem melhor e pior no Brasil também estão contemplados neste estudo. A relação desses produtores com os recursos naturais da região e os conceitos e expectativas que eles apresentam frente aos processos de certificação e comercialização de seus produtos são, igualmente, discutidos ao longo do texto.
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Etnomapeamento enquanto método, geoprocessamento enquanto técnica: ferramentas e práticas para o imageamento da territorialidade quilombola

Polli, Leonardo de Souza 23 October 2017 (has links)
Submitted by Leonardo Polli (lspolli@hotmail.com) on 2017-12-26T23:06:18Z No. of bitstreams: 1 Dissertação - Leonardo de Souza Polli.pdf: 3762393 bytes, checksum: 55e0c28d43fb836763ea67292c17fafc (MD5) / Approved for entry into archive by Eva Dayane Jesus dos Santos (evabibliotecaria@gmail.com) on 2018-01-25T15:31:04Z (GMT) No. of bitstreams: 1 Dissertação - Leonardo de Souza Polli.pdf: 3762393 bytes, checksum: 55e0c28d43fb836763ea67292c17fafc (MD5) / Made available in DSpace on 2018-01-25T15:31:04Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Dissertação - Leonardo de Souza Polli.pdf: 3762393 bytes, checksum: 55e0c28d43fb836763ea67292c17fafc (MD5) / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPQ / Essa dissertação é uma continuidade dos estudos, pesquisas, técnicas e metodologias utilizadas e desenvolvidas pelo autor na sua atuação acadêmica, profissional e social junto à comunidade quilombola de Rio dos Macacos (Bahia). Essa interação do autor com a questão quilombola ocorre desde 2013, quando teve início a Residência Profissional em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia. Sustentado no etnomapeamento enquanto método, e no geoprocessamento enquanto técnica, apresenta-se nessa dissertação uma afirmação de que quanto mais se conhece o seu espaço, mais possível é preservar, gerir, planejar e desenvolver esse local a partir da percepção do grupo social que pertence e é pertencido por esse território. Por mais simplória que essa afirmação possa aparentar ser, quando levada à questão quilombola, percebe-se que a mesma ganha sentidos e análises muito mais profundas e complexas do que a aparência demonstra. Afinal, trata-se aqui de um território repleto de afirmação e resistência da identidade étnica e histórica de um grupo social fundamental para a formação cultural brasileira. Sendo assim, o trabalho sobre a representação espacial de uma comunidade quilombola é o grande tema desse projeto, onde, através de um estudo de caso, demonstra-se a possibilidade real de se criar um Sistema de Informações Geográficas (SIG) de um quilombo, incluindo informações subjetivas e identitárias, a partir de percepções singulares do espaço. De maneira complementar, porém indispensável, esse trabalho apresenta uma reflexão teórica e jurídica sobre a questão quilombola no Brasil, e um relato sobre a história que envolve o quilombo Rio dos Macacos, que resiste há quase um século em seu território, mesmo disputando-o (em uma grande parte da história) contra um setor antagônico – em todos os aspectos possíveis –, a Marinha do Brasil.
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Território Livre: o passado e o presente na construção socioambiental da Reserva Extrativista do Batoque, Aquiraz, Ceará / Territory Free: the past and the present in environmental construction extractive reservation of Batoque, Aquiraz, Ceará

Deprez, Maria da Conceição Mota Rebouças January 2015 (has links)
DEPREZ, Maria da Conceição Mota Rebouças. Território Livre: o passado e o presente na construção socioambiental da Reserva Extrativista do Batoque, Aquiraz, Ceará. 2015. 207 f. : Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Ceará, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, Programa Regional de Desenvolvimento e Meio Ambiente - PRODEMA, Fortaleza-CE, 2015. / Submitted by guaracy araujo (guaraa3355@gmail.com) on 2016-05-17T16:24:09Z No. of bitstreams: 1 2015_dis_mcmrdeprez.pdf: 2403963 bytes, checksum: c027bb77fc85f1fb60ddcd8fa314a6d7 (MD5) / Approved for entry into archive by guaracy araujo (guaraa3355@gmail.com) on 2016-05-17T16:39:25Z (GMT) No. of bitstreams: 1 2015_dis_mcmrdeprez.pdf: 2403963 bytes, checksum: c027bb77fc85f1fb60ddcd8fa314a6d7 (MD5) / Made available in DSpace on 2016-05-17T16:39:25Z (GMT). No. of bitstreams: 1 2015_dis_mcmrdeprez.pdf: 2403963 bytes, checksum: c027bb77fc85f1fb60ddcd8fa314a6d7 (MD5) Previous issue date: 2015 / The research is the result of the analysis built on experience-research process carried out with the community that resides in the Extractive Reserve of Batoque located in the municipality of Aquiraz, in the State of Ceara. The work is an ethnographic research that made use of a case study with a qualitative approach. The main objective was to analyze the historical construction and the current status of the community of Batoque in its cultural aspects and the use and management of natural resources by traditional fishermen and farmers in relation to their living territory. The specific objectives are defined in three points: (1)to describe the historically constructed social relations and cultural events that underlie the notion of community among members of the reserve; (2) to study how artisanal fishermen and small scale farmers are organized and handle and use local natural resources, and (3) to investigate the involvement of fishers and farmers of Batoque with the shared management system of the reserve. The textual production is based on the interpretation of the oral histories reported during the experience of living with the community. The text provides a historical approach, that addresses the specific context in which arose the community of Batoque and the ways in which the territory was continually reaffirmed, which culminated in the establishment of the Extractive Reserve of Batoque. The process of constitution of the conservation unit was marked by intense struggles against real estate speculation. The territoriality in the community functioned as a factor of identification, defense and strength, in the dispute over the planning process. The redemption of the memories of the past of Batoque demonstrates that throughout the formation process of the community the use of natural resources has been a central point. The extent of reserve covers coastal-marine ecosystems (lagoons, sand dunes, sea), estuaries and mangroves. The community is essentially formed by two groups of families: those who depend exclusively on the environment to carry out their agricultural and / or extractive production activities - approximately 175 families that practice family agriculture, artisanal fishing, livestock creation and craft-making - and those without agricultural or extractive activities, but other economic activities like small shop keeping, public transport and tourist-related activities - about 87 families. Fishing activities, extractive activities and animal production interconnect a diverse set of activities that are important as occupation of the territory and source of income. There is an average of 150 vacationers who own real estate on site (houses or land). People have shown a wealth of knowledge about the environmental changes that have occurred in the landscape of Batoque over the decades and about the management of natural resources in carrying out their productive activities. This knowledge was a key factor that led the daily learning, the choice of technologies used in productive activities and awareness to conserve and take care of it. The shared management process of the extractive reserve shows unstable relationships between social groups and the ICMBio governing body. Ensuring the balance between the diverse and conflicting interests is a challenge for territorial management. / A pesquisa é fruto das análises construídas no processo de vivência-pesquisa realizada com a comunidade que reside na Reserva Extrativista do Batoque, localizada no município de Aquiraz, no estado do Ceará. O trabalho trata-se de uma pesquisa etnográfica que fez uso de um estudo de caso com uma abordagem qualitativa. O objetivo principal foi analisar a construção histórica e a situação atual da comunidade do Batoque, nos seus aspectos culturais e de uso e manejo dos recursos naturais pelos pescadores artesanais e agricultores familiares em relação ao seu território vivido. Os objetivos específicos estão delimitados em três pontos: (1) Descrever as relações sociais construídas historicamente e as manifestações culturais que fundamentam a noção de comunidade entre os membros da reserva; (2) Estudar como os pescadores artesanais e os agricultores familiares se organizam e utilizam e manejam os recursos naturais locais e (3) Investigar a integração dos pescadores e agricultores do Batoque com o sistema de gestão compartilhada da reserva. A produção textual tem por base a interpretação das histórias orais relatadas durante a convivência com a comunidade. O texto traz uma abordagem histórica, que trata do contexto específico em que surgiu a comunidade do Batoque e as formas na qual o território foi continuamente reafirmado, o que culminou na constituição da Reserva Extrativista do Batoque. O processo de constituição de uma unidade de conservação no local foi marcado por intensos conflitos contra a especulação imobiliária. A territorialidade na comunidade funcionou como um fator de identificação, defesa e força, no processo de disputa pelo território. O resgate das lembranças sobre o Batoque de antigamente demostra que durante todo o processo de formação da comunidade a utilização dos recursos naturais tem sido um ponto central. A extensão da reserva abrange ecossistemas costeiros-marinhos (lagoas, dunas, mar), estuarinos e manguezais. A comunidade é formada essencialmente por dois grupos de famílias: os que dependem exclusivamente do meio ambiente para reproduzir suas atividades produtivas agrícolas e/ou extrativistas – aproximadamente 175 famílias que praticam agricultura familiar, pesca artesanal, pecuária e artesanato – e daqueles que não possuem atividades produtivas agrícolas ou extrativistas, mas outras atividades econômicas como pequenos comércios, transporte de pessoas, trabalhos com o turismo – aproximadamente são 87 famílias. As atividades de pesca, extrativismo e de produção animal interligam um conjunto diverso de atividades que são importantes como ocupação do território e produção de renda. Há uma média de 150 veranistas que possuem imóveis no local (casas ou terrenos). As pessoas demonstraram um rico conhecimento sobre as modificações ambientais ocorridas na paisagem da praia do Batoque ao longo das décadas e sobre as práticas de manejo dos recursos na realização das suas atividades produtivas. Este conhecimento foi um fator fundamental que guiou o aprendizado diário, a escolha das tecnologias utilizadas nas atividades produtivas e a consciência de conservar e cuidar do mesmo. O processo de gestão compartilhada da reserva extrativista apresenta relações instáveis entre os grupos sociais e o órgão gestor ICMBio. Assegurar o equilíbrio entre os diversificados e contraditórios interesses é um desafio para a gestão territorial.
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Representações e práticas socioambientais : o caso dos agricultores ecologistas da AECIA

Azambuja, Simone Portela de January 2005 (has links)
O modo como o ser humano vê, pensa e imagina a natureza é muito variável no tempo e no espaço. O meio ambiente é um campo que toca profundamente o imaginário, as representações e o sistema de valores sociais, obrigando o homem a repensar as relações entre sociedade, técnica e natureza e, portanto, tudo o que rege essas relações na organização social. Escolheu-se analisar, neste estudo, o grupo de agricultores que pertencem à primeira associação de agricultores ecológicos criada no estado. A AECIA – Associação dos Agricultores Ecologistas de Ipê e Antônio Prado, foi criada em 1989, por um grupo de jovens que assumiu o desafio da agricultura ecológica e do associativismo. Esses municípios localizam-se na Serra do Rio Grande do Sul, região de forte presença da imigração italiana. Através de suas histórias de vida e de alguns indicadores ambientais, analisa-se a percepção que esses agricultores possuem a respeito dos recursos naturais locais (água, solo, biodiversidade), sua relação com o destino final dos resíduos sólidos, e suas concepções e expectativas a respeito da certificação e comercialização de produtos orgânicos. Igualmente, dentro de uma perspectiva antropológica, pretendeu-se trabalhar com o estudo do contexto cultural, em que esses agricultores estão inseridos, analisando-se a questão dos sentidos que são construídos nas relações sociais e como eles são negociados, a dimensão simbólica dos discursos, a valorização do cotidiano como campo fundamental das relações sociais, suas relações de parentesco, processos de mediação, ritos, símbolos religiosos, a forma como as políticas públicas afetam a vida desses agricultores, sua relação com as diferentes instituições, as ligações e associações que eles mantêm com os animais e plantas de seu ambiente e o quanto o conhecimento empírico que esses agricultores adquiriram ao longo de sua história pode estar relacionado aos princípios básicos da ecologia. Por meio dos diferentes aspectos analisados, podem-se conhecer quais fatores foram fundamentais para a mudança de modelo agrícola experimentada por esses agricultores. Através dos relatos, pode-se observar, também, quais instituições tiveram papel essencial nessa transformação. Suas visões sobre qualidade de vida, expectativas futuras, o grau de confiança nas instituições e como eles se vêem em relação à situação das pessoas que vivem melhor e pior no Brasil também estão contemplados neste estudo. A relação desses produtores com os recursos naturais da região e os conceitos e expectativas que eles apresentam frente aos processos de certificação e comercialização de seus produtos são, igualmente, discutidos ao longo do texto.
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Da terra ao prato : um estudo das práticas de autoconsumo em um assentamento rural / From the farming to the dish: a study of food and self consumption practices in a rural settlement

Duval, Henrique Carmona 12 November 2009 (has links)
Made available in DSpace on 2016-06-02T18:57:24Z (GMT). No. of bitstreams: 1 2850.pdf: 7433651 bytes, checksum: c69bfedafbee7ef4c701b58e2954ba3d (MD5) Previous issue date: 2009-11-12 / I ssues surrounding food production within the family agriculture system, where they grow their own food for self-consumption, are being focused by the academic reflection of Social Sciences as well as across all levels of government. This production system is strongly associated with the process of social reproduction but its evaluation, beyond the economic dimension, remains unclear. This research seeks to develop a qualitative sociological investigation on the food production for self-consumption among rural families settled in Monte Alegre farm, in the region of Araraquara, State of São Paulo. It was carried out an integrated analysis on the agricultural systems used in farming and growing food, involving family labor, and eventually, the dish of food of the settled families. Such analysis also included the fight for land and the autonomy as human being, the non-forced labor and family cohesion and the material and symbolic dimensions of social life. In order to collect data, a semi-structured questionnaire was completed headed to the main work assumptions; moreover it was applied methodological procedures, such as journeys and direct observation, daily field record, collection of menus, drawings, inventories, and also the photo-documentation of the lands. The records collected from the families indicate that, after a period where they had suffered expropriation of their territories, occurred by the agricultural modernization, the fight for land and the productive farming establishment in the land granted them another opportunity to grow their own food, reproducing techniques, landscapes and menus from a remaining memory of the agricultural life they experienced before the mentioned expropriation. The settled families recommence producing by their own efforts, supported on traditional agriculture practices, and the result is that growing food turned into provisions allowed them to recover the aspects of their social identity as food growers and producers, however, in a new social status. It can be concluded that employing such practices, it is possible to change the relations between family and land, which can be seen as a primary source of nutrients, as well as they allow experiments around sustainable agriculture, providing an assorted food basket that meets family s tastes and preferences, assuring food safety and guaranteeing the rights to food sovereignty. / A produção de alimentos na agricultura familiar, para fins de autoconsumo, vem recebendo mais atenção, tanto por parte da reflexão acadêmica das Ciências Sociais como também por parte do poder executivo em vários níveis. Esse tipo de produção está intimamente ligado a formas de reprodução social, mas sua avaliação, para além da dimensão econômica, ainda está repleta de invisibilidades. Na presente pesquisa, procurou-se fazer uma investigação sociológica qualitativa da produção de autoconsumo entre famílias assentadas rurais da fazenda Monte Alegre, na região de Araraquara/SP. Procedeu-se a uma análise integrada dos sistemas agrícolas para a obtenção de alimentos, do trabalho familiar e, por fim, do prato de comida das famílias assentadas, conectando a luta pelo direito à terra e a autonomia do corpo, o trabalho não alienado e a coesão familiar, dimensões materiais e simbólicas da vida social. Além de um questionário semi-estruturado que abordou as principais hipóteses do trabalho, lançou-se mão de outros procedimentos metodológicos, tais como caminhadas e observação direta, registro em diário de campo, coleta de cardápios, desenhos, inventários e ainda a fotodocumentação dos lotes. O material coletado junto às famílias indica que, após um período em que elas sofreram expropriação no campo, em virtude da modernização agrícola, a luta pela terra e o estabelecimento produtivo no lote possibilitou que voltassem a produzir seus próprios alimentos, valendo-se de técnicas, paisagens e cardápios de uma memória remanescente da vida rural, antes de serem expropriadas. As famílias assentadas voltam a produzir mediante seu esforço direto, a partir de práticas agrícolas tradicionais, alimentos que, transformados em comida, retomam aspectos de sua identidade social como agricultoras agora, porém, inseridos em uma nova condição social. Conclui-se que tais práticas mudam a relação das famílias com a terra, que passa a ser vista como fonte primária de obtenção de nutrientes e possibilitam experiências em agricultura sustentável, gerando uma cesta alimentar diversa que se relaciona com os gostos e preferências familiares e com a segurança e a soberania alimentar da família.
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Da terra ao prato : um estudo das práticas de autoconsumo em um assentamento rural / From the farming to the dish: a study of food and self consumption practices in a rural settlement

Duval, Henrique Carmona 12 November 2009 (has links)
Made available in DSpace on 2016-06-02T18:57:31Z (GMT). No. of bitstreams: 1 2850.pdf: 7433651 bytes, checksum: c69bfedafbee7ef4c701b58e2954ba3d (MD5) Previous issue date: 2009-11-12 / I ssues surrounding food production within the family agriculture system, where they grow their own food for self-consumption, are being focused by the academic reflection of Social Sciences as well as across all levels of government. This production system is strongly associated with the process of social reproduction but its evaluation, beyond the economic dimension, remains unclear. This research seeks to develop a qualitative sociological investigation on the food production for self-consumption among rural families settled in Monte Alegre farm, in the region of Araraquara, State of São Paulo. It was carried out an integrated analysis on the agricultural systems used in farming and growing food, involving family labor, and eventually, the dish of food of the settled families. Such analysis also included the fight for land and the autonomy as human being, the non-forced labor and family cohesion and the material and symbolic dimensions of social life. In order to collect data, a semi-structured questionnaire was completed headed to the main work assumptions; moreover it was applied methodological procedures, such as journeys and direct observation, daily field record, collection of menus, drawings, inventories, and also the photo-documentation of the lands. The records collected from the families indicate that, after a period where they had suffered expropriation of their territories, occurred by the agricultural modernization, the fight for land and the productive farming establishment in the land granted them another opportunity to grow their own food, reproducing techniques, landscapes and menus from a remaining memory of the agricultural life they experienced before the mentioned expropriation. The settled families recommence producing by their own efforts, supported on traditional agriculture practices, and the result is that growing food turned into provisions allowed them to recover the aspects of their social identity as food growers and producers, however, in a new social status. It can be concluded that employing such practices, it is possible to change the relations between family and land, which can be seen as a primary source of nutrients, as well as they allow experiments around sustainable agriculture, providing an assorted food basket that meets family s tastes and preferences, assuring food safety and guaranteeing the rights to food sovereignty. / A produção de alimentos na agricultura familiar, para fins de autoconsumo, vem recebendo mais atenção, tanto por parte da reflexão acadêmica das Ciências Sociais como também por parte do poder executivo em vários níveis. Esse tipo de produção está intimamente ligado a formas de reprodução social, mas sua avaliação, para além da dimensão econômica, ainda está repleta de invisibilidades. Na presente pesquisa, procurou-se fazer uma investigação sociológica qualitativa da produção de autoconsumo entre famílias assentadas rurais da fazenda Monte Alegre, na região de Araraquara/SP. Procedeu-se a uma análise integrada dos sistemas agrícolas para a obtenção de alimentos, do trabalho familiar e, por fim, do prato de comida das famílias assentadas, conectando a luta pelo direito à terra e a autonomia do corpo, o trabalho não alienado e a coesão familiar, dimensões materiais e simbólicas da vida social. Além de um questionário semi-estruturado que abordou as principais hipóteses do trabalho, lançou-se mão de outros procedimentos metodológicos, tais como caminhadas e observação direta, registro em diário de campo, coleta de cardápios, desenhos, inventários e ainda a fotodocumentação dos lotes. O material coletado junto às famílias indica que, após um período em que elas sofreram expropriação no campo, em virtude da modernização agrícola, a luta pela terra e o estabelecimento produtivo no lote possibilitou que voltassem a produzir seus próprios alimentos, valendo-se de técnicas, paisagens e cardápios de uma memória remanescente da vida rural, antes de serem expropriadas. As famílias assentadas voltam a produzir mediante seu esforço direto, a partir de práticas agrícolas tradicionais, alimentos que, transformados em comida, retomam aspectos de sua identidade social como agricultoras agora, porém, inseridos em uma nova condição social. Conclui-se que tais práticas mudam a relação das famílias com a terra, que passa a ser vista como fonte primária de obtenção de nutrientes e possibilitam experiências em agricultura sustentável, gerando uma cesta alimentar diversa que se relaciona com os gostos e preferências familiares e com a segurança e a soberania alimentar da família
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Under the cover of tradition? : identity and sustainability in two traditional communities with legal protection on the coast of CearÃ, Brazil. / Ao abrigo da tradiÃÃo? : identidade e sustentabilidade em comunidades litorÃneas do Cearà com regimes de proteÃÃo do territÃrio

Maarten Luc Rosa Deprez 09 September 2015 (has links)
CoordenaÃÃo de AperfeiÃoamento de Pessoal de NÃvel Superior / As comunidades litorÃneas no Nordeste do Brasil sofrem pressÃes de vÃrios Ãngulos, ameaÃadas em seus direitos costumÃrios à terra por representantes poderosos de outros usos do territÃrio, ao mesmo tempo que seus habitantes lutam para redefinir suas posiÃÃes em uma sociedade em rÃpida mudanÃa, cada vez mais presente, mais imposta e mais requisitada. A construÃÃo de grandes resorts e outros espaÃos privatizados de lazer frente ao mar, a ocupaÃÃo do espaÃo por casas de veraneio, a implantaÃÃo de parques eÃlicos nas dunas e praias e a invasÃo dos manguezais por empresas de carcinicultura sÃo algumas das mais visÃveis ameaÃas atuais à sobrevivÃncia dessas comunidades. Em interaÃÃo com essas atividades economicamente lucrativas que vÃm se instalando no litoral Nordestino, o abandono das atividades tradicionais em favor de empregos externos a(o domÃnio d)a comunidade, o esquecimento da prÃpria histÃria e particularidade em favor da lealdade pouco crÃtica a um discurso unificador da sociedade dominante, e os conflitos internos decorrentes destas evoluÃÃes vÃm enfraquecendo mais ainda as comunidades no poder de autogovernanÃa e de autodefiniÃÃo do seu futuro. Nesse trabalho pesquisamos, atravÃs de entrevistas abertas e observaÃÃes participativas, o processo de construÃÃo de identidades e da consciÃncia ambiental na comunidade Quilombola do Cumbe e na Reserva Extrativista do Batoque, no contexto dos regimes de proteÃÃo coletivo do territÃrio. A comunidade do Batoque, no municÃpio de Aquiraz, que tornou-se uma Reserva Extrativista na luta contra grandes proprietÃrios de terra, continua dividida em relaÃÃo à presenÃa de veranistas e à venda de terras, uma atividade que tornou-se ilegal. A comunidade do Cumbe, localizada no municÃpio de Aracati, està no processo de emancipaÃÃo de uma longa histÃria de ocupaÃÃo â com a carcinicultura e a geraÃÃo eÃlica como atuais representantes â atravÃs do reconhecimento como quilombo. Enquanto a afirmaÃÃo dos direitos da comunidade sobre o territÃrio tradicionalmente usado significaria uma ruptura histÃrica que, pela primeira vez, colocaria a comunidade no controle, o processo à dificultado por conflitos internos, com a oposiÃÃo de empregados da carcinicultura. Contudo, a identidade se mostra uma arma importante utilizada por membros destas comunidades na defesa da sua unidade e dos seus territÃrios, embora nÃo seja uma panaceia. Internamente ajuda a motivar a comunidade, a definir interesses em comum e a organizar os esforÃos. Para fora, promove o reconhecimento de direitos legais e a aceitaÃÃo da sociedade maior dos objetivos da comunidade. / Coastal communities in the Northeast region of Brazil suffer pressure from various angles, threatened as they are in they customary rights by powerful representatives of other uses of the territory, at the same time as their inhabitants struggle to redefine their positions in a rapidly changing society, ever more present, more imposed and more called upon. The construction of large resorts and other privatized leisure facilities in front of the sea, the occupation of space by weekend houses, the establishment of wind generator parks in the dunes and on the beaches and the invasion of mangroves by shrimp farming companies are some of the most visible current threats to the survival of these communities. In interaction with these economically profitable activities that are being established on the northeast coast of Brazil, the abandonment of traditional activities in favor of jobs away from the dominion of the communities, the forgetting of the own history and identity in favor of a little critical loyalty to the unifying discourse of dominant society, and the internal conflict originating from these evolutions have come to weaken even more these communities' power of selfgovernance and auto-definition of their future. In the present work, we will build upon open interview and participant observation data to research the construction process of identities and environmental consciousness in the Quilombola community of Cumbe and the Extractive Reserve of Batoque, in the context of these collective territorial protection regimes. The community of Batoque, that has turned into an Extractive Reserve as part of its struggle against large landowners, continues to be divided in relation to the presence of vacationers and concomitant land-selling â an activity that has become illegal. The community of Cumbe, located in the municipality of Aracati, is in the process of emancipation from a long history of occupation â with shrimp farming and wind energy generation as its current representatives â by way of the recognition as Quilombo. While the recognition of the community's rights over the traditionally used territory would mean a historical rupture that, for the first time, would put the community in control, the process is hampered by internal conflicts, with opposition of shrimp farm employees. All in all, identity shows to be an important tool for the communities to defend their unity and their territories, although it is far from a panacea. Internally, it helps to motivate the community to define common interests and to organize the efforts. Towards the outside, it promotes the recognition of legal rights and the acceptance by greater society of the communities' goals.
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Territory Free: the past and the present in environmental construction extractive reservation of Batoque, Aquiraz, Cearà / TerritÃrio Livre: o passado e o presente na construÃÃo socioambiental da Reserva Extrativista do Batoque, Aquiraz, CearÃ

Maria da ConceiÃÃo Mota RebouÃas Deprez 30 April 2015 (has links)
Conselho Nacional de Desenvolvimento CientÃfico e TecnolÃgico / The research is the result of the analysis built on experience-research process carried out with the community that resides in the Extractive Reserve of Batoque located in the municipality of Aquiraz, in the State of Ceara. The work is an ethnographic research that made use of a case study with a qualitative approach. The main objective was to analyze the historical construction and the current status of the community of Batoque in its cultural aspects and the use and management of natural resources by traditional fishermen and farmers in relation to their living territory. The specific objectives are defined in three points: (1)to describe the historically constructed social relations and cultural events that underlie the notion of community among members of the reserve; (2) to study how artisanal fishermen and small scale farmers are organized and handle and use local natural resources, and (3) to investigate the involvement of fishers and farmers of Batoque with the shared management system of the reserve. The textual production is based on the interpretation of the oral histories reported during the experience of living with the community. The text provides a historical approach, that addresses the specific context in which arose the community of Batoque and the ways in which the territory was continually reaffirmed, which culminated in the establishment of the Extractive Reserve of Batoque. The process of constitution of the conservation unit was marked by intense struggles against real estate speculation. The territoriality in the community functioned as a factor of identification, defense and strength, in the dispute over the planning process. The redemption of the memories of the past of Batoque demonstrates that throughout the formation process of the community the use of natural resources has been a central point. The extent of reserve covers coastal-marine ecosystems (lagoons, sand dunes, sea), estuaries and mangroves. The community is essentially formed by two groups of families: those who depend exclusively on the environment to carry out their agricultural and / or extractive production activities - approximately 175 families that practice family agriculture, artisanal fishing, livestock creation and craft-making - and those without agricultural or extractive activities, but other economic activities like small shop keeping, public transport and tourist-related activities - about 87 families. Fishing activities, extractive activities and animal production interconnect a diverse set of activities that are important as occupation of the territory and source of income. There is an average of 150 vacationers who own real estate on site (houses or land). People have shown a wealth of knowledge about the environmental changes that have occurred in the landscape of Batoque over the decades and about the management of natural resources in carrying out their productive activities. This knowledge was a key factor that led the daily learning, the choice of technologies used in productive activities and awareness to conserve and take care of it. The shared management process of the extractive reserve shows unstable relationships between social groups and the ICMBio governing body. Ensuring the balance between the diverse and conflicting interests is a challenge for territorial management. / A pesquisa à fruto das anÃlises construÃdas no processo de vivÃncia-pesquisa realizada com a comunidade que reside na Reserva Extrativista do Batoque, localizada no municÃpio de Aquiraz, no estado do CearÃ. O trabalho trata-se de uma pesquisa etnogrÃfica que fez uso de um estudo de caso com uma abordagem qualitativa. O objetivo principal foi analisar a construÃÃo histÃrica e a situaÃÃo atual da comunidade do Batoque, nos seus aspectos culturais e de uso e manejo dos recursos naturais pelos pescadores artesanais e agricultores familiares em relaÃÃo ao seu territÃrio vivido. Os objetivos especÃficos estÃo delimitados em trÃs pontos: (1) Descrever as relaÃÃes sociais construÃdas historicamente e as manifestaÃÃes culturais que fundamentam a noÃÃo de comunidade entre os membros da reserva; (2) Estudar como os pescadores artesanais e os agricultores familiares se organizam e utilizam e manejam os recursos naturais locais e (3) Investigar a integraÃÃo dos pescadores e agricultores do Batoque com o sistema de gestÃo compartilhada da reserva. A produÃÃo textual tem por base a interpretaÃÃo das histÃrias orais relatadas durante a convivÃncia com a comunidade. O texto traz uma abordagem histÃrica, que trata do contexto especÃfico em que surgiu a comunidade do Batoque e as formas na qual o territÃrio foi continuamente reafirmado, o que culminou na constituiÃÃo da Reserva Extrativista do Batoque. O processo de constituiÃÃo de uma unidade de conservaÃÃo no local foi marcado por intensos conflitos contra a especulaÃÃo imobiliÃria. A territorialidade na comunidade funcionou como um fator de identificaÃÃo, defesa e forÃa, no processo de disputa pelo territÃrio. O resgate das lembranÃas sobre o Batoque de antigamente demostra que durante todo o processo de formaÃÃo da comunidade a utilizaÃÃo dos recursos naturais tem sido um ponto central. A extensÃo da reserva abrange ecossistemas costeiros-marinhos (lagoas, dunas, mar), estuarinos e manguezais. A comunidade à formada essencialmente por dois grupos de famÃlias: os que dependem exclusivamente do meio ambiente para reproduzir suas atividades produtivas agrÃcolas e/ou extrativistas â aproximadamente 175 famÃlias que praticam agricultura familiar, pesca artesanal, pecuÃria e artesanato â e daqueles que nÃo possuem atividades produtivas agrÃcolas ou extrativistas, mas outras atividades econÃmicas como pequenos comÃrcios, transporte de pessoas, trabalhos com o turismo â aproximadamente sÃo 87 famÃlias. As atividades de pesca, extrativismo e de produÃÃo animal interligam um conjunto diverso de atividades que sÃo importantes como ocupaÃÃo do territÃrio e produÃÃo de renda. Hà uma mÃdia de 150 veranistas que possuem imÃveis no local (casas ou terrenos). As pessoas demonstraram um rico conhecimento sobre as modificaÃÃes ambientais ocorridas na paisagem da praia do Batoque ao longo das dÃcadas e sobre as prÃticas de manejo dos recursos na realizaÃÃo das suas atividades produtivas. Este conhecimento foi um fator fundamental que guiou o aprendizado diÃrio, a escolha das tecnologias utilizadas nas atividades produtivas e a consciÃncia de conservar e cuidar do mesmo. O processo de gestÃo compartilhada da reserva extrativista apresenta relaÃÃes instÃveis entre os grupos sociais e o ÃrgÃo gestor ICMBio. Assegurar o equilÃbrio entre os diversificados e contraditÃrios interesses à um desafio para a gestÃo territorial.
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Representações e práticas socioambientais : o caso dos agricultores ecologistas da AECIA

Azambuja, Simone Portela de January 2005 (has links)
O modo como o ser humano vê, pensa e imagina a natureza é muito variável no tempo e no espaço. O meio ambiente é um campo que toca profundamente o imaginário, as representações e o sistema de valores sociais, obrigando o homem a repensar as relações entre sociedade, técnica e natureza e, portanto, tudo o que rege essas relações na organização social. Escolheu-se analisar, neste estudo, o grupo de agricultores que pertencem à primeira associação de agricultores ecológicos criada no estado. A AECIA – Associação dos Agricultores Ecologistas de Ipê e Antônio Prado, foi criada em 1989, por um grupo de jovens que assumiu o desafio da agricultura ecológica e do associativismo. Esses municípios localizam-se na Serra do Rio Grande do Sul, região de forte presença da imigração italiana. Através de suas histórias de vida e de alguns indicadores ambientais, analisa-se a percepção que esses agricultores possuem a respeito dos recursos naturais locais (água, solo, biodiversidade), sua relação com o destino final dos resíduos sólidos, e suas concepções e expectativas a respeito da certificação e comercialização de produtos orgânicos. Igualmente, dentro de uma perspectiva antropológica, pretendeu-se trabalhar com o estudo do contexto cultural, em que esses agricultores estão inseridos, analisando-se a questão dos sentidos que são construídos nas relações sociais e como eles são negociados, a dimensão simbólica dos discursos, a valorização do cotidiano como campo fundamental das relações sociais, suas relações de parentesco, processos de mediação, ritos, símbolos religiosos, a forma como as políticas públicas afetam a vida desses agricultores, sua relação com as diferentes instituições, as ligações e associações que eles mantêm com os animais e plantas de seu ambiente e o quanto o conhecimento empírico que esses agricultores adquiriram ao longo de sua história pode estar relacionado aos princípios básicos da ecologia. Por meio dos diferentes aspectos analisados, podem-se conhecer quais fatores foram fundamentais para a mudança de modelo agrícola experimentada por esses agricultores. Através dos relatos, pode-se observar, também, quais instituições tiveram papel essencial nessa transformação. Suas visões sobre qualidade de vida, expectativas futuras, o grau de confiança nas instituições e como eles se vêem em relação à situação das pessoas que vivem melhor e pior no Brasil também estão contemplados neste estudo. A relação desses produtores com os recursos naturais da região e os conceitos e expectativas que eles apresentam frente aos processos de certificação e comercialização de seus produtos são, igualmente, discutidos ao longo do texto.
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Descontinuidade nas DinÃmicas SucessÃrias de Agricultores Familiares: Dilemas Vivenciados por FamÃlias de Colonos do Projeto Curu-Paraipaba, Cearà / Discontinuity in the succession dynamics of Family Farmers: Dilemmas Experienced by Families of Settlers Project Curu-Paraipaba, CearÃ

Helenira Ellery Marinho Vasconcelos 15 April 2011 (has links)
Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuÃria / O objetivo deste estudo à analisar as mudanÃas nas estratÃgias ocupacionais entre geraÃÃes dos agricultores familiares do Projeto Irrigado Curu Paraipaba, um dos espaÃos rurais do Nordeste brasileiro, desapropriado pelo DNOCS, nos anos de 1970, para assentamento de famÃlias de agricultores sem terra. A tese revela que, do ponto vista do objetivo de retirar as famÃlias do grau de extrema pobreza, o DNOCS pode considerar que cumpriu sua meta primordial, pois as famÃlias que ali permaneceram asseguraram a moradia, a Ãrea de plantio e uma renda proveniente, atualmente, da venda do coco. Revela, por outro lado, que fatores como tamanho dos lotes agrÃcolas, os sistemas de produÃÃo dominados por monoculturas que nÃo absorvem a mÃo-de-obra familiar, a presenÃa de intermediadores nas negociaÃÃes dos produtos das safras, a contiguidade entre os espaÃos rural e o urbano e mudanÃas nos desejos de que os filhos sucedam aos pais como agricultores familiares tiveram fortes repercussÃes nas relaÃÃes entre trabalho e famÃlia, ocasionando mudanÃas entre os membros das famÃlias no processo de sucessÃo para o trabalho como agricultores familiares. Os procedimentos metodolÃgicos utilizados inserem-se, predominantemente, na abordagem qualitativa, por meio da anÃlise de trajetÃrias, histÃrias de vida e observaÃÃo de situaÃÃes de trabalho e do dia-a-dia nos povoados. A pesquisa foi realizada no perÃodo de 2007 a 2009. Os dados foram abordados à luz da compreensÃo de que nÃo se pode entender a dinÃmica da produÃÃo camponesa sem que se analise a sua integraÃÃo subordinada à lÃgica econÃmica do capital, que por sua vez, opera transformaÃÃes qualitativas nos sujeitos das unidades de produÃÃo familiar. As conclusÃes confirmam o quanto fatores externos influenciam as dinÃmicas internas de funcionamento das unidades familiares, provocando desmontes que debilitam a forÃa das relaÃÃes familiares que fazem parte da reproduÃÃo social dos agricultores familiares, destacando o papel indutor de um Estado desenvolvimentista que opera por meio de programas e projetos que, desde a concepÃÃo, escamoteiam a importÃncia da relaÃÃo entre cultura e desenvolvimento. A relevÃncia do estudo à incorporar à pauta dos debates sobre os perÃmetros irrigados do DNOCS, uma linha de estudo que, fugindo dos mÃtodos que analisam as unidades produtivas dos agricultores familiares por meio dos retornos econÃmicos de cada ciclo produtivo, analisa as mudanÃas culturais entre sucessivas geraÃÃes, colocando, portanto, no centro do debate. Analisada nessa perspectiva, o estudo vai apontar que as propostas para inclusÃo dos agricultores familiares nÃo passam de um discurso ilusÃrio. / The main purpose of this work is to analyze the change in the occupational strategy between generations of family farmers of Projeto Irrigado Curu Paraipaba, one of the rural spaces in the Brazilian Northeast to have been disapropriated by DNOCS, in the 1970âs to settle families of landless workers. The thesis reaveal that, from the persepctive of releaving families from extreme poverty, DNOCS can take for granted that it has fulfilled its main goal, for the families that stayed there were able to guarantee home ownership, area for planting, and income which is nowadays obtained from selling coconuts. It reaveals, on the other hand, that factors like size of plots, production systems dominated by monocultures that do not absorb the familly working force, presence of intermediators in the negotiation of products, contiguity of rural and urban spaces and a desire that children follow their parents as family agriculturist all had strong impact on the relationhsip between work and family, thereby causing changes in the of succession of family members as agriculturists. The mehtodological procedures are foremost of a qualitative nature through the analyisis of life stories and trajectories, and from the direct observation of work situations and the daily life at the village. The research took place in the period that ranges from 2007 until 2009. Facts were approached under the view that one cannot understand the dynamics of peasant production without analyzing its integration subordinated to the capitalist economic logic, which, in turn, imposes qualitative transformations in the individuals of the household production units. The conclusions confirm how much external factors influence the internal workings of family units, causing ruptures that weaken family realtions, which are part of the social reproduction process of agriculturist families. It, thus, highlights the inductor role of a developmentist State taking place through programs and project that, from their conception, hide the importance of the relationship between culture and development. The studyâs relevance stems from its incorporating to the debate concerning DNOCS irrigated perimeter a line of research that analyzes the cultural changes between succesive generations, thus placing the family at the center of the debate, and departing from the method that analyzes the productive units through the economic returns of each productive cycle. From this perspective, this study points out to the fact that the proposals for the inclusion of family farmers are but illusive discourse.

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